Seguimento Meteorológico Livre - 2022

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StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
O desaparecimento mais ou menos consistente das trovoadas do território nacional, na ultima década, pode ter já que ver em certa medida com o processo de alterações climáticas em curso.

É engraçado que no UK também se tem notado uma diminuição drástica no numero de trovoadas. Há um debate por lá para entender a razão.

Não me parece que exista um desaparecimento das trovoadas! Poderemos fazer até um levantamento mas na minha memória, a ideia que fica é talvez de uma transferência das épocas tradicionais para outras alturas do ano, eu diria mesmo de uma dispersão ao longo do ano, condicionada, claro, pela existência de eventos sinópticos propícios ao seu aparecimento.
 


jamestorm

Cumulonimbus
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12 Jan 2010
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Não me parece que exista um desaparecimento das trovoadas! Poderemos fazer até um levantamento mas na minha memória, a ideia que fica é talvez de uma transferência das épocas tradicionais para outras alturas do ano, eu diria mesmo de uma dispersão ao longo do ano, condicionada, claro, pela existência de eventos sinópticos propícios ao seu aparecimento.
a ultima trovoada digna desse nome que me lembro foi a de Julho de ha dois anos, uma madrugada intensa ...desde esse dia, aqui na região Oeste nao tivemos mais nada de significativo.
Existe uma consistente diminuição nos últimos 10 anos, acho isso inegável pelo menos na região onde vivo. as outas regiões digam-me vocês ...
 

StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
a ultima trovoada digna desse nome que me lembro foi a de Julho de ha dois anos, uma madrugada intensa ...desde esse dia, aqui na região Oeste nao tivemos mais nada de significativo.
Existe uma consistente diminuição nos últimos 10 anos, acho isso inegável pelo menos na região onde vivo. as outas regiões digam-me vocês ...

Pode ser uma experiência local, é possível que com a alteração do coberto vegetal e uso do solo em certos sítios as trovoadas estejam a ser inibidas. @windchill e vários outros membros especialistas em fotografia de actividade eléctrica talvez possam dar uma contribuição para este interessante debate. Será que os registos do IPMA ao longo dos anos podem ser acessíveis ou já terá sido feito algum estudo?
Pessolamente, como fanático muito amador de trovoadas, e procurando sempre acompanhar o que ocorre no território, a minha impressão é de que não deve haver uma diminuição do total de trovoadas ao longo do ano, mas talvez uma distribuição mais espalhada no calendário. Provavelmente também haverá uma redistribuição espacial, algumas zonas com menos mas outras com mais. :intrigante:
 

joralentejano

Super Célula
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21 Set 2015
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Existe uma consistente diminuição nos últimos 10 anos, acho isso inegável pelo menos na região onde vivo. as outas regiões digam-me vocês ...
Poderá depender da região, não sei! Eu sou novo, mas também tenho notado uma diminuição das trovoadas nos últimos anos aqui na minha zona. Já para não falar das histórias que os meus pais e os meus avós me contam de trovoadas que houve no passado e confirmam também que ocorriam com mais frequência. Aqui na minha zona, a Serra de S. Mamede tem um historial de grandes trovoadas no passado que até causaram cheias significativas. Nos últimos anos, tem sido o contrário e a serra parece servir de escudo muitas das vezes. :lol:Depende de certos fatores possivelmente.
A minha zona não é das que mais tem trovoadas, pelo contrário, até acho que na generalidade do interior é das que menos tem, mas nos últimos anos tem sido mais escasso e quando aparece é tudo muito mais residual. Lembro-me de em certos anos haver vários dias seguidos com trovoadas.
 
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tonítruo

Nimbostratus
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23 Nov 2021
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Por aqui, na zona de Albufeira, dá-me a sensação de haver um aumento parece-me ser mais frequente acordar de noite com trovões próximos e já pra não falar de que trovoadas como deve ser (pelo menos 20-30 minutos e com boa frequência de relâmpagos) têm acontecido em tempos recentes: 20 de março deste ano, 14 de setembro de 2021 e 30 de novembro de 2020 (salvo erro) mas como esta não é a zona de todo com mais trovoadas aqui do Algarve, pode ser coincidência...
 

Windchill

Nimbostratus
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25 Ago 2008
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Amora (Seixal)
Pode ser uma experiência local, é possível que com a alteração do coberto vegetal e uso do solo em certos sítios as trovoadas estejam a ser inibidas. @windchill e vários outros membros especialistas em fotografia de actividade eléctrica talvez possam dar uma contribuição para este interessante debate. Será que os registos do IPMA ao longo dos anos podem ser acessíveis ou já terá sido feito algum estudo?
Pessolamente, como fanático muito amador de trovoadas, e procurando sempre acompanhar o que ocorre no território, a minha impressão é de que não deve haver uma diminuição do total de trovoadas ao longo do ano, mas talvez uma distribuição mais espalhada no calendário. Provavelmente também haverá uma redistribuição espacial, algumas zonas com menos mas outras com mais. :intrigante:
A sensação que tenho é que as trovoadas aqui pelo litoral têm diminuído progressivamente ao longo das ultimas décadas. Talvez o crescente aquecimento do interior da PI nos últimos anos, aumente a intensidade do regime de brisas marítimas/nortadas na costa oeste/sul de PT, o que acaba por inibir consideravelmente a formação de convecção mais próximo das zonas marítimas, que entretanto é 'levada' para locais mais interiores, nomeadamente Espanha. Ainda assim noto que, de Setembro a Novembro, existem alguns eventos interessantes, especialmente no mar, devido ao maior aquecimento das águas nessa altura do ano. No geral anda tudo muito mais irregular ao longo dos últimos anos e apesar de esporadicamente haver um ou outro bom evento eléctrico, são situações que não se prolongam por muitos dias. E efectivamente as típicas trovoadas de Maio andam meio desaparecidas... Já agora convido-vos a ver na seguinte ligação, o arquivo dos mapas de geopotencial de 25/abril a 10/maio de 1990, que me lembro de, com apenas 14 anos, ver uma sequência de dias quase consecutivos de trovoadas de final de tarde, algumas muito intensas, que ocorreram na margem sul do Tejo. Nunca mais vi nada igual até aos dias de hoje...

Abril/Maio de 1990

Para quem tiver curiosidade, deixo aqui uma ligação de alguns dos meus registos de arquivos que tenho na drive, e que podem ser uteis para analise e estudo.

Análise e Estudo - Situações de interesse
 
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Ruipedroo

Cumulonimbus
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6 Out 2010
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Braga, Merelim (70m)
A sensação que tenho é que as trovoadas aqui pelo litoral têm diminuído progressivamente ao longo das ultimas décadas. Talvez o crescente aquecimento do interior da PI nos últimos anos, aumente a intensidade do regime de brisas marítimas/nortadas na costa oeste/sul de PT, o que acaba por inibir consideravelmente a formação de convecção mais próximo das zonas marítimas, que entretanto é 'levada' para locais mais interiores, nomeadamente Espanha. Ainda assim noto que, de Setembro a Novembro, ainda existem alguns eventos interessantes, especialmente no mar, devido ao maior aquecimento das águas nessa altura do ano. No geral anda tudo muito mais irregular ao longo dos últimos anos e apesar de esporadicamente haver um ou outro bom evento eléctrico, são situações que não se prolongam por muitos dias. E efectivamente as típicas trovoadas de Maio andam meio desaparecidas... Já agora convido-vos a ver na seguinte ligação, o arquivo dos mapas de geopotencial de 25/abril a 10/maio de 1990, que me lembro de, com apenas 14 anos, ver uma sequência de dias quase consecutivos de trovoadas de final de tarde, algumas muito intensas, que ocorreram na margem sul do Tejo. Nunca mais vi nada igual até aos dias de hoje...

Abril/Maio de 1990

Para quem tiver curiosidade, deixo aqui uma ligação de alguns dos meus registos de arquivos que tenho na drive, e que podem ser uteis para analise e estudo.

Análise e Estudo - Situações de interesse
Não acho que tenha a ver com isso. As trovoadas mais intensas na primavera/verão nunca aparecerão no litoral se não houver uma cut-off nas redondezas, pois essas bloqueiam qualquer efeito marítimo e as células rumam em direção ao litoral sem qualquer enfraquecimento. E tem que ser uma cut-off bem definida ou bem posicionada. Isto serve também para o interior, pois este também sofre com o efeito marítimo. Mas essas depressões são raras, pelo menos na última década mal se viram, em comparação com as anteriores. Talvez voltem em força nesta década.
 
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StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Já agora convido-vos a ver na seguinte ligação, o arquivo dos mapas de geopotencial de 25/abril a 10/maio de 1990, que me lembro de, com apenas 14 anos, ver uma sequência de dias quase consecutivos de trovoadas de final de tarde, algumas muito intensas, que ocorreram na margem sul do Tejo. Nunca mais vi nada igual até aos dias de hoje...

Abril/Maio de 1990

Para quem tiver curiosidade, deixo aqui uma ligação de alguns dos meus registos de arquivos que tenho na drive, e que podem ser uteis para analise e estudo.

Análise e Estudo - Situações de interesse

:thumbsup: tenho essas datas na memória e de ter andado à "caça" dessas trovoadas. Na altura os registos eram, obviamente, em filme, principalmente diapositivo. Merece uma investigação nos arquivos e digitalizar algumas imagens; também consultar o diário de observações que mantinha nessa altura.
Obrigado pela partilha dos teus registos, sem dúvida preciosos!

Talvez por ter vivido mais de uma década em Carcavelos em frente à praia, foram as trovoadas que observava facilmente da varanda as que mais me impressionaram. Aliás foi na sequência de uma série de trovoadas em Junho de 2014, e das fotos que obtive, que me decidi a juntar-me activamente a este Fórum, do qual já era seguidor havia algum tempo. Desde então a informação que obtive por via das inumeráveis contribuições dos membros, terá aumentado a minha percepção do número de trovoadas que ocorrem por todo o território. Aliado ao local de observação onde vivia e de ter assistido de cadeira e balcão a vários eventos notáveis, ficou-me na ideia de que nesta zona, e pelo menos até 2016, o número de trovoadas não estava a diminuir. Reforço a hipótese de que as variações para maior ou menor frequência sejam localizadas em diferentes regiões.
 

Iceberg

Nimbostratus
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5 Jun 2006
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Braga
Com uma tendência crescente nos últimos anos de uma maior dificuldade do ar frio em penetrar nas camadas superiores da atmosfera nas nossas latitudes, e a consequente redução da interação do ar frio com o ar quente, parece-me que as condições propícias às mesmas têm reduzido na nossa geografia.

Por exemplo, no planalto mirandês as trovoadas no Verão eram (parece-me) bem mais frequentes e intensas no passado, assim como as típicas trovoadas do mês de maio, que apesar de nascerem no interior, conseguiam chegar ao litoral.

Interessante discussão neste tópico. :thumbsup:
 

StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Interessante discussão neste tópico. :thumbsup:

Pode dar para traçar um mapa das variações regionais e/ou locais, segundo as observações, opiniões e outros dados coligidos pelas várias contribuições dos membros do Fórum. E cruzar com dados oficiais ou de tendências climatológicas.

Um dos dados observacionais era o número de dias com trovoada, incluído nos Anuários do Observatório do Infante D.Luís (Escola Politécnica, Lisboa, 1853-1946), depois Instituto do Infante D.Luís aquando da criação do Serviço Meteorológico Nacional; Anuários do Serviço Meteorológico Nacional, depois Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica. Esses dados também constam nas Normais. Mais recentemente existirão, certamente, os registos detalhados das Descargas Eléctricas Atmosféricas que constituem uma monitorização muito mais rigorosa e completa do que as antigas observações de meteorologistas e observadores meteorológicos.
 
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guimeixen

Cumulonimbus
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5 Jun 2013
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2,377
Local
Ferreiros, Braga 160m
Pode dar para traçar um mapa das variações regionais e/ou locais, segundo as observações, opiniões e outros dados coligidos pelas várias contribuições dos membros do Fórum. E cruzar com dados oficiais ou de tendências climatológicas.

Um dos dados observacionais era o número de dias com trovoada, incluído nos Anuários do Observatório do Infante D.Luís (Escola Politécnica, Lisboa, 1853-1946), depois Instituto do Infante D.Luís aquando da criação do Serviço Meteorológico Nacional; Anuários do Serviço Meteorológico Nacional, depois Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica. Esses dados também constam nas Normais. Mais recentemente existirão, certamente, os registos detalhados das Descargas Eléctricas Atmosféricas que constituem uma monitorização muito mais rigorosa e completa do que as antigas observações de meteorologistas e observadores meteorológicos.

Qual é a definição de um dia de trovoada? Se houver pelo menos um raio a x distância do ponto de observação?
 

StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Qual é a definição de um dia de trovoada? Se houver pelo menos um raio a x distância do ponto de observação?

A definição devia estar nos Anuários onde figurava esse "parâmetro". Note-se que a observação era visual, dependente portanto de vários factores entre os quais a própria orografia em volta da estação do observador e a nebulosidade baixa e/ou de cobertura do céu. No entanto, no Anuário em papel mais recente de que disponho, 1988, existe apenas a indicação TR, número de dias com trovoada para cada mês. Não esclarece se a observação inclui apenas relâmpagos, observação visual de descargas (raios) ou ainda observação auditiva (trovão). Se a observação fôr tão abrangente como "relâmpagos" então a distância à estação pode ser tão grande como uma centena de quilómetros se a estação se situar na costa. Merece uma investigação mais profunda ou talvez a ajuda de um Observador Meteorologista conhecedor dos procedimentos de outrora.
 

Windchill

Nimbostratus
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25 Ago 2008
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Amora (Seixal)
Não acho que tenha a ver com isso. As trovoadas mais intensas na primavera/verão nunca aparecerão no litoral se não houver uma cut-off nas redondezas, pois essas bloqueiam qualquer efeito marítimo e as células rumam em direção ao litoral sem qualquer enfraquecimento. E tem que ser uma cut-off bem definida ou bem posicionada. Isto serve também para o interior, pois este também sofre com o efeito marítimo. Mas essas depressões são raras, pelo menos na última década mal se viram, em comparação com as anteriores. Talvez voltem em força nesta década.
Concordo, a posição das cut-offs é de primordial importância para que as trovoadas se aproximem do litoral, especialmente quando se posicionam a SO/S da PI, com eventos de trovoada mais 'democráticos' ao longo de PT. Os pequenos cavados com circulação de S e fracos gradientes de pressão à superfície também nos proporcionam por vezes boas surpresas, em especial no interior norte e centro.
 
Estado
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