Associadas a uma depressão que também afectará o vizinho arquipélago das Canárias, a Madeira deverá enfrentar chuvas fortes no próximo domingo e na terça-feira. Os valores de precipitação previstos, indicados em vários sites meteorológicos disponíveis na Internet apontam, particularmente na terça-feira, para níveis próximos do 20 de de Fevereiro de 2010. Isso mesmo nos foi confirmado por várias fontes que reputamos de credíveis, entre elas a do geógrafo e ecologista Raimundo Quintal, que, todavia, foi muito claro ao considerar que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera é uma entidade mais que credível, salientando que o mesmo ainda não emitiu nenhum aviso de particular relevância à população.
As Canárias já se estão a preparar para o embate da borrasca, prevendo a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) chuvas torrenciais em Gran Canaria e Tenerife, onde espera precipitação de até 15 litros por metro quadrado em apenas uma hora e até 60 litros em 24 horas.
O Funchal Notícias contactou a Câmara Municipal do Funchal para saber se a edilidade já pôs em marcha algum plano para fazer frente às chuvas que se aproximam, como, por exemplo, a limpeza das adufas da cidade, para facilitar as escorrências. Porém, do gabinete da Presidência chegou-nos a informação, há dois dias, que a indicação que a autarquia tinha do Serviço Municipal de Protecção Civil “é que se prevê, apenas, um ligeiro agravamento da situação meteorológica para o fim-de-semana, que não será suficiente para accionar o alerta amarelo”.
Contactado o director do Observatório Meteorológico do Funchal, Vítor Prior, este considerou, por seu turno, ao FN que os valores da precipitação que ocorrerão, particularmente na terça-feira, não chegarão a aproximar-se dos do 20 de Fevereiro de 2010. Por outro lado, considerou não existir razão para alarmismos, principalmente porque entende que, com três ou quatro dias de antecedência, é extemporâneo fazerem-se previsões de valores da precipitação com algum grau de certeza.
No entanto, o meteorologista não deixou de confirmar que haverá precipitação, começando particularmente com maior incidência no domingo, a partir do meio da manhã, com “chuva moderada e potencialmente forte nas regiões montanhosas”. Admitiu que a mesma poderá, eventualmente, motivar um aviso amarelo, e adiantou que no sábado reunirá com a Protecção Civil para avaliar a situação e recomendar eventuais medidas a tomar. A chuva tornar-se-á mais forte a partir do meio-dia de domingo.
Já na terça-feira, a situação torna-se possivelmente mais preocupante, já que a chuva decorrerá sensivelmente durante o dia todo. Vítor Prior diz que choverá continuamente, mas que haverá picos de precipitação em algumas horas. No entanto, há que aguardar até domingo para se poder ter a efectiva noção da gravidade, ou não gravidade da chuva que atingirá o arquipélago da Madeira na terça-feira. Os valores da precipitação, insiste, estarão porém “muito longe do 20 de Fevereiro” [de 2010].
Vítor Prior aconselha as pessoas a não se preocuparem excessivamente, alimentando pânicos inúteis. Ao invés, devem manter-se atentas aos avisos que eventualmente sejam transmitidos pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera e pela Protecção Civil.
Por seu turno, o geógrafo Raimundo Quintal admitiu ao Funchal Notícias que tem acompanhado as previsões de vários sites meteorológicos que apontam para níveis de precipitação elevados, mas, como dissemos, sublinhou a inteira credibilidade do IPMA, que, confia, emitirá certamente os necessários avisos à população se a situação se agravar. Porém, e independentemente da gravidade da precipitação, comentou que há boas práticas que deveriam ser tomadas, tanto por parte da Câmara Municipal do Funchal como do Governo Regional, para prevenir situações potencialmente mais gravosas com índices de precipitação elevados. A limpeza das adufas está entre elas. Raimundo Quintal diz ter constatado, ainda recentemente, que as adufas na Avenida Zarco, perto do Palácio de São Lourenço, estão entupidas, situação pouco aceitável quando se toma em consideração que aquele arruamento foi ainda recentemente alvo de obras de beneficiação. As adufas dos outros arruamentos poderão encontrar-se,provavelmente, em ainda pior estado de limpeza.
Por outro lado, o ecologista sublinhou que na estrada entre o Terreiro da Luta e o Poiso encontram-se numerosos troncos de árvores em risco de cair para a estrada e atingir os automóveis; ainda recentemente, disse, uma árvore atingiu o carro de um turista que ali circulava.
Por outro lado, preocupam este antigo vereador da Câmara Municipal do Funchal situações como a existente entre a Rotunda dos Viveiros e a Rotunda da Fundoa. Ali, sublinha, encontra-se um grande perigo para a cidade. Junto à Rotunda dos Viveiros a ribeira está “coberta, estrangulada”, e acima existem vertentes que ameaçam deslizamento de terras e de árvores que poderiam entupir a ribeira. É um cenário que classifica de “verdadeiramente assustador”, pois se aquela zona entupir, poderá verificar-se “uma calamidade para o Funchal”.
Como pontos positivos, Raimundo Quintal diz que aparentemente o radar meteorológico do Porto Santo está a funcionar bem, não padecendo aparentemente dos mesmos problemas que o radar militar, e que isto constitui mais um instrumento de aviso para acautelar situações graves de mau tempo.