Como lidar com os campos ao abandono?
Estado gasta 11 euros por hectare em prevenção de incêndios. Terrenos rurais pagam menos de um euro de impostos por hectare e 36% dos solos rústicos não têm qualquer exploração.
Portugal tem 2,9 milhões de proprietários de 8,4 milhões de hectares de solos rústicos JOSE SARMENTO MATOS (ARQUIVO)
“O principal desafio do ordenamento do território é reduzir os danos causados pelo abandono de mais de um terço do solo rústico português”, explica o investigador Pedro Bingre do Amaral. “O abandono tem custos”, escreveu este professor do Politécnico de Coimbra, há três meses, numa comunicação promovida pelo Conselho Económico e Social.
O custo principal é mesmo o que agora está à vista de todos, depois da tragédia de Pedrógão Grande. Florestas e matos abandonados em regiões chuvosas, seja nos trópicos, seja no Noroeste da Europa, têm uma “dinâmica ecológica” diferente, que permite restaurar espontaneamente a vegetação e limitar os riscos de incêndio. Não é isso que se passa em Portugal, onde um terreno abandonado rapidamente se enche de vegetação “pirófila” (estevas, tojos ou urzes), de “alta inflamabilidade”, explica Pedro Bingre. “Abandonar um terreno implica onerar o interesse público”, resume o investigador.
Entre 2010 e 2015, arderam, em média, 127 mil hectares por ano, em Portugal. Cerca de metade estavam cobertos “apenas por matos”. A maioria destes incêndios começa, precisamente, em zonas abandonadas, pondo em risco, depois, todo o tipo de florestas e mesmo populações. Com isso, “Portugal perde directa ou indirectamente em incêndios florestais perto de mil milhões de euros por ano”, mostra Pedro Bingre. Trata-se de uma “situação calamitosa”, que exigiria uma resposta eficaz.
https://www.publico.pt/2017/06/18/sociedade/noticia/como-lidar-com-os-campos-ao-abandono-1776105
Já que agora se debate muito temas relacionados com a nossa floresta e os terrenos abandonados, resta-nos esperar que quando a poeira assentar, e que não se esqueça tão depressa as vítimas que este incendio causou, e aí se ponham logo de uma vez por todas as ideias em prática. Tenho visto alguns bons especialistas portugueses, e acredito que pelo mundo fora também exista muitos especialistas em vários temas que não importariam de nos ajudar.