As mudanças climáticas afetam a vida de todos, não poderia ser diferente com relação à produção de vinhos. Com o aquecimento global, a Inglaterra (cada vez menos fria) começa a crescer sua produção, até então praticamente desconhecida mundialmente. Por outro lado, produtores franceses já se preocupam com o aumento excessivo da temperatura, o que prejudica o desenvolvimento de suas vinhas. Mais detalhes em: http://papodemeteoro.blogspot.com/2009/10/vinho-ingles.html Será mesmo? Abraço, André.
Efectivamente este fenómeno deriva de alterações climáticas nas últimas 2 décadas (mais nesta última década) sentidas em certas zonas vitivinícolas; não estou a falar aqui do fenómeno das alterações climáticas, coisa diferente. Mas o aquecimento proporciona destas coisas - em Inglaterra tem proporcionado colheitas mais interessantes, em zonas onde a cultura da vinha era apenas residual, e assim houveram produtores que apostarem em aumentar as suas áreas de produção. Aqui na minha região, a dos VINHOS VERDES , os factos permitem afirmar que as colheitas tem visto aumentar o grau alcoólico do vinho - aparentemente também associado a um aumento das temperaturas na sua fase de maturação; este facto tem sido notório nesta década. Neste momento até se começa a colocar em causa a denominação de vinho verde pois entraram no circuito de produção muitas cepas geralmente associadas à produção de vinho maduro. A própria graduação alcoólica dos vinhos começa a aproximar-se "perigosamente" da fronteira dos vinhos maduros. Hoje é frequente ver vinho verde engarrafado com 11º, 12º e até 13º de teor alcoólico. Há inclusive produtores que afirmam terem vinhos que chegam aos 16º - no caso do vinho alvarinho pode superar os 18º em Verões muito quentes. O que ainda "safa" é que o gosto e a frescura mantêm uma caracteristica muito própria... Há um dito antigo que afirma: "O vinho é bom. Mas a água sendo fresca, pura e cristalina...Ahhhhhhhhh, nesse caso prefiro o vinho!"
Vinhos ingleses sempre existiram, desde há séculos, são é por norma muito maus, fabrico caseiro e comercialmente irrelevantes , ninguém ouve falar neles. A questão dos vinhos em Portugal parece-me contudo interessante. Na minha opinião, eu penso desde há bastante tempo que este sector até é um dos beneficiados pelo aquecimento das últimas décadas. Nem tudo é mau nestas problemáticas.
Qual será a tradução em inglês para "Zurrapa"? Talvez considerem intraduzível para que tal não se perceba!
Uma das coisas que chama a atenção é o facto de existir produção de vinho em países da orla mediterrânica no norte de África. Pelo que tenho provado é mau, muito mau esse vinho. Parece-me que o excesso de calor também não é lá muito benéfico para as vinhas, de forma que aumenta o paladar alcoólico na mesma medida que diminui o paladar tão característico dos vinhos a que estamos habituados a consumir. Parece-me que o vinho inglês não será "nem carne nem peixe". As características climáticas que potenciam o desenvolvimento do vinho serão ligeiramente semelhantes ao noroeste de Portugal, mas mais húmido e fresco na primavera e verão, o que aliado ao uso de castas diferentes das usadas por cá não dará grandes vinhos por lá. Mas como não provei não sei...alguém que tire a prova ou envie uma garrafa para eu dar a minha "humilde" opinião
Ora aí está. A temperatura e sol é apenas um dos factores para um bom vinho. Muitos outros são tão ou mais importantes, tais como a precipitação, solo, castas, etc. No caso inglês, e no caso do clima, penso que a excessiva precipitação no Verão deverá ter muito mais influência do que a própria temperatura pouco elevada.
As videiras e as uvas não lidam bem com extremos por isso, os vinhos mais famosos em todo o mundo são predominantemente de zonas temperadas. Excesso de chuva apodrece as uvas, excesso de sol e calor dá-lhes um teor alcoólico alto ou pode mesmo "queimar-las". Para um bom vinho é importante o ciclo chuva-seco, frio-calor, primavera-verão ser bem definido.
Falando de vinhos e clima, há um bastante curioso e diferente, o famoso Icewine ou Eiswein que embora não seja um vinho de mesa mas de sobremesa, é um branco doce que experimentei pela primeira vez há pouco movido pela curiosidade que tinha já há uns anos. É possível encontra-lo por exemplo no El corte inglês embora seja caro em garrafas pequenas tipo licor ... É geralmente feito com a casta Riesling, as uvas ficam nas videiras até serem recolhidas congeladas e o frio e gelo além da colheita tardia são o segredo do vinho na concentração de sabor. Os países que mais o produzem são o Canada e a Alemanha mas noutros menos dados ao frio já se vão fazendo experiências, inclusive em Espanha e recentemente no sul do Brasil. [ame="http://www.youtube.com/watch?v=4v1-rdE5YAE"]YouTube- The Last Hand Harvest: Icewine Clip #1[/ame]
Interessante, sou do sul do Brasil e ainda não conhecia o icewine. Vou procurar mais a respeito. Andre.
Foi tentado pela primeira vez este ano pela Vinícola Pericó em São Joaquim (Santa Catarina): http://www.vinicolaperico.com.br/icewine/ Presumo que nesta altura ainda não saibam se a experiência correu bem.
Re: Seguimento Meteorológico Livre E ainda ontem , vi uma reportagem sobre uma herdade no Alentejo , onde foi referido que este ano vai ser um ano muito bom de vinho na região . Afinal , parece que as Correntes de Leste tórridas mais os 40 graus centígrados não foram necessários .
Re: Seguimento Meteorológico Livre Também vi, se calhar o calor tórrido que alguns apregoavam como sendo normal no Alentejo não é assim tão benéfico para as vinhas...