Daniel Vilão
Super Célula
Tenho visto uma PMA para Lisboa inferior a essa, mais à volta dos 685 e 750 mm.
Pois, o Geofísico anda à volta dos 725/726 mm anuais nas normais de 1971-2000.

Tenho visto uma PMA para Lisboa inferior a essa, mais à volta dos 685 e 750 mm.
A estação meteorológica de Faro apresenta dados climáticos típicos de um clima mediterrâneo, mas isso também acontece com a estação meteorológica de Bragança e com quase todas as estações de Portugal Continental. Embora com diferenças consideráveis, quase todo o país se caracteriza por um clima mediterrâneo.
O que queria dizer é que não vejo diferenças entre clima subtropical seco e clima mediterrâneo.
Atenção que um clima não se diferencia só pela temperatura.
Tenho a certeza que sabes disso.![]()
sim claro refiro-me á precipitação, RH, horas e intensidade solar, especies e amplitude termica.
topem esta minha classificação como apenas uma opiniao baseada na vontade de diferenciar o clima do litoral sul de lis com o interior centro e sul
Claro que existem diferenças.
Mas acho que aí já vais para o âmbito dos microclimas.
Eu concordo também muito, com a divisão criada por Koppen: mediterrânico de tipo Csa ou Csb.
Parece-me é que Koppen colocou o Grupo Ocidental dos Açores no clima subtropical húmido ( será o mesmo tom ( não tenho a certeza absoluta mas é o mais escuro por isso é o que me parece)).
Curiosamente vai de encontro, ao que tinha dito no tópico sobre o clima subtropical.
São ilhas sem meses secos, sem nenhum frio, estáveis climaticamente e com um mar quente.
Mas também tem defeitos: nos EUA, muitas zonas onde esse clima é atribuído tem invernos mais frios que Lisboa.
A Madeira, tem zonas tb subtropicais , até mais quentes que qualquer outro local da Europa ( com a excepção das Canárias) e no caso dos Açores, a Corrente do Golfo aquece certas zonas da ZEE , que a não haver nenhuma catástrofe, poderão até ser de tipo tropical.
Se os dados não se alterarem muito até Março e não descerem dos 20ºc, assim o é. E será a zona mais quente da Europa e a única tropical!
Para já está neste momento ainda está entre 24-25ºc.
as ilhas desertas são tao quentes como as canarias penso que teem um clima desertico quente com pouquissima amplitude termica
Exacto.
O macroclima é mediterrânico . Existem contudo 3 subdivisões em 3 macroregiões: mediterrânico com influência marítima, no norte litoral a norte do Rio Douro ( embora tb surja de forma degradada a Norte do conjunto Montejunto-Estrela), mediterrânico com influência continental nos planaltos transmontanos e mediterrânico puro no Centro, Sul e Vales do Douro.
Os microclimas é que se diversificam. Existem zonas quentíssimas em alguns vales do interior com níveis de precipitações semidesérticos, assim como zonas montanhosas no Minho, praticamente sem meses secos.
Mas para descrever esses microclimas e tantos outros era preciso literalmente anos de estudo e trabalho de campo intensivo.
Isto para Portugal continental só, claro.
Eu não diria o litoral a norte do Rio Douro mas sim o litoral a norte de Aveiro. Penso que é mais correcto, já que até coincide com o limite da distribuição do Quercus robur a cotas litorais, e tendo também em conta os valores de precipitação e de temperatura médios da Beira Litoral Norte.
as ilhas desertas são tao quentes como as canarias penso que teem um clima desertico quente com pouquissima amplitude termica
Eu não sei se o Quercus robur é utilizado como espécie chave para definir essa diferenciação microclimática, mas por exemplo, diz-se que a zona Eurossiberiana só começa no Minho, devido à predominância de flora nativa da Europa Atlântica sobre a da Europa Mediterrânica, que não é visível em todo o resto de Portugal continental.
Contudo, acredito que mesmo antes dessa diferenciação existir, possa ser considerada a zona de Aveiro como área meridional limite em Portugal onde a distribuição do carvalho-alvarinho atinge espontâneamente a cota litoral e onde possivelmente a influência marítima torna o clima mediterrânico local semelhante a outras áreas do Norte Litoral e diferente do resto do país.
Apenas para completar, como disse anteriormente, a influência marítima surge também no clima mediterrânico que fica a norte do conjunto montanhoso Montejunto-Estrela ( junto ao litoral), mas de forma degradada.
Digo litoral a norte de Aveiro porque é o que me recordo de ler num livro do Orlando Ribeiro. E sim, o carvalho-alvarinho não é a única espécie chave, mas lembro-me de ler algures que a norte de Aveiro a percentagem de espécies de flora mediterrânica é muito reduzida. E para além disso, há outros factores a ter em conta, como o tipo de agricultura, a distribuição da propriedade, factores sociais e culturais, etc. Importa salientar que quando os geógrafos dizem Minho estão por vezes a considerar o Douro Litoral e a Beira Litoral Norte como um prolongamento natural da região do Minho, por isso penso ser mais correcto considerarmos o termo Noroeste Português, que será uma área com os seguintes limites:
Norte: Rio Minho;
Sul: vale do Vouga;
Ocidente: Oceano Atlântico;
Oriente: conjunto de serras que compreende as serras do Gerês, Peneda, Alvão, Marão, Montemuro, Freita e Caramulo (entre outras), que constituem a chamada «barreira de condensação», e que ultrapassam frequentemente os 1000 metros de altitude.
Toda esta região, de acordo com Orlando Ribeiro, é no seu todo mais atlântica que mediterrânica; as precipitações são muito elevadas durante a maior parte do ano, os verões são moderados, a paisagem está sempre verde, os cursos de água mantêm o seu caudal todo o ano e predominam as espécies atlânticas. Contudo, nos meses de Julho e de Agosto as precipitações são inferiores a 30 mm, com excepção das serranias, onde não existem meses secos, e por esse motivo o clima do Noroeste português não pode ser considerado temperado oceânico. Alguns autores consideraram em tempos a designação de «clima lusitânico» para o clima do Noroeste português e da Galiza, e que se caracterizaria por precipitações elevadas durante a maior parte do ano e pela existência de um curto período mais seco de um a dois meses, e amplitudes térmicas anuais reduzidas.
A sul de Aveiro consideraria a existência de uma região de transição gradual, com os seguintes limites:
Norte: vale do Vouga;
Sul: serra de Sintra;
Oriente: cordilheira central e maciço calcáreo da Estremadura (serras de Montejunto, Aire, Candeeiros, Sicó).
Dentro desta região, poderemos considerar ainda algumas sub-regiões. Uma bem evidente estará localizada entre o vale do Vouga e o vale do Mondego, onde ainda surgem algumas características do Noroeste. A sul do vale do Mondego, ocorre uma transição gradual. Toda esta região apresenta uma mistura de características mediterrânicas e atlânticas, e à medida que caminhamos para sul as características mediterrâncias vão-se acentuando. Se Coimbra tem uma precipitação média anual próxima de 1000 mm e apenas dois meses secos, já Lisboa tem uma precipitação média ligeiramente superior a 700 mm e quatro meses secos. Se o carvalho-alvarinho ainda marca presença na Cordilheira Central, mais a sul, na Serra de Aire, dominaria no passado o carvalho-cerquinho. A sul do cabo Mondego já surgiria espontanemente o pinheiro-manso, nas terras do litoral, ao passo que a norte deste cabo o litoral estaria ocupado pelo pinheiro-bravo.
Tanto a Cordilheira Central, como as serras de Sicó, Aire, Candeeiros, Montejunto e Sintra constituem uma barreira de condensação para as massas húmidas do Atlântico, mas dado a sua latitude mais meridonal, aqui a passagem de superfícies frontais será menos frequente que no Noroeste português.
É interessante que um observador atento poderá observar frequentemente se se colocar a sul do sistema montanhoso Sintra-Montejunto-Estrela a presença de nuvens a norte deste sistema, enquanto goza de um céu limpo e de uma temperatura agradável, e se depois viajar para norte do mesmo sistema montanhoso poderá observar a presença de um céu nublado, precipitação e temperaturas inferiores. Como viajo frequentemente entre o norte e o sul, já constatei várias vezes o fenómeno.
Bem de momento não tenho tempo, mas quando tiver logo coloco as fontes bibliográficas nas quais me baseei para fazer este pequeno texto.![]()