Seca em Portugal

algarvio1980

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Mas com um turismo de verão com picos de 40 mil pessoas pessoas.

Não faço ideia quais os custos de uma central de dessalinização, mas Espanha tem algumas centenas delas. O que eu sei é que a água do Alqueva não é infinita. E se tem a água que tem, é porque estrangulámos o Guadiana. (Não há moral para apontar o dedo a Espanha, relativamente ao Tejo, porque nós fazemos exatamente o mesmo).
A informação que tinha de Porto Santo é que era extremamente caro, difícil de manter e mesmo a água resultante pode manter uma quantidade relevante de sais (não o suficiente para deixar de ser potável, mas pode ter um sabor "esquisito")
 

StormRic

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A informação que tinha de Porto Santo é que era extremamente caro, difícil de manter e mesmo a água resultante pode manter uma quantidade relevante de sais (não o suficiente para deixar de ser potável, mas pode ter um sabor "esquisito")

A tecnologia da estação, que existe desde 1980, tem evoluído sucessivamente. Talvez alguma dessa informação não seja tão recente.

"
Fruto do aumento da procura, esta Central foi sujeita a várias ampliações. Em 2000, a estação passa a ser gerida pela IGA – Investimentos e Gestão da Água, S.A., que em 2002 alterou o layout da unidade e construiu uma sala de comando com um sistema de supervisão local e de telegestão a partir da ilha da Madeira
Em 2008, foi instalado um sistema de mineralização da água, através de percolação em brita calcária.
Em 2011, é comissionada a unidade de osmose inversa I, com uma capacidade de produção variável entre 2200 e 3800 m3/dia., e, em 2017, iniciou-se a construção da unidade de dessalinização II, com uma capacidade de produção variável entre 2200 e 3000 m3/dia. Estas unidades, mais eficientes em termos energéticos, permitem um consumo específico entre os 2,7 e os 3,0 kWh por m3 de água dessalinizada.
A Central passou a ter uma capacidade de produção anual de cerca de 2,4 Mm3.
Pode-se dizer que esta central se encontra ao nível do “state-of-the-art” da tecnologia de dessalinização de água do mar."

 

N_Fig

Cumulonimbus
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29 Jun 2009
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Figueira da Foz
A tecnologia da estação, que existe desde 1980, tem evoluído sucessivamente. Talvez alguma dessa informação não seja tão recente.

"
Fruto do aumento da procura, esta Central foi sujeita a várias ampliações. Em 2000, a estação passa a ser gerida pela IGA – Investimentos e Gestão da Água, S.A., que em 2002 alterou o layout da unidade e construiu uma sala de comando com um sistema de supervisão local e de telegestão a partir da ilha da Madeira
Em 2008, foi instalado um sistema de mineralização da água, através de percolação em brita calcária.
Em 2011, é comissionada a unidade de osmose inversa I, com uma capacidade de produção variável entre 2200 e 3800 m3/dia., e, em 2017, iniciou-se a construção da unidade de dessalinização II, com uma capacidade de produção variável entre 2200 e 3000 m3/dia. Estas unidades, mais eficientes em termos energéticos, permitem um consumo específico entre os 2,7 e os 3,0 kWh por m3 de água dessalinizada.
A Central passou a ter uma capacidade de produção anual de cerca de 2,4 Mm3.
Pode-se dizer que esta central se encontra ao nível do “state-of-the-art” da tecnologia de dessalinização de água do mar."

A informação que tinha de certeza que não incluía essa atualização de 2017, porque é anterior a isso
 

StormRic

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23 Jun 2014
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Falhanço do sistema público e da sua gestão. Previsível mas sem acção atempada nem planeamento a médio e longo prazo.
"[...] a empresa salientou que está também a preparar “origens alternativas“.
“Nas situações em que tal é possível, está a ser preparada a operacionalização de origens alternativas, nomeadamente novas captações ou reativação de furos municipais”, assinalou a Águas Públicas do Alentejo, sediada em Beja."

Agora é que estão a "preparar origens alternativas", quando "Segundo a empresa, destes seis concelhos, o de Mértola é o que se encontra nesta situação há mais tempo, tendo o abastecimento com autotanques tido início ainda no inverno, em fevereiro." :huh:
 

Snifa

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16 Abr 2008
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Tem a ver com a seca em Espanha, mas como também nos afeta muito através das bacias hidrográficas coloco aqui.

Mais cedo ou mais tarde também deveremos ter medidas semelhantes por cá :unsure:

Seca​

Impostos cortes no consumo de água em Espanha.

Hoje às 16:31.

image.jpg


Os produtores de azeitona são uns dos mais afetados pela seca severa em Espanha

Foto: PIERRE-PHILIPPE MARCOU / AFP


Os governos regionais e municípios espanhóis estão a impor cortes no consumo de água por todo país, que vive a maior seca desde 1981 e tem as reservas de água em 40,4% da capacidade.

Segundo o Governo espanhol, as reservas hídricas do território continental estavam na terça-feira em 40,4% da capacidade total das albufeiras e barragens, com 22.689 hectómetros cúbicos de água armazenada, uma diminuição de 832 hectómetros cúbicos no período de uma semana.

Há um ano, havia 27.092 hectómetros cúbicos armazenados e a média dos últimos dez anos são 33.595, segundo os mesmos dados oficiais.

O armazenamento na terça-feira na bacia do rio Guadiana, um dos que Portugal e Espanha partilham, estava em 26,2% da capacidade total no território espanhol, um dos valores mais baixos registados no país.

Já no Douro e Tejo, outros rios que cruzam os dois países, as reservas de água estavam em 43,7% e 41,5% em Espanha, respetivamente, enquanto no caso do Minho superavam os 51%.

No caso do Guadiana, os 2.490 hectómetros cúbicos de água armazenada é menos de metade da média dos últimos dez anos (5.256).

No Douro, havia na segunda-feira reservas de 3.278 hectómetros cúbicos de água na terça-feira, menos do que os 4.691 do ano passado e a média de 5.026 dos últimos dez anos.

No Tejo, o armazenamento está em 4.587, quando era 4.916 há um ano e a média da última década são 5.986.

O nível das reservas hídricas espanholas é resultado de "chuvas escassas" em todo o país, segundo o Ministério para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico, que divulga estes dados.

Espanha vive este ano a maior seca desde 1981 e um verão até agora marcado por temperaturas "extremas" e três ondas de calor, segundo a agência espanhola de meteorologia (Aemet).

A falta de água tem levado governos regionais e municípios de todo o país a adotar medidas de controlo do consumo, com efeitos, sobretudo, desde o início deste mês, como corte no abastecimento durante horas noturnas, limites de consumo por pessoa em cada casa ou proibição de chuveiros nas praias, de lavagem de carros, regas de jardim e de encher piscinas privadas.

A situação afeta em especial as regiões da Galiza, Andaluzia e Catalunha, mas há medidas para corte de consumo de água a serem adotadas por todo o país.


 

Paulo H

Cumulonimbus
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2 Jan 2008
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Os cortes no consumo não funcionam com os portugueses. Digo isto por experiência própria.. No início dos anos 80, de cada vez que se cortava a água com pré aviso, em Castelo Branco, toda a gente enchia bacias, panelas e tachos com água! Depois quando voltava a água, a maior parte nem era aproveitada. Ou seja, no final, feitas as contas, o consumo aumentava! Isto dito por responsáveis dos SMAS de Castelo Branco, décadas mais tarde. Lembro-me perfeitamente que as pessoas reclamavam por nunca faltar água na piscina municipal olímpica. Mais tarde construiu-se uma nova barragem, a marateca (Santa Águeda) com capacidade de armazenamento suficiente para não precisarmos de água por 4 anos sem chuva.
 

algarvio1980

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21 Mai 2007
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Olhão (24 m)
Os cortes no consumo não funcionam com os portugueses. Digo isto por experiência própria.. No início dos anos 80, de cada vez que se cortava a água com pré aviso, em Castelo Branco, toda a gente enchia bacias, panelas e tachos com água! Depois quando voltava a água, a maior parte nem era aproveitada. Ou seja, no final, feitas as contas, o consumo aumentava! Isto dito por responsáveis dos SMAS de Castelo Branco, décadas mais tarde. Lembro-me perfeitamente que as pessoas reclamavam por nunca faltar água na piscina municipal olímpica. Mais tarde construiu-se uma nova barragem, a marateca (Santa Águeda) com capacidade de armazenamento suficiente para não precisarmos de água por 4 anos sem chuva.
Obviamente que essas medidas não resolvem nada, porque quem trabalha ou esteja de férias quando chega a casa quer dar um duche seja a que horas for, se avisam que cortam a água em determinadas horas, a população vai encher tudo para ter água nas horas que vai faltar, parece mais que óbvio.

Vamos ter um fiscal à porta para a energia e outro para a água. :rolleyes:


Se essa água nessa altura era péssima, tinha nitratos e era uma água dura cheia de calcário que estragava máquinas e torneiras, então imagina agora com tantos anos sem uso e deve estar lá abaixo uma água que é uma maravilha, claro se tiver lá alguma, com tantos furos que existem para regar. :D

Anda tudo aflito, porque passados 17 anos não conseguiram resolver o problema e acharam que o problema ficava resolvido com Odelouca.

Já vi as barragens mais vazias e não havia este alarido todo, o bom disto tudo é quando chover, esta malta esquece logo de tudo.
 

Paulo H

Cumulonimbus
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2 Jan 2008
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Castelo Branco 386m(489/366m)
Vamos ter um fiscal à porta para a energia e outro para a água.
Estou a imaginar algumas medidas, umas mais fáceis de implementar que outras:
- instalar válvulas redutoras de pressão das condutas de água, para limitar a pressão a 2bar. Os esquentadores funcionam com pressão mínima de 1,5bar que equivale a uma coluna de 15m de água à cota do esquentador. Ao limitar a pressão, reduzem-se desperdícios imediatos, mas também em caso de roturas na rede.
- telemonitorizar toda a rede de abastecimento para detectar fugas, roturas ou "desvios"
- já aqui falei que a água que resulta do tratamento das etares deve ser aproveitada para regas, mas para tal necessita de tratamento terciário que elimine nitratos, nitritos, e desinfetada com ultravioletas/ozono. Esta tecnologia já existe há décadas.
 

Aurélio Carvalho

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5 Out 2018
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Obviamente que essas medidas não resolvem nada, porque quem trabalha ou esteja de férias quando chega a casa quer dar um duche seja a que horas for, se avisam que cortam a água em determinadas horas, a população vai encher tudo para ter água nas horas que vai faltar, parece mais que óbvio.

Vamos ter um fiscal à porta para a energia e outro para a água. :rolleyes:



Se essa água nessa altura era péssima, tinha nitratos e era uma água dura cheia de calcário que estragava máquinas e torneiras, então imagina agora com tantos anos sem uso e deve estar lá abaixo uma água que é uma maravilha, claro se tiver lá alguma, com tantos furos que existem para regar. :D

Anda tudo aflito, porque passados 17 anos não conseguiram resolver o problema e acharam que o problema ficava resolvido com Odelouca.

Já vi as barragens mais vazias e não havia este alarido todo, o bom disto tudo é quando chover, esta malta esquece logo de tudo.
Odeleite e Beliche já teve muito menos água assim como o Arade. No Alentejo quer o Sado como o Guadiana também já tiveram muito menos água. Mas claro que algumas albufeiras receberem água do Alqueva no caso do Alentejo e pelo menos o Arade receber água do Funcho ajuda bastante. Daí que esta situação seja bem diferente de 2005!
 

David sf

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8 Jan 2009
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Oeiras / VN Poiares
Estou a imaginar algumas medidas, umas mais fáceis de implementar que outras:
- instalar válvulas redutoras de pressão das condutas de água, para limitar a pressão a 2bar. Os esquentadores funcionam com pressão mínima de 1,5bar que equivale a uma coluna de 15m de água à cota do esquentador. Ao limitar a pressão, reduzem-se desperdícios imediatos, mas também em caso de roturas na rede.
- telemonitorizar toda a rede de abastecimento para detectar fugas, roturas ou "desvios"
- já aqui falei que a água que resulta do tratamento das etares deve ser aproveitada para regas, mas para tal necessita de tratamento terciário que elimine nitratos, nitritos, e desinfetada com ultravioletas/ozono. Esta tecnologia já existe há décadas.
As duas primeiras medidas estão a ser implementadas um pouco por todo o país, sei de casos de sucesso de forte redução de perdas nos últimos anos resultantes da aplicação de VRP em pontos estratégicos das redes. Mas ainda há muito a fazer na gestão das infraestruturas, muitas delas a chegar ao final da sua vida útil. Pode ser que se aproveitem alguns fundos do PRR para renovar os sistemas de abastecimento de água em Portugal.

A utilização de água tratada das ETAR para rega é um pouco mais complicada. O mais caro nem é o tratamento terciário na linha de tratamento, mas sim o transporte da água das ETAR para os vários pontos de rega. A duplicação da rede de abastecimento que seria necessária, associada aos custos de bombagem da mesma (as ETAR estão, por razões óbvias, em pontos baixos) comportaria custos exorbitantes. A utilização de autotanques poderia ser rentável em pequenas localidades, em que uma viagem era suficiente para regar todos os espaços que o necessitassem, mas para grandes cidades a quantidade de viagens necessárias também teriam um custos económico e ambiental incomportável.
 

David sf

Moderação
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8 Jan 2009
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Oeiras / VN Poiares
Mas com um turismo de verão com picos de 40 mil pessoas pessoas.

Não faço ideia quais os custos de uma central de dessalinização, mas Espanha tem algumas centenas delas. O que eu sei é que a água do Alqueva não é infinita. E se tem a água que tem, é porque estrangulámos o Guadiana. (Não há moral para apontar o dedo a Espanha, relativamente ao Tejo, porque nós fazemos exatamente o mesmo).
A curto prazo a dessalinização será rentável para abastecimento ao Algarve, quer seja pelo aumento da sua eficiência resultante de avanços tecnológicos quer seja pela redução das disponibilidades nas outras fontes. Fora aspectos económicos, a dessalinização tem muitas limitações, principalmente ao nível do sabor - caso das Canárias onde a população nas zonas litorais só bebe água engarrafada, apesar de a água da torneira ser potável, mas a pressão do consumo na época alta, associada às reduzidas disponibilidades vão obrigar a optar por esta solução.

No resto do país, ocorre que as zonas onde há maior défice de disponibilidade de água encontram-se a uma distância do mar que impossibilita a adopção desta alternativa. As zonas litorais não têm, por hábito, grandes problemas de abastecimento, e quando o têm decorrem mais da limitação da infraestrutura de tratamento/ transporte do que propriamente por falta de disponibilidade hídrica. No interior, também parece óbvio que a dessalinização não resolve os problemas que ocorrem em Trás-os-Montes ou no interior alentejano.

A solução para aumentar as disponibilidades de água para consumo no interior do país passa por aumentar a capacidade de reserva. Três ou quatro novas barragens com grande volume útil resolvem o problema, nas bacias dos maiores rios, que permitam armazenar água em excesso durante o inverno, captada nos rios de maior caudal através de bombagem durante o período de vazio elétrico, e cuja operação permita estar ao NPA no início da época estival.
 

Mário Barros

Furacão
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18 Nov 2006
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Maçores (Torre de Moncorvo) / Algueirão (Sintra)
Obviamente que essas medidas não resolvem nada, porque quem trabalha ou esteja de férias quando chega a casa quer dar um duche seja a que horas for, se avisam que cortam a água em determinadas horas, a população vai encher tudo para ter água nas horas que vai faltar, parece mais que óbvio.

Vamos ter um fiscal à porta para a energia e outro para a água. :rolleyes:



Se essa água nessa altura era péssima, tinha nitratos e era uma água dura cheia de calcário que estragava máquinas e torneiras, então imagina agora com tantos anos sem uso e deve estar lá abaixo uma água que é uma maravilha, claro se tiver lá alguma, com tantos furos que existem para regar. :D

Anda tudo aflito, porque passados 17 anos não conseguiram resolver o problema e acharam que o problema ficava resolvido com Odelouca.

Já vi as barragens mais vazias e não havia este alarido todo, o bom disto tudo é quando chover, esta malta esquece logo de tudo.

A aflição foi criada pela má gestão hídrica das barragens na esperança que chovesse e não choveu, tanto cá como em Espanha. Uma vez que se deixou de queimar gás e carvão para produção de energia decidiram "inventar" e está a dar o que se vê.
De facto estamos há muito tempo sem qualquer precipitação e de facto foi (ou está a ser) um ano seco, mas está mais seco porque tem sido o acumular de uma sucessão de anos secos ou perto do normal. Há algumas barragens em zonas secas que estão equilibradas.