Seca em Portugal

algarvio1980

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O calor de Abril foi tão anormal, que estamos em meados de Junho e hoje já apanhei alfarroba caída no chão e completamente toda preta. :shocking: Lembro-me em puto ir apanhar em meados de Agosto e tem vindo a ser cada vez mais cedo mas em meados de Junho nunca na vida.

@trovoadas , já apanhaste alguma?
 


AnDré

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É isso que tenho referido nalgumas situações em que se coloca em causa a existência de uma seca muito grave na Região Sul. Aqui no Alto Alentejo, as barragens estão cheias, mas não há comida para os animais e já tenho conhecimento de pessoas que estão a vender gado porque não têm como os alimentar. É importante referir que estamos no início do verão e a situação em relação às pastagens é normal de setembro. Desde meados de janeiro que não chove nada de significativo, mas o pior para este caso foi o mês de abril muito quente e sem chuva porque para além de se entrar no estio mais cedo que o normal, não houve chuva para que as searas se desenvolvessem.
Já houve anos em que choveu pouco no inverno, mas o facto de chover alguma coisa na primavera sempre fazia a diferença.

O futuro do Alentejo é este, acho que todos reconhecemos isso, mas não deixa de ser triste ver o sustento de uma região ser destruído.

No entanto, ainda mais triste que isto, é haver quem se ria do assunto.
Não concordo nada com essa visão derrotista.
Se não estou em erro, em 2021 a região do Alentejo foi a que teve maior aumento do PIB. O Alentejo de ontem não é o Alentejo de hoje, nem será o de amanhã. E num mundo em constante mudança e evolução, obviamente que sustentos baseados no ontem, não têm futuro.

A mim, o que me entristece, é o lamento, comodismo, e falta de ação. Entristece-me os mil e um projetos não saírem da gaveta, e os que saem e têm sucesso são, muito deles, nas mãos de estrangeiros. Como se o português não tivesse capacidade para...

Não sei como é possível alguém negar a seca a sul ou rir da situação. Rir, só mesmo de quem nos dias de hoje queira inteiramente viver segundo as vontades do São Pedro.
 

StormRic

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E qual é a solução?

Para a seca não há solução mas tem de haver solução para a vida dos agricultores e criadores, e das condições de vida das populações das áreas atingidas, e se se disser que não há seca a afectar ninguém, que afinal no geral até está melhor do que algum antes, e não se insistir em contrariar essa ideia feita, o problema parece que cai no esquecimento de quem tem poder e tem que responder pelas responsabilidades que lhes estão incumbidas.
Solução não é, certamente, tentar calar quem está sempre a lembrar que o problema existe e não deixa de existir por o ignorarmos, porque neste país parece que é assim que os problemas não se resolvem, por ficarem esquecidos.
 

joralentejano

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Não concordo nada com essa visão derrotista.
Se não estou em erro, em 2021 a região do Alentejo foi a que teve maior aumento do PIB. O Alentejo de ontem não é o Alentejo de hoje, nem será o de amanhã. E num mundo em constante mudança e evolução, obviamente que sustentos baseados no ontem, não têm futuro.

A mim, o que me entristece, é o lamento, comodismo, e falta de ação. Entristece-me os mil e um projetos não saírem da gaveta, e os que saem e têm sucesso são, muito deles, nas mãos de estrangeiros. Como se o português não tivesse capacidade para...

Não sei como é possível alguém negar a seca a sul ou rir da situação. Rir, só mesmo de quem nos dias de hoje queira inteiramente viver segundo as vontades do São Pedro.
Ano marcado pela pandemia e que reduziu altamente o turismo, uma das áreas que o PIB português mais depende, portanto, não é de surpreender.

Deve haver adaptação à nova realidade, é um facto, mas falar é fácil e num país onde muitos projetos nunca saem do papel, é ainda mais complicado as pessoas deixarem de estar dependentes daquilo que o tempo lhes dá. O que podem fazer? Desistem daquilo que sempre foi o seu sustento e que sempre gostaram de fazer?

As pessoas certamente vão até à última para conseguirem aguentar as consequências da seca. Só quem trabalhar diariamente na agricultura ou em criação de gado, sabe o quão dramática é a situação.

Como alentejano e tendo familiares que toda a sua vida têm trabalhado na agricultura, é de facto triste ver pessoas a rirem-se ou a negar uma situação que é claramente muito complicada. Depois vai-se ver e não percebem nada do assunto, mas enfim.
 

trovoadas

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3 Out 2009
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O calor de Abril foi tão anormal, que estamos em meados de Junho e hoje já apanhei alfarroba caída no chão e completamente toda preta. :shocking: Lembro-me em puto ir apanhar em meados de Agosto e tem vindo a ser cada vez mais cedo mas em meados de Junho nunca na vida.

@trovoadas , já apanhaste alguma?
Não mas já reparei em alfarrobeiras em que estão todas pintadas nomeadamente na zona de Santa Bárbara/ Estádio do Algarve. Para muitos é normal para mim parece quase surreal! Não sei onde isto vai parar...No geral o estado das árvores é muito mau embora seja inegável que são muito muito resistentes. Estão a aguentar à espera de melhores dias...
 

Davidmpb

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7 Jul 2014
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E qual é a solução?
Em que é que martelar que o sul está em seca (seca crónica, diga-se) resolve alguma coisa? Acho que é exatamente ao contrário. O tema "seca" já é tão banal que são cada vez menos os que lhe prestam atenção. Aliás, novidade será quando não estiver.

A seca a sul existe, é uma realidade e ainda aqui há umas semanas apresentei imagens desoladoras do Baixo Alentejo quando comparado com as zonas de regadio do Alqueva.
A seca existe, não é de agora. Há 20 anos que somos bombardeados com previsões de aquecimento e secas severas. Vivemos, in loco, o que se previu. E agora? Soluções?
A solução terá de ser adaptação, introduzir novas culturas que não necessitem de tanta água, reduzir os campos de golfe, reduzir eventualmente o consumo de carne, sendo que esta última até seria benéfico para o planeta, mas claro que tiraria o sustento a muita gente .
 

algarvio1980

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21 Mai 2007
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Não mas já reparei em alfarrobeiras em que estão todas pintadas nomeadamente na zona de Santa Bárbara/ Estádio do Algarve. Para muitos é normal para mim parece quase surreal! Não sei onde isto vai parar...No geral o estado das árvores é muito mau embora seja inegável que são muito muito resistentes. Estão a aguentar à espera de melhores dias...
Normal, em Junho, só se beberam medonho. :D As minhas têm muito menos fruto e estão quase depenadas de folhas, antes faziam boa sombra, agora pouco fazem. São bastante resistentes, mas não sei até que ponto vão continuar a resistir quando temos um Verão inteiro pela frente.
 

AnDré

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Para a seca não há solução mas tem de haver solução para a vida dos agricultores e criadores, e das condições de vida das populações das áreas atingidas, e se se disser que não há seca a afectar ninguém, que afinal no geral até está melhor do que algum antes, e não se insistir em contrariar essa ideia feita, o problema parece que cai no esquecimento de quem tem poder e tem que responder pelas responsabilidades que lhes estão incumbidas.
Solução não é, certamente, tentar calar quem está sempre a lembrar que o problema existe e não deixa de existir por o ignorarmos, porque neste país parece que é assim que os problemas não se resolvem, por ficarem esquecidos.
Temos opiniões dispares.
Em lado nenhum se disse que não havia seca. O que se disse, e não é mentira nenhuma, é que a norte do Tejo as coisas estão bem melhores que estavam o ano passado.
Generalizar a seca, como dizia em cima, é banalizar um problema que é real. Além do mais, neste momento, todas as capitais de distrito a norte do Tejo estão com precipitação acima da média para o mês de Junho, e com casos pontuais de enormes chuvadas - bastante noticiadas. Ou seja, a grande maioria da população, com memória meteorológica bastante seletiva, viu chover nos últimos dias.
E quando se fala: mas o Alentejo ou o Algarve estão em seca, a resposta é dura: "Mas aí é normal. Eles estão sempre em seca." Ententes?
O facto de termos praticamente todas as albufeiras do norte e centro acima dos 80 ou mesmo 90%, diminui ainda mais o entendimento "da seca". Mas as barragens e os seus gestores cumpriram, desta vez e de forma exemplar, a sua função, que foi armazenar a água no período (ainda que em alguns locais curto) em que choveu.
E atenção que houve lugares, mesmo no Alto Alentejo, onde a precipitação foi muito abundante, com escorrências significativas. Soubesse aproveitar/canalizar essa água para onde não choveu? Não!
Ano marcado pela pandemia e que reduziu altamente o turismo, uma das áreas que o PIB português mais depende, portanto, não é de surpreender.

Deve haver adaptação à nova realidade, é um facto, mas falar é fácil e num país onde muitos projetos nunca saem do papel, é ainda mais complicado as pessoas deixarem de estar dependentes daquilo que o tempo lhes dá. O que podem fazer? Desistem daquilo que sempre foi o seu sustento e que sempre gostaram de fazer?

As pessoas certamente vão até à última para conseguirem aguentar as consequências da seca. Só quem trabalhar diariamente na agricultura ou em criação de gado, sabe o quão dramática é a situação.

Como alentejano e tendo familiares que toda a sua vida têm trabalhado na agricultura, é de facto triste ver pessoas a rirem-se ou a negar uma situação que é claramente muito complicada. Depois vai-se ver e não percebem nada do assunto, mas enfim.
@joralentejano felizmente nem tudo é turismo. E não se pode desprezar a importância de empresas que se modernizaram e estão em contra ciclo. Apesar da crise, da seca e da inflação.
O EDIA tem cada vez mais um papel relevante no Alentejo. Em 2022 saiu altamente penalizado com o galopante preço da energia. Abriram os olhos e lançaram concursos e projetos para aumentar entre 10 a 20 vezes a produção de energia fotovoltaica para se tornarem autossuficientes. Claro que vai levar anos. Mas quando assim for haverá energia para fazer chegar a água do Alqueva para muitas albufeiras a preços acessíveis. Levantar-se-á outro problema: fazer chegar água ao Alqueva (que não deverá chegar para tudo e todos). Isso serão outros quinhentos. Provavelmente só se tomarão medidas quando o gigante lago ficar vazio.

O @Davidmpb deu algumas soluções possíveis que vão contra o que disseste: "desistir daquilo que sempre foi o seu sustento". Se não é sustentável, e se gostam do que fazem, então há que inovar. "Ah e tal, porque sempre assim foi." E se tivéssemos que sustentar/subsidiar todos os ardinas, lavadeiras, varinas, vendedores (videoclubes, enciclopédias) e telefonistas desta vida, como era?

Por norma a sociedade evolui quando enfrenta grandes dificuldades. Esperemos que sim.
 

joralentejano

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algarvio1980

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21 Mai 2007
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Olhão (24 m)

Portugal em seca: “Continuam a regar campos de golfe enquanto o deserto se expande pelo sul. É imoral”, denuncia associação


Várias associações ambientalistas, em entrevista à CNN Portugal, alertam para a situação e apelam a que sejam tomadas medidas efetivas e eficazes para a poupança de água e melhor gestão dos recursos hídricos em Portugal.
Vou ser irónico, se não regarem os campos de golfe, não lavarem os carros, não tomarem banho, não regarem as plantações agrícolas e não gastarem uma gota de água, dou garantia de 100 % que as barragens só perdem volume por evaporação. :D

Só vejo a malta a mandar bitaites, a desgraça é por causa dos campos de golfe e digo sabem quantos milhões de euros o golfe dá ao Algarve em termos económicos por ano, sabem o que é soluções para mitigar a falta de água em vez de andarem a criticar este ou outro sector.

Temos o exemplo do Alentejo, aonde chega a água do Alqueva e aonde não chega. Se a cultura intensiva é a melhor solução, claro que não, e passar por uma agricultura mais sustentável e com poupança de água.
 

StormRic

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Aristocrata

Super Célula
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28 Dez 2008
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Paços de Ferreira, 292 mts
Esta situação da seca afecta-nos a todos, isso é óbvio.

Agora generalizar a seca a todo o país é também obviamente um erro.

Isto para dizer o quê? Portugal tem de definitivamente sair à rua e exigir que se tomem medidas não temporárias de combate à seca.
E isto não se faz aumentando indiscriminadamente o preço ao valor maior que temos, A ÁGUA, um bem essencial.
Já pagamos demasiados impostos, não é sustentável financeiramente aumentar o esforço financeiro à maioria dos portugueses só porque o tema do momento é a seca.
Precisamos de visão estratégica, reafectar verbas de áreas não essenciais de investimento para o combate e mitigação dos efeitos da seca. sabemos todos que este governo não é a solução, mas temos de tentar alguma coisa, senão o problema tende a agravar e as soluções vão ficando pela gaveta, ainda que sejam tão badaladas de tempos a tempos.

Mais barragens, pequenas e estratégicas, dessalinização na costa algarvia, uso de água das etar para agricultura e campos de golfe, etc., tec.. Não sou técnico, não sou especialista. Mas há muito por onde começar...