Essa página é excelente para nos pôr no caminho certo e poupar-nos muitas "alucinações" tornádicas
, obrigado pela ligação!
Este ano desfiz uma ideia que sempre tive, de que os tornados e as trombas de água só podiam nascer de nuvens espantosas, grandes formações de cumulonimbus, super-células, etc ou seja aquelas imagens obtidas nas planícies americanas e que povoam o imaginário (e a realidade afinal) dos caçadores de fenómenos atmosféricos extremos e do público em geral.
Observámos que muitas das funnel clouds, trombas e mesmo tornados podiam aparecer em células que estão longe daquele padrão de espectacularidade. Para mim o ponto final definitvo naquela ideia ocorreu com o avistamento da funnel cloud de dia 5 no Guincho. Aquela nuvem era o que há de mais vulgar em pequenas células de aguaceiros: não tinha um desenvolvimento vertical notável, não tinha volume nem extensão horizontal da base que pusessem alguma suspeita, não havia topos de torres em expansão. Parecia apenas um tufo de nuvem sem estrutura ou contornos especiais e no entanto tinha aquele fenómeno em apêndice, como se toda a nuvem tivesse trabalhado apenas para produzir aquilo. A célula aliás não produziu precipitação significativa e dissipou-se rapidamente. Mais ainda, a situação meteorológica não fazia prever a ocorrência daquele tipo de fenómenos. Portanto o problema de reconhecer uma nuvem, uma célula, uma situação em que podem acontecer tornou-se ainda mais complicado. É como se o mito dos tornados e do seu aparecimento bem como das condições extremas estivesse a cair por terra e passasse a fazer parte, como já faz, dos quadros de previsão e de observação no nosso território.