Seguimento Açores e Madeira - Março 2021

lserpa

Cumulonimbus
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29 Dez 2013
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Horta, Matriz, (90m)
Os registos mais elevados foram registados em estações costeiras. A baixa altitude.

Não deixa de poder ter influência orográfica. A célula ao esbarrar com a ilha, fica “presa”.
Na minha realidade local, as células deixam mais precipitação a cotas mais baixas e a Barlavento, (não é regra obrigatória). A causa é orográfica e a ilha amplifica o seu crescimento criando lift físico. Uma “catapulta” como costumo lhe chamar.
Depressões do género não são uma raridade aqui pelos Açores.
Um exemplo disso, as últimas cheias de Angra do Heroísmo.
As cheias de são Roque do Pico... etc...


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lserpa

Cumulonimbus
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29 Dez 2013
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Horta, Matriz, (90m)
Ao contrário do evento do dia de Natal na costa Norte, onde a convecção era gerada de forma sistemática no mesmo sitio, no evento de ontem a convecção vinha já pujante do mar, a sudeste/este do Funchal. Não havia propriamente convecção a ser gerada nas montanhas da cidade, até porque os acumulados montanhosos foram bastante inferiores aos costeiros. Os constantes ecos vermelhos já faziam pressupor que a questão era séria.

O Lift orográfico impulsiona o lifted index já existente.
Sendo uma área de convergência, os ventos estavam favoráveis a todos os níveis, as células ao aproximarem-se da Madeira, colidem contra a ilha e essa “massa” ao colidir com a ilha, aumenta a produção de trovoada e a sua potência, porque há um aumento do lift. Mias calor latente a chegar a níveis mais altos.
Se o updraft é maior, o downdraft também.

Daí, os acumulados maiores serem a cotas mais baixas, pois a “massa” vai tentar se esgueirar por onde hover menos resistência, contornando assim a orografia acentuada da Madeira.


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Hawk

Cumulonimbus
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Não deixa de poder ter influência orográfica. A célula ao esbarrar com a ilha, fica “presa”.
Na minha realidade local, as células deixam mais precipitação a cotas mais baixas e a Barlavento, (não é regra obrigatória). A causa é orográfica e a ilha amplifica o seu crescimento criando lift físico. Uma “catapulta” como costumo lhe chamar.
Depressões do género não são uma raridade aqui pelos Açores.
Um exemplo disso, as últimas cheias de Angra do Heroísmo.
As cheias de são Roque do Pico... etc...


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Sim, já ontem tinha referido esse efeito da "retenção" da convecção pela cordilheira central da ilha, que eventualmente pode provocar um abrandamento do movimento das células. O que eu quero referir no meu post é que pelo radar via-se já a aproximação de células muito potentes às primeiras horas da manhã, pelo que a partir do momento que tocassem terra haveria sempre problemas.

Há eventos aqui na Madeira, semelhantes ao do dia de Natal, em que não existem ecos em aproximação, e de repente começam a surgir ecos amarelos e laranja nas montanhas, e nada à volta da ilha. Ontem não foi desse tipo de eventos. Não é estar sempre a bater no ceguinho, mas um dia onde se ultrapassam os valores do 20 de Fevereiro em vários pontos da ilha, e com radares à disposição, não pode começar com um aviso amarelo.
 

lserpa

Cumulonimbus
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29 Dez 2013
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Horta, Matriz, (90m)
O Lift orográfico impulsiona o lifted index já existente.
Sendo uma área de convergência, os ventos estavam favoráveis a todos os níveis, as células ao aproximarem-se da Madeira, colidem contra a ilha e essa “massa” ao colidir com a ilha, aumenta a produção de trovoada e a sua potência, porque há um aumento do lift. Mias calor latente a chegar a níveis mais altos.
Se o updraft é maior, o downdraft também.

Daí, os acumulados maiores serem a cotas mais baixas, pois a “massa” vai tentar se esgueirar por onde hover menos resistência, contornando assim a orografia acentuada da Madeira.


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Esta é apenas a minha leitura, atenção!
Nem é de longe uma verdade absoluta


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lserpa

Cumulonimbus
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29 Dez 2013
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Horta, Matriz, (90m)
Sim, já ontem tinha referido esse efeito da "retenção" da convecção pela cordilheira central da ilha, que eventualmente pode provocar um abrandamento das células. O que eu quero referir no meu post é que pelo radar via-se já a aproximação de células muito potentes às primeiras horas da manhã, pelo que a partir do momento que tocassem terra haveria sempre problemas.

Há eventos aqui na Madeira, semelhantes ao do dia de Natal, em que não existem ecos em aproximação, e de repente começam a surgir ecos amarelos e laranja nas montanhas, e nada à volta da ilha. Ontem não foi desse tipo de eventos. Não é estar sempre a bater no ceguinho, mas um dia onde se ultrapassam os valores do 20 de Fevereiro em vários pontos da ilha, e com radares à disposição, não pode começar com um aviso amarelo.

No evento do Natal, foi mais uma questão de “seeding” Altuscumulos e a estratificação de camadas.

Precipitação a níveis médios e baixos. Em que a precipitação do nível mais elevado alimenta a do nível inferior e que por sua vez alimenta a camada mais abaixo, gerando assim precipitação forte não celular.
O radar não vai detetar muito bem os efeitos locais.

Percebo o teu ponto de vista e, sim, também é orográfica.
Mas em níveis mais baixos e numa sinóptica diferente
Penso eu


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Orion

Furacão
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Ao contrário do evento do dia de Natal na costa Norte, onde a convecção era gerada de forma sistemática no mesmo sitio, no evento de ontem a convecção vinha já pujante do mar, a sudeste/este do Funchal. Não havia propriamente convecção a ser gerada nas montanhas da cidade, até porque os acumulados montanhosos foram bastante inferiores aos costeiros. Os constantes ecos vermelhos já faziam pressupor que a questão era séria.

Só eles poderão responder. Só me limitei a especular :D

A que se devem as falhas do IPMA? Se calhar continuaram à espera da prevista dispersão da convecção (tendencialmente de baixa intensidade).

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StormRic

Furacão
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
E continua tudo apagado. Esta noite a população do Funchal e arredores não dorme...dá uns momentos de calma e depois bummm! Um forte trovão para acordar todo o mundo num salto.

Terá sido esta DEA, não encontro registo próximo assim potente:
jlmjpLJ.jpg


E outras:
PVY9NSC.jpg


SNSSe7i.jpg


Descargas deste calibre em zonas montanhosas ou vales devem dar um tremendo efeito sonoro... :shocking:

Nesta altura as linhas de instabilidade parecem situar-se a sul da Ilha.
36 horas do radar, desde a 1h de ontem às 13h (utc) de hoje:



Acumulados horários: o apagão apagou várias estações, não sei se se perderam mesmo os registos. Não há publicação dos registos da 01h, 02h e 03h de hoje, com excepção de duas estações.

vqSoUQ2.jpg


6F4hSIp.jpg


E9oJa0V.jpg


O extremo sul da Costa Sul, o Lido, voltou a apanhar com as células que passavam de raspão:
hcza39a.jpg


lnM45jQ.jpg


pjU3Qbk.jpg


As estações de montanha com valores modestos, relativamente claro.
nGWmB2r.jpg


nTmd50A.jpg


FyjMZw8.jpg


A última hora de registos está muito incompleta ainda, persiste dificuldade de comunicações com várias estações.
 

joralentejano

Super Célula
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Acumulados de ontem em algumas estações da Madeira:
Xv5we1K.png


A estação do Observatório do Funchal deverá ter tido um valor superior ao da estação do Lido. Houve alguns prejuízos, mas podia ter sido pior caso as células tivessem atingido as montanhas com a intensidade que tiveram no Funchal, por causa da ribeiras que foram também um dos grandes problemas em 2010. A curva para oeste e a orografia ajudaram as células intensas a ficarem retidas mais perto da costa.

A estação netatmo de Santa Luzia segue com 55mm. Dois registos horários superiores a 20mm.
20.1mm das 2h ás 3h e 20.7mm das 6h ás 7h quando a estação do Lido registou 19.4mm. No outro período não debitou dados.
 

Hawk

Cumulonimbus
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Acumulados de ontem em algumas estações da Madeira:
Xv5we1K.png


A estação do Observatório do Funchal deverá ter tido um valor superior ao da estação do Lido. Houve alguns prejuízos, mas podia ter sido pior caso as células tivessem atingido as montanhas com a intensidade que tiveram no Funchal, por causa da ribeiras que foram também um dos grandes problemas em 2010. A curva para oeste e a orografia ajudaram as células intensas a ficarem retidas mais perto da costa.

A estação netatmo de Santa Luzia segue com 55mm. Dois registos horários superiores a 20mm.
20.1mm das 2h ás 3h e 20.7mm das 6h ás 7h quando a estação do Lido registou 19.4mm. No outro período não debitou dados.

Funchal Observatório registou 197.2 mm em 24h.

Quanto às ribeiras, estas estruturas construídas pós-20 Fevereiro têm sido determinantes para não chegar material sólido ao centro da cidade e não afectar a sua área de vazão. Lembro-me de nos temporais de antigamente ouvir pedregulhos a serem arrastados dentro da ribeira e morava a 1.5 km da ribeira mais próxima. Hoje isso já não é audível, mesmo quando há muita pluviosidade nas montanhas. Existem 4 ou 5 linhas destas ao longo das principais ribeiras e as autoridades têm contacto visual através de webcams com o que passa em cada uma delas num dado momento. Ao centro da cidade chega maioritariamente água e lama, mas pedregulhos não.

maxresdefault.jpg
 

joralentejano

Super Célula
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Arronches / Lisboa
Funchal Observatório registou 197.2 mm em 24h.

Quanto às ribeiras, estas estruturas construídas pós-20 Fevereiro têm sido determinantes para não chegar material sólido ao centro da cidade e não afectar a sua área de vazão. Lembro-me de nos temporais de antigamente ouvir pedregulhos a serem arrastados dentro da ribeira e morava a 1.5 km da ribeira mais próxima. Hoje isso já não é audível, mesmo quando há muita pluviosidade nas montanhas. Existem 4 ou 5 linhas destas ao longo das principais ribeiras e as autoridades têm contacto visual através de webcams com o que passa em cada uma delas num dado momento. Ao centro da cidade chega maioritariamente água e lama, mas pedregulhos não.

maxresdefault.jpg
Sim, a Madeira está atualmente muito mais bem preparada para situações de precipitação excessiva. Em 2010, a quantidade de água e pedras que vinham por aquelas ribeiras abaixo era impressionante. Ainda assim, se as células tivessem atingido as zonas montanhosas, as ribeiras seriam certamente motivo para alarme. As montanhas poderiam potenciar a queda de ainda mais precipitação do que aquela que caiu no Funchal.
Entretanto, há quem destaque o investimento feito nas ribeiras, mas não pensam que nas montanhas aquilo que caiu foi "banal" e nem se comparou ao que caiu na Costa Sul em pouco tempo.
https://www.dnoticias.pt/2021/3/28/...Boj10k2-tqRhsHngL3rfqTWumfht-81IQacUGHAyJzcUk

Mais uma vez, felizmente que as células não chegaram ao maciço central da ilha.