Em minha opinião, comparando apenas médias de normais de trinta anos, 21-50, 31-60, 41-70, etc as conclusões tiradas serão sempre incompletas e imperfeitas. Só a evolução ano a ano (ou até mês a mês) das médias correntes de n anos permite identificar as tendências. O valor de n deve ainda ser variável para melhor se detectar eventuais ciclos. Assim ao fazer por exemplo n variar de 10 a 50 e comparando os gráficos das séries de médias correntes haverá diferentes amplitudes das oscilações e se essas oscilações forem periódicas o seu período será melhor aproximado pelo valor de n que produza o gráfico mais evidente do ponto de vista da periodicidade. Apliquei este método há bastantes anos atrás mas porque o volume de cálculo é, obviamente, enorme, só o consegui para estações individuais. Conto encontrar e recuperar esses trabalhos e colocá-los aqui.
Outro aspecto é o de extrair conclusões a partir de uma única estação, que me parece conduzir a resultados muito enviesados especialmente em locais com totais médios e número de dias de chuva anuais relativamente reduzidos, como é o caso do Algarve, em particular o litoral. Veja-se que Faro já obteve em um dia um acumulado máximo comparável ao total em doze meses mínimo. Esta situação é obviamente impossível por exemplo em estações do noroeste ou na maior parte do território. Basta portanto a presença de uma precipitação torrencial localizada num só dia e numa área restrita, como aconteceu tantas vezes no litoral algarvio, para enviesar uma média em Normais de vários anos sem que em termos climáticos de toda a zona isso tenha real significado. Tomando não uma mas várias estações, o efeito do evento torrencial localizado dilui-se e toma assim a sua dimensão verdadeira e o peso real na série das Normais. Portanto evitarei sempre tirar conclusões baseadas numa única ou num reduzido número de estações.