"Nevões são raros"

Iceberg

Nimbostratus
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5 Jun 2006
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Braga
Mais uma coisa que deu para reparar neste episódio é que a técnica usada nos itinerários principais e auto-estradas foi encerra-los e chutar o trânsito para as estradas nacionais e municipais onde a responsabilidade assim passa para outros.

Além de que muitas estradas nacionais municipais tornam-se bem mais perigosas do que os itinerários principais, em situações de neve e gelo ...
 


JoãoDias

Nimbostratus
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6 Jun 2008
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Avintes, Portogal
Agora assumindo um tom mais sério na discussão: obviamente que situações como a desta fim de semana são raríssimas, e tem um período de retorno muito elevado (pelo menos nas últimas décadas). Mas não é preciso termos nevões a cota 0 ou perto disso para termos o caos nas redes rodoviárias nacionais.

É preciso não esquecer que nos últimos 10 anos temos assistido a poucos nevões, mesmo a cotas médias (assim a olho teremos tido 1 ou 2 por ano, quando certamente antes dos anos 90 teríamos uns bons 5 a 8 por ano, o que já sai um bocado da definição do raro).

Agora a questão em minha opinião, que faz a grande diferença, é que foram criadas nos últimos anos um muito maior número de vias rodoviárias de grande importância regional e mesmo nacional, com troços entre os 800-1000m de altitude (nomeadamente A7, A24, A25, IP4, etc). E claro, basta nevar um pouco a cotas médias que fica o caos instalado.

E provavelmente este facto (a memória meteorológica das pessoas costuma ser curta) terá levado a algum "porreirismo" e a uma falta de planos de contingência para este tipo de situações, pensando que a pouca frequência de nevões iria continuar nos próximos tempos. E felizmente este Inverno parece querer contrariar a tendência dos últimos anos, o que a continuar assim poderá provocar mais complicações nos tempos próximos.

Pelo que em minha opinião não se poderá crucificar totalmente quem fez este tipo de declarações, mas há que começar a pensar rapidamente em criar meios para tratarmos deste tipo de situações. É inconcebível que um troço duma auto-estrada esteja fechado quase 2 dias por cerca de 5 a 10cm de neve (falo da A4, troço de Penafiel-Amarante). Se assim fosse muitos troços de auto-estrada no Norte da Europa estariam fechados em metade do Inverno :rolleyes:

A sorte é que a neve ultimamente gosta de aparecer ao fim de semana :lol:, de outra forma não sei como reagiriam as pessoas de Amarante, Baião, Marco de Canaveses ou Vila Real, sem poder chegar aos seus locais de trabalho.
 

Z13

Cumulonimbus
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20 Set 2006
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Bragança - 690m
:rolleyes:Ironia

Assim se vê como os políticos são de facto aldrabões...

Bastou um secretário de estado afirmar que em Portugal os nevões eram pouco frequentes, para desatar a nevar sem dó em todo o lado, até no litoral... :lmao:



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bilareal

Cirrus
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14 Jan 2009
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Tras os montes
Acho que o grande problema com os nevões prende-se com a falta de experiência na operação e coordenação dos meios, porque contrariamente ao que se diz eles existem.
Por exemplo, quando se fala da A24, efectivamente é uma auto-estrada de montanha com grande parte do traçado a desenvolver-se a cotas superiores a 600m, mas sabiam que eles têm 9 limpa neves? (sim nove!!!!!).
Por isso não é verdade que há apenas um limpa-neves no distrito de Vila Real.
Acresce também que as Estradas de Portugal tem um, a concessionária da auto-estrada transmontana tem também um, e há uma corporação de bombeiros também com um. Acham que há falta de meios?
 

GabKoost

Nimbostratus
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19 Jan 2009
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Entre BRG e GMR
A frase "Os Nevões são raros" é uma palermice que se deve à memória curta dos nossos dirigentes.

Pelo que me contam os antigos e atestam os factos registados, até à década de 70 os nevões não eram raros.

Falando da minha zona, os Concelhos de Braga e Guimarães, a Neve era presença assídua quase anual. Anos haviam onde ela caia várias vezes.

Ultimamente, a moda de passar o Natal de T-Shirt entorpeceu-nos o espírito e, como a urbanização e explosão do automóvel se deu neste espaço de tempo, estamos hoje completamente desamparados.

Quando os Invernos "normais" voltarem (exemplos da década de 40-50) quero ver o que dirão... Talvez dirão: O TEMPO ESTÁ LOUCO:shocking:... quando na verdade estará finalmente normal...

Em 30 anos, zonas profundamente rurais tornaram-se (lamentavelmente) núcleos urbanos e podem advir factores complicados de resolver devido a isso..
 

AnDré

Moderação
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22 Nov 2007
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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
Um ano depois, os limpa-neves voltam a ser tema da actualidade:

O país que pára com o mau tempo tem apenas doze limpa-neves

resposta "Vem uma pancada de neve e já não podemos sair de casa", diz Joana Sousa, uma enfermeira da Guarda que precisou de boleia dos bombeiros para chegar ao hospital onde trabalha. Em todo o interior do País há apenas 12 limpa-neves, ou máquinas similares para desbloquear as estradas, mas para o secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, os meios que existem são "suficientes" nos locais onde a queda de neve é habitual.

Reagindo às críticas do caos provocado nas estradas pelo mau tempo - que na véspera deixou automobilistas bloqueados durante horas -, Vasco Franco lembrou que "a neve caiu em zonas onde é raro isso acontecer e prometeu "melhorar a capacidade de resposta". Criticou, contudo, "a indisciplina" dos condutores que nas estradas condicionadas fazem ultrapassagens prejudicando o trabalho dos limpa-neves. A melhor cobertura destes equipamentos está em Trás-os- -Montes onde as corporações de bombeiros de Bragança, Vila Real, Macedo de Cavaleiros e Mirandela adquiriram lâminas que colocadas nas viaturas dos bombeiros funcionam como limpa-neves. Em Lamego, há duas destas máquinas. Mais a sul há cinco limpa-neves no Centro de Limpeza de Neve dos Piornos. Máquinas de espalhar sal só existem duas: em Viseu e Guarda.

Já em Macedo, os bombeiros têm um acordo com a direcção das Estradas de Portugal em que se responsabilizam pela limpeza do gelo e da neve que se acumula nas vias que estão sob a responsabilidade daquela empresa pública. De resto, aquela empresa tem apenas um limpa-neves estacionado em Vila Real.

DN


Estradas de Portugal tem 16 limpa-neves

Os nevões do fim-de-semana, com queda de neve pouco habitual a cotas inferiores aos 200 metros e estradas bloqueadas em várias regiões relançaram o debate nacional sobre a suficiência de meios, num país que não tem um histórico de fenómenos como este.

Num país onde os fogos florestais são a principal vulnerabilidade e os nevões são fenómenos circunscritos a alguns distritos, meios como equipamentos limpa-neves são suficientes? Para o secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, citado pela Lusa, são suficientes "nos locais onde habitualmente ocorrem estas situações". Embora seja necessário mais civismo dos condutores, que acusa de não terem facilitado as manobras de limpa-neves, e "melhorar a capacidade de resposta" dos meios.

Disso falou o presidente da Câmara da Guarda, Joaquim Valente, ao declarar aos jornalistas a necessidade de "potenciar" os meios existentes, que "não estão a ser postos no terreno de forma concertada". E por isso o governador civil, Santinho Pacheco, propôs uma reunião de reflexão com várias entidades, incluindo os concessionários das estradas, que são os principais detentores de meios. A empresa Estradas de Portugal, por exemplo, possui 16 equipamentos ou máquinas de limpeza de neve. Destes, seis camiões e duas máquinas estão sediados no Centro de Limpeza de Neve da Serra da Estrela.

"Estamos preparados e temos planeamento", assegurou ao JN o comandante operacional distrital e operações de socorro (CDOS) de Castelo Branco, responsável pela área do maciço central da Serra da Estrela e por um distrito onde desta vez a queda de neve foi generalizada mesmo abaixo dos 200 metros de altitude. "Tudo está resolvido e só a estrada Piornos-Torre está cortada, por razões de segurança", disse Rui Esteves, observando que nem sempre a intervenção de limpa-neves é suficiente para reabrir as vias. "Até poderíamos ter um por cada quilómetro. De nada adiantaria com vento forte e neve intensa", notou.

JN

-> Associação de Técnicos Protecção Civil critica concessionárias de estradas
-> DN Portugal