Esta é uma reportagem do Domingo passado, em que acompanhei mais uma vez o Meteoalerta numa caçada a trovoadas.
Estiveram neste chasing para além de mim, o Rebelo, o Henrique e o Miguel.
Produção Vídeo: Henrique
Foi um Domingo bastante contraditório nos modelos, à semelhança do que se passou em muitos dos dias anteriores, ou seja, muito factor aleatório e bastante dose de lotaria. De qualquer forma, estávamos bastante convencidos que o Alentejo teria alguma coisa para contar nessa tarde.
E assim foi, ao final da manhã a saída de Lisboa e Setúbal com alguns cúmulos, atmosfera com alguma instabilidade presente, temperaturas não muito quentes mas suficiente, e sobretudo, a notar-se uma certa linha de instabilidade num eixo a sul de Lisboa para leste, até Espanha.
Face a isso, a ideia foi arrancar rumo ao ponto mais próximo desse eixo.
A caçada começou portanto após almoço, e pelas 3 da tarde fomos atrás de uma pequena célula que se desenvolveu a oeste de Alcácer e que foi evoluindo para o interior, sentido leste.
O trajecto da jornada foi este, na animação é visível que fomos atrás dessa primeira célula da tarde no tal eixo de instabilidade que tínhamos detectado.
(Radar IM/Google Earth)
Essa primeira célula acabou por ser incipiente, aparentemente chegámos à cauda dela, apanhamos alguma chuva moderada, em termos de fotografia, foi bastante fraco, pois só apanhámos a zona de precipitação.
Subimos para norte, rumo a Montemor, contornámos/ultrapassámos essa pequena célula a norte, mas ela não se desenvolveu muito mais.
Seguimos para Évora, onde apanhámos mais um chaser que aguardava por nós para a jornada deste dia, o Henrique.
Ainda em Évora, para Leste, era já visível uma outra célula, que se desenvolvia mais ou menos sobre o Alandroal. Resolvemos de qualquer forma seguir novamente para sul, para o tal eixo instável que se via nas imagens de satélite.
Pelo caminho fomos tirando fotografias à "célula do Alandroal", e que o Gerofil mesmo por baixo dela até captou em vídeo. É a vantagem do Meteopt já começar a ter esta enorme distribuição geografia. A célula era muito bonita, mas para quem estava lá mesmo debaixo dela nada tinha de bonito, largou muitas descargas assustadoras como o Gerofil relatou nessa própria tarde.
Vídeo do Gerofil mesmo debaixo desta célula retratada nas fotos acima:
[ame="http://www.dailymotion.com/relevance/search/gerofil/video/xah9ze_alandroal-trovoada-seca-1309200918h_tech"]Dailymotion - Alandroal: TRovoada seca (13.09.2009_18h00) - um video do canal Tecnologia & Ciências@@AMEPARAM@@http://www.dailymotion.com/swf/video@@AMEPARAM@@video[/ame]
Após Évora continuando a viagem, era visível o crescimento de outra célula a sul de nós, decidimos rumar a Monsaraz para interceptar a mesma:
Chegados a Monsaraz, um ponto alto, onde acompanhámos fascinados a fase final do ciclo de vida da célula do Alandroal, uma etapa final de expansão e a fase madura dissipando-se pouco depois:
( a estranha mancha castanha na imagem foi do rebentamento de um foguete)
A célula do "Alandroal" dissipou-se, e apontámos cameras para sul. A sul estava tudo muito turbulento, as imagens de radar e das DEA do IM mostravam que a sul/sudoeste de nós estavam as células maiss intensas do dia.
Nós estávamos ainda a alguma distância dos núcleos, cerca de 30/40km pelo menos, distância confortável diria eu que sou um cagarola que não gosta mesmo nada de raios a cair em cima de mim. O cenário ao longe era brutal, descargas atrás de descargas, devemos ter visto mais de 100/150 raios (não apanhei nenhum em fotografia, só o Henrique em video) e colunas de precipitação por vezes muito intensas, como comprovaram posteriormente as imagens de radar. Se repararem com cuidado nas fotos do Miguel mais em baixo, em certas zonas não são "cortinas" de precipitação, são quase caudais de rios.
Estávamos a norte da célula, e chegava a nós o vento da frente de rajada (gust front), talvez uns 30 ou 40 km/h com rajadas superiores, que podem não parecer muito, mas há que ter em atenção que pouco antes o vento era nulo na imensa planície.
Vista para Sudoeste:
(radar IM/Google Earth)
À medida que o tempo foi passando, havia intervalos de acalmia e depois renasciam novos focos de instabilidade. Ao longe continuávamos a ver muitos raios e as cortinas de precipitação, tudo num cenário de sonho, quase irreal ou mágico, nós numa das torres do castelo da aldeia de Monsaraz, a paisagem brutal da planície alentejana e dos braços do Alqueva que quase que asfixiam de tão bela que é, e como fundo ainda o som da procissão e foguetes das festas do local, tudo combinado com o som difundido por altifalantes do sermão do padre e leituras da bíblia vindas da missa que decorria no momento em que andámos por ali. Sem palavras !
Vista para sul:
As trovoadas continuaram por muitas horas, com raios mais perto ou mais longe, quase de todos os quadrantes.
Monsaraz
Para finalizar, umas fotos diferentes, estas caçadas não são apenas passeios de Meteorologia, também são uma imersão na natureza e cultura, viagens pelas nossas belas terras. Neste caso, a bela Monsaraz que estava em plena festa de honra ao Jesus dos Passos, aldeia medieval pertencente ao concelho de Reguengos de Monsaraz, conquistada aos mouros em 1167.
Muitas das anteriores fotografias foram tiradas da torre do castelo, onde na véspera na antiga praça de armas tinha sido morto (e com a habitual polémica televisiva) um touro, conforme tradição destas festas desde o século XIX.
PS: Após horas de trovoada nas redondezas, mal acabou a procissão e missa, começou a chover. É assim que nascem as lendas
Estiveram neste chasing para além de mim, o Rebelo, o Henrique e o Miguel.
Produção Vídeo: Henrique
Foi um Domingo bastante contraditório nos modelos, à semelhança do que se passou em muitos dos dias anteriores, ou seja, muito factor aleatório e bastante dose de lotaria. De qualquer forma, estávamos bastante convencidos que o Alentejo teria alguma coisa para contar nessa tarde.
E assim foi, ao final da manhã a saída de Lisboa e Setúbal com alguns cúmulos, atmosfera com alguma instabilidade presente, temperaturas não muito quentes mas suficiente, e sobretudo, a notar-se uma certa linha de instabilidade num eixo a sul de Lisboa para leste, até Espanha.
Face a isso, a ideia foi arrancar rumo ao ponto mais próximo desse eixo.
A caçada começou portanto após almoço, e pelas 3 da tarde fomos atrás de uma pequena célula que se desenvolveu a oeste de Alcácer e que foi evoluindo para o interior, sentido leste.
O trajecto da jornada foi este, na animação é visível que fomos atrás dessa primeira célula da tarde no tal eixo de instabilidade que tínhamos detectado.
(Radar IM/Google Earth)
Essa primeira célula acabou por ser incipiente, aparentemente chegámos à cauda dela, apanhamos alguma chuva moderada, em termos de fotografia, foi bastante fraco, pois só apanhámos a zona de precipitação.
Subimos para norte, rumo a Montemor, contornámos/ultrapassámos essa pequena célula a norte, mas ela não se desenvolveu muito mais.
Seguimos para Évora, onde apanhámos mais um chaser que aguardava por nós para a jornada deste dia, o Henrique.
Ainda em Évora, para Leste, era já visível uma outra célula, que se desenvolvia mais ou menos sobre o Alandroal. Resolvemos de qualquer forma seguir novamente para sul, para o tal eixo instável que se via nas imagens de satélite.
Pelo caminho fomos tirando fotografias à "célula do Alandroal", e que o Gerofil mesmo por baixo dela até captou em vídeo. É a vantagem do Meteopt já começar a ter esta enorme distribuição geografia. A célula era muito bonita, mas para quem estava lá mesmo debaixo dela nada tinha de bonito, largou muitas descargas assustadoras como o Gerofil relatou nessa própria tarde.
Vídeo do Gerofil mesmo debaixo desta célula retratada nas fotos acima:
[ame="http://www.dailymotion.com/relevance/search/gerofil/video/xah9ze_alandroal-trovoada-seca-1309200918h_tech"]Dailymotion - Alandroal: TRovoada seca (13.09.2009_18h00) - um video do canal Tecnologia & Ciências@@AMEPARAM@@http://www.dailymotion.com/swf/video@@AMEPARAM@@video[/ame]
Após Évora continuando a viagem, era visível o crescimento de outra célula a sul de nós, decidimos rumar a Monsaraz para interceptar a mesma:
Chegados a Monsaraz, um ponto alto, onde acompanhámos fascinados a fase final do ciclo de vida da célula do Alandroal, uma etapa final de expansão e a fase madura dissipando-se pouco depois:
( a estranha mancha castanha na imagem foi do rebentamento de um foguete)
A célula do "Alandroal" dissipou-se, e apontámos cameras para sul. A sul estava tudo muito turbulento, as imagens de radar e das DEA do IM mostravam que a sul/sudoeste de nós estavam as células maiss intensas do dia.
Nós estávamos ainda a alguma distância dos núcleos, cerca de 30/40km pelo menos, distância confortável diria eu que sou um cagarola que não gosta mesmo nada de raios a cair em cima de mim. O cenário ao longe era brutal, descargas atrás de descargas, devemos ter visto mais de 100/150 raios (não apanhei nenhum em fotografia, só o Henrique em video) e colunas de precipitação por vezes muito intensas, como comprovaram posteriormente as imagens de radar. Se repararem com cuidado nas fotos do Miguel mais em baixo, em certas zonas não são "cortinas" de precipitação, são quase caudais de rios.
Estávamos a norte da célula, e chegava a nós o vento da frente de rajada (gust front), talvez uns 30 ou 40 km/h com rajadas superiores, que podem não parecer muito, mas há que ter em atenção que pouco antes o vento era nulo na imensa planície.
Vista para Sudoeste:
(radar IM/Google Earth)
À medida que o tempo foi passando, havia intervalos de acalmia e depois renasciam novos focos de instabilidade. Ao longe continuávamos a ver muitos raios e as cortinas de precipitação, tudo num cenário de sonho, quase irreal ou mágico, nós numa das torres do castelo da aldeia de Monsaraz, a paisagem brutal da planície alentejana e dos braços do Alqueva que quase que asfixiam de tão bela que é, e como fundo ainda o som da procissão e foguetes das festas do local, tudo combinado com o som difundido por altifalantes do sermão do padre e leituras da bíblia vindas da missa que decorria no momento em que andámos por ali. Sem palavras !
Vista para sul:
As trovoadas continuaram por muitas horas, com raios mais perto ou mais longe, quase de todos os quadrantes.
Monsaraz
Para finalizar, umas fotos diferentes, estas caçadas não são apenas passeios de Meteorologia, também são uma imersão na natureza e cultura, viagens pelas nossas belas terras. Neste caso, a bela Monsaraz que estava em plena festa de honra ao Jesus dos Passos, aldeia medieval pertencente ao concelho de Reguengos de Monsaraz, conquistada aos mouros em 1167.
Muitas das anteriores fotografias foram tiradas da torre do castelo, onde na véspera na antiga praça de armas tinha sido morto (e com a habitual polémica televisiva) um touro, conforme tradição destas festas desde o século XIX.
PS: Após horas de trovoada nas redondezas, mal acabou a procissão e missa, começou a chover. É assim que nascem as lendas
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