Seguimento Angola - 2011

Gerofil

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21 Mar 2007
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LUANDA: Chuva torrencial causa vítimas

A cidade de Luanda não resistiu, uma vez mais, às chuvas que se abateram intensamente durante toda a madrugada de ontem, deixando um saldo de quatro pessoas mortas, residências desabadas e ruas intransitáveis.
A chuva, que começou a cair por volta das 19h00 de segunda-feira, causou a morte de pelo menos quatro pessoas no município do Cazenga, de acordo com dados do Corpo Nacional de Bombeiros. As vítimas são duas crianças de quatro e dez anos que perderam a vida quando a parede da residência onde viviam com os pais, no bairro da Terra Vermelha, nos Munlevos, desabou sobre eles. No bairro Caluenda, a vítima foi uma senhora de 25 anos, que morreu electrocutada em consequências das chuvas. A quarta vítima foi registada no Tunga Ngó.
A reportagem do Jornal de Angola constatou o ambiente de tristeza e profunda aflição em que estavam mergulhadas as famílias que perderam os seus entes queridos. Ainda no Cazenga, as ruas do Funchal, da Borracheira, do Porto Santo, do Antigo Depósito de Medicamentos, os troços Embondeiro do Cazenga/Asa Branca/Congolonses e as ruas interior do bairro Hoji ya Henda, estavam ontem totalmente inundadas sem possibilidades de nelas se transitar.
No município mais populoso de Luanda as chuvas não pouparam algumas escolas, como a 7012, 7015, 7018, 7020 e a 7035, que viram as entradas e os pátios completamente inundados. A água, que invadiu várias residências e estabelecimentos comerciais, deixou igualmente intransitáveis as ruas e travessas do Hoji ya Henda, Cuca, Tunga Ngó e das comissões do Cazenga e do Rangel.
Lucrécia José, inconformada com a chuva, disse que não conseguiu dormir porque a sua casa ficou totalmente alagada. “As pessoas que têm as casas junto à estrada foram as que ficaram mais prejudicadas, porque as residências impedem o escoamento das águas e, como consequência, ficam todas inundadas”, explicou. Paula Francisco, também moradora naquele bairro da Mabor, disse que este só fica inundado por falta de saneamento básico e por culpa da empresa que está construir a estrada da sétima Avenida.
No Cantinton, muitas residências desabaram e ficaram inundadas devido à grande corrente de água que transbordou da vala e muitas famílias que viram as suas casas inundadas foram alojadas em casas de familiares e vizinhos.
No município do Kilamba Kiaxi, especificamente no bairro do Palanca, a situação era preocupante. As casas estavam totalmente inundadas e as principais vias de acesso ao bairro também se encontravam intransitáveis. Ainda no Palanca, era notório o desespero das pessoas que retiravam as águas das suas residências.
Na paragem da Avó Kumbi, grandes quantidades de lixo foram arrastadas até àquele local. Cenário idêntico aconteceu no mercado do Golfe, onde o lixo e a água tomaram conta do mercado fazendo com que os vendedores não pudessem comercializar os seus produtos. No Neves Bendinha, as chuvas provocaram estragos nos haveres de moradores que acabaram por ter uma noite de vigília, devido às enxurradas que não paravam de enviar água para as suas residências.
No município do Cacuaco, no bairro do Kikolo, a rua Ngola Kiluanje desde a rotunda da Cuca, passando pelo Embondeiro da Mabor e até ao entroncamento da Cimangola, a circulação era difícil devido ao péssimo estado da estrada. Água, buracos, lixo e engarrafamento era o cenário que ontem se vivia naquela via. Ainda no Kikolo, mais concretamente no bairro Paraíso, existe uma vala que separa os dois bairros e onde a administração comunal colocou no local uma passagem hidráulica que não está a suportar o volume da água, deixando os moradores preocupados. Em Viana, algumas ruas ficaram inundadas, principalmente a 11 de Novembro, no bairro do Seis, várias residências e ruas também ficaram inundadas em consequência das chuvas.
Instituições submersas - Os Centros de Saúde do Hoji ya Henda e do Asa Branca, a Conservatória do Registo Civil, o Mercado do Asa Branca e várias instituições de ensino, no Cazenga, estavam ontem totalmente submersos. No Centro de Saúde do Hoji ya Henda estavam três camiões da empresa CIMEL a fazer a sucção da água. No local, não se notava a presença dos funcionários ligados à saúde. No centro de saúde do Asa Branca a situação era mais caótica e nem a água era sugada, obrigando os pacientes a fazerem travessias para serem atendidos. Idêntico cenário era visível na Conservatória e no mercado do Asa Branca.
Recolha de lixo - Na área do São Paulo, mesmo com a chuva que caía, os trabalhadores da operadora de limpeza Rangol apareceram às primeiras horas para recolher o lixo ao longo das avenidas Ngola Kiluanje e Cónego Manuel das Neves e do interior do município do Sambizanga.
O cenário era o mesmo na 5ª Avenida e na Rua do Comércio, município do Cazenga, onde também se viam os trabalhadores da operadora Solisac a recolher os resíduos sólidos. Durante a nossa reportagem, notámos, em algumas áreas do Cazenga e Kilamba Kiaxi, a existência de grandes quantidade de lixo ao longo das principais ruas.

Jornal de Angola

Chuvas fazem 11 mortos em Luanda

A chuva que caiu em Luanda de segunda para terça-feira provocou 11 mortos, cinco por electrocussão e seis por desabamentos, informou hoje, quarta-feira, o Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros angolano. O porta-voz do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros (SNPCB), Faustino Sebastião, explicou, no momento em que fazia o balanço da noite de chuva, que as mortes por electrocussão aconteceram nos municípios do Cazenga, Viana e Samba.
Os desabamentos que tiraram a vida a seis pessoas, entres estas estão duas crianças, tiveram lugar nos bairros do Sambizanga e Cacuaco. A Av. Kimakienda, no município das Ingombotas, esteve interdita por desabamento de terras, durante cinco horas, e dezenas de casas, nos bairros periféricos, sofreram inundações.
Os balanços trágicos de chuvas na cidade de Luanda repetem-se devido à precariedade das habitações dos bairros periféricos (musseques), com construções de casas de adobe ou chapas de zinco em encostas. As electrocussões são igualmente comuns devido às ligações e puxadas ilegais feitas pelos moradores destes bairros onde as casas são habitualmente feitas de chapas metálicas.

Jornal de Notícias
 


Gerofil

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21 Mar 2007
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Inamet alerta para a ocorrência de chuvas fortes em algumas províncias do país

As províncias do Moxico, Kuando Kubango e Cunene poderão registar chuvas fortes, durante as próximas 48 horas, de acordo com uma nota do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (Inamet), enviada hoje, quarta-feira, à Angop. Segundo o documento, localiza-se sobre as referidas províncias um sistema de baixas pressões com grandes perturbações, que vai influenciar e criar instabliddade no estado do tempo nestas regiões nas próximas 48 horas.
Assim, salienta a nota, o Inamet prevê que a partir do dia dois de Fevereiro de 2011, pela tarde, possam ocorrer chuvas fortes acompanhadas ou não de trovoadas nas províncias acima referenciadas. A quantidade de precipitação prevista poderá ser igual ou superior a 50 milimetros em 24 horas, acrescenta o informe.
A província do Cunene tem sido alvo, nos últimos anos, de chuvas torrenciais que têm causado elevados prejuízos humano e material, assim como a perda de inúmeras cabeças de gado.

AngoNotícias

SITE DO INAMET: http://www.inamet.ao/
 

adiabático

Cumulus
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O Cunene é uma província que ocupa, em grande medida, a área baixa da bacia hidrográfica do rio com o mesmo nome. Embora o Cunene tenha de facto uma foz e desague no oceano, não é tão diferente de outros sistemas aluvionares vizinhos, como o do rio Cubango/Okavango. Trata-se de peneplanícies de declives extremamente reduzidos, de onde a água leva tempo para se escoar, ou não se escoa de todo (caso de bacias endorreicas). Mesmo assim, tradicionalmente, os povos de língua "Cuanhama" do Cunene tradicionalmente conheciam a diferença entre as "tchanas" (zonas baixas) e os "mufitos" (elevações), que muitas vezes são praticamente imperceptíveis ao olhar desprevenido mas significam a diferença entre uma zona de convergência hídrica e uma zona de divergência, ou seja, entre uma zona sujeita a inundações periódicas e uma zona segura. Tradicionamente, só construíam assentamentos nos mufitos, sabendo que as águas muitas vezes chegavam sem avisar, vindas das províncias planálticas vizinhas da Huíla, Huambo, Bié, extremamente chuvosas.

As notícias de "cheias no Cunene", normalmente, referem-se a cheias em Ondjiva, mais propriamente, nos bairros periurbanos da cidade. Trata-se de um crescimento periurbano anárquico, estúpido, sem obedecer nem a critérios urbanísticos nem à sabedoria tradicional dos povos da região.

Em Luanda, o município do Cazenga (e todos os bairros que a notícia menciona, que lhe ficam interiores ou adjacentes) ocupa uma área do "planalto de Luanda", na zona Leste da cidade. Este planalto é uma superfície constituída por areias holocénicas cobrindo argila e margas terciárias. Apenas no extremo Norte existe uma rede hidrográfica bem implantada, os Mulenvos, rasgada nos solos argilosos, de tal forma vincada que só as suas cabeceiras funcionaram, até agora, como travão do crescimento dos bairros. No planalto, a topografia é praticamente plana, numa extensão de vários quilómetros quadrados. Não existe uma rede hidrográfica bem implantada, sucendendo-se as bacias de escorrimento endorreico, formando lagoas, muitas das quais ainda se podem ver um pouco mais longe, a partir de Vianda, onde a cidade ainda não cobriu totalmente o território.

A cidade, pura e simplesmente, cresceu sobre as lagoas.

Na actual configuração de Luanda, o problema das cheias não tem solução. Antigamente, havia dois sistemas complementares: valas de escoamento artificiais, que drenavam do planalto, umas para o leito do Cambamba, por trás do aeroporto, outras na direcção da Boavista e que ainda existem, e bacias de concentração, por vezes plantadas com eucaliptos, de que se esperava que, com a sua voracidade, ajudassem a secar as lagoas mais rapidamente, preparando-as para receber as águas da chuvada seguinte.

As valas foram, entretanto, emparedadas num "box-culver" de betão.

As bacias de concentração foram, pura e simplesmente, ocupadas por construções. Olhem para uma imagem de satélite do Cazenga e aposto que ainda conseguem reconhecer, por trás do padrão contínuo de construções, as antigas lagoas, como zonas enegrecidas sobrepostas a muros e telhados, porque a hidrografia impõe um padrão ao território que nenhuma estupidez humana consegue apagar.
 

adiabático

Cumulus
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19 Nov 2007
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Em Luanda esta época chuvosa tem sido bem medida, com quebras e tudo (chama-se aqui "quebras" a quantidade que se aumenta à medida certa, no mercado, em vez de dar desconto).

Neste momento, existe mais um "culpado" pelas consequências danosas da pluviosidade, nesta cidade. É a forma como se fazem as obras de construção. Instalou-se o hábito de vedar e "capinar" os terrenos como forma de manifestar o uso da propriedade (a Lei de Terras faz depender a concessão de terrenos à concretização do seu uso pelo requerente). As obras em si podem levar anos a arrancar; nem antes, nem depois existe qualquer preocupação com o controlo da erosão dos terrenos.

Por este motivo mesmo em zonas já convertidas ao asfalto tornou-se vulgar, após uma chuvada, ver o betuminoso tapete sepultado pela lama nas zonas onde a água se acumula; a água corre pelas ruas quando a inclinação dá mas nos sítios onde - azar - a estrada faz uma depressão, os sumidouros e colectores estão completamente entupidos e sobre os depósitos de areia que ninguém limpa já crescem plantas.

A culpa não é da chuva (aliás, penso que a meteorologia ainda é juridicamente inimputável).

Esta bigorna perfeitinha foi apanhada há momentos, aqui no largo da Maianga. Vamos ver o que dá...

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Carlos Dias

Cumulus
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30 Jan 2006
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São Paulo e S Bernardo do Campo
Angola - Inamet terá 600 estações meteorológicas até 2017

O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (Inamet) prevê possuir, até 2017, cerca de 600 estações meteorológicas espalhadas por todo o País. Com estes equipamentos, o Inamet espera melhorar e aperfeiçoar a recolha de dados.

O anúncio deste projecto foi realizado por Francisco Sebastião Neto, director técnico do Inamet. Este projecto encontra-se já em fase de estudo.

Para já, a ausência de estações de observação meteorológica em certas zonas angolanas, é colmatada com o auxílio e colaboração de outras instituições que têm instalado alguns postos meteorológicos automáticos, como o sector agrícola ou empresas ligadas à gestão de central hidroeléctricas e barragens.


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