A erosão na costa portuguesa.

algarvio1980

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21 Mai 2007
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Olhão (24 m)
O Correio da Manhã, avançou com outra explicação.

Um buraco de cerca de dois metros de profundidade, que se abriu na zona nascente da praia de Quarteira (Loulé), em frente ao edifício Girassol, deixou a descoberto uma estrutura de cimento, ferro e tijolo, construída nos anos 50 do século passado.

"Foram feitos 13 compartimentos de cimento para reter a água das chuvas, para não arrastarem a areia para o mar", explicou José Mendes, presidente da junta de freguesia. A areia foi cobrindo a obra, de 30 metros de comprimento e dez de largura, que ficou esquecida. A chuva dos últimos dias fez a estrutura abater.

Fonte: CM
 


CptRena

Nimbostratus
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16 Fev 2011
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Gafanha da Encarnação, Aveiro
Em relação a isto vou postar o que li hoje:

Investigadores da Universidade de Aveiro apontam para o perigo de extinção de algumas praias entre Cortegaça e Mira
Algoritmo da UA simula o futuro da linha de costa

Redução considerável da largura de algumas praias entre Cortegaça e Mira e aparecimento de novas aberturas entre o mar e a ria de Aveiro. As previsões a 30 anos foram feitas por um modelo numérico de simulação do avanço do Atlântico sobre a linha de costa para dois trechos costeiros entre Cortegaça e a Praia de Mira (Cortegaça-Furadouro e Vagueira-Mira), precisamente a zona do país onde mais se sentem os efeitos da erosão costeira. Desenvolvido por um investigador do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro (UA), a inovadora ferramenta projeta o futuro da localização da linha costeira.

Resto da notícia em:Noticias da UA
 

I_Pereira

Cumulus
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21 Abr 2007
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Aveiro
Algumas fotos da Praia da Barra

03 de Novembro 2011
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14 de Março 2012
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28 de Março 2012, já com algumas obras de reposição de areia à frente do Offshore, também com sacos de areia
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13 de Junho 2012
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Tenho mais algumas fotos de outras datas, mas editado só mesmo isto. Recentes não tenho nada, agora que já tenho a máquina comigo outra vez estou à espera de uma 4ª feira sem chuva para voltar lá ;)
 

Aristocrata

Super Célula
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28 Dez 2008
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Paços de Ferreira, 292 mts
As imagens falam por si...

Temos um grave problema pela frente. Se voltarem anos de mau tempo, temporais de mar "à antiga", temo que os cálculos que fizeram a 30 anos pequem por excesso - só serão mitigados com o recurso a maquinaria pesada, reposição maciça de areias e obras de cosmética onerosas para o erário público.
A ria de Aveiro poderá mudar radicalmente, resta esperar quando. Não vejo cenários catastróficos pela frente, mas certamente haverá quem seja afectado por isto.

As barragens tem muitas vantagens ao nível da produção energética, mas no futuro as contas terão de ser feitas tendo em atenção os custos ambientais que, suspeito eu, serão elevadíssimos...:(
As areias estão assim impossibilitadas de restaurarem a capa natural nas nossas praias. O próprio mar vai reclamando constantemente areia para os fundos marinhos. Apenas em zonas com esporãos é que temos acumulação das ditas areias. E mesmo apenas de forma parcial, junto dos molhes.
 

Gerofil

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21 Mar 2007
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Estremoz
A compra e venda do litoral português

Grupo compra praia por 200 mil euros - Duzentos mil euros foi o preço que uma sociedade ligada ao grupo alemão Vila Vita Hotels pagou por cerca de três hectares de praia privada, em Armação de Pêra. O negócio, ao que o CM apurou, foi efectivado no dia 18 de Dezembro e a parcela de terreno será agora cedida ao Estado, depois de ser assinado, no próximo ano, um protocolo de permuta com o representante do grupo alemão, que entre vários investimentos em Portugal é proprietário do luxuoso resort Vila Vita Parc, na Senhora da Rocha, em Lagoa.
A extensa parcela de terreno, em plena praia dos pescadores, pertencia aos herdeiros da família Santana Leite. "Assumimos o papel do Estado, que ia avançar para a expropriação, e comprámos o terreno. Agora estamos dispostos a cedê-lo a favor da comunidade", confirmou ao CM Manuel Cabral, administrador do grupo Vila Vita. Além dos 200 mil euros, o investidor está ainda disponível a oferecer mais 300 mil para " requalificar a zona envolvente à praia, com a construção de um jardim ou um parque de estacionamento, e ajudar à transferência do clube Armacenenses para o novo campo", explicou o mesmo responsável. Em contrapartida, apenas exige a concessão do restaurante de praia Kubata e o reconhecimento da praia da Vila Vita, junto ao resort de luxo.
O terreno, com três hectares, está no Domínio Público Marítimo, mas a sua propriedade foi reconhecida a um privado em 1913. Mais tarde, um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa confirmou a decisão. Indiferentes a todo este imbróglio, os banhistas continuaram a encher a praia todos os anos. Em 2011, o Estado equacionou a expropriação do terreno, com o pagamento de 200 mil euros ao proprietário, de forma a efectuar a requalificação da zona, prevista no Plano de Ordenamento da Orla Costeira. Mas a intenção nunca se concretizou.

Rui Pando Gomes/ José Carlos Eusébio

Fonte: Correio da Manhã
 

Agreste

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29 Out 2007
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Eu dava uso aos 300 mil euros para processar a anterior administração da CMSilves pelos resultados financeiros conhecidos.

Mas é um negócio estranho. O Vila Vita está em Lagoa, o campo da restinga onde jogava o Armacenenses está em Silves.
 

frederico

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9 Jan 2009
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Há 15 anos a Manta Rota tinha um areal muito mais extenso. A erosão é notória.

Parte do problema está aqui:

ilha_tavira2.jpg


Aquele paredão na barra de Tavira está a reter as areias. Vejam a erosão a leste da barra.
 

Agreste

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29 Out 2007
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Desta vez não é a erosão mas a hidrodinâmica da costa. A Arrifana como sabem não é uma praia muito grande ainda assim poucas vezes a vi com esta configuração das areias. O que causará isto? Orientação da ondulação? 3 zonas onde a ondulação entra e 2 por onde a água sai? Para ajudar o Norte geográfico fica do nosso lado, do lado do observador sentado a ver a praia.

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Duarte Sousa

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8 Mar 2011
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Desta vez não é a erosão mas a hidrodinâmica da costa. A Arrifana como sabem não é uma praia muito grande ainda assim poucas vezes a vi com esta configuração das areias. O que causará isto? Orientação da ondulação? 3 zonas onde a ondulação entra e 2 por onde a água sai? Para ajudar o Norte geográfico fica do nosso lado, do lado do observador sentado a ver a praia.

Penso que essa é a hipótese mais provável. Junto às zonas de saída da água nota-se uma grande quantidade de sedimentos "à nora", e penso que seja devido à agitação da água causada pelo choque entre as ondas de NW e a corrente de saída da água.

Ilustrando:

hmtdcuyj.jpg


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Agreste

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29 Out 2007
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Eu vi este padrão recentemente por ex na praia de Faro, só que a praia de Faro é um areal imenso e em 20-30 metros tinhas estas línguas de areia a entrar no mar. Mas isto é um tipo específico de ondulação, com período e orientações particulares porque o efeito desaparece passado pouco tempo e o areal fica liso novamente.
 

Agreste

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29 Out 2007
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Do Olhão Livre...

Está em curso a discussão publica do Plano de Acção para a Valorização Hdrodinamica da Ria Formosa e Mitigação de Riscos para as Ilhas-Barreira. Discussão publica não divulgada, mantida em secretismo, porque o Plano não é claro nem transparente. Mais, se questiona, porque razão a Sociedade Polis da Ria Formosa, a promotora da acção, não foi para junto das populações discutir onde, quando e como se deveriam processar as intervenções, obedecendo a critérios muito duvidosos, dos quais aqui daremos conta.

Começamos desde logo pela situação da Barra da Fuzeta em avançado processo de assoreamento, dificultando a navegabilidade das embarcações de maior porte, que têm de esperar pelo encher da maré, mas onde não se prevê qualquer intervenção.
Em Cacela e apesar de ter entrado em ruptura há cerca de três anos, a intervenção não é considerada proritaria, argumento invocado para a intervenção de Tavira, que apenas está ameaçada de ruptura. E não só, das duas opções apontadas, qualquer delas prevê a manutenção da Barra do Forte, podendo inclusive ser posta em concorrencia com a Barra do Lacem, quando em 2010 e a propósito da Barra da Fuzeta se dizia que tal não podia acontecer. Certo é que a população de Cacela não foi tida nem achada e a decisão tomada parece esconder interesses ocultos e pouco claros.

Na Barra da Armona e canais adjacentes pretende-se dragar mas dando como destino das areias, a Praia de Faro. Ora os molhes da Barra de Faro/Olhão impedem a passagem das areias de poente para nascente, o seu movimento predominante, acumulando-se no lado poente da Barra de Faro, mais precisamente na Ilha Deserta. Assim, ao não repor as areias no seu ponto de origem, a Ilha do Farol, a curto-médio prazo, é esta que vai entrar em ruptura, porque as areias vão continuar a migrar diminuindo em largura e altura o respectivo cordão dunar.
Convém também desmistificar os aspectos positivos apontados na valorização hidrodinamica. É que apesar de em 1997 ter havido dragagens em toda a Ria, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, mandou elaborar estudos/monitorizações para avaliar dos efeitos das descargas das águas residuais urbanas na Ria Formosa, sintoma de que afinal as dragagens em pouco beneficiaram a melhoria da qualidade ambiental das águas. Não é, pois pelas dragagens que se resolve o problema da poluição da Ria Formosa, mas serve para adiar a construção de ETAR de nível terciário com desinfecção.

E porque se fala de poluição, a hipocrisia do estudo vai ao ponto de dizer que a qualidade do ar é boa e os pouco focos de poluição se devem à navegação marítima, mas não diz uma palavra sobre as emanações do gaz metano produzido pelas ETAR.
Uma analise mais aprofundada mostra que afina a preocupação maior, vai mais uma vez para o uso balnear e a náutica de recreio. É por demais evidente que a Península de Cacela não tem o mesmo impacto turístico que a Praia de Tavira, E nem mesmo o facto dos galgamentos oceânicos porem em risco o edificado histórico com séculos de existência, como o Forte, a Igreja ou o Cemitério, são motivo de preocupação. Não é pela segurança das pessoas e bens que são feitas as intervenções. E pode dizer-se o mesmo em relação à Praia de Faro onde as casas dos pescadores não ficam livres do risco com a intervenção planeada.

As populações da zona da Ria Formosa devem manifestar-se contra este Plano por ele não satisfazer minimamente os seus interesses e até mesmo aqueles que podem vir a ser beneficiados pelo conjunto de intervenções como é o caso da Ilha do Farol, devem pôr de parte um pouco do egoísmo e aliarem-se àqueles que vão lutar contra esta aberração.

Uma palavra ainda para as Câmaras Municipais que sabem da existência do Plano, que têm os documentos para que todos possam aceder, mas que não divulgam porque outros interesses se levantam, tornado-os a todos por igual um bando de criminosos.