Salvamento no limite pelos vizinhos na cidade de Albal
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Neste mundo desenvolvido, como é que as pessoas vivem e sentem este tipo de catástrofe?
O efeito psicológico é completamente diferente quando uma catástrofe destas acontece, eu diria, no primeiro mundo ou acontece em países subdesenvolvidos. Isto porque nós temos uma dependência enorme, por exemplo, da água que nos corre na torneira. Se amanhã formos abrir a torneira, e não houver água, duvido que muitas pessoas saibam onde é que podem ir buscar água potável. Ou seja, a disrupção deste tipo de catástrofe nos países desenvolvidos acaba por ser muito superior àquilo que acontece em locais onde as pessoas já estão habituadas a que a água venha através de um camião-cisterna, que as vai abastecer... e que a eletricidade chegue através de um gerador.
No caso da tragédia em em Valência, existe o risco de existirem casos de cólera ou de hepatite?
É um risco relativo porque estamos a falar de um país que tem uma capacidade de resposta muito grande. E, portanto, as pessoas já estão provavelmente a receber água potável, estão a receber alimentos. Eu diria que o risco é muito menor, mas é um risco real.
Esta cronologia em Benetússer, a sul de Valência, demonstra bem como não chovia nas zonas afetadas quando chegou a água. As pessoas foram completamente apanhadas de surpresa.
Quase 160 mortes confirmadas nas últimas atualizações.
Pode-se chamar a isto a catástrofe perfeita, todos os factores que podiam acontecer, aconteceram simultâneamente no mesmo evento. Inúmeras lições serão tiradas desta tragédia e, finalmente, vão, talvez, tomar-se medidas que antes teriam sido ridicularizadas, mas agora já há esta prova de que têm de ser feitas.Este vídeo explica perfeitamente como a tragédia atingiu tamanhas proporções. Centenas de milhares de pessoas em hora de ponta terão ficado bloqueadas no trânsito aquando da subida repentina da água do rio. Em minutos, um dia normal (nem sequer chovia) transforma-se no caos, agravado pela total escuridão devido à falha na iluminação pública (que em muitos casos terá coincidido com o momento em que a altura da água começa a permitir o arrastar dos carros, muita gente nem terá tido a noção de como a altura da água se estava a tornar perigosa).
Não havia qualquer aviso meteorológico que pudesse evitar o que se passou, precipitações entre 500 e 800 mm numa tarde, numa área tão extensa e que drena para uma área metropolitana com mais de 1,5 milhões de pessoas, causariam sempre o absoluto caos. As perdas humanas poderiam ter sido minimizadas caso houvesse uma recomendação para não se sair de casa, mas acredito que muita gente, ao verificar que tinha parado de chover, teria desmobilizado e voltado à vida normal.
Em situações de catástrofe o país afectado tem de solicitar à UE o mecanismo de solidariedade.Não entendo uma coisa:
A União Europeia não deveria já ter destacado forças de socorro e limpeza de todos os países para aquela zona?
Pelo que vejo na TVE faltam muitos recursos.