Árvores e Florestas de Portugal

Duarte Sousa

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8 Mar 2011
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Loures
Em Inglaterra boa parte das ruas têm folhosas nas zonas suburbanas e muitas casas têm folhosas bem como os parques, no Outono as ruas ficam cheias de folhas mas ninguém liga, ninguém quer saber. O problema com as folhas sempre me pareceu uma panca estúpida e uma futilidade, que infelizmente muitas pessoas têm em Portugal. Gostaria de ver essas mesmas pessoas a viver no Norte da Europa e a fazerem as tristes figuras que fazem em Portugal, como ir à junta de freguesia para o vizinho ser obrigado a cortar as árvores do quintal.

De qualquer das formas esses pinheiros provavelmente foram cortados por causa da pressionária.

Eram aquelas duas árvores ao longe. Pinheiro-de-norfolk (Araucaria heterophylla), demorei bastante a encontrar o nome :hehe:

XUVLpTY.png



As bolotas foram recolhidas em Montemor, também aqui no concelho :)
 


João Pedro

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14 Jun 2009
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Eram aquelas duas árvores ao longe. Pinheiro-de-norfolk (Araucaria heterophylla), demorei bastante a encontrar o nome :hehe:

XUVLpTY.png


As bolotas foram recolhidas em Montemor, também aqui no concelho :)
:facepalm: Como é que é possível... não @frederico não foi por causa da processionária pois araucárias não são pinheiros e logo não são afetadas pela lagarta.
Pura maldade portanto...
 

frederico

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9 Jan 2009
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essa parte das podas é um crime e os municípios insistem em fazer de maneira estúpida depois as árvores crescem e ficam ocas e são abatidas pois estão doentes e esta , quanto as árvores autóctones é a parte comercial no tempo que leva ter um bom carvalho um eucaliptal é cortado umas 3 vezes e um pinhal umas 2 logo as pessoas fogem para o que rende, por sorte herdas um e tens a consciência de o manter e tirar algum partido com a gestão abatendo alguns para vender para moveis

Um carvalhal bem gerido até pode ser bastante rentável. Contudo é necessário que tenha área, e isto não é possível com o minifúndio que predomina no Norte e Centro do país. Portanto as alternativas são:

- subsidiar plantações de espécies nativas;
- ter uma rede de florestas públicas e municipais com espécies nativas
- ter sebes com espécies nativas.

As sebes são uma excelente forma de preservar espécies em área agrícolas, mas em Portugal é muito complicado com a mentalidade que vigora. Se o ramo de uma árvore entra uns centímetros na terra do vizinho, pode ser motivo para a desgraçada ter sentença de morte. Há um trabalho de mudança de mentalidades que passaria pela instrução escolar que nunca foi feito a sério em Portugal nesta área, é esta a única via para resolver este problema ambiental a longo prazo.

Mesmo o sobreiro e a azinheira em algumas regiões não têm futuro. O montado que temos foi plantado no final do século XIX e no Estado Novo, quando as mentalidades eram outras. Agora ninguém vai esperar que um sobreiro seja produtivo. Nas zonas onde os sobreiros estão a morrer, é provável que os proprietários queiram algo que dê lucro mais rápido, como oliveiras de regadio.
 

frederico

Furacão
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9 Jan 2009
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Nos últimos anos vi araucárias no Algarve e no Porto com as copas destruídas, com o tronco cortado ao meio, ficam depois horríveis parecem uns monstros decapitados. Não entendo o que se passa, isto é uma moda recente, pois é algo que se começou a fazer há uns 5/6 anos. Quando era miúdo havia muitas destas araucárias no Algarve e nunca vi nenhuma ser podada ou cortada.

Na Conceição de Tavira há um ano ou dois cortaram um pinheiro-de-Alepo muito antigo com um tronco enorme que estava num passeio, o pinheiro não incomodava ninguém, tinha grandes dimensões e não entendo qual foi a justificação e por que motivo embirraram com a árvore.

Suspeito que por detrás de tudo isto estão as empresas de jardinagem que aderiram à chico-espertice dos «tugas» parolos e inventam estas podas para sacar uns trocos às autarquias e aos proprietários.
 

"Charneca" Mundial

Super Célula
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28 Nov 2018
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Eu acho que deveriam ser feitas duas coisas para preservar a floresta nativa e ornamental: :facepalm:

1º - Tornar os carvalhos e as espécies autóctones como árvores protegidas, proibindo o seu corte;
2º - Proibir as queixas feitas em relação às árvores ornamentais, com uma coima associada de entre 200 e 1400€.

Só assim é que este problema da falta de preservação das árvores irá acabar (e, claro, quero salientar que também concordo com as medidas sugeridas pelo @frederico). :)
 

PedroNTSantos

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27 Dez 2008
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Os portugueses têm uma relação complicadíssima com as árvores...

Pelo menos no que à poda de árvores ornamentais diz respeito o problema vem de muito longe (um dos melhores textos que conheço denunciando este tipo de práticas data de 1959...) e assenta, a meu ver, na crença generalizada de que a rolagem é benéfica, ou mesmo imprescindível, ao desenvolvimento das árvores. Associado a isso há a questão da pretensa segurança que os autarcas utilizam para se defender quando confrontados com estas práticas bárbaras.

No fundo, e como em muitos outros setores da vida pública, trata-se de uma infeliz associação de ignorância e incompetência, a que se junta um vasto setor que vive destas podas anuais (afinal são mais de 300 concelhos e se é certo que há autarquias que recorrem aos seus próprios serviços de jardinagem, muitas contratam externamente empresas para estas intervenções; empresas que, na maior parte das vezes, não têm qualquer habilitação técnica para este tipo de intervenção, até porque este setor carece de regulamentação e de fiscalização).

Por outro lado, pululam nas redes sociais “teorias da conspiração” com o 5G, que ajudam a descredibilizar o movimento de defesa do arvoredo urbano.
Enfim, a conversa já vai longa e, em resumo, se ainda acreditam que pode ser feito algo para mudar este estado de coisas podem começar por assinar e divulgar esta petição.
 

camrov8

Cumulonimbus
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14 Set 2008
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Oliveira de Azeméis(278m)
Os portugueses têm uma relação complicadíssima com as árvores...

Pelo menos no que à poda de árvores ornamentais diz respeito o problema vem de muito longe (um dos melhores textos que conheço denunciando este tipo de práticas data de 1959...) e assenta, a meu ver, na crença generalizada de que a rolagem é benéfica, ou mesmo imprescindível, ao desenvolvimento das árvores. Associado a isso há a questão da pretensa segurança que os autarcas utilizam para se defender quando confrontados com estas práticas bárbaras.

No fundo, e como em muitos outros setores da vida pública, trata-se de uma infeliz associação de ignorância e incompetência, a que se junta um vasto setor que vive destas podas anuais (afinal são mais de 300 concelhos e se é certo que há autarquias que recorrem aos seus próprios serviços de jardinagem, muitas contratam externamente empresas para estas intervenções; empresas que, na maior parte das vezes, não têm qualquer habilitação técnica para este tipo de intervenção, até porque este setor carece de regulamentação e de fiscalização).

Por outro lado, pululam nas redes sociais “teorias da conspiração” com o 5G, que ajudam a descredibilizar o movimento de defesa do arvoredo urbano.
Enfim, a conversa já vai longa e, em resumo, se ainda acreditam que pode ser feito algo para mudar este estado de coisas podem começar por assinar e divulgar esta petição.
por estes lados são os funcionários menos mal , fico fascinado com as florestas dessa europa com betulas, vidoeiros os pinhais e eucaliptais e pinhais são monocromáticos e carregados de infestantes
 

Pedro1993

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Também já vai surgindo as Bio Reservas, que são um grupo de amigos, que compram uma série de terrenos, muitas vezes isolados, com o intuito da prtecção de muitas árvores autóctones seculares, e bem como toda a sua biodiversidade envolvente, esta é uma das formas que se consegue proteger, de modo a que não caia em mãos alheias, em que só pretender deitar tudo a baixo, aqui deixo um dos exemplos, se bem que ainda é tudo muito recente.

https://www.facebook.com/MilVoz-Associação-de-Protecção-e-Conservação-da-Natureza-295563754432255/
 

João Pedro

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Nos últimos anos vi araucárias no Algarve e no Porto com as copas destruídas, com o tronco cortado ao meio, ficam depois horríveis parecem uns monstros decapitados. Não entendo o que se passa, isto é uma moda recente, pois é algo que se começou a fazer há uns 5/6 anos. Quando era miúdo havia muitas destas araucárias no Algarve e nunca vi nenhuma ser podada ou cortada.

Na Conceição de Tavira há um ano ou dois cortaram um pinheiro-de-Alepo muito antigo com um tronco enorme que estava num passeio, o pinheiro não incomodava ninguém, tinha grandes dimensões e não entendo qual foi a justificação e por que motivo embirraram com a árvore.

Suspeito que por detrás de tudo isto estão as empresas de jardinagem que aderiram à chico-espertice dos «tugas» parolos e inventam estas podas para sacar uns trocos às autarquias e aos proprietários.
Penso que o motivo será a grande altura que atingem e o medo constante que partam com o vento e caiam sobre as casas. Mas a heterophylla até está bem adaptada ao vento, sendo originária de uma ilha tão pequena e tão exposta aos ventos oceânicos. Nunca vi nenhuma partida pelo vento.
 

Pedro1993

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Penso que o motivo será a grande altura que atingem e o medo constante que partam com o vento e caiam sobre as casas. Mas a heterophylla até está bem adaptada ao vento, sendo originária de uma ilha tão pequena e tão exposta aos ventos oceânicos. Nunca vi nenhuma partida pelo vento.

Isso é o mesmo que costuma acontecer com as casuarinas, pois as pessoas, vem uma árvore destas, por vezes, com 6 a 7 metros de altura a "dançar" ao sabor do vento, a primeiras coisa que se lembram logo é de a cortar, pois tem medo que ela caia, é quase o que acontece, hoje em dia, com medo do vírus, que as pessoas, tem, onde muitas delas, precisam de cuidados médicos, ou de algo para comer, e tem receio de sair de casa, mas lá está com os devidos cuidados, consegue-se minimizar os riscos de contágio.
Também nunca me lembro de ter visto uma casuarina caído pelo vento, já, pinheiros decrépitos, ou ciprestes, esses são logo os primeiros, e não é preciso muito mais do que 80 a 100 km/h.
 

frederico

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Decadas atras a Junta Autonoma das Estradas ainda plantava arvores na berma das nacionais, no Alentejo ainda existem muitas destas estradas, foi um habito que se perdeu ha muito tempo, mas se fosse hoje em dia havia logo polemica, estes medos irracionais sao tracos de Uma sociedade que se infantilizou. Se este habito nao se tivesse Perdido teriamos as rede mais Verde da Europa.
 

Pedro1993

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Decadas atras a Junta Autonoma das Estradas ainda plantava arvores na berma das nacionais, no Alentejo ainda existem muitas destas estradas, foi um habito que se perdeu ha muito tempo, mas se fosse hoje em dia havia logo polemica, estes medos irracionais sao tracos de Uma sociedade que se infantilizou. Se este habito nao se tivesse Perdido teriamos as rede mais Verde da Europa.

Pois, infelizmente as Infraestruturas de Portugal, nos últimos 2 anos, pelo menos, tem decretado "guerra" a todas as árvores que ladeiam as estradas, muitas delas, são sobreiros, e carvalhos já com um porte muito considerável, ainda há pouco tempo passei na estrada nacional, que vai de Coruche, em direcção a Montemor-o-Novo, e é lindo passar, dentro de um "túnel" de cerca de 20 pinheiros, que ladeiam a estrada, resta saber quanto tempo vão eles continuar por lá.
 

frederico

Furacão
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9 Jan 2009
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Na escola secundária de Vila Real de Santo António a Parque Escolar fez umas podas horríveis de amador e deu cabo das copas dos choupos, ficaram tão feios que mais valia tirá-los de vez e plantar novos, as podas arruinaram para sempre a beleza e equilíbrio natural das copas.

Algumas árvores de elevado interesse estão exactamente na berma das estradas, por exemplo, os últimos carvalhos do concelho de Mora estão em fila indiana junto a uma estrada. O único carvalho protegido em Monchique também está na berma de uma estrada. É óbvio que o cenário é de grande gravidade com a panca das limpezas indiscriminadas que se impôs após os incêndios de 2017.

Quercus-canariensis.jpg


https://dias-com-arvores.blogspot.com/2006/03/carvalho-de-monchique-quercus.html