Agora o mesmo não se passa com os dois campos de golfe no concelho de Sintra que se localizam precisamente nos dois aquíferos do concelho de Sintra.
Parece-me que estes dois aquíferos são a base de todo o ecossistema de Cascais, Oeiras e Sintra e vários furos de água já secaram em Cascais (como se pode ver no programa biosfera). As ribeiras e rio Jamor nascem dos aquíferos e desaguam no rio Tejo.
A água utilizada nestes campos de golfe não é a água potável que todos nós pagamos e por isso racionamos. A água utilizada é a dos aquíferos através de furos.
PS: Já agora, estes aquíferos não têm influência no microclima? O facto de centenas de árvores/arbustros serem destruídos não implica uma perda de evapotranspiração, o que poderá a nível micro climático diminuir a formação de nuvens?
Recordo-me de ver na Serra da Carregueira (imagens satélite) o desenvolvimento de nuvens, mas posso estar enganado.
Isto são tudo dúvidas que espero ver esclarecidas.
Antes de mais, parabéns pelas tuas preocupações e trabalho!
Vai ser construído um campo de golfe mesmo junto ao Jamor numa área contígua ao Estádio Nacional.
Antes de a terra ser aplanada, a zona era um descampado de herbáceas.
Não sei que impactos terá nem que água irá ser utilizada, mas na zona os moradores têm feito queixas em relação ao corte indiscriminado de árvores, algumas saudáveis e a crescer em locais correctos, curiosamente um pouco como tem acontecido em várias manchas florestais junto a Lisboa e arredores ( Monsanto, Sintra,etc...).
A tua questão relacionada com a influência das bacias e sua vegetação nos microclimas locais, é muito pertinente e a resposta é SIM, as florestas influenciam bastante os climas locais, nomeadamente os valores de precipitação. As árvores libertam quantidades significativas de água e mantêm mais água nos solos onde se desenvolvem.
De salientar também o facto de as florestas ripícolas que crescem nas margens das ribeiras e dos rios, darem abrigo a uma vasta fauna e flora, mesmo quando penetram em domínios urbanos, pois em muitos casos, alguns metros de margem são poupados à desenfreada urbanização.
Assim desempenham igualmente um papel termorregulador e de sumidouro de poluição atmosférica.
No Jamor, observo águias de asa redonda, garças-brancas, galinhas de água, rouxinois de várias espécies, patos-reais, 4 espécies de pirilampo, rãs-verdes, relas, várias libélulas, coelhos-bravos e outros tantos e isto já a entrar em zonas cada vez mais humanizadas.
De salientar que este rio mantem as suas margens «selvagens» até mais ou menos Queluz ( tirando a parte da foz claro), onde as suas margens agora são utilizadas como zonas de recreio e lazer e estão em algumas partes ajardinadas.
Pelo caminho passa só a uns metros da importante Matinha de Queluz, uma floresta com exemplares notáveis de árvores nativas, que tal como um mosaico verde encastoado numa paisagem austera e desordenada, surge «tapada» e entre muros protegida das mudanças dos tempos e das maldades do Homem.
Acho que se tem que começar a encarar as bacias hidrográficas, como locais de importância ambiental prioritária.
Não hesitem em fotografar os vossos rios locais, em conhecê-los melhor e em expôr as vossas preocupações.