Seca em Portugal

StormRic

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Portugal continental vai ter primeira central de dessalinização em Albufeira. Espanha já tem 68

A comparação deve ter em conta a extensão da costa em que é necessário e viável instalar centrais, e no caso português o total dos segmentos de costa algarvia em que se justifica a instalação é de certo incomparavelmente menor do que a costa mediterrânica espanhola, só para falar dessa.
 


StormRic

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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)

"
Portugal tem milhares de furos, mas ninguém sabe quanta água estamos a tirar do chão
Se os números de “pontos de água subterrânea (poços, furos, nascentes…) identificados” pela APA são 22.794, vários investigadores com quem o PÚBLICO conversou, como o hidrogeólogo José Paulo Monteiro, do Centro de Ciências e Tecnologias da Água da Universidade de Faro e também do CERIS, falam num cálculo, só para o Algarve, uma região com 5400 km2, de cerca de 25 mil furos.
“Obviamente que isto é muito variável. Na zona do Algarve, Aveiro, Setúbal, há muitos furos porque aí há capacidade. Mas não se pode pegar no valor do Algarve e multiplicar pela área toda do país, varia muito no espaço”, sublinha Rodrigo Proença de Oliveira. “Acredito que seja perto de uma centena de milhar. Mas este é um número que estou a lançar para o ar...”, acautela, no entanto. "
 
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Snifa

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16 Abr 2008
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Seca. O deserto não está tão longe assim.​

Seca. O deserto não está tão longe assim


Um país que vai sendo consumido pela seca, a sul sobretudo, no Interior também. Searas e searas a mirrar, animais por alimentar, agricultores desesperados, a ter de vender o efetivo, a atirar a toalha ao chão. Dedos apontados, críticas e mais críticas, à agricultura intensiva, à água que não sabemos aproveitar, à falta de uma reforma estrutural que permita uma verdadeira gestão eficiente. Enquanto isso, o ministro do Ambiente vai garantindo que este ano não faltará água nas torneiras. Mas o prognóstico é claro: se nada for feito, lá chegaremos.

Carlos Sequeira deambula esmorecido por entre as searas de aveia, é uma imensa mancha de um dourado pálido, a seca levou-lhes o vigor e a ilusão de uma produção profícua, a paisagem é hoje uma réplica mortiça e triste do que foi outrora.

"Era suposto isto ser tudo denso, dar-me pela cinta, não se ver as botas sequer." Mas isso era dantes, quando a chuva caía generosa, quando ainda havia quatro estações, quando não chegavam a meio do ano com a terra já devassada pela aridez.

Agora, os cereais dão-lhe pelos joelhos, as pernas continuam bem visíveis por entre a seara, a densidade é pura utopia.

Estamos em Santa Bárbara de Padrões, freguesia de Castro Verde, sub-região do Baixo Alentejo, está um dia abafado e seco como os campos à volta, o céu está pintalgado de nuvens, mas a chuva - pelo menos a chuva a sério - há muito não mora aqui. "Choveu bem em novembro, qualquer coisa em outubro, qualquer coisa em dezembro." E depois nada, o deserto.

"Recentemente, aqui perto, houve sítios em que caíram 30 litros num curto espaço de tempo, mas esta chuva agora não é nada, só vem estragar".

Carlos Sequeira tem uma propriedade de 640 hectares em Castro Verde. Estima ter perdido 90% da produção


Carlos Sequeira tem uma propriedade de 640 hectares em Castro Verde.

Estima ter perdido 90% da produção de aveia por culpa da seca

Foto: Reinaldo Rodrigues/GI

Ana Tulha

Ontem às 22:28

 

Davidmpb

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23 Jul 2017
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Ao ler o artigo surgiu-me uma questão para a qual não tenho uma resposta mas que me deixou a pensar...

Será que a limpeza dos terrenos, que normalmente ocorre antes da floração, está a contribuir para agravar o problema do decréscimo das abelhas? Ou será que não tem grande influência?

E, esta questão surgiu-me depois de hoje ter lido uma notícia do JN que indica que as vendas de glifosato aumentaram após os incêndios de 2017 por causa da maior pressão para limpeza de terrenos e a falta de meios para limpar, o que fez com que particulares e entidades públicas passassem a usar em maiores quantidades este herbicida perigoso.

Vendas de herbicida cancerígeno aumentam e só 7% dos municípios deixaram de o usar
 
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StormRic

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Ao ler o artigo surgiu-me uma questão para a qual não tenho uma resposta mas que me deixou a pensar...

Será que a limpeza dos terrenos, que normalmente ocorre antes da floração, está a contribuir para agravar o problema do decréscimo das abelhas? Ou será que não tem grande influência?

E, esta questão surgiu-me depois de hoje ter lido uma notícia do JN que indica que as vendas de glifosato aumentaram após os incêndios de 2017 por causa da maior pressão para limpeza de terrenos e a falta de meios para limpar, o que fez com que particulares e entidades públicas passassem a usar em maiores quantidades este herbicida perigoso.

Vendas de herbicida cancerígeno aumentam e só 7% dos municípios deixaram de o usar
Haverá influência certamente, só não se sabe com que importância. No perímetro urbano em que vivo e onde observo quotidianamente o estado da população de insectos, ao mesmo tempo que vejo a doentia persistência dos serviços autárquicos em deixar os terrenos, e jardins, arrasados até ao nível do solo, não deixando flor alguma sobreviver, noto uma diminuição drástica de todos os insectos, começando por aqueles que mais chamam a atenção quando são observados casualmente: os polinizadores.
 

Davidmpb

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Ao ler o artigo surgiu-me uma questão para a qual não tenho uma resposta mas que me deixou a pensar...

Será que a limpeza dos terrenos, que normalmente ocorre antes da floração, está a contribuir para agravar o problema do decréscimo das abelhas? Ou será que não tem grande influência?

E, esta questão surgiu-me depois de hoje ter lido uma notícia do JN que indica que as vendas de glifosato aumentaram após os incêndios de 2017 por causa da maior pressão para limpeza de terrenos e a falta de meios para limpar, o que fez com que particulares e entidades públicas passassem a usar em maiores quantidades este herbicida perigoso.

Vendas de herbicida cancerígeno aumentam e só 7% dos municípios deixaram de o usar
Ainda há uns tempos, os trabalhadores da junta estavam a ultizar glifosato aqui ao pé de casa para matar as ervas, só me apetecia era ir ao pé deles para pararem...:facepalm:
 
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12 Out 2017
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Artigo de Maria Carolina Varela (Engenheira Silvicultora e Investigadora Florestal) publicado no jornal Expresso numa versão reduzida a 26/05/2023, mas na integra no Blog de Raquel Varela, a 16/06/2023.

Falta de água ou falta de uso sustentável da água?
A agricultura (irrigação, pecuária e aquacultura) representa 69% das captações anuais de água a nível mundial, tornando-a no setor que mais consome água no planeta.” Fonte ONU, Centro Regional de Informação para a Europa Ocidental.

Quem não poupa água e lenha, não poupa nada do que tenha. Este dizer é uma forma popular de avisar as pessoas para a necessidade de usar a água de forma sustentável, foi provavelmente criado por alguém que tinha a noção empírica de sustentabilidade sem conhecer a palavra “sustentável”.

O problema da escassez de água no Sul de Portugal e da Península Ibérica é uma calamidade penosa que deriva da descontrolada expansão das culturas em regadio intensivo e campos de golf. Em zonas onde o clima é caracterizado por baixa quantidade de chuva, a atividade Humana dependente da disponibilidade de água tem de ser planeada para os valores mínimos de precipitação e não para a média.

O uso sustentável da água tem de começar pelo licenciamento prudente dos usos da terra. Porém, o que assistimos é à aprovação incessante, de forma danosa para os interesses do país, de vastas áreas de regadio e outras atividades de que implicam enorme consumo de água. As corporações que buscam o sul de Portugal para instalar atividades depredadoras de água são movidas pela voracidade do lucro. De per se nenhuma empresa vai pautar os seus investimentos pelo uso sustentável da água, impor contenção é da responsabilidade das autoridades que têm a tutela do assunto.


As empresas privadas têm conseguido expandir as áreas de culturas regadas aos milhares de hectares. Ao invés da agricultura que se basei em uso sustentável da água, esta agricultura intensiva gera lucros enormes, rápidos e fáceis e é feita em exploração do tipo mineira. Quando os recursos da água e do solo se esgotam abandonam essa zona e reiniciam o ciclo noutro sítio ou noutro país qualquer.

Entre as culturas intensivas de regadio destacam-se a produção de frutas e legumes em estufa. No Mediterrâneo o pináculo é atingido nas imensas áreas de estufas em Almeria, de tal maneira imensas que tomaram o epiteto de “mar de plástico”. Até à década de 1950 na zona dominava a vegetação rasteira, as pastagens e algumas pequenas parcelas para cultivo sazonal. Em Portugal está a desenrolar-se um cenário idêntico com as estufas em Odemira. Mas o processo está a expandir-se a outras zonas do país.

O consumo insustentável da água vai muito para além das estufas. A milenar oliveira, tão respeitada pela sua frugalidade, pela capacidade de crescer e dar azeitona em montes e serras de solos esqueléticos pedregosos com escassa chuva e estios abrasadores, está a ficar irreconhecível. Está trasvestida numa cultura agrícola intensiva em regadio, onde já não existem as majestosas e centenárias árvores, mas umas moitas grotescas amontoadas em linhas, ridiculamente atarracadas que têm vida económica curta. Mas não é apenas a oliveira. Ao cortejo juntam-se outras espécies cultivadas em sequeiro há séculos e louvadas pela sua resistência como a vinha e a amendoeira. E já se fazem experiências-piloto para sobreiro com rega gota-a-gota.

A indústria (incluindo a geração de energia) é responsável por 19% do consumo de água e as famílias por 12%, todo o restante é consumido pelo sector agrícola.

Por baixo desses milhares de “árvores” transformadas em sebes a poder de máquinas consumidoras de combustível, estão quilómetros de tubos de plástico com goteiras que drenam incontáveis metros cúbicos das albufeiras que só têm a água da chuva como fonte de alimentação. Para agravar a escassez estival de água, muitas albufeiras têm as margens plantadas com eucalipto, uma árvore que a evolução natural dotou com uma fisiologia e arquitetura de raízes capaz de ir buscar água a profundidades sem par nas espécies mediterrânicas autóctones. As barragens do Alentejo e do Algarve foram construídas para complemento das culturas de sequeiro. As que nos anos recentes exibem mais problemas situam-se nos cursos dos rios Sado, Mira, Odelouca, Arade e afluentes terminais do Guadiana. Todos estes cursos de água nascem nas serras do Algarve que estão cobertas em grandes extensões por eucalipto que substituíram o sobreiro, as pastagens de sequeiro e outros usos seculares dessas terras.

Este consumo insustentável de água é um tabu que ninguém aborda, sejam políticos ou técnicos do setor.

Todos os discursos políticos e técnicos, repetidos pelos meios de informação, culpam a SECA. Quando o problema toma dimensões dramáticas, surgem os remendos -medidas conjunturais a jusante como o aumento do preço da água e o apelo à diminuição do consumo doméstico. São paliativos para afastar responsabilidades e encobrir o cerne do problema. Os midia espalham que os cidadãos urbanos podem contribuir para o alívio do problema se abrirem menos as torneiras das suas casas. Quando o nível da água das albufeiras se torna critico é certo que isso se torna imperativo até à próxima época de chuvas. Mas difundir que o uso familiar é parte do problema e incutir essa ideia no cidadão ingénuo é profundamente desonesto, sobretudo quando se sabe que o consumo doméstico representa pouco mais de 10% do consumo total de água.

Transferir a responsabilidade para o nível pessoal e criar a culpa no cidadão é toldar-lhe a capacidade de questionar sobre as causas estruturais e porque é que estão a ser omitidas.

Os Povos Mediterrânicos, nomeadamente o Sul de Portugal, lidam com a prolongada seca estival há milénios. Já os Romanos construíram barragens no SW da Espanha, como a albufeira de Proserpina, perto de Mérida, que foi sofrendo as necessárias manutenções e ainda hoje funciona. Os sistemas de regadio que os Árabes trouxeram para a Península Ibérica são mais um dos engenhos Humanos para o aproveitamento judicioso da água. Os egípcios usavam os nilómetros para medir o nível das cheias do Nilo e prever as colheitas em consonância. Os ciclos de chuva / seca já são descritos na BIBLIA, Gênesis 41, « Então chegaram ao fim os sete anos de abundância que houve na terra do Egito. E, como José havia predito, começaram a vir os sete anos de fome. Havia carestia e fome em todas as terras vizinhas, mas em todo o Egito havia o que comer.… E concluiu José: “Agora, portanto, que o Faraó escolha um homem inteligente e sábio e o estabeleça sobre toda a terra do Egito. Que o Faraó aja e institua funcionários supervisores na terra para recolher um quinto da colheita do Egito durante os próximos sete anos de fartura. Eles deverão reunir todos os víveres que puderem desses bons anos que virão e acumular reservas de trigo que, sob o controle do Faraó, serão armazenados nas cidades. Essa poupança servirá de reserva especial para os sete anos de fome que se abaterão sobre o Egito, a fim de que a terra não seja aniquilada e o povo não morra de fome!”

Os ciclos de chuva excelente e seca sempre existiram. Acontecem de forma errática e fazem parte da normalidade do clima de cada região. Viver com a média é bastante acessível, o engenho está em saber viver com os mínimos. Mas não há nenhuma técnica, por mais sofisticada, que permita gastar mais água do que a que as albufeiras podem armazenar com a precipitação que os céus nos oferecem.


Fontes:
https://leitor.expresso.pt/semanari...ao/falta-de-agua-ou-falta-de-uso-sustentavel-



 

Dan

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Haverá influência certamente, só não se sabe com que importância. No perímetro urbano em que vivo e onde observo quotidianamente o estado da população de insectos, ao mesmo tempo que vejo a doentia persistência dos serviços autárquicos em deixar os terrenos, e jardins, arrasados até ao nível do solo, não deixando flor alguma sobreviver, noto uma diminuição drástica de todos os insectos, começando por aqueles que mais chamam a atenção quando são observados casualmente: os polinizadores.
Mais uma prática que não serve o objetivo para o qual é destinada, mas contribui para reduzir ainda mais a biodiversidade.
 

StormRic

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É importante que quem anda a apregoar que não há seca, que já passou, etc leia bem este artigo. E não é com as albufeiras cheias que se resolve este problema imediato, não se pode transformar a água das barragens em alimento para os animais, já para não falar das culturas onde não chega nem nunca chegará o regadio. É disto que falamos quando martelamos frequentemente com o aviso de que a sul do Tejo a situação está má e vai piorar e não é nas comparações com anos anteriores ou com a média norte-sul que se oculta o problema.
 

Davidmpb

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É importante que quem anda a apregoar que não há seca, que já passou, etc leia bem este artigo. E não é com as albufeiras cheias que se resolve este problema imediato, não se pode transformar a água das barragens em alimento para os animais, já para não falar das culturas onde não chega nem nunca chegará o regadio.
Exatamente, quem anda no terreno é que sabe como a situação está... Volto a referir, que este ano estamos pior do que o ano passado em igual período, isto principalmente, a sul de Montejunto Estrela... O ano passado ainda choveu algo na Primavera, este ano além de pouca chuva houve bastante calor, o que acentou a secura dos solos, e quando veio alguma instabilidade já veio tarde, não admira que muitos agricultores estejam a vender animais, pois já não conseguem suportar os custos, devido ao alto valor dos alimentos.
Em relação às albufeiras, estamos numa situação mais ou menos confortável neste momento.
 

AnDré

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É importante que quem anda a apregoar que não há seca, que já passou, etc leia bem este artigo. E não é com as albufeiras cheias que se resolve este problema imediato, não se pode transformar a água das barragens em alimento para os animais, já para não falar das culturas onde não chega nem nunca chegará o regadio. É disto que falamos quando martelamos frequentemente com o aviso de que a sul do Tejo a situação está má e vai piorar e não é nas comparações com anos anteriores ou com a média norte-sul que se oculta o problema.

Exatamente, quem anda no terreno é que sabe como a situação está... Volto a referir, que este ano estamos pior do que o ano passado em igual período, isto principalmente, a sul de Montejunto Estrela... O ano passado ainda choveu algo na Primavera, este ano além de pouca chuva houve bastante calor, o que acentou a secura dos solos, e quando veio alguma instabilidade já veio tarde, não admira que muitos agricultores estejam a vender animais, pois já não conseguem suportar os custos, devido ao alto valor dos alimentos.
Em relação às albufeiras, estamos numa situação mais ou menos confortável neste momento.
E qual é a solução?
Em que é que martelar que o sul está em seca (seca crónica, diga-se) resolve alguma coisa? Acho que é exatamente ao contrário. O tema "seca" já é tão banal que são cada vez menos os que lhe prestam atenção. Aliás, novidade será quando não estiver.

A seca a sul existe, é uma realidade e ainda aqui há umas semanas apresentei imagens desoladoras do Baixo Alentejo quando comparado com as zonas de regadio do Alqueva.
A seca existe, não é de agora. Há 20 anos que somos bombardeados com previsões de aquecimento e secas severas. Vivemos, in loco, o que se previu. E agora? Soluções?
 
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joralentejano

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21 Set 2015
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É importante que quem anda a apregoar que não há seca, que já passou, etc leia bem este artigo. E não é com as albufeiras cheias que se resolve este problema imediato, não se pode transformar a água das barragens em alimento para os animais, já para não falar das culturas onde não chega nem nunca chegará o regadio. É disto que falamos quando martelamos frequentemente com o aviso de que a sul do Tejo a situação está má e vai piorar e não é nas comparações com anos anteriores ou com a média norte-sul que se oculta o problema.
É isso que tenho referido nalgumas situações em que se coloca em causa a existência de uma seca muito grave na Região Sul. Aqui no Alto Alentejo, as barragens estão cheias, mas não há comida para os animais e já tenho conhecimento de pessoas que estão a vender gado porque não têm como os alimentar. É importante referir que estamos no início do verão e a situação em relação às pastagens é normal de setembro. Desde meados de janeiro que não chove nada de significativo, mas o pior para este caso foi o mês de abril muito quente e sem chuva porque para além de se entrar no estio mais cedo que o normal, não houve chuva para que as searas se desenvolvessem.
Já houve anos em que choveu pouco no inverno, mas o facto de chover alguma coisa na primavera sempre fazia a diferença.

O futuro do Alentejo é este, acho que todos reconhecemos isso, mas não deixa de ser triste ver o sustento de uma região ser destruído.

No entanto, ainda mais triste que isto, é haver quem se ria do assunto.