Ora bem, gostaria se possível que alguém me desse umas noções das temperaturas provocadas a nível no solo pelas ISO's, essencialmente a 850hpa é que muito se fala delas mas na realidade a temperatura a nível do solo vive quase sempre de especulação quando se tenta relacionar ambos os assuntos.
Eu normalmente quando se fala numa ISO de 16ºC a 850hpa costumo acrescentar mais 3ºC ou 4ºC para a temperatura a nível do solo...será que estou certo ?
Confesso que me sinto um pouco estranho ao estar a responder-te a isto, não sei tudo, como é óbvio, mas costumas postar muito mais nas previsões do que eu, embora eu também veja os modelos.
Mas geralmente quando se faz a observação e leitura das condições em altitude joga-se - eu costumo jogar - com o gradiente térmico vertical, especialmente tendo em conta que os 850 hPa costumam fixar-se à volta dos 1500m de altitude, embora com ligeiras variações ao longo do ano, devido às condições de instabilidade, entre outras.
Assim, sendo o gradiente térmico vertical médio de 6,2 ºC por cada 1000m de altitude, logicamente relativo às condições de estabilidade da atmosfera, partindo do princípio de que não existem inversões térmicas a destacar, níveis de saturação muito diferentes aos vários níveis de altitude, entre outros, é uma maneira simples de fazer esta generalização.
Estando os 850 hPa a uma altitude média de 1500m, o gradiente térmico vertical correspondente ao nível do solo será de 9,3 ºC.
Assim, eu aplico os 9,3 ºC em relação ao que é mostrado a 850 hPa e com isto calculo a máxima à superfície, com base na hora mais próxima da mesma, escolhendo as diferentes horas de observação do modelo.
Obviamente para a mínima não serão os 9,3 ºC, na minha opinião, pois com o avançar da noite a radiação solar que já não entra está a ser libertada pela superfície terrestre, podem gerar-se inversões térmicas a várias altitudes em noites de céu limpo e acalmia do vento, a própria atmosfera em comparação com os 850 hPa não tem grande ponto de comparação nestas alturas, uma vez que seja dia ou noite a variação térmica diária é muito menor a níveis altos da atmofera do que ao nível do solo, tanto pela absorção da radiação durante o dia por parte do solo, como pela sua consequente irradiação, dependerá também dos tipos de solo, relevo, intensidade solar, e depois, à noite, a energia será libertada também de forma diferente consoante os factores que se observem, para além de que a nível altos da atmosfera não existe a tal barreira horizontal, o solo, que faça com que haja acumulação de ar frio à superfície durante a noite, entre outros e, por isso mesmo, a interpretação do gradiente térmico vertical é, na minha opinião, tratada de forma diferente ao longo do dia e consoante as condições atmosféricas observadas. É necessária alguma empiria nestas casos e quem está mais habituado a estas análises saberá melhor como jogar com elas. Muitas vezes o próprio calor acumulado interfere nas análises, assim como mudanças de padrão repentinas também poderão não surtir grande efeito devido a esse factor, consoante haja muito ou pouco calor acumulado à superfície devido às condições ocorridas em dias anteriores a própria previsão muda e têm-se mais factores em conta, muitas vezes conhecemos determinados microclimas, sabemos onde podemos aplicar melhor o efeito marítimo, sabemos onde ele costuma ser exagerado pelo próprio modelo e fazer uma análise mais pessoal, condições de relevo que muitos modelos não têm conta e muitos mais factores.
Depois de tudo isto, ainda há muito mais a considerar, há infinitas situações possíveis de analisar cada caso tendo em conta as condições actuais e já ocorridas, fiabilidade dos próprios modelos e seria uma discussão sem fim.