Missão para reparar o telescópio espacial Hubble parte esta tarde
Um minuto apenas após as 19h00 (hora de Lisboa), a tão esperada e várias vezes adiada (até cancelada) missão de reparação e manutenção do telescópio espacial Hubble vai finalmente partir. Pelo menos a meteorologia parece estar de feição na Florida, fora algum imprevisto de última hora 11 astronautas partem para fazer cinco passeios espaciais que porão o telescópio preferido de todos os seres humanos a funcionar melhor do que nunca.
O Hubble, que obtém imagens do Universo na zona da luz visível ao olho humano no espectro electromagnético, está mesmo a precisar de reparações. A antena tem um buraco do tamanho de uma bala de uma arma de calibre 22, diz o “Washington Post”. E três dos seis giroscópios, que estabilizam a posição do observatório, deixaram de funcionar. Um “router”, como os das redes de computadores que distribuem o tráfego de dados, deixou também de trabalhar, mas há um “backup”.
O telescópio espacial que já nos mostrou imagens como os célebres Pilares da Criação (uma região onde estão a nascer estrelas, na Nebulosa da Águia), de 1995, em que surgem castelos de nuvens coloridas que nos fazem pensar em construções de sonhos, está a ficar lento e, progressivamente, cada vez mais cego. Para continuar a funcionar, precisa dos cuidados dos astronautas, para substituir as peças que deixaram de funcionar e afinar a máquina, em geral.
Mas esta missão esteve para não se realizar nunca – depois da explosão do vaivém Columbia, ao regressar à Terra, a 1 de Fevereiro de 2003, considerou-se que seria demasiado arriscada, que poderia pôr em risco a vida dos astronautas, devido
A insegurança dos vaivéns norte-americanos. A nega gerou um movimento de protesto de fãs anónimos do Hubble, mas também de políticos norte-americanos, e a missão acabou por ser incluída na lista de tarefas que os vaivéns têm de cumprir até serem aposentados, em 2010. A lista é curta mas nem por isso fácil: acabar de construir a Estação Espacial Internacional e, claro, renovar o Hubble.
A questão é que não há nenhum outro telescópio que substitua o Hubble, que veja como ele vê. O Chandra, por exemplo, vê o Universo no espectro dos raios-X, e o Spitzer, outro telescópio orbital, dedica-se ao infravermelho. Só o Hubble se mantém fiel ao espectro da luz visível, com uma sensibilidade 500 milhões de vezes superior à do olho humano.
Nem o telescópio espacial James Webb, que a NASA planeia lançar em 2013 ou 2014, poderá substituir as capacidades do Hubble. O mesmo acontece com os dois telescópios espaciais que a Agência Espacial Europeia (ESA) pretende lançar esta semana, o Herschel e o Planck. O primeiro, que terá o maior espelho (ou lente) alguma vez enviado para o espaço, vai operar no infravermelho, enquanto o Planck, o mais sensível dos dois, vai dedicar-se a observar o Universo em microondas, que transportam fotões (partículas de luz) que restam ainda do Big Bang, o momento em que o Universo nasceu há 13.700 milhões de anos.
Para manter o Hubble em forma, os astronautas são arrastá-lo para dentro do compartimento de carga do Atlantis, com o braço robótico que equipa o vaivém, para estudarem com atenção todos os danos sofridos pelo telescópio em órbita (foi lançado em 1990). Instalar uma nova câmara e um novo espectrógrafo são tarefas certas da lista dos astronautas. Mas algumas reparações serão bem complicadas: incluem entrar dentro de alguns compartimentos (com os enormes fatos espaciais que os astronautas usam para sair para o espaço), desapertar parafusos, substituir circuito…e muitas vezes sem conseguir ver bem o que estão a fazer, em ambiente de microgravidade. Terão de confiar no que ensaiaram vezes sem conta em terra.
CiênciaPT