Monchique, o dia seguinte



Agreste

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29 Out 2007
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Terra
Menos eucaliptos, mais diversidade.

Avançar com a certificação do "pêro" de Monchique, variedade tradicional.

Florentino Valente dá o exemplo do pêro de Monchique “que antigamente se via muito e em grandes quantidades nas feiras tradicionais da região e foi desaparecendo. Hoje em dia já não se sabe muito bem o que é o pêro de Monchique e por isso nós estamos a tentar descobrir o que é realmente essa variedade junto dos agricultores mais antigos, que a conhecem melhor e a identificam pelo cheiro intenso e outras características específicas. Depois, por via molecular, vamos analisando as pistas até descobrir o verdadeiro pêro de Monchique”.

Centro de Experimentação Agrícola - Tavira, 21-10-2017
 

PedroNTSantos

Nimbostratus
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27 Dez 2008
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Covilhã [562m]/Algoz (Silves)[49m]
Nestes casos o mais urgente seriam planos para contenção dos solos e prevenção da erosão a provocar pelas chuvadas do próximo outono/inverno e um plano de contenção da expansão de espécies invasoras (em particular a Acacia dealbata e a Acacia melanoxylon), que já antes deste incêndio ocupavam áreas muito significativas.

Se estas duas medidas, urgentes repito, já de si são quase utópicas de por em prática, mais ainda seria, daqui para a frente, planos de ordenamanento que contemplassem e conciliassem a preservação das espécies autóctones (algumas de elevadíssimo valor como as adelfeiras - Rhododendron ponticum), com a exploração agrícola/florestal (medronho, castanha, maçã, mel, cortiça...) e, obviamente, com a presença humana, incluindo a vertente turística. Com um território bem ordenado, e gerido, até poderia haver algum espaço, em locais limitados e de localização muito específica, para alguma floresta de produção.

No fundo, é este ordenamento dos espaços florestais que falta no resto do país e que explica as tragédias cíclicas, a cada 10, 15 ou 20 anos, consoante os casos. Por exemplo, o ano passado voltar a arder o "pinhal" interior que também já não ardia em larga escala desde 2003, como Monchique.

O resto, as discussões sobre bombeiros, proteção civil, é para nos distrair do essencial: completa e total falta de ordenamento do território! Por isso, podemos ter dificuldade em antecipar o dia seguinte de Monchique, mas o guião dos próximos anos (que já está a acontecer em Pedrógão e demais áreas que arderam o ano passado) é bem conhecido: o eucaliptal irá regenerar a grande velocidade, mais denso e desordenado (até porque a seguir a um incêndio há sempre produtores que desistem e abandonam a exploração dos seus terrenos), a que se juntarão imensos matagais de espécies invasoras, o que em conjunto criará novo barril de pólvora...A tal paisagem lunar, com alguns eucaliptos e acácias pelo meio, que o biólogo Jorge Paiva há muito antecipa para grande parte das paisagens do noss país.

Daqui a 15 anos voltamos a falar...já vi este filme tantas vezes que já não me iludo.
 

trovoadas

Cumulonimbus
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3 Out 2009
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loule-caldeirao
Nestes casos o mais urgente seriam planos para contenção dos solos e prevenção da erosão a provocar pelas chuvadas do próximo outono/inverno e um plano de contenção da expansão de espécies invasoras (em particular a Acacia dealbata e a Acacia melanoxylon), que já antes deste incêndio ocupavam áreas muito significativas.

Se estas duas medidas, urgentes repito, já de si são quase utópicas de por em prática, mais ainda seria, daqui para a frente, planos de ordenamanento que contemplassem e conciliassem a preservação das espécies autóctones (algumas de elevadíssimo valor como as adelfeiras - Rhododendron ponticum), com a exploração agrícola/florestal (medronho, castanha, maçã, mel, cortiça...) e, obviamente, com a presença humana, incluindo a vertente turística. Com um território bem ordenado, e gerido, até poderia haver algum espaço, em locais limitados e de localização muito específica, para alguma floresta de produção.

No fundo, é este ordenamento dos espaços florestais que falta no resto do país e que explica as tragédias cíclicas, a cada 10, 15 ou 20 anos, consoante os casos. Por exemplo, o ano passado voltar a arder o "pinhal" interior que também já não ardia em larga escala desde 2003, como Monchique.

O resto, as discussões sobre bombeiros, proteção civil, é para nos distrair do essencial: completa e total falta de ordenamento do território! Por isso, podemos ter dificuldade em antecipar o dia seguinte de Monchique, mas o guião dos próximos anos (que já está a acontecer em Pedrógão e demais áreas que arderam o ano passado) é bem conhecido: o eucaliptal irá regenerar a grande velocidade, mais denso e desordenado (até porque a seguir a um incêndio há sempre produtores que desistem e abandonam a exploração dos seus terrenos), a que se juntarão imensos matagais de espécies invasoras, o que em conjunto criará novo barril de pólvora...A tal paisagem lunar, com alguns eucaliptos e acácias pelo meio, que o biólogo Jorge Paiva há muito antecipa para grande parte das paisagens do noss país.

Daqui a 15 anos voltamos a falar...já vi este filme tantas vezes que já não me iludo.
Infelizmente é isso que vai acontecer! Quase todos nós sabe o que deveria ser feito mas pôr em prática parece quase uma utopia. Outro grande problema é a falta capital social na zona e muitos já não têm vontade de recomeçar com os poucos anos de vida que lhe restam.

Temo até que alguns estrangeiros que ainda vão animando a zona pensem em ir para outras paragens para além de inibir outros potencias investidores.
 

trovoadas

Cumulonimbus
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3 Out 2009
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loule-caldeirao
O dia zero é o dia em que acaba a atenção mediática, se desligam as câmaras e os jornalistas vão tratar de outro assunto qualquer.

O dia seguinte é um enunciado de propostas para ocupar o espaço rural que ardeu.
Provavelmente surgirão mais umas propostas para resorts nas caldas ou ao longo da encosta sul. Congratular-me-ia com umas ações de plantação de carvalhos, sobreiros, medronheiros e controlo de evasivas. Projetos de turismo sustentável ou ecoturismo ... já estou a divagar muito...
 

João Pedro

Super Célula
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14 Jun 2009
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Porto, Campo Alegre (50 m) | Samora Correia (10 m)
Provavelmente surgirão mais umas propostas para resorts nas caldas ou ao longo da encosta sul. Congratular-me-ia com umas ações de plantação de carvalhos, sobreiros, medronheiros e controlo de evasivas. Projetos de turismo sustentável ou ecoturismo ... já estou a divagar muito...
Queres o óptimo portanto... :cool: Acho que é melhor sentares-te à sombra de um.. eucalipto... :unsure:
Mas alguma coisa voltará naturalmente, o medronheiro rebenta de touça, o carvalho e o sobreiro regenera se o tronco não tiver muito queimado... o problema é o que já sabemos, leva anos a acontecer...
 

luismeteo3

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Fatima (320m)
Incêndios. Primeiro-ministro anuncia programa de reordenamento económico da Serra de Monchique
10 ago 2018 19:23

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou hoje a elaboração de um "programa de reordenamento económico da Serra de Monchique", atingida por um incêndio na última semana, e cuja coordenação será da responsabilidade do presidente daquela câmara.

Numa conferência de imprensa após uma reunião com autarcas afetados pelo incêndio que deflagrou na há uma semana e entidades da região do Algarve, António Costa enumerou aquelas que são as prioridades face às consequências deste fogo, as primeiras das quais “o apoio às pessoas que estão desalojadas” e o “apoio à reconstrução das habitações que foram danificadas”.

O primeiro-ministro anunciou que o presidente da Câmara de Monchique vai liderar a elaboração de um programa de reordenamento económico desta serra.

https://24.sapo.pt/atualidade/artig...reordenamento-economico-da-serra-de-monchique