Futuro Museu dos Coches em zona de risco

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21 Mar 2007
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Estremoz
Futuro Museu dos Coches está em zona de risco sísmico e inundações

O departamento de Protecção Civil da autarquia de Lisboa concluiu que o futuro Museu dos Coches está a ser construído numa zona vulnerável a sismos e inundações, de acordo com um parecer a que a Lusa teve acesso.
A Câmara de Lisboa discute terça-feira uma proposta do vereador do Urbanismo, Manuel Salgado (PS), para que a autarquia dê "parecer favorável condicionado" ao projecto do novo Museu dos Coches. "Geologicamente, a área de implantação do Novo Museu dos Coches localiza-se sobre terrenos pertencentes ao Complexo Vulcânico de Lisboa. Parte desta unidade encontra-se no entanto recoberta por uma sequência de aluviões e aterros, que são especialmente favoráveis a fenómenos de amplificação de efeitos sísmicos", lê-se no parecer.
A zona é descrita como apresentando "vulnerabilidade sísmica dos solos baixa na parte Norte da área de intervenção, e muito alta, na parte Sul, coincidente com as zonas de aterro e aluviões do Tejo". A área não integra, contudo, as "áreas críticas de risco sísmico".
O Museu dos Coches ficará também instalado numa área considerada "vulnerável a situações de inundação por temporal", sendo "provável ocorrerem inundações" em caso de intensa precipitação e horas de "preia-mar". Esta vulnerabilidade resulta da conjugação de diversos factores, nomeadamente a localização sobre um "sistema húmido", o facto de ser uma "área sujeita ao efeito de maré directo", de "percurso de antigas linhas de água e locais de foz", entre outros factores.
O parecer realça também que a área do novo Museu dos Coches está integrada na bacia de Alcântara, que possui uma rede de saneamento servida por "um sistema de colectores unitários que drenam simultaneamente águas domésticas e pluviais, de acordo com o princípio do escoamento com superfície livre".
O departamento de Protecção Civil refere ainda que a área "constitui um ponto de passagem de inúmeros transportes rodoviários de mercadorias perigosas, difíceis de contabilizar, mas com percursos preferenciais a atravessarem as principais vias presentes na área".
O novo Museu Nacional dos Coches, uma obra da Sociedade Frente Tejo concebida pelo arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, ocupará 15.117 metros quadrados e custará 31,5 milhões de euros, um investimento pago com contrapartidas do Casino de Lisboa. A proposta do vereador do Urbanismo é a de emissão de parecer favorável condicionado.
Segundo Manuel Salgado, "a obra a executar e a intervenção nos espaços exteriores devem reflectir as preocupações decorrentes das conclusões do parecer do Departamento de Protecção Civil". A Sociedade Frente Tejo deve também "submeter à apreciação dos serviços municipais um projecto de obra de urbanização da rede viária, para análise das alterações a efectuar no sistema viário local".
Entre essas alterações, Salgado destaca "a necessidade de se proceder ao reperfilamento da Avenida de Brasília", cuja responsabilidade de execução e custos devem ser assumidos pela Sociedade Frente Tejo. "Os acertos aos pavimentos da praça do Museu devem ser efectuados no âmbito do projecto de especialidade de arranjos exteriores", acrescenta a proposta que determina ainda que os trabalhos arqueológicos, a realizar em obra, devem ser acompanhados pela Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo (DRCLVT).
Manuel Salgado faz igualmente depender a emissão de parecer favorável à entidade responsável pelo equipamento cultural assegurar a "manutenção e a gestão do espaço público da praça do Museu, bem como de todas as instalações pertencentes ao seu programa". A Sociedade Frente Tejo deve ainda "promover o cumprimento das normas técnicas de acessibilidade", estabelece a proposta.

Fonte: Expresso