Serão os muros das serras de Aire e Candeeiros património único no mundo?
Quanto medirão os muros construídos pelo homem ao longo dos tempos, com recurso à pedra calcária, na zona serrana da região? E se esse património, característico da zona das serras de Aire e Candeeiros, fosse devidamente estudado e, eventualmente, candidatado à classificação por parte da UNESCO?
A ideia é lançada por Francisco Vieira, antigo presidente da já extinta Região de Turismo de Leiria/Fátima (RTLF). Atualmente diretor executivo da Insignare - Associação de Ensino e Formação, Francisco Vieira considera que seria “uma boa ideia proceder à medição dos muros de pedra, feitos pelo homem”. E, quem sabe, “candidatar este gigantesco trabalho a Património da UNESCO”.
Foram os passeios na zona serrana que foram fazendo crescer a ideia: “fui ficando crescentemente impressionado com a dimensão do trabalho humano que levou à divisão das propriedades”, explica ao REGIÃO DE LEIRIA, Francisco Vieira.
Naturalmente que, admite, a tarefa de medição dos muros em pedra é tremenda, mas este responsável adianta já ter trocado impressões sobre o assunto com alguns técnicos que lhe adiantaram que a medição por satélite poderia viabilizar a tarefa.
No seu entender, o aprofundamento do estudo da especificidade e dimensão da implantação dos muros de pedra, seria uma tarefa que deveria ser articulada pelos municípios abrangidos pela zona serrana, como é o caso de Porto de Mós, Ourém e Alcanena, exemplifica.
O REGIÃO DE LEIRIA, socorrendo-se de imagens por satélite disponibilizadas pela plataforma de mapas da Google, delimitou, a título de mera amostra aleatória, uma área de 10 hectares na freguesia de São Bento, Porto de Mós.
A medição com recurso à imagem por satélite permitiu estimar a existência de três quilómetros de muro nessa área. Ora, bastaria que nos 38.900 hectares da área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros existisse uma implantação média, vinte vez inferior à registada na parcela de São Bento, para que existissem cerca de 600 quilómetros de muro. Ou seja, o equivalente à distância que separa Lisboa de Madrid.
Para Francisco Vieira, a ampla extensão de muros que rasgam a paisagem serrana “faz parte da cultura e do património paisagístico” das duas serras “que têm tradições próprias”.
Ao longo dos anos, a pedra tem sido usada para dividir propriedades na serra (fotografia: Joaquim Dâmaso)
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