Sismos Portugal 2023

Décima ilha

Cumulus
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30 Nov 2022
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Nordeste, Ilha de São Miguel, Açores
Entretanto, como @Wessel1985 diz, todo o grupo central está a sentir "na pele" o efeito desta crise que estamos a viver...
Desta vez, e mais uma vez, a populção de S. jorge voltou a sentir mais um sismo, hoje 07/07/2023 às 12:26.


Ver anexo 6242
O Oriental também está.
Ainda hoje houve um abalo na Fossa da Povoação, há dias atrás na Falha da Glória, e fora a libertação de energia no Banco João de Castro .

As únicas que se safam é Flores, Corvo e Graciosa.

O tempo dirá o que aí vem.
 


Wessel1985

Cumulonimbus
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21 Set 2013
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Angra do Heroismo, Ilha Terceira, Açores
Entretanto mais um sentido no Faial na decorrência da crise a Oeste da mesma ilha.

Sismo sentido na ilha do Faial



O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que às 00:16 (hora local = hora UTC), do dia 8 de julho foi registado um evento com magnitude 3,3 (Richter) e epicentro a cerca de 37 km a W de Capelo, ilha do Faial.

De acordo com a informação disponível até ao momento o sismo foi sentido com intensidade máxima III (Escala de Mercalli Modificada) na freguesia de Feteira (concelho de Horta, ilha do Faial).

O CIVISA continua a acompanhar o evoluir da situação.


Fontes

IVAR/CIVISA
 

Snifa

Furacão
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16 Abr 2008
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Porto-Marquês:145 m Mogadouro:749 m
Assinalam- se hoje 25 anos sobre o forte sismo de 5.9 richter que atingiu os Açores a 09/07/1998, também na sequência de uma crise sísmica:

Vinte e cinco anos depois do grande sismo do Faial, a terra continua a tremer.​


DN/Lusa

09 Julho 2023 — 11:21

De acordo com o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores, foram registados desde o início da semana dezenas de sismos, alguns dos quais sentidos.

Passados 25 anos do terramoto de 9 de julho de 1998, que matou oito pessoas e destruiu 70% do parque habitacional da ilha do Faial, nos Açores, a terra continua a tremer, devido a uma nova crise sísmica.

De acordo com o CIVISA, o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores, foram registados desde o início da semana dezenas de sismos (alguns dos quais sentidos), com epicentro no mar, a oeste da freguesia do Capelo, exatamente do lado oposto ao do grande sismo, que ocorreu também no mar, a apenas cinco quilómetros da ponta da Ribeirinha, na costa leste.

"A atividade sísmica a oeste da ilha do Faial encontra-se acima dos valores normais de referência", refere o site oficial do CIVISA, que adianta estar a acompanhar a evolução desta crise sísmica de origem tectónica, ou seja, resultante da movimentação das placas tectónicas que atravessam o grupo Central dos Açores.

Apesar do sobressalto entre a população do Faial (onde residem menos de 15 mil habitantes) devido à nova crise sísmica, José Contente, atual deputado do PS ao parlamento regional e que era secretário regional da Habitação e Obras Públicas há 25 anos, considera que o Faial "está hoje mais bem preparado para enfrentar fenómenos como o terramoto de 9 de julho de 1998".

O ex-governante recorda, em declarações à Lusa, as dificuldades que o executivo sentiu para alojar provisoriamente as pessoas, numa primeira fase, em tendas provisórias, e depois em prefabricados.

"Houve que realojar logo aquelas pessoas, naquele verão, em termos de realojamento provisório. Eu recordo, a esta distância, que não havia prefabricados em lado nenhum, as fábricas estavam fechadas no verão. Teve de vir uma equipa do Canadá para fazer a montagem deste tipo de prefabricados", conta.

Na altura, era presidente da Câmara Municipal da Horta Renato Leal, eleito pelo PS, que tinha saído da ilha de férias com a família, na véspera do terramoto, e que só teve noção da dimensão dos estragos quando regressou.

"Eu tinha partido na véspera, num lindíssimo dia de sol. Havia três anos que não passava férias e fui acordado julgo que meia hora depois de ter ocorrido o terramoto. A informação que o meu secretário me transmitiu apontava logo para uma situação muito desagradável", afirma. Não se sabia ainda quantas vítimas mortais havia.

Bombeiros tiveram papel fundamental​

Quem também não esquece aquela fatídica madrugada é Fátima Quaresma, na altura residente no lugar dos Espalhafatos, freguesia da Ribeirinha, uma das muitas pessoas a ficar sem casa.

"Eu estava a trabalhar no hospital quando ocorreu o sismo. As pessoas entraram em pânico. Depois tentei regressar a casa, mas as estradas estavam obstruídas e havia muito pó no ar", conta à Lusa.

O tremor de terra, que atingiu o grau 5,9 na escala de Richter, destruiu a ponte que ligava o centro da freguesia da Ribeirinha aos Espalhafatos, deixando a localidade isolada.

"Nós tínhamos à volta de 80 pessoas no acampamento. Depois, fomo-nos, devagarinho, organizando e fazendo a comida. Depois vieram montar as tendas e as pessoas foram, aos poucos, juntando-se à família e ao grupo", relata Fátima, que liderou o grupo.

O seu exemplo de iniciativa levou-a a ser condecorada com uma medalha de mérito cívico, pelo Presidente da República, pelo seu papel nos meses seguintes.

Papel fundamental tiveram também os bombeiros no socorro às vítimas, quando muitos deles tinham também ficado sem teto.

"Há bombeiros que tinham casas que desapareceram. Foram também vítimas do sismo, mas largaram tudo para acudir a população. A família ficou para segundo plano. Isto é característico do que é um bombeiro voluntário", realça António Fraga, antigo comandante dos Bombeiros Voluntários Faialenses.

O terramoto destruiu também o património religioso em muitas freguesias da ilha. Segundo Marco Luciano, ouvidor da Horta e durante anos responsável pelo processo reconstrução das igrejas, oito templos - de um total de 13 paróquias - deixaram de ter condições para o culto.

Volvidos 25 anos, o padre lamenta que o abalo tenha também deixado marcas profundas no coração dos fiéis, que considera estarem hoje mais afastados da vida religiosa do que naquele tempo.

"O que houve foi uma desertificação em crescente das pessoas. Uma desabituação, tanto da prática da fé como da vida comunitária. Atualmente, temos um Faial mais afastado da vida da Igreja do que tínhamos antes do sismo", refere.

Hoje, há ainda duas igrejas paroquiais que não reabriram: a de Pedro Miguel, que foi reconstruída e será inaugurada ainda este mês, e a da Ribeirinha.



Algumas imagens da altura:

TerramotoCed4_2.jpg
TerramotoLD5_2.jpg


TerramotoPMig1_2.jpg
AntigaCasa_2.jpg




 

Hazores

Nimbostratus
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11 Out 2008
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AGH,terceira,açores
Bom dia,

Deixo aqui uma tabela com o número de sismos em cada localização desde o dia 1 de junho 2023, até hoje (09/07/2023) às 12h, indicados pelo CIVISA.
Todos eles de magnitude 2.0, excepto os de S. Jorge, que desde a crise sismo-vulcânica de lá o CIVASA indica publica os sismos superiores a 1.5 de magnitude.
No total foram registados 286, aproximadamente 76% destes sismos foram a W do Faial. Do total sismos, 6% foram sentidos pela população.


LocalizaçãoContagem
Bacia E da Graciosa
1​
Banco D. Joao de Castro
5​
Crista Media Atlantica
3​
E Cabo da Praia (Terceira)
1​
E Terceira
1​
Falha GLORIA
7​
Fossa da Povoacao
14​
Fossa Hirondelle
7​
NNE Rosais (S. Jorge)
2​
Regiao dos Ilheus das Formigas
3​
S S. Miguel
2​
S. Jorge
10​
SE S. Caetano (Pico)
1​
SE Terceira
2​
V. Pico Alto-V. Gui. Moniz (Terceira)
1​
Vulcao de Sta. Barbara (Terceira)
7​
Vulcao do Pico (Pico)
1​
W Faial
217​
W Madalena (Pico)
1​
Total Geral
286
 

Wessel1985

Cumulonimbus
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21 Set 2013
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Angra do Heroismo, Ilha Terceira, Açores
Sismo sentido na ilha do Faial



O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que às 13:24 (hora local = hora UTC), do dia 8 de julho foi registado um evento com magnitude 3,3 (Richter) e epicentro a cerca de 42 km a W de Capelo, ilha do Faial.

De acordo com a informação disponível até ao momento o sismo foi sentido com intensidade máxima III (Escala de Mercalli Modificada) nas freguesias de Capelo, Castelo Branco e Feteira (concelho de Horta, ilha do Faial).

Este evento insere-se na atividade sísmica que se tem vindo a registar a W da ilha do Faial nos últimos dias.

O CIVISA continua a acompanhar o evoluir da situação.


Fontes

IVAR/CIVISA
 

Wessel1985

Cumulonimbus
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21 Set 2013
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Angra do Heroismo, Ilha Terceira, Açores
Sismo sentido na ilha do Faial



O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que às 17:37 (hora local = hora UTC), do dia 9 de julho foi registado um evento com magnitude 3,7 (Richter) e epicentro a cerca de 24 km a WNW de Capelo, ilha do Faial.

De acordo com a informação disponível até ao momento o sismo foi sentido com intensidade máxima IV (Escala de Mercalli Modificada) na freguesia de Capelo (concelho de Horta, ilha do Faial). O evento foi ainda sentido com intensidade III/IV nas freguesias de Castelo Branco e Feteira (concelho de Horta, ilha do Faial), e intensidade III nas freguesias de Angústias, Matriz, Conceição e Salão (concelho de Horta, ilha do Faial).

Este evento insere-se na atividade sísmica que se tem vindo a registar a W da ilha do Faial nos últimos dias.

O CIVISA continua a acompanhar o evoluir da situação.

Fontes

IVAR/CIVISA

Curioso porque fez este sismo no mesmo dia do grande de 1998 ...
 

Wessel1985

Cumulonimbus
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21 Set 2013
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Angra do Heroismo, Ilha Terceira, Açores
Fica aqui o comunicado do CIVISA acerca deste evento.

Um sobressalto constante ai pelo Faial ...

Sismo sentido na ilha do Faial



O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) informa que às 18:51 (hora local = hora UTC), do dia 10 de julho foi registado um evento com magnitude 3,3 (Richter) e epicentro a cerca de 23 km a WNW de Capelo, ilha do Faial.



De acordo com a informação disponível até ao momento o sismo foi sentido com intensidade máxima III/IV (Escala de Mercalli Modificada) nas freguesias de Castelo Branco, Flamengos e Matriz (concelho da Horta).



O CIVISA continua a acompanhar o evoluir da situação.

Fontes

IVAR/CIVISA
 

StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Fica aqui o comunicado do CIVISA acerca deste evento.

Um sobressalto constante ai pelo Faial ...
Ainda não houve actividade suficiente para se avançar uma hipótese do que está a produzir esta crise? Alguma possibilidade de previsão, houve precedentes em situações deste tipo no passado? Por exemplo aquando dos Capelinhos?
 

Hazores

Nimbostratus
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11 Out 2008
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AGH,terceira,açores
Ainda não houve actividade suficiente para se avançar uma hipótese do que está a produzir esta crise? Alguma possibilidade de previsão, houve precedentes em situações deste tipo no passado? Por exemplo aquando dos Capelinhos?
Possivelmente, esta situação não será inédita ao longo da história dos Açores. No entanto, na história recentemente do arquipélago, pelo pouco que pesquisei esta é a primeira vez em que 4 das 5 ilhas do grupo central estão com uma crise sismíca em simultâneo.
Alguém desta área, que perceba realmente deste assunto, poderá informar se esta situação já ocorreu no passado.
Além destas crises identificadas pelas autoridades, é possível observar no mapa seguinte que outros sismos estão acontecer... Porém, o número de enventos é significativamente inferior aos que recentemente tem afetado o W do Faial.

1689036456877.png
 

Wessel1985

Cumulonimbus
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21 Set 2013
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Angra do Heroismo, Ilha Terceira, Açores
Ainda não houve actividade suficiente para se avançar uma hipótese do que está a produzir esta crise? Alguma possibilidade de previsão, houve precedentes em situações deste tipo no passado? Por exemplo aquando dos Capelinhos?
A informação que o presidente do CIVISA avançou e que até agora é conhecida é que os sismos a W do Faial são todos de origem tectónica pelo que por agora colocou a questão vulcânica de parte ...

Mas nestas situações tudo pode mudar muito rapidamente e caso o padrão sismológico se altere poderão ter outro tipo de comunicação ...

Mas com os dados até agora existentes parece tudo tectónico ...

Os Capelinhos pelo que sei tiveram também atividade sísmica mas foram rapidamente acompanhados da erupção vulcânica ...

Várias pessoas da minha família lembram-se do chamado tremor vulcânico em que sentiam as coisas a tremer por vezes de forma constante ...

Até agora nada disso se verificou nesta situação em concreto ...

Creio ser relativamente inédito pelo menos desde o povoamento haver tantas linhas de instabilidade sísmica no arquipélago dos Açores ...

Mas haverá pessoas que terão mais conhecimento científico do que eu para fazer essa avaliação ...

Mas consultando a história das catástrofes naturais desde o povoamento dos Açores temos muitos eventos significativos mas nunca nada assim ou seja a acontecer em simultâneo em tantas ilhas ...

Fica aqui a cronologia completa para os mais curiosos

 

lserpa

Cumulonimbus
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29 Dez 2013
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Horta, Matriz, (90m)
A atividade sísmica nos Açores é diretamente influenciada pela junção tripla das placas americana, euro-asiática e Núbia. Há, claramente bastante atividade visível na fronteira da placa americana com a euro-asiática, com registos sísmicos na CMA a norte dos Açores e agora a recente erupção vulcânica na península de ReyKanes na Islândia. Poderão estes ser indicadores de uma maior compressão no nosso “bloco”? Não sei, e talvez nunca saberei. Mas de facto há a sensação de uma maior compressão em toda a faixa desde o RT; TSJ e ZFFP.
Imagem abaixo.

a632e63fb62ec3b6f8d208b39c34cb52.png

Há um ano atrás, tivemos o início de uma crise sísmica na TSJ. Ora essa crise evoluiu para uma crise sismovulcanica, hoje sabemos que ocorreu uma intrusão na zona das manadas e arredores, no entanto a tectonica mantém-se até hoje, embora com muito menos eventos e de menor magnitude.
Depois, passado pouco tempo, há um aumento da atividade sísmica no RT, incidente no vulcão de Sta Bárbara. Agora, recentemente houve um ligeiro aumento da atividade sísmica na ilha do Pico e desde há 2 semanas eclode a crise sísmica numa faixa entre os 20 e os 40km a oeste do Faial, na base da Ilha do Faial, numa zona batimétrica entre os (1000/1500m)(?) e no seguimento da ZFFP.
Portanto, neste momento, as 3 falhas do grupo central estão a mostrar sinais de tensão.

Portanto, a sismicidade nestas zonas que abordei, pelo menos publicamente têm sido de origem Tectonica na sua esmagadora maioria, à excepção de alguns eventos híbridos na ilha de São Jorge. Na terceira não tive conhecimento, uma vez que não há uma cobertura de acesso público tão boa como o de São Jorge.

No caso do Oeste do Faial, os registos, segundo as entidades oficiais, são todos de origem tectonica.

No entanto, a tectónica aqui nos Açores, têm uma relação muito estreita com a génese da região. Uma coisa pode levar à outra, como o caso ocorrido em São Jorge. A Falha em questão ZFFP, tem um comportamento tipo “Leaky Transform” ou seja, tem um movimento em parte, transformante.

Agora especulando um bocado, o que poderá estar a originar tal actividade.

Tendo em conta o passado recente desta área e às semelhanças com a crise de São Jorge, caso uma pequena erupção ocorresse nesta área a Oeste do Faial, provavelmente nunca saberíamos. Porquê? 1° devido à distância que a actividade está do sismógrafo mais proximo, eventuais sismos de baixa frequência e de baixa magnitude poderiam nunca serem observados, “sujidade do mar” etc…
2° A profundidade não permitiria que fossem observados quais quer registos à superfície.

Ao contrário do sismo de 98 que teve um início súbito, como a maioria dos terramotos, depois originando uma crise sísmica, esta crise, à semelhança das anteriores nesta área e tal como São Jorge e Terceira, teve origem gradual e aumentando e diminuindo a sua libertação de energia com o decorrer do tempo, sempre em enxame, dando a sensação de “stress” localizado. ( numa faixa de 20km e com dois pontos destintos)

Especulando mais ainda. O que poderia estar a provocar esse enxame?

3 hipóteses e que poderiam actuar sozinhas ou em conjunto.
1°- O comportamento da falha neste momento, aparenta ser transformante. O que poderia explicar o swarm. Ou seja, um afastamento dos blocos e o consequente “partir pedra”.

2° - uma intrusão magmática em dique, e que apenas estejam a ser registados na estação do capelo os sismos tectonicos. O que também explicaria muito bem o swarm. Teria era que haver uma evolução lateral ou vertical dos eventos, sinal de progresso do dique ou da subida da intrusão.

3° - A existência de uma câmera magmática e, que poderia estar a inflar, explicando a sismicidade. Para isto, teria que haver já na zona um sistema vulcânico preexistente e com vulcanismo poligenético.

Esta é a minha teoria e é toda ela especulativa, nada disto deverá ser dado como certo é constar nas hipóteses possíveis. Não sou cientista, nem geólogo. Apenas um autodidata.

Não sei se alguém mais quer criar aqui um mind storming de hipóteses? Seria muito interessante.
 
Última edição:

Wessel1985

Cumulonimbus
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21 Set 2013
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Angra do Heroismo, Ilha Terceira, Açores
A atividade sísmica nos Açores é diretamente influenciada pela junção tripla das placas americana, euro-asiática e Núbia. Há, claramente bastante atividade visível na fronteira da placa americana com a euro-asiática, com registos sísmicos na CMA a norte dos Açores e agora a recente erupção vulcânica na península de ReyKanes na Islândia. Poderão estes ser indicadores de uma maior compressão no nosso “bloco”? Não sei, e talvez nunca saberei. Mas de facto há a sensação de uma maior compressão em toda a faixa desde o RT; TSJ e ZFFP.
Imagem abaixo.

a632e63fb62ec3b6f8d208b39c34cb52.png

Há um ano atrás, tivemos o início de uma crise sísmica na TSJ. Ora essa crise evoluiu para uma crise sismovulcanica, hoje sabemos que ocorreu uma intrusão na zona das manadas e arredores, no entanto a tectonica mantém-se até hoje, embora com muito menos eventos e de menor magnitude.
Depois, passado pouco tempo, há um aumento da atividade sísmica no RT, incidente no vulcão de Sta Bárbara. Agora, recentemente houve um ligeiro aumento da atividade sísmica na ilha do Pico e desde há 2 semanas eclode a crise sísmica numa faixa entre os 20 e os 40km a oeste do Faial, na base da Ilha do Faial, numa zona batimétrica entre os (1000/1500m)(?) e no seguimento da ZFFP.
Portanto, neste momento, as 3 falhas do grupo central estão a mostrar sinais de tensão.

Portanto, a sismicidade nestas zonas que abordei, pelo menos publicamente têm sido de origem Tectonica na sua esmagadora maioria, à excepção de alguns eventos híbridos na ilha de São Jorge. Na terceira não tive conhecimento, uma vez que não há uma cobertura de acesso público tão boa como o de São Jorge.

No caso do Oeste do Faial, os registos, segundo as entidades oficiais, são todos de origem tectonica.

No entanto, a tectónica aqui nos Açores, têm uma relação muito estreita com a génese da região. Uma coisa pode levar à outra, como o caso ocorrido em São Jorge. A Falha em questão ZFFP, tem um comportamento tipo “Leaky Transform” ou seja, tem um movimento em parte, transformante.

Agora especulando um bocado, o que poderá estar a originar tal actividade.

Tendo em conta o passado recente desta área e às semelhanças com a crise de São Jorge, caso uma pequena erupção ocorresse nesta área a Oeste do Faial, provavelmente nunca saberíamos. Porquê? 1° devido à distância que a actividade está do sismógrafo mais proximo, eventuais sismos de baixa frequência e de baixa magnitude poderiam nunca serem observados, “sujidade do mar” etc…
2° A profundidade não permitiria que fossem observados quais quer registos à superfície.

Ao contrário do sismo de 98 que teve um início súbito, como a maioria dos terramotos, depois originando uma crise sísmica, esta crise, à semelhança das anteriores nesta área e tal como São Jorge e Terceira, teve origem gradual e aumentando e diminuindo a sua libertação de energia com o decorrer do tempo, sempre em enxame, dando a sensação de “stress” localizado. ( numa faixa de 20km e com dois pontos destintos)

Especulando mais ainda. O que poderia estar a provocar esse enxame?

3 hipóteses e que poderiam actuar sozinhas ou em conjunto.
1°- O comportamento da falha neste momento, aparenta ser transformante. O que poderia explicar o swarm. Ou seja, um afastamento dos blocos e o consequente “partir pedra”.

2° - uma intrusão magmática em dique, e que apenas estejam a ser registados na estação do capelo os sismos tectonicos. O que também explicaria muito bem o swarm. Teria era que haver uma evolução lateral ou vertical dos eventos, sinal de progresso do dique ou da subida da intrusão.

3° - A existência de uma câmera magmática e, que poderia estar a inflar, explicando a sismicidade. Para isto, teria que haver já na zona um sistema vulcânico preexistente e com vulcanismo poligenético.

Esta é a minha teoria e é toda ela especulativa, nada disto deverá ser dado como certo é constar nas hipóteses possíveis. Não sou cientista, nem geólogo. Apenas um autodidata.

Não sei se alguém mais quer criar aqui um mind storming de hipóteses? Seria muito interessante.
@lserpa

É de facto fantástico poder fazer parte deste fórum e assistir a uma das melhores reflexões que vi acerca deste tema ...

Obrigado por esta partilha e por podermos todos aprender um pouco mais, alargar o nosso campo de hipóteses e pensar acerca deste assunto que nos fascina a todos de uma forma muito mais interessante ...

Em relação às hipóteses acho que fazem todas muito sentido e são todas plausíveis não tendo nada a acrescentar ao brilhante texto ...

Apenas refiro que em Santa Bárbara o presidente do CIVISA disse que de momento é tudo tectónico também apesar de serem sismos que estão a suceder sobre complexos vulcânicos que como disseste e bem podem fazer com que as coisas se alterem muito rapidamente ...
 
Última edição:

StormRic

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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
de momento é tudo tectónico também apesar de serem sismos que estão a suceder sobre complexos vulcânicos
Na ideia dos meus escassos conhecimentos, um movimento tectónico pode abrir caminho a uma intrusão de magma, caso ocorra sobre um complexo vulcânico. Essa intrusão pode ser suficientemente lenta para não ser detectada de imediato, sobretudo se estiver a ocorrer ainda a uma profundidade grande. O tremor vulcânico associado a esse movimento do magma deve depender bastante da velocidade e profundidade, bem como do volume que se desloca e da largura do espaço por onde se faz a intrusão, possivelmente também se há ascensão ou apenas movimentação horizontal.
 

Décima ilha

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Nordeste, Ilha de São Miguel, Açores
@lserpa

É de facto fantástico poder fazer parte deste fórum e assistir a uma das melhores reflexões que vi acerca deste tema ...

Obrigado por esta partilha e por podermos todos aprender um pouco mais, alargar o nosso campo de hipóteses e pensar acerca deste assunto que nos fascina a todos de uma forma muito mais interessante ...

Em relação às hipóteses acho que fazem todas muito sentido e são todas plausíveis não tendo nada a acrescentar ao brilhante texto ...

Apenas refiro que em Santa Bárbara o presidente do CIVISA disse que de momento é tudo tectónico também apesar de serem sismos que estão a suceder sobre complexos vulcânicos que como disseste e bem podem fazer com que as coisas se alterem muito rapidamente ...
Engraçado....
Para o Civisa é quase tudo de origem tectônica, mesmo tendo origem desta vez no vulcão de Santa Bárbara...
Na última igual crise da ilha de São Miguel, a instabilidade do Vulcão do Fogo também disseram que era de origem tectônica....e depois veio se a descobrir que era de origem vulcânica, estando a intrusão do magma a escassos kilometros da superfície.
Felizmente o magma recuou.
Mas e se não tivesse sido assim?
Quem se iria responsabilizar pelas mortes que pudessem ocorrer, caso o vulcão entrasse em erupção?
Não cabe na cabeça de ninguém crises sismicas tendo origem nos vulcões terrestres e dizerem que é de origem tectonica.
Será que é para não alarmar as pessoas?