Escorregamento da Ribeira Quente Açores - 31 Outubro 1997



Vince

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Animação satélite entre os dias 28 de Outubro e 1 de Novembro de 1997.
Apesar do movimento da depressão, o o arquipélago ou parte dele manteve-se muitos dias debaixo de uma banda nebulosa.


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Cartas entre 28 Novembro e 1 de Novembro.

Os restos desta depressão e massa de ar aparentemente estiveram também envolvidas na ciclogenese explosiva de Novembro de 1997 que também provocaram mortos no sul de Portugal continental.

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Vince

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Fez esta madrugada 13 anos que se deu Escorregamento da Ribeira Quente, Açores.


Outubro de 1997 A montanha assassina


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Eram quase 5 horas da madrugada de uma invernosa noite de outono. De repente, um estrondo forte e perturbador, como se de um terramoto se tratasse - que é o que naquelas terras mais acontece -, iria marcar de dor e sofrimento uma pequena aldeia na freguesia da Ribeira Quente, no concelho da Povoação, nos Açores.

Os dias mantinham-se chuvosos desde há algum tempo. A montanha que bordeja a freguesia desprendeu-se e caminhou desordenadamente para as casas que se estendiam num curto pedaço de terreno debruçado sobre o mar. Apanhados a dormir, os habitantes não tiveram tempo sequer para fugir do mar de lama, que, na sua força desordenada, tudo levou à frente, provocando a morte de 29 pessoas (adultos e muitas crianças) e a destruição de uma dezena de casas.

A freguesia ficou, toda ela, alagada numa camada espessa de lama que a chuva, persistente, tornou quase intransitável para os seus 900 habitantes. O resgate dos 29 corpos foi difícil e só ao fim de três dias foi possível recuperar o último.

A partir daqui, foi decidido efetuar os funerais das vítimas, aos quais se associaram todos os habitantes da Ribeira Quente, cerimónia que constituiu um ato deveras tocante. Habituados às tragédias, ora por via de terramotos ou pelos ventos fortes vindos do Atlântico, os açorianos reagem sempre com determinação ao infortúnio.

Por isso a frase "As catástrofes nos Açores são a nossa condição de vida...", proferida pelo presidente da Câmara Municipal da Povoação, fazer todo o sentido.

Texto publicado na revista Única de 23 de outubro de 2010
http://aeiou.expresso.pt/outubro-de-1997-a-montanha-assassina=f610703



Geólogos alertam para perigo na Ribeira Quente
Tragédia matou 29 pessoas há 13 anos, mas possibilidade de se repetir é quase certa

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Um violento deslizamento de terras e pedras provocado pela chuva torrencial matou 29 pessoas na madrugada de 31 de Outubro de 1997 na freguesia da Ribeira Quente, em São Miguel, Açores. A tragédia que arrasou uma parte antiga da localidade aconteceu há, precisamente, 13 anos. Hoje, apesar das intervenções que mudaram a face da Ribeira Quente e melhoraram a sua segurança, a verdade é que o risco de uma nova catástrofe natural, semelhante à de 1997, não desapareceu.

A ameaça está sempre presente com a aproximação da época das chuvas que "ressuscita" o fantasma de mais derrocadas e soterramentos na freguesia. Segundo o geólogo João Luís Gaspar, "não é preciso ser-se investigador para perceber que, infelizmente, a possibilidade de tal vir a repetir-se é quase certa".

Aqui, as catástrofes naturais, geralmente, repetem-se de uma forma cíclica. Prova disso é que na Ribeira Quente, com a configuração de uma fajã, já ocorreram pelo menos 20 desabamentos ao longo dos séculos, com perda de vidas humanas.

A área geográfica em torno da Povoação, e que se estende entre o Faial da Terra e Ribeira Quente, é a mais fustigada de São Miguel durante mais de 500 anos da sua história. A orografia específica, a constituição geológica das vertentes e a vulnerabilidade a chuvas intensas tornam a zona de elevado risco.

O resultado destas condições é previsível: a catástrofe que se abateu sobre a Ribeira Quente em 1997 poderá voltar a acontecer no futuro. Mesmo sem data ou local marcado. "Esperemos que esteja errado, mas a história repete-se", reforçou.

João Luís Gaspar entende que "a Ribeira Quente precisa de um plano especial de emergência e um novo olhar em termos de ordenamento". Para este geólogo, "é imperativo apostar em sistemas de aviso e alarme, repensar a questão dos acessos e reavaliar os mecanismos de resposta".

Por seu lado, o vulcanólogo Victor Hugo Forjaz defende a transferência "gradual" de famílias que residam em zonas de risco na Ribeira Quente para sítios mais seguros. "Noventa por cento da freguesia são seguros, 10 por cento são inseguras", sendo que os que aqui habitam "deveriam ser deslocalizados, nem que seja faseadamente". Aliás, sabe que existem pessoas que concordam com a ideia de que "houve más construções (por baixo de escarpas) e que gradualmente deveriam ser deslocadas para espaços nos arredores que cumpram regras de ocupação do território.

Depois da tragédia há 13 anos, foi criada uma zona-tampão para a construção. Porém, nem todos os habitantes aceitaram o repto lançado na altura pelas autoridades técnicas no sentido de abandonarem as casas situadas em locais considerados instáveis (sobretudo na parte antiga da Ribeira Quente) e passarem a viver em lugares mais seguros da freguesia ou do concelho.

Para minimizar a vulnerabilidade da Ribeira Quente, que se "mantém", Victor Hugo Forjaz entende que as ribeiras deveriam ser mais bem limpas, assim como ser construída uma via de acesso alternativa à localidade, "não só para retirar pessoas, mas também para fazer chegar alimentos" em alturas de emergência.
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1699506
 

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Nimbostratus
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12 Nov 2008
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Ponta Delgada - Açores
Fez ontem 20 anos da tragédia da Ribeira Quente, em que vitimou 29 pessoas.

Recordo-me perfeitamente desse dia, sabiamos de algo grave tinha se passado, mas como a única estrada esteve interrompida, telefones cortados, as notícias chegaram devagar.

Reportagem da RTP Açores da primeira semana a seguir ao evento. Com pouco conteúdo cientifico e analista do evento, mas recomendo ver.

https://www.rtp.pt/play/p4052/grandereportagem20anostragediaribeiraquente

Os movimentos de vertente são dos maiores problemas dos Açores e Madeira, e mesmo hoje em dia, com o conhecimento que temos, constroi se casas sem aparente atenção a estes eventos.