Monitorização do Clima de Portugal - 2022



joralentejano

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Mas em compensação, março parece que vai ser bem melhor que o de 2012 - para se ter noção, aqui na Figueira não se chegou aos 10 mm mesmo juntando fevereiro e março desse ano...
E ainda bem que vai ser um pouco diferente, nem consigo imaginar o que seria disto se Março fosse igual a Janeiro e Fevereiro. Chegávamos ao final de Março e já não havia água nas ribeiras que mesmo em anos de seca, se aguentam até Maio/Junho.
Outra coisa de diferente em relação aos invernos de 2004/2005, 2011/2012 e até mesmo 2017/2018 é que dezembro não foi tão seco. Ainda assim, a área com seca extrema é a maior dos outros anos anteriores em que houve seca graves. Janeiro e Fevereiro de 2022 foram mesmo horríveis. De todos os invernos secos de que me lembro, não me recordo de nenhum com tão poucas geadas. Nem sequer dias de nevoeiro persistente houve, algo que até é bastante comum na minha zona em invernos com padrão anticiclónico.
 

Aurélio Carvalho

Nimbostratus
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5 Out 2018
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O IPMA lançou um boletim da situação até 15 de março. Disse que é o 10º março mais seco desde 2000, o que até pode ser verdade mas é uma comparação muito tendenciosa porque estamos a comparar metade de um mês com meses inteiros...
Não será o mesmo que dizer que até ao momento é o 12o mais chuvoso desde 2000?
Em boa verdade deveria tal correlação implicar que esteja a ser um mês normal.
 

algarvio1980

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Poeiras em suspensão (atualização)​


17 de março de 2022 (Atualização) - Episódio de Poeiras em Supensão - Impacto nas previsões meteorológicas

O episódio de poeiras que está a afetar Portugal Continental desde o passado dia 15 de março teve origem em tempestades de areia no Norte de África. Estas tempestades resultaram do vento forte à superfície associado à depressão Célia, a qual influenciou o estado do tempo na Madeira nos dias 14 e 15 de março e se encontra neste momento sobre o Mediterrâneo em fase de dissipação.

Para saber mais sobre os impactos na qualidade do ar e na saúde, provocados pela elevada concentração de poeiras nos níveis baixos da atmosfera, pode ser consultada a informação disponibilizada nos sites da Agência Portuguesa do Ambiente (link 1) e da Direção Geral da Saúde (link 2).

Além dos impactos deste episódio de poeiras ao nível social, uma análise preliminar permitiu também identificar um impacto no desempenho dos modelos numéricos de previsão do tempo. Em particular, sobre Portugal Continental, foi possível identificar que a existência de uma elevada concentração de poeiras nos níveis médios e altos da atmosfera (correspondendo a uma maior disponibilidade de núcleos de condensação) deu origem à formação de uma densa camada de nuvens que de outro modo não se teria formado e que, por esse motivo, não foi bem prevista pelos modelos numéricos de previsão do tempo (ver Figuras 1 e 2).

Em consequência da referida camada de nuvens, a radiação solar que atingiu a superfície foi menor que a prevista pelos modelos numéricos e, em consequência, os valores da temperatura do ar, em particular da temperatura máxima, foram inferiores aos valores previstos, com as diferenças a atingirem cerca de 5 °C em alguns locais. Informação mais detalhada sobre estes impactos requererá uma análise mais exaustiva do presente episódio.

A análise preliminar deste episódio sobre Portugal Continental, sugere que a elevada concentração de poeiras do deserto junto à superfície está relacionada com o padrão da circulação atmosférica associada à depressão Célia, que permitiu transportar as poeiras em níveis baixos da atmosfera desde a região da Argélia até à Península Ibérica, contornando o sistema montanhoso do Atlas pelo seu bordo oriental. Tipicamente as poeiras resultantes das tempestades de areia na região da Argélia são transportadas para o Mediterrâneo vindo a afetar também os países Mediterrânicos do sul da Europa.

É frequente a Península Ibérica ser afetada por tempestades de areia que se formam na região de Marrocos a sul do Atlas. Nestes casos, o transporte das poeiras ocorre ou pelo bordo ocidental do Atlas, através de uma circulação sobre o oceano Atlântico, ou através de um fluxo para norte sobre o Atlas, em que as poeiras são projetadas para níveis mais elevados da atmosfera. Em qualquer destes casos as concentrações próximo da superfície tendem a ser inferiores ao caso atual.

A concentração de poeiras sobre a Península Ibérica deverá diminuir gradualmente, no entanto não é de excluir a probabilidade de poder continuar a afetar o estado do tempo até dia 19, podendo persistir a formação de uma camada de nuvens altas, a dissipar-se lentamente, condicionando a temperatura observada à superfície. O vento irá persistir do quadrante leste, sendo temporariamente forte nas terras altas.


15 de março de 2022 - Episódio de Poeiras em Suspensão

Está a ocorrer o transporte de poeiras sobre o território continental devido a um fluxo de sul induzido pela depressão Célia. As poeiras em suspensão, oriundas do norte de África, atingiram a Península Ibérica prevendo-se que persistam até ao fim do dia 17, quinta-feira.

Os efeitos mais visíveis são a alteração da cor do céu visto que as poeiras estão normalmente acima da superfície, embora dependendo da sua concentração possam atingir níveis mais baixos com implicações na qualidade do ar e possíveis impactos na saúde. Também é possível ocorrer a deposição das poeiras através da precipitação, esta situação é mais provável na região Sul nos dias 15 e 16 de março (Figura 3).




Poeiras_Pt_mar22.png



Figura 1 – (17/03/2022 às 09:30 UTC) Imagem combinada do satélite Meteosat de 2ª Geração. Tons de magenta identificam regiões de poeira em que não existem nuvens constituídas por água liquida ou por gelo. Tons de castanho identificadas nuvens espessas, que podem conter poeira.



Poeiras_pt_mar22_2.png



Figura 2 – Comparação entre a imagem na banda de infravermelho 10.8 micra simulada com base nas previsões do modelo do ECMWF para as 12 UTC do dia 17/03/2022 (à esquerda) com a correspondente observação (à mesma hora) obtida com o satélite Meteosat de 2ª geração (à direita), resultante da influência das poeiras em suspensão.77

Poeiras_mar2022.png



Figura 3 - (15/03/22 às 11:00 UTC) imagem de satélite, produto Dust RGB, com a localização dos máximos de concentração de poeira nas zonas identificadas pela cor rosa/magenta bastante acentuada, ou seja mais evidente nas regiões Norte e Centro do território continental, França e Argélia. As zonas a vermelho escuro representam nebulosidade média e alta também sobre Portugal.

Fonte: IPMA
 

guisilva5000

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O IPMA lançou um boletim da situação até 15 de março. Disse que é o 10º março mais seco desde 2000, o que até pode ser verdade mas é uma comparação muito tendenciosa porque estamos a comparar metade de um mês com meses inteiros...
Às vezes o IPMA esbota dados estatísticos sem grande fundamento para estar escrito, essa informação é cientificamente insignificante porque desde 2000 tivemos 22 Marços. Nós que, talvez consigamos ter um olho mais atento sobre a meteorologia, conseguimos perceber que isso é para ler na diagonal, mas os media muitas vezes não. Espetam tais informações como cabeçalho nos jornais ou notícias.

O que realmente é importante neste breafing do IPMA:
- Valor médio de temperatura média do ar na 1ª quinzena de março, 1.67 °C inferior ao valor médio mensal 1971-2000.

- O período de outubro 2021 a 15 março 2022 , com 276.8 mm, é o mais seco desde 1931.

- Valores de percentagem de água no solo: aumento dos valores de percentagemde água no solo, mais significativo no Litoral Norte e Centro; nas regiões mais interiores, Trás-os-Montes e Beira Alta e em grande parte da região Sul não houve variações muito significativas

- Desagravamento da intensidade da situação de seca meteorológica na região litoral Norte e Centro; no restante território mantêm-se as classes de seca severa e extrema. A 15 de março 77 % do território estava nas classes de seca severa e extrema.

Quanto à precipitação em Março, grandes partes das estações já estão acima dos 70%, ou até mais, o que é bom.

Quanto à seca, este gráfico demonstra aquilo que é o mais provável: chegar ao Verão com menos de 500 mm de ano hidrológico, repetindo situações com as de 1945, 1999 e 2005.

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"Charneca" Mundial

Super Célula
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Corroios (cota 26); Aroeira (cota 59)
Estes dados saíram hoje e mostra a realidade como deve ser.
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Os índices são distintos. O IPMA usa o índice de Palmer (PDSI), já esse usa o índice DC. Ambos são corretos, mas usam diferentes critérios! :D
 

LMMS

Nimbostratus
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22 Fev 2021
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Madorna - São Domingos de Rana
Os índices são distintos. O IPMA usa o índice de Palmer (PDSI), já esse usa o índice DC. Ambos são corretos, mas usam diferentes critérios! :D
Sim, eu sei!
Este aqui é o Intersucho, compara dados desde 1961 até 2010 de água disponível para plantas até 1 metro de profundidade e praticamente não estamos em seca!
Mas estamos em seca, sim senhor, por isso este aqui é para ir para o lixo.
Os dados do Copernicus (DC) é mais indicativo para a prevenção de areas florestais em maior risco de incêndio, mas é um bom indicativo para se ver quais as zonas piores com seca.
O Mês de Março, vai ter algumas alterações no índice PDSI, mas a seca é preocupante, mesmo com um Abril dentro da média!

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algarvio1980

Furacão
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