Em relação à tua pergunta dgstorm, penso que é o que foi falado aqui, essencialmente será da diferença de altitude e vulnerabilidade à inversão!
Claro que há que ter a ressalva de ver em que condições e com que material cada um de vocês mede as temperaturas, alguma diferença vem daí, mas essa diferença até poderia estar no sentido oposto, portanto nem estou a ir por aí!
Quase certamente por estares no sítio mais baixo, não só o local está mais exposto às inversões, como também como se sabe o ar frio mais denso "cai" para os vales, etc etc.. Portanto para teres a certeza bastará comparar as diferenças em noites calmas e noites ventosas chuvosas. Se confirmar que nas primeiras tens graus a menos, e nas segundas estão parecidas ou ele até tem menos.. Então certamente será por isto!
Se tal não acontecer, então já seria razoável ver as diferenças nas condições de medição!
Quanto ao assunto, acho que todos aqui ganhámos já a experiência de perceber uma realidade que antes não tínhamos noção, ou tínhamos, mas sem pensar que pudesse ser tão drástico! Ou seja, as enormes diferenças de temperaturas mínimas em noites calmas em locais tão próximos. E que essencialmente se atribuem à distribuição do terreno e elevações, e há ausência ou não de vento. Isso já sabemos todo e é o essencial penso eu!
Não há dúvida que numa noite calma sem vento, há condição propícia à formação da camada de inversão, e a maior arrefecimento do solo, e dos locais baixos, enquanto nos locais altos tal não vai acontecer. Também não há dúvida que vales e certos locais "encaixados" arrefecem muito mais que outros nas encostas, isto mesmo até ao pé do mar como já vimos e discutimos aqui em muitos casos.
Como disse o Vince, já aprendemos muitos desses locais, e já é relativamente previsível esperar em certas situações onde vai ou não arrefecer mais, mesmo em sítios que sem esta experiência empírica que vamos apanhando aqui, à partida pensaríamos não ser possível!
De qualquer mesmo esta comportamento típico acaba muitas vezes por mudar com pequenas alterações da situação sinóptica, e os sítios habitualmente mais frios que estamos à espera, não o serem em certas noites e aparecer tudo ao contrário. Esta noite na região de Lisboa até foi um pouco assim. Se Lisboa que normalmente pouco arrefece cumpriu a tradição, já locais como a estação do fsl em Oeiras perto do mar arrefeceu mais até aos 7º, já o Cabo Raso "enfiado" no mar desceu aos 6º. e estações como a do Mário em Queluz ou a outra de Oeiras perto do Tagus Park não foram basicamente quase abaixo dos 10º. Neste caso penso que por a inversão ocorreu, mas foi pouco profunda, e apenas locais mais baixos conseguiram escapar à "agitação" do ar e realmente arrefecer, enquanto pontos mais altos nem por isso..
Onde quero chegar é que se para mim o facto o ar frio "cair" para os vales e estes arrefecerem mais ser simples, o factor vento, que aqui discutimos não o é assim tão simples.
É verdade que sem vento, não vai haver mistura das camadas de ar, e vai-se formar a inversão, e com vento isto não acontece, logo no primeiro caso há condições para arrefecimento. Isto sem dúvida. basta ver Lisboa que quase NUNCA tem noites de calma, e pouco arrefece, e ver a estação do Hotspot na Moita, com muitas calmarias e grandes arrefecimentos. É um facto.
Mas onde quero chegar é que frequentemente ao início da noite o vento está calmo e a temperatura a descer a pique, e está uma noite prometedora, mas a certa hora o vento levanta, e lá sobe a temperatura, e dizemos "pronto tinha de vir o vento estragar isto". Mas na verdade, a meu ver, e para entendermos isto tínhamos de ir a modelos de grande resolução espacial e da orografia, para perceber a física e dinâmica, pois o vento que aparece e "estraga" as mínimas, não é por acaso.. É mais uma consequência do tal arrefecimento anterior, é um equilíbrio natural forçado pelas diferenças de temperatura grandes em áreas pequenas. Sabemos que o vento é forçado pelas diferenças de pressão e de temperatura. E tal como no Verão os gradientes térmicos induzem as brisas, ela ocorre mesmo por causa do aquecimento, aqui no Inverno o mesmo acontece. É isso que explica oscilações como as dos gráficos da temperatura esta noite, ou subidas bruscas de quase 10º na estação da Praia da Rainha..
Portanto é verdade que a ausência de vento favorece a inversão, mas há aqui a questão do "ovo ou a galinha", pois muita vez é o arrefecimento súbito que mais tarde vai gerar o tão "odiado" vento que estraga a mínima, vento que não ocorreria se não tivesse havido o tal arrefecimento localizado e o "desequilíbrio" térmico em tão curta área espacial, mas também o oposto, e isto já ouvi vagamente falado por quem percebe muito do assunto (mas sem ter entrado na parte física e matemática da coisa :P), que é o facto do vento parar nas camadas baixas devido ao arrefecimento.. Daí falar no "ovo ou galinha"..
Bom se calhar alonguei-me e não me explique muito bem
Peço desculpa se foi o caso..
Mas resumindo queria só dizer que o que foi falado aqui é verdade, mas que nos esquecemos que o tal vento que estraga as noites frias não vem por acaso, é porque tinha mesmo de ocorrer, para equilibrar a atmosfera.. E que a física da camada limite (inversões,etc) é tão complexa, que embora empiricamente a gente vá conhecendo comportamento de certos locais, há sempre 1001 situações que vão desafiar o que esperávamos em relação a este assunto..