Erupção do Vulcão Cumbre Vieja, La Palma, Canárias 2021

Pek

Cumulonimbus
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Offtopic. Utilizo estas imagens de hoje para mostrar um pouco do que se trata a zona costeira onde o delta lávico se está a formar.




Terra principalmente ocupada por plantações de bananeiras e, em menor medida, abacateiros (superfície em crescimento). A maioria delas são ao ar livre, mas há extensões mais intensivas com estufas. Existem por vezes plantações que utilizam um método misto entre os dois. Esta zona é uma das mais importantes das Ilhas Canárias para este tipo de culturas e, por extensão, da Espanha.

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Por detrás (ao sul) do delta crescente, pode ser vista outra fajã lávica formada durante a erupção do San Juan de 1949. A cabeceira saliente chama-se portanto Punta de la Lava, tal como o farol mostrado nas imagens.

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Mapa original

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Climatológicamente, esta é a mais seca, com menos dias de chuva e a zona mais quente da ilha, como consequência directa do efeito foehn constante resultante dos ventos alísios que no nordeste da ilha deixam paisagens opostas como esta, com representações excepcionais da clássica laurissilva macaronésica.

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P.S.:

Com a chegada da lava ao mar assistimos ao nascimento daquilo que os açorianos designam de "fajã". É assim que estas ilhas crescem.

Esqueci-me de mencionar que em espanhol o termo "fajã" é muito semelhante (fajana) e nas Ilhas Canárias é usado para se referir exactamente à mesma coisa que nos Açores: terreno plano na orla marítima, formado por materiais caídos de falésias ou por deltas lávicos resultantes da penetração no mar de fluxos de lava de encostas interiores. Exactamente o que o colega Iserpa estava a dizer:

Off topic -Só a título de curiosidade, cá nos Açores existe 2 tipos de fajã,
• fajã por escoada lávica; (iguala ao que está a ocorrer em La Palma).
• Fajã por movimentos de massa. (Fajã santo Cristo em São Jorge).

E em termos de crescimento das ilhas, para além das 2 acima, há também o crescimento por istmos, por exemplo, o vulcão dos capelinhos e monte da guia, ambos no Faial.

Sempre tão semelhantes... :)
 
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StormRic

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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Uma pequena composição que fiz

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:thumbsup: bem realizado, nem me tinha ainda apercebido da dimensão que atinge já o cone vulcânico.

Não esquecendo, claro, a tragédia que esta erupção tem sido para alguma população da ilha, temos o privilégio de assistir a um verdadeiro laboratório de investigação vulcânica ao vivo, e com meios de registo que não existiam anteriormente. Por outro lado, talvez esta erupção faça repensar seriamente o povoamento e a urbanização de locais situados em zonas vulcânicas tão activas e historicamente próximas. Tudo o que se aprender com esta erupção pode e deve ser aplicado, em particular, aos Açores.

Poderá haver risco de colapso geral do cone, com a longa continuação da emissão de lava e esvaziamento da câmara magmática; formação de caldeira?
 

Pek

Cumulonimbus
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Poderá haver risco de colapso geral do cone, com a longa continuação da emissão de lava e esvaziamento da câmara magmática; formação de caldeira?

Este tipo de erupções fissurais estrombolianas são realmente muito dinâmicas com edifícios vulcânicos monogenéticos bastante instáveis e processos constantes de criação, destruição, colapsos parciais, abertura de novas bocas e cones secundários, obstruções, rupturas... Tudo isto requer uma vigilância constante para evitar maiores danos porque nunca se sabe ao certo o que vai acontecer no minuto seguinte. Por exemplo, duas novas escoadas lávicas acabam de emergir há poucos minutos da parte posterior do cone secundário.


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Quanto à fajã, os últimos dados já indicam que tem uma área entre 25 e 30 hectares. Sentinel2 hoje:

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O número de casas destruídas está já a aproximar-se das 1000.


Fumarolas na face norte do cone principal hoje

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lserpa

Cumulonimbus
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Pek

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É a mesma desta madrugada ou é outra que apareceu agora?


Enviado do meu iPhone usando o Tapatalk
Também surgiu de madrugada, mas num ponto diferente, mais baixo e mais ao norte do que os dois fluxos de lava mostrados nesta imagem.

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lserpa

Cumulonimbus
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Horta, Matriz, (90m)
Também surgiu de madrugada, mas num ponto diferente, mais baixo e mais ao norte do que os dois fluxos de lava mostrados nesta imagem.

Ver anexo 489

Eish, então quer dizer que mais casas serão arruinadas


Enviado do meu iPhone usando o Tapatalk
 

Pek

Cumulonimbus
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Imagens aéreas da nova escoada lávica:





Fumarolas e bocas. Espectacular!







Atenção à possível linha de fragilidade no edifício vulcânico ligada ao aparecimento destas fumarolas.

P.S.:

 
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Pek

Cumulonimbus
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Snifa

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16 Abr 2008
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Porto-Marquês:145 m Mogadouro:749 m

Neblina nos Açores pode ser consequência do vulcão de La Palma.​

Hoje às 15:17

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O vulcão Cumbre Vieja entrou em erupção a 19 de setembro Foto: EPA


O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) está a estudar a possibilidade de uma reação química provocada pelo vulcão de La Palma estar a criar uma "neblina" em torno das ilhas do grupo central dos Açores.

Em declarações à Lusa, Carlos Ramalho, do IPMA nos Açores, refere que a "visibilidade mais reduzida" e a "neblina" verificada no grupo central do arquipélago "poderão ter origem no vulcão de La Palma".

Segundo disse, trata-se de um "sulfato" que se "agrega com o vapor de água" e que cria aquela "neblina" devido à humidade elevada registada nos Açores.

O meteorologista realçou que o IPMA ainda "está a confirmar" a hipótese e destacou que essa possibilidade "não tem a ver com as cinzas" do vulcão, sendo antes um processo químico.

"São reações químicas que depois se propagam pelo Atlântico. São processos químicos que se dão a partir da erupção do vulcão, que emite diversos gases. Alguns desses gases, à medida que se deslocam na atmosfera, sofrem reações químicas. Quando chegaram aqui [à região] deram origem a este sulfato", afirmou.

E prosseguiu: "Este sulfato agrega-se ao vapor de água, e como a humidade relativa está muito elevada, forma-se esta neblina. Isso é o que nós achamos, mas ainda não temos resposta oficial".

Carlos Ramalho referiu que quando a redução da visibilidade é provocada por areias do deserto, "normalmente fica tudo muito sujo e com pó", situação que não está a acontecer atualmente.

Segundo disse, é "provável" que esse sulfato se tenha propagado a outras regiões, mas "como a humidade não era tão elevada" nesses locais "as pessoas nem deram conta".

Esperando ter a confirmação oficial nas "próximas horas", Carlos Ramalho disse que a "concentração" do sulfato "é muito baixa" e que a "situação deve melhorar" no sábado.