Trovoada e granizo dão cabo de culturas e casas
GLÓRIA LOPES
Uma violenta trovoada acompanhada de vento e granizo provocou o caos em aldeias de Macedo de Cavaleiros e Torre de Moncorvo, estq quinta-feira ao fim da tarde. Verificam-se perdas de culturas hortícolas, azeitona e vinha.
Eram perto das 18h00 quando o céu escureceu, uma trovoada, acompanhada com fortes rajadas de vento e granizo, tombou sobre a aldeia de Grijó, no sopé da Serra de Bornes, Macedo de Cavaleiros. Bastaram cerca de 20 minutos para que a desordem se instalasse. As valetas do saneamento não chegaram para escoar o caudal de água, que resvalou para as ruas provocando inundações em várias habitações. "Aquilo metia medo, caíam pedras de gelo com muita força, o vento fortíssimo vergava as árvores", contou o presidente da junta de Grijó, António Salselas.
Parte do telhado do pavilhão de uma fábrica de móveis voou, apesar de estar construído com vigas de cimento e ferro. Alberto Alves, o proprietário, nem queria acreditar no que viu. "O vento era tão forte que derrubou vigas sólidas. Se a estrutura não fosse tão forte teria destruído tudo", contou o empresário, que calcula o prejuízo em milhares de euros. A laboração da fábrica está parada até que existam condições de segurança.
Os ramos das árvores centenárias que ladeiam a entrada de Grijó caíram. A Estrada Nacional 102 teve de ser fechada ao trânsito durante algumas horas devido ao deslize de terra e pedras. Os problemas só foram atenuados com a pronta intervenção dos Bombeiros de Macedo de Cavaleiros.
O saldo na agricultura também é negativo sobretudo na vinha e na azeitona. A destruição de culturas alargou-se também a aldeias do concelho de Torre de Moncorvo, nomeadamente Larinho e Souto da Velha, onde "a vindima e a apanha da azeitona já estão feitas, caiu tudo ao chão, a azeitona pode varrer-se, está tudo estragado, não ficou nada", contou Deolinda Graça, uma agricultora de Souto da Velha. A azeitona e as uvas que ficaram nas plantas também não poderão ser aproveitadas porque o invólucro está picado, o que significa frutos de má qualidade.
"O granizo nesta altura compromete a produção totalmente, é catastrófico", garantiu António Branco da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro. Na vinha o cenário é ainda pior, por se estar a cerca de um mês do início das vindimas.
A Direcção Regional de Agricultura do Norte já está a fazer o levantamento dos prejuízos e a verificar quais os agricultores que têm seguro de colheita, adiantou ao JN Carlos Guerra, o responsável pelo organismo.
Os seguros de colheita são comparticipados em 75% pelo Ministério da Agricultura mas, mesmo assim, são muitos os agricultores que não têm seguro. Carlos Guerra, director regional, recomenda que os lavradores façam os seguros de colheita como segurança.
"Estes são os únicos seguros comparticipados pelo Estado", referiu. Existe ainda a possibilidade de os pequenos produtores fazerem seguros conjuntos, em colaboração com as associações de produtores.
Carlos Guerra não nega que muitos não dispõem de seguro, mas que garante que isso está a mudar. "Segundo o que apuramos, aquando da última intempérie que estragou a maçã de Carrazeda de Ansiães, só dois fruticultores não tinham seguro", adiantou.
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