Lobo Ibérico

lusometeo

Cirrus
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16 Out 2013
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Começam é a ser demasiadas instituições "isoladas" a quererem fazer o mesmo.
Primeiro Grupo Lobo, depois ACHLI, agora Silvatica...Esperemos que haja cooperação entre todos, porque cada um a remar para o seu lado não pode dar bom resultado.

Ninguém disse que remavam para o mesmo lado...:unsure::unsure:

Já ouviste falar do conceito máfia verde?? Ou, por outras palavras, malta do Al Gore... esses também não remam todos para o mesmo lado

P.S.: não sei o que vai suceder com esta nova associação mas sempre achei estranho existir um ambientalista "patrocinado" pela Soporcel...
 


lusometeo

Cirrus
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16 Out 2013
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Portugal nunca foi um país só de floresta. Até tivemos vários séculos com pouquíssima floresta. Os lobos nunca tiveram problemas com isso, até porque existiam em todo o país.

Sim, a verdade é que até ao início do Estado Novo, Portugal tinha pouca floresta. E durante o Estado Novo conseguiu-se a plantação de muitos milhares de km de floresta com os Serviços Florestais criados por Salazar (o que também acabavam por impedir muito os incêndios - aliás, a área ardida de 1980 a 1985 é superior à ardida entre 1933 e 1975:surprise::surprise:).

Mas nessa altura também existia uma população muito mais rural, com maior incremento da agricultura. A agricultura tradicional (que era a praticada no tempo do Estado Novo) também criava condições para a proliferação do lobo, nomeadamente, por permitir uma maior dispersão e alimento das presas do lobo. A verdade é que se a área ardida em Portugal nestes 40 anos de democracia fosse idêntica à dos 40 anos de ditadura, hoje Portugal seria uma imensa floresta (isto é, estamos a falar em milhares de milhões de euros em pinho e madeiras nobres...) com os inerentes benefícios para os lobos.

De qualquer modo é bom não esquecer que, actualmente, os lobos proliferam na Peneda (zona conhecida pela sua quase nenhuma florestação mas com matos cerrados e abundantes).
 

lusometeo

Cirrus
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16 Out 2013
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Concordo na generalidade, com estes argumentos que me parecem realistas.
O facto é mesmo este: acima da capacidade legislativa e operacional do ICNF, está a decisão política.
Não é por acaso que as coisas estão como estão. É que de facto é mais ou menos suposto ser assim.
Como se muda esta situação? só através de votos, em alturas de eleições, e de lobby após, caso claro está os lobbies tenham capacidade efectiva

Só para esclarecer: o ICNF é um instituto público... nunca teve, não tem e nunca terá capacidade legislativa. E a capacidade operacional que tem é lhe dada pela dotação orçamental que o Governo lhe atribui anualmente...

Apesar de todos estes condicionalismos e apesar de ressalvar que existem muitos bons técnicos, acho que o ICNF poderia fazer mais, muitíssimo mais... então quanto à participação dos privados na defesa dos incêndios nem sequer se fala.
 

lreis

Cumulus
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22 Dez 2010
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A verdade é que se a área ardida em Portugal nestes 40 anos de democracia fosse idêntica à dos 40 anos de ditadura, hoje Portugal seria uma imensa floresta (isto é, estamos a falar em milhares de milhões de euros em pinho e madeiras nobres...) com os inerentes benefícios para os lobos

Até há uns anos atrás prevalecia uma certa ideia que a área ardida em Portugal, até aos anos 80 era significativamente inferior ao que agora ocorre.
No entanto os trabalhos publicados pelos colegas Paulo Fernandes e José Miguel Cardoso Pereira vêm desmistificar esta ideia.
Neste momento, os dados apurados por estes investigadores apontam no sentido do que o regime anual de área ardida na altura não ser tão diferente do que se passa actualmente, eliminando anos "catastróficos".
Por exemplo, na década de 70 do século passado, houve anos em que a área ardida foi significativamente superior a 100.000 hectares, com padrões de variação entre anos, semelhante ao que agora se regista.
Existem sim aspectos claramente diferenciados entre rácios de grandes/pequenos fogos, duração de fogos etc.
Existe também uma outra ideia que tem sustentação pouco fundamentada/pormenorizada e aponta no sentido das áreas arborizadas pelos Serviços Florestais arderem menos que as restantes.
Até agora, no que tenho conseguido coligir informação no sentido de haver um ritmo de fogos também assinalável, só com uma capacidade de resposta local bastante superior e rápida, por via das equipas que existiam na altura o que fazia que na maioria os fogos que surgiam em Matas Nacionais e Perímetros Florestais não assumiam grandes dimensões e eram debelados no início com perdas pouco significativas, o que não significa que não tivessem havido grandes incêndios de milhares hectares ardidos.
Para diminuir ainda mais este impacto global, havia sim uma capacidade de resposta assinalável que fazia com que muitas áreas ardidas estavam arborizadas em 2 ou 3 anos, caso não existisse regeneração natural significativa.
E isto faz toda a diferença para o actual. Nos apuramentos regulares, de 5 em 5 ou de 10 em 10 anos, uma área podia ter ardido uma ou até duas vezes, e no entanto encontrava-se contabilizada como povoamento florestal, porque de facto estava arborizada como no início do período. E agora isto já não acontece.
Mas isto é nas áreas públicas e comunitárias, depois ainda temos as áreas privadas.
 

lusometeo

Cirrus
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16 Out 2013
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Até há uns anos atrás prevalecia uma certa ideia que a área ardida em Portugal, até aos anos 80 era significativamente inferior ao que agora ocorre.
No entanto os trabalhos publicados pelos colegas Paulo Fernandes e José Miguel Cardoso Pereira vêm desmistificar esta ideia.
Neste momento, os dados apurados por estes investigadores apontam no sentido do que o regime anual de área ardida na altura não ser tão diferente do que se passa actualmente, eliminando anos "catastróficos".
Por exemplo, na década de 70 do século passado, houve anos em que a área ardida foi significativamente superior a 100.000 hectares, com padrões de variação entre anos, semelhante ao que agora se regista.
Existem sim aspectos claramente diferenciados entre rácios de grandes/pequenos fogos, duração de fogos etc.
Existe também uma outra ideia que tem sustentação pouco fundamentada/pormenorizada e aponta no sentido das áreas arborizadas pelos Serviços Florestais arderem menos que as restantes.
Até agora, no que tenho conseguido coligir informação no sentido de haver um ritmo de fogos também assinalável, só com uma capacidade de resposta local bastante superior e rápida, por via das equipas que existiam na altura o que fazia que na maioria os fogos que surgiam em Matas Nacionais e Perímetros Florestais não assumiam grandes dimensões e eram debelados no início com perdas pouco significativas, o que não significa que não tivessem havido grandes incêndios de milhares hectares ardidos.
Para diminuir ainda mais este impacto global, havia sim uma capacidade de resposta assinalável que fazia com que muitas áreas ardidas estavam arborizadas em 2 ou 3 anos, caso não existisse regeneração natural significativa.
E isto faz toda a diferença para o actual. Nos apuramentos regulares, de 5 em 5 ou de 10 em 10 anos, uma área podia ter ardido uma ou até duas vezes, e no entanto encontrava-se contabilizada como povoamento florestal, porque de facto estava arborizada como no início do período. E agora isto já não acontece.
Mas isto é nas áreas públicas e comunitárias, depois ainda temos as áreas privadas.

Correcto, ma anão percebo essa de excluírem os "anos catastróficos". Claro que esses anos deviam ser incluídos sob pena da comparação não ser senão uma falácia...

Por exemplo, em 2003, cerca de 70% da Serra de São Mamede. Claro que foi um "ano catastrófico"... mas excluindo esse ano então passamos a ter resultados completamente ridículos. Em 2004 e anos seguintes nada ardeu naquela Serra porque não havia o que arder (agora já voltou a ter bastante combustível).

Depois também não podemos esquecer outra coisa: na década de 70 e décadas anteriores o equipamento de bombeiros (desde a mangueira ao auto-tanque até ao apoio aéreo) não têm NADA que ver com o que existe actualmente (desde os anos 90).

Por isso, fazer uma comparação dessas de área ardida entre o que sucedia em 1960 (deviam apagar os fogos com carros de bois) e o que se passa actualmente (helicópteros, canadair, etc) é de deixar :surprise:

Fora tudo o resto do que se conhece actualmente sobre o comportamento do fogo e que no tempo do Estado Novo nem passava pela cabeça d ninguém (contra-fogo é um exemplo) e que obviamente diminui, POR COMPARAÇÃO, a área ardida na actualidade.

Por último, incêndios sempre houve e sempre haverá. A diferença é que com os serviços Florestais dos anos 50, 60 e 70 esses povoamentos não só eram mais controlados (e limpos) como a existência de população (e menos eucaliptos) e a constante fiscalização e muito bom conhecimento do terreno que os serviços florestais tinham diminuia a possibilidade de um incêndio se transformar num "ano catastrófico". Não me preocupo que ardam 5000 ha. em Portugal. Mas preocupo-me que ardam 50000000.... em especial, no típico "ano catastrófico".
 

lreis

Cumulus
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Só para esclarecer: o ICNF é um instituto público... nunca teve, não tem e nunca terá capacidade legislativa. E a capacidade operacional que tem é lhe dada pela dotação orçamental que o Governo lhe atribui anualmente...

Apesar de todos estes condicionalismos e apesar de ressalvar que existem muitos bons técnicos, acho que o ICNF poderia fazer mais, muitíssimo mais... então quanto à participação dos privados na defesa dos incêndios nem sequer se fala.

A sua referência ao ICNF como insituto público está correcta. Existem diferenças em termos orçamentais e de autonomia/gestão financeira, mas na prática o resto nada muda. Quer isto dizer, que o ICNF vai continuar a produzir e propor à tutela, como lhe é solicitado superiormente, muitas peças de legislação das mais diversas matérias, que serão ou não publicadas, em conformidade com a vontade política vigente. E esta capacidade é herdada da ex-AFN e do ex-ICNB, que per si já as propunham.
 

lreis

Cumulus
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Correcto, ma anão percebo essa de excluírem os "anos catastróficos". Claro que esses anos deviam ser incluídos sob pena da comparação não ser senão uma falácia...

Por exemplo, em 2003, cerca de 70% da Serra de São Mamede. Claro que foi um "ano catastrófico"... mas excluindo esse ano então passamos a ter resultados completamente ridículos. Em 2004 e anos seguintes nada ardeu naquela Serra porque não havia o que arder (agora já voltou a ter bastante combustível).

Depois também não podemos esquecer outra coisa: na década de 70 e décadas anteriores o equipamento de bombeiros (desde a mangueira ao auto-tanque até ao apoio aéreo) não têm NADA que ver com o que existe actualmente (desde os anos 90).

Por isso, fazer uma comparação dessas de área ardida entre o que sucedia em 1960 (deviam apagar os fogos com carros de bois) e o que se passa actualmente (helicópteros, canadair, etc) é de deixar :surprise:

Fora tudo o resto do que se conhece actualmente sobre o comportamento do fogo e que no tempo do Estado Novo nem passava pela cabeça d ninguém (contra-fogo é um exemplo) e que obviamente diminui, POR COMPARAÇÃO, a área ardida na actualidade.

Por último, incêndios sempre houve e sempre haverá. A diferença é que com os serviços Florestais dos anos 50, 60 e 70 esses povoamentos não só eram mais controlados (e limpos) como a existência de população (e menos eucaliptos) e a constante fiscalização e muito bom conhecimento do terreno que os serviços florestais tinham diminuia a possibilidade de um incêndio se transformar num "ano catastrófico". Não me preocupo que ardam 5000 ha. em Portugal. Mas preocupo-me que ardam 50000000.... em especial, no típico "ano catastrófico".

Concordo consigo aqui discute-se lobo ibérico.
Só umas pequenas notas finais:
- Anos catastróficos - entendidos como anos em que computo nacional de área ardida assume valores enormes, acima dos 200, 300.000 hectares. No meu texto não deve ter uma leitura regional ou local;
- Nos nos anos 60 e 70, se calhar fazia-se um combate que embora muito "braçal", era mais aproximado da prática correcta: rapidez de ataque, com equipas de campo e com pouca água (abertura de cortafogos, etc).
Mas mesmo se assim não fosse é de se pensar então a relevância dos apuramentos de área ardida face ao actual, e não deve ser motivo de qualquer espanto ou supresa.
- Mesmo com os SF na década de 70, existiram "anos catastróficos", arderam grandes áreas nas MN e PF, a diferença está talvez na frequência, entre outros aspectos.
- Atenção que os SF só actuavam no terreno publico e comunitário.
 
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Skizzo

Nimbostratus
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24 Set 2007
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Porto (centro) - cerca de 7km da costa
http://ccaa.elpais.com/ccaa/2013/10/13/madrid/1381682315_134822.html

O Lobo ibérico regressa assim à comunidade de Madrid pela primeira vez em 70 anos.
A alcateia foi avistada no novo Parque Nacional de Guadarrama (assim declarado em Junho), e já é um dos parques nacionais mais visitados do país (são 15 ao todo) e caminha rapidamente para o pódio.
 
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Seattle92

Nimbostratus
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22 Set 2010
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Na RTP deu ontem uma reportagem sobre ataques a rebanhos na zona de Almeida. Parece que estão a tornar-se cada vez mais frequentes, o que confirma o regresso do lobo a essa zona (como já tínhamos discutido há uns meses).
 

Cadito

Nimbostratus
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27 Fev 2010
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EDP vai distribuir 60 cães de gado nos próximos três anos no Baixo Sabor

A EDP e Grupo o Lobo vão distribuir nos próximos três anos 60 cães de gado a pastores, no âmbito do Programa de Protecção e Valorização do Lobo Ibérico, uma espécie ameaçada de extinção.

Esta medida está inserida nas compensações dos impactos ambientais resultantes da construção da barragem do Baixo Sabor, no concelho de Torre de Moncorvo, que se encontra na recta final.

A iniciativa prevê diversas acções para garantir a abundância de presas naturais, a redução da perturbação humana e ainda a redução "do potencial de conflito" entre o lobo e os pastores, devido aos ataques a que os rebanhos estão sujeitos.

"Após a entrega dos animais aos pastores, há um período em que o Grupo o Lobo dá apoio no acompanhamento dos mesmos, fazendo a vacinação, acompanhando o desenvolvimento dos animais e verificando se os cães são eficazes na protecção dos rebanhos", disse hoje à Lusa Teresa Rocha, represente da EDP.

"Equipados" com este fiel companheiro, bem tradicional, de alarme e defesa, os pastores da região terão menos necessidade de afugentar lobos do seu habitat natural, salvaguardando uma espécie que é protegida por lei.

Alípio Janeiro é um pastor de aldeia de Fornos (Freixo de Espada à Cinta) a quem foi entregue há sete meses uma cadela de gado transmontana, animal que ainda se encontra em fase de "aprendizagem" nas lides dos pastoreio e guarda do rebanho e que começa agora a desempenhar a sua missão.

No entanto, a "Diana", assim é o nome do animal, não deixa os créditos por mãos alheias e parece estar a adaptar-se à sua função de proteger um rebanho de ovelhas de possíveis investidas de lobos.

"Vamos ver o que aprende. Espero que seja boa para guardar o gado. Às coisas estranhas já dá sinal. Quanto ao resto, não têm aparecido lobos pela aldeia apesar de terem rondado as imediações", acrescentou o pastor.

Além de cães, caberá ainda à EDP e aos seus parceiros locais a criação de pastagens para presas, definição de zonas de refúgio, de exclusão de caça, pontos de água, entre outras soluções para garantir que o mítico lobo das serranias transmontanas não desaparecerá.

Por seu lado, Ana Guerra, do Grupo o Lobo, refere que a ideia da inclusão de cães pastores nas medidas de protecção ambiental do Baixo Sabor tem por objectivo reduzir "o conflito que existe entre os lobos e os pastores".

Neste projecto, foram adaptados cães de gado transmontanos, que apesar do seu feitio dócil, são "exímios" guardadores de gado.

"Estes animais seleccionados pertencentes a uma raça autóctone, são dissuasores dos ataques de lobos, já que foram seleccionados para esse efeito. Quando são inseridos no rebanho passam a reconhecê-lo como sua família, sendo o seu instinto proteger o rebanho", concluiu a técnica.

Já foram entregues cinco cães, o ultimo dos quais na quinta-feira, na aldeia de Souto da Velha, Torre de Moncorvo.
http://www.publico.pt/local/noticia...nos-proximos-tres-anos-no-baixo-sabor-1625626