Magma em São Jorge comparável a La Palma antes da erupção.
Ontem às 18:57
Vulcanologistas espanhóis dizem que o volume de massa de rocha em fusão é semelhante ao registado no vulcão Cumbre Vieja.
O Instituto Vulcanológico das Canárias (Involcan) afirma que os sismos que estão a ser registados em São Jorge, desde o dia 19, têm origem vulcânica e não tectónica, como até agora se supunha.
Os especialistas espanhóis chegaram a essa conclusão através da análise de imagens de satélite. E adiantam que a deformação na crosta terrestre é provocada por uma "intrusão magmática, ao longo de uma fratura subvertical (dique)", que tem um "volume de 20 milhões de metros cúbicos, valor comparável ao observado pela deformação do terreno antes da erupção do Cumbre Vieja [em La Palma], em 2021".
Num relatório divulgado esta terça-feira, ao qual o JN teve acesso, os vulcanologistas do Involcan explicaram que, "através da análise de dados adquiridos pelo satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia, pode observar-se que, nas últimas semanas, esta ilha [São Jorge] sofreu uma deformação do solo compatível com uma fonte de natureza vulcânica".
Os especialistas apontam como causa da deformação uma intrusão de magma (massas de rocha em fusão que existem debaixo da superfície), "com um volume de 20 milhões de metros cúbicos".
"Falsa segurança"
A crise sismovulcânica que está em curso em São Jorge - onde já foram registados mais de 14 mil sismos, cerca de 200 dos quais sentidos pela população - tem sido acompanhada por cientistas portugueses e estrangeiros. Mas, segundo dados do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores, a magnitude dos eventos sismológicos, nos últimos dias, tem diminuído. Entre a meia noite e as 10 horas de hoje, terça-feira, apenas foi sentido um sismo. No entanto, apesar de a intensidade estar a ser menor, a frequência dos mesmos continua "acima do normal", o que obriga a que o alerta vulcânico se mantenha no nível V4, que significa possibilidade de erupção.
Eduardo Faria, presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, deixou claro, à RTP Açores, que a diminuição da intensidade dos sismos pode levar a "uma falsa sensação de segurança".
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