Seguimento Açores e Madeira - Julho 2015

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Comparando a saída do ECM com a do GFS, percebe-se as diferenças. Em termos gerais, o ECM modela dois núcleos anticiclónicos. O núcleo situado a nordeste dos Açores traz ar frio. O núcleo situado a sul e que se estende em crista pelo G. Oriental continua a trazer ar muito húmido de este. O resultado é a chuva intensa modelada. O GFS une os dois núcleos. O ar frio não chocaria (tão violentamente) com o ar quente:

ia9NRR4.png


zhsHuQy.png


Ver-se-á. Mas tormentas no Verão não são novidade.
 
Li que o El Niño este ano vai fazer com que a temporada de furações seja menos intensa, ou seja menos furações... mas se algum vier para os Açores pode ser feio, é isso?!
Sim, e leste bem, possível resultado disso é a NAO (north Atlantic oscillation) negativa, (diferença de pressão do AA e as baixas pressões da Islândia).
Isto conjugado com o fraco AA, a proximidade de águas próximas da temperatura ideal para o desenvolvimento positivo de tempestades tropicais.
Portanto, se observarmos a imagem, podemos ver claramente que a mancha de 26°c estende-se em crista até as proximidades dos Açores, ao contrário da costa de África tropical onde a temperatura não é a ideal para o desenvolvimento, só mesmo na área de ITCZ esse valor é ideal.
Com isto, poderá haver uma deslocalização das tempestades, caso a NAO persista negativa e as SST a aumentar na nossa direcção, a probabilidade de sermos atingidos por um sistema mais forte é real!
O que são as condições ideais:
Agua igual, ou superior a 26°c
Ar quente e húmido + zonas convectivas
Ventos convergentes
Isto tudo somado = a baixa pressão/instabilidade.
Quanto mais rápido se der as trocas de ar, entre o ar quente e húmido da superfície e ar frio e seco em altitude, maior a Velocidade de circulação, logo maiores os ventos de superfície.

Para que as condições não sejam as ideais, basta tirar um elo dos acima mencionados.
A base é aquela.
Claro que existem outros fatores, mas de grosso modo é isto.

Logo, se a temperatura aumentar, a probabilidade também. Não quer dizer que irá acontecer obrigatoriamente, pelo menos eu dispensaria de todo!

Edit: correção de alguns erros.
 
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Para complementar a informação anterior, mostro a anomalia da SST.
0781f817aed95ce17b34ee22f8c8cbf8.jpg

Ou seja, a tempestade Claudette, só vem confirmar mais uma vez a deslocalização...
 
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Boa noite!

Sigo com céu limpo/pouco nublado, muito nublado em algumas zonas e vento fraco. A temperatura ronda os 22°C e a humidade está na casa dos 90%.

Hoje, foi mais um dia húmido e abafado. O céu apresentou-se, no geral, encoberto/muito nublado, com abertas para o início da noite. Caiu um aguaceiro forte de manhã.

As temperaturas máximas de ontem foram, de uma forma geral, inferiores às dos dias anteriores.


Temperaturas máximas registadas – 16/07/2015

- Estação do Aeródromo do Corvo: 22,9ºC
- Estação do Aeródromo das Flores: 24,1ºC
- Estação do Observatório Príncipe Alberto do Mónaco, na Ilha do Faial: 24,6ºC
- Estação do Aeroporto da Horta, na Ilha do Faial: 24,6ºC
- Estação do Aeródromo do Pico: 24,3ºC (com falhas)
- Estação do Aeródromo de São Jorge: 25,6ºC
- Estação do Aeródromo da Graciosa: 24,6ºC
- Estação de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira: 25,5ºC
- Estação da Base Aérea das Lajes, na Ilha Terceira: 26,2ºC
- Estação do Aeroporto de Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel: 24,6ºC
- Estação do Observatório Afonso Chaves, na Ilha de São Miguel: 26,8ºC
- Estação do Nordeste, na Ilha de São Miguel: 27,6ºC
- Estação do Aeroporto de Santa Maria: 26,4ºC


A máxima mais alta foi 27,6°C, registada no Nordeste.
 
Confesso que tenho ligado pouco ao ECM e ao IPMA

Na minha opinião, ver o tefigrama diário do IPMA (o das Lajes já que é a única localização em que são disponibilizados dados), que está disponível por volta das 14:30/15h, é fundamental para se ter uma ideia de como o estado do tempo está a ser e como vai continuar nas horas subsequentes (mesmo seguindo o GFS que tem muitas atualizações). A poucas horas de distância os modelos são geralmente pouco fiáveis. Daí a importância do nowcasting. Dou-te um exemplo:

LL2oqZW.png


trZqasH.png


Em termos gerais, o GFS das 6 acertou no LI (-2 previsto; -1.9 observado). Mas subavaliou o CAPE em algumas centenas. Mas como viste anteriormente o erro pode ser muito maior. O tefigrama é também útil para uma visão geral dos ventos, da água precipitável (TPW no tefigrama) e até da camada mais instável (isto se não se souber interpretar o gráfico; os dados anteriormente mencionados estão diretamente escritos). Sabendo interpretar o gráfico é ainda melhor. É possível ver que camadas estão mais saturadas, se há alguma inversão... Claro que são sempre suposições porque ambos vivemos longe da Terceira (tu a +-124 kms e eu a +-170 kms). Mas é melhor que nada :D
 
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Atenção, o vento não necessita necessariamente de ser forte, terá é que ser aproximadamente idêntico nas várias camadas, caso contrário há um cisalhamento, ou seja, a célula não fica com um perfil vertical, mas sim lateral, o que impede o seu desenvolvimento. Hoje por cá houve alguns exemplos disso, pena não ter fotografado isso...

Algo como isto?

GKVLpEN.jpg


2rwvOND.jpg


pFu3qm8.jpg


Isto é o updraft tilt. Pouca convectividade e ventos fortes na atmosfera.
 
Algo como isto?

GKVLpEN.jpg

[/

A uma escala menor que esta, não madura, nesta podemos verificar a boa convergência nos níveis baixos e depois há uma gradual aumento da velocidade nos níveis superiores, dissipando e limitando o desenvolvimento vertical.
Algo como isto:
___________________>
______________>
____>

Imagina Isto um corte vertical da atmosfera e as "setas" As diferentes velocidades aos diferentes níveis. Mas no entanto a convergência dos ventos ao nível baixo é óptima.

Sim é um updraft
 
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Neste momento está uma frente fria a passar pelos Açores:

zRoftHQ.jpg


Aos 925 hPa a atividade é muito fraca:

gUWlxFc.gif


Isto faz com que o muito ar húmido junto à superficie não seja um fator muito determinante:

zsBFds8.gif


Os ventos mais ou menos a este nível também não se diferenciam muito entre si:

dq5ZIiN.gif


RcgJts6.gif


A atividade está principalmente nos 850 hPa:

E4yOJPl.gif


O ar frio após a frente tem a particularidade de ser muito seco e a faixa de humidade é muito reduzida:

cr7aKBz.gif


Há CAPE, muita água precipitável e os ventos são significativos:

QuuIlzk.png


W4K5wHh.gif


y3rVTxk.png


Descritivamente, esta é uma frente que não tem muito suporte a 925 hPa nem a 700 hPa. A faixa reduzida de humidade reduz o campo de precipitação. Mas tem um bom gradiente térmico. O ar muito seco no nível acima - 700 hPa - reduz as possibilidades de chuva e de chuva estratiforme.

f4JJSpw.png


Desta forma, há mais possibilidade de haver chuva convectiva fruto de algum desenvolvimento local. Especialmente onde houver convergência nos níveis mais baixos, aproveitando o CAPE e o ar muito húmido. Um aguaceiro mais intenso é possível.

Juntando visualmente tudo o que escrevi, dá nisto:

w9lZLjm.jpg


8o1jQ0n.jpg


Esta análise teve por base o GFS. Novamente, as diferenças são óbvias:

EZfIRg3.png


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