Seguimento Meteorológico Livre - 2023

[Orion]

https://www.sciencedaily.com/releases/2023/02/230208155658.htm

 

[frederico]

A questão, é que em Lisboa, nem são precisas grandes chuvadas para haver problemas, como sabemos.

É um problema crónico da Cidade, naturalmente, chuvas muito fortes vão causar problemas em qualquer local, mais nuns que outros.

Portanto, quando disse que não está preparada, referia-me à facilidade com que há inundações em Lisboa.

Aqui no Porto, tivemos recentemente, e por causa de obras no metro inundações/enxurradas, se não fossem essas obras, provavelmente seria muito mais minimizado, pois já tinham ocorrido chuvadas bem piores e sem consequências, mas lá está, a configuração da Cidade é diferente da de Lisboa, em que é tudo mais plano, entre outros factores, daí Lisboa ser facilmente inundável.

A ideia que tenho é que no Porto foram respeitadas as linhas de água quando foi feita a expansão urbana, essas linhas de água, rios e ribeiras foram canalizados respeitando o seu percurso.

No Algarve, por exemplo, abundam casos de linhas de água que foram simplesmente destruídas, como se nunca tivessem existido.

Em Lisboa houve uma intensa urbanização após a Segunda Guerra que continuou até aos anos 90, foi tudo muito selvagem com vários avisos mas não se respeitou as linhas de água quando se fizeram as urbanizações.

 

[frederico]

Sim, como em qualquer meio urbano com os solos excessivamente impermeáveis. Mas estou a falar de episódios extremos como os de 8 e 13 de dezembro. Alguma cidade em Portugal estaria preparada?

Já vi 100 mm no Porto num dia e não aconteceu nada. O Leça transbordou, inundou umas casas e armazéns feitos estupidamente em cima do rio. Alguns qualquer dia serão levados na água mas quem manda as pessoas serem pouco inteligentes? O que aconteceu em São Bento há umas semanas nunca vi mas tal deveu-se às obras do metro.

 

[frederico]

Por exemplo Braga come eventos desses ao pequeno-almoço todos os Outono/Invernos e não é por isso que tem os mesmos problemas que Lisboa. Estes problemas têm mais a ver com a geografia/geologia das cidades e com o mau planeamento das mesmas do que propriamente com chuvas intensas. O Norte Litoral, tradicionalmente muito mais chuvoso que o resto do País, tem menos problemas de inundações urbanas porque o planeamento das cidades e vilas fez-se tendo em conta essa realidade pluviosa. Já o Algarve é péssimo, raramente chove e quando chove dá origem a problemas facilmente em eventos de chuva que no Minho seriam um vulgar dia de aguaceiros.

Na minha freguesia, por exemplo, há dois ribeiros que desapareceram parcialmente. Um porque o dono de uma quinta há muito tempo lavrou a terra e aplanou totalmente destruindo na totalidade o curso do Ribeiro, o outro desapareceu quando fizeram umas obras numa estrada… isto foi no Algarve. Um dia até posso pôr fotos.

 

[Davidmpb]

Por exemplo Braga come eventos desses ao pequeno-almoço todos os Outono/Invernos e não é por isso que tem os mesmos problemas que Lisboa. Estes problemas têm mais a ver com a geografia/geologia das cidades e com o mau planeamento das mesmas do que propriamente com chuvas intensas. O Norte Litoral, tradicionalmente muito mais chuvoso que o resto do País, tem menos problemas de inundações urbanas porque o planeamento das cidades e vilas fez-se tendo em conta essa realidade pluviosa. Já o Algarve é péssimo, raramente chove e quando chove dá origem a problemas facilmente em eventos de chuva que no Minho seriam um vulgar dia de aguaceiros.

No litoral Norte chove mais do que no resto do país, obviamente, mas o regime de chuvas por lá, é diferente, em comparação a outras zonas do país, enquanto no noroeste temos um regime de precipitação melhor distribuída e com mais dias de precipitação, no interior e no sul por exemplo, temos menos dias de chuva, mas com mais eventos torrenciais, não quer dizer que estes que não ocorram no litoral norte, mas acontecem com menos frequência, em comparação com o sul e interior.

 

[Davidmpb]

Já vi 100 mm no Porto num dia e não aconteceu nada. O Leça transbordou, inundou umas casas e armazéns feitos estupidamente em cima do rio. Alguns qualquer dia serão levados na água mas quem manda as pessoas serem pouco inteligentes? O que aconteceu em São Bento há umas semanas nunca vi mas tal deveu-se às obras do metro.

100mm bem distribuídos ao longo do dia, não é para causar grandes estragos, isto claro se os solos não estiverem saturados... Claro que em certas zonas urbanas isso acontece, para mim, é mais grave, teremos precipitação muito forte num curtíssimo espaço de tempo como 50/60mm em meia hora ou 1 hora .

 

[Davidmpb]

100mm bem distribuídos ao longo do dia, não é para causar grandes estragos ... Claro que em certas zonas urbanas isso acontece, para mim, é mais grave, haver precipitação muito forte num curtíssimo espaço de tempo como 50/60mm em meia hora ou 1 hora .





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[TiagoLC]

Já vi 100 mm no Porto num dia e não aconteceu nada. O Leça transbordou, inundou umas casas e armazéns feitos estupidamente em cima do rio. Alguns qualquer dia serão levados na água mas quem manda as pessoas serem pouco inteligentes?

Sim, mas 100 mm distribuídos em 24h é muito diferente de 100 mm em horas.
Em Lisboa, no dia 13 de dezembro, foram 80 mm em 3 horas e mais de 100 mm em 12h. No dia 7 foram 20 mm em 10 minutos e 50 mm em uma hora. Que cidades aguentariam esta bátega?
É que às tantas se banalizam eventos extremos porque "ah é habitual haver inundações em Lisboa então pronto".

 

[AnDré]

Já vi 100 mm no Porto num dia e não aconteceu nada. O Leça transbordou, inundou umas casas e armazéns feitos estupidamente em cima do rio. Alguns qualquer dia serão levados na água mas quem manda as pessoas serem pouco inteligentes? O que aconteceu em São Bento há umas semanas nunca vi mas tal deveu-se às obras do metro.

Atenção que 100mm num dia é totalmente diferente que 40-50mm numa hora, ou 80mm em 3h. Que foi o que aconteceu em Lisboa.

É para todos evidente que Lisboa não está preparada para eventos com essa intensidade. Mas não é assim tão simples resolver esse problema. Até porque a densidade urbana não tem comparação com nenhuma outra região do país.

No primeiro episódio de Dezembro, estive dentro de um avião no aeroporto de Lisboa quase duas horas até conseguir descolar. E digo-vos: foi impressionante a intensidade da precipitação e a forma como a pista em minutos alagou. E ali não há sarjetas entupidas. (Claro que toda aquela água teve que ir para algum lado).

Relativamente a Braga, eu até acho que para o tamanho e clima que tem, tem muitas inundações.

 

[Mammatus]

^^Exactamente, foram eventos extremos para Lisboa. Fez-me lembrar aqueles eventos da gota fría que ocorrem no leste peninsular, com valores absurdos de acumulados em poucas horas, superiores aos registados em Lisboa, e o cenário lá é dantesco.

 

[frederico]

Atenção que 100mm num dia é totalmente diferente que 40-50mm numa hora, ou 80mm em 3h. Que foi o que aconteceu em Lisboa.

É para todos evidente que Lisboa não está preparada para eventos com essa intensidade. Mas não é assim tão simples resolver esse problema. Até porque a densidade urbana não tem comparação com nenhuma outra região do país.

No primeiro episódio de Dezembro, estive dentro de um avião no aeroporto de Lisboa quase duas horas até conseguir descolar. E digo-vos: foi impressionante a intensidade da precipitação e a forma como a pista em minutos alagou. E ali não há sarjetas entupidas. (Claro que toda aquela água teve que ir para algum lado).

Relativamente a Braga, eu até acho que para o tamanho e clima que tem, tem muitas inundações.

Parece-me que em Braga em décadas recentes também se urbanizou sem ter em conta linhas de água e leitos de cheia.

 

[StormRic]

Já é quase certo que 3ª e 4ª haverá um novo evento do tipo cut-off, embora o ECM e o GFS ainda não tenham chegado a acordo sobre a trajectória, com o ECM a dirigi-la para sul descendo ao largo da costa ocidental da península e morrendo depois no sul de Marrocos e o GFS a trazê-la para o interior da península. No primeiro caso, circulação no continente de Sul/SE e depois de Leste, enquanto na previsão do GFS o vento inicialmente do quadrante Oeste rodará também para Leste mas passando primeiro por SW e depois NW/N/NE.
O ECM na última saída (12h) aproxima mais do continente mas menos cavada, quase como apenas um vale.

 

[Orion]

 

[Orion]

Ainda arde bastante https://www.cptec.inpe.br/dsat/#

 

[Davidmpb]

^^Exactamente, foram eventos extremos para Lisboa. Fez-me lembrar aqueles eventos da gota fría que ocorrem no leste peninsular, com valores absurdos de acumulados em poucas horas, superiores aos registados em Lisboa, e o cenário lá é dantesco.

Sim, mas aí os "ingredientes" são outros, por vezes com precipitações diárias de 200/300/400mm.
Felizmente, que situações dessas não ocorrem por cá.