A falta de estações na zona atingida pelas inundações ontem é notória (zona sueste de Lisboa).
Até a EMA do Geofísico não retrata corretamente o que sucede nestas situações. Já nos anos 80 presenciei enxurradas destas produzidas por células que se localizam exactamente naquela margem ribeirinha do Tejo, alimentadas pela humidade do estuário. Lembro-me de estar no Marquês de Pombal a seco enquanto ouvia e via as viaturas dos bombeiros a convergir para a Baixa e o cenário depois quando desci lá abaixo era o mesmo desta noite passada.
A estação
WU próxima de Santa Engrácia registou
42,7 mm (10,4 mm em 20 minutos). Mas daí até à IPMA da Gago Coutinho nada mais há para registar a precipitação.
Largo do Rato (São Mamede), muito próxima de Geofísico, decalca quase exactamente os valores da EMA. Num total de
49,5 mm no dia de ontem, destacam-se
14,5 mm em 20 minutos (Geofísico: 16mm/20 minutos).
Nas
Picoas outra estação tem
34,3 mm, mas sem os picos excessivos registados na colina do Bairro Alto (Geofísico e São Mamede) ou na Santa Engrácia.
Finalmente,
Praça de Espanha acumulou
27,7 mm no dia de ontem, com pico máximo de 7,4 mm, mas em 10 minutos.
A EMA das Amoreiras, pelo valor inferior a 20 mm no total do dia parece ter já ficado mais na margem deste evento.
A pobreza da densidade de estações não oficiais em Lisboa (ou na generalidade do país) é estranha, nada comparável com outras capitais ou grandes cidades pelo resto da Europa.
Lisboa levou com ecos amarelos e laranjas durante uma hora. Não é intenso? 25,9mm em uma hora não é intenso? Não te podes guiar só pelos Dbz, tens de ter em conta o tempo que as células permaneceram sobre a cidade.
O teu alerta na altura revelou-se, afinal, bem justificado. Ao princípio, por não confiar muito em certas estações WU, ainda pensei que as duas estações que mostravam valores já próximos dos 40 mm estariam a exagerar o registo, mas depois vi o registo da EMA do Geofísico que validava aqueles acumulados.
