Seguimento Rios e Albufeiras - 2016

Thomar

Cumulonimbus
Registo
19 Dez 2007
Mensagens
2,915
Local
Cabanas - Palmela (75m)
Situação preocupante no Baixo Alentejo devido à falta de água:

(se os moderadores acharem que este artigo não se enquadra neste tópico, por favor movam-no para outro tópico mais adequado)


Falta de água para gado desespera agricultores do Baixo Alentejo
1 out 2016 · 04:00
238 comentários
Atualidade
Lusa
*** Luís Miguel Lourenço (texto) e Nuno Veiga (fotos e vídeo), da agência Lusa ***




Redação, 01 out (Lusa) - A charca do Monte dos Calcinotes, no concelho de Castro Verde, que "matava a sede" a 400 ovelhas, secou completamente, devido à seca que está a desesperar agricultores do Baixo Alentejo sem água para o gado.

"Temos o problema da falta de água. Não chove. Temos o exemplo da minha charca, que todos os anos dava água para o gado" e, atualmente, está seca, conta à agência Lusa o agricultor Jacinto Mestre, de 56 anos.

Sem a charca e porque a comida nos pastos do monte era "pouca", Jacinto mudou o rebanho para outra exploração onde há mais pasto.

Para matar a sede às 400 ovelhas, que bebem cerca de dois mil litros por dia, Jacinto só tem um poço no Monte dos Calcinotes, que "ainda dá água, mas com dificuldade".

Através de um gerador, Jacinto tira água do poço para levar às ovelhas numa cisterna móvel da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB) e que transporta atrelada a um trator, o que o obriga a percorrer 10 quilómetros, dia sim, dia não.

"No verão, o gado pode andar um bocadinho mais mal de barriga", ou seja, comer pouco, "mas a água é fundamental", frisa Jacinto.

Os agricultores estão com problemas em conseguir água para gado porque "há dois invernos e duas primaveras que praticamente não chove" no Baixo Alentejo, sobretudo na zona do Campo Branco, que abrange os concelhos de Castro Verde, Almodôvar, Mértola, Ourique e Aljustrel, e a maioria das reservas hídricas esgotaram, explica à Lusa o presidente da AACB, José da Luz.

A situação é "bastante grave", alerta José da Luz, referindo que "já houve grandes secas" na região, "mas como esta não" porque "não há memória de ter deixado de correr um ribeiro".

"Estou muito preocupado", desabafa José da Luz, referindo que se previa o agravamento da situação se não chovesse até meados de setembro e "aí está, é o caos e as previsões para os próximos tempos não apontam para alteração".

Também António Guerreiro, agricultor de 74 anos, que, devido à falta de água, teve de dividir o rebanho de 1.100 ovelhas por três montes, também em Castro Verde, diz à Lusa que não se lembra de "uma seca tão grande" e de um ano "tão complicado" para matar a sede ao gado.

"Há anos em que chove mais e outros menos, mas se não houver água neste poço, há noutro e a gente vai-se governando, mas uma coisa assim não me lembro", conta.

Para dar de beber às ovelhas que pastam no Monte do Almarginho, onde duas barragens e um poço já secaram, António Guerreiro teve de "pedir ajuda" aos Bombeiros de Castro Verde, que lhe depositaram 20 mil litros de água no poço, o que custou 200 euros.

Em breve, o resto do rebanho terá de vir para o Almarginho, porque está a ficar sem água nos outros montes, e "depois vamos ver" como será para conseguir água para 1.100 ovelhas, diz António Guerreiro, referindo que está "aflito" com "tanto trabalho e tanta despesa" e sem ter para onde "empurrar" o gado para beber.

No Monte da Amendoeira, ainda em Castro Verde, Diamantino Rafael, de 64 anos, já vendeu as vacas que tinha, porque "o bicho vaca bebe mais água".

Agora, "tenho 300 ovelhas, que bebem menos água, mas mesmo assim à rasca estou, porque tenho três poços, que não têm água", diz Diamantino, que para dar de beber ao gado tem que percorrer 14 quilómetros, dia sim, dia não, para ir a uma ribeira buscar água numa cisterna móvel.

"Já há quatro meses que ando neste fadário, a carregar água para aguentar esta barra", desabafa Diamantino.

No Monte das Sorraias, também na zona do Campo Branco, a nascente que matava a sede às 100 vacas de António Lúcio, de 55 anos, está quase seca e só já tem algumas poças de água, que já não serve para gado.

Para dar de beber às vacas, António Lúcio tem que percorrer, dia sim, dia não, seis quilómetros para ir buscar água numa cisterna móvel a um furo.

"Tenho esperança de que o furo vá aguentando, pelo menos nesta fase de mais calor", diz António Lúcio, referindo que os agricultores estão "desesperados" com a falta de água para o gado.

José da Luz lembra que a AACB, no âmbito de um programa de apoio ao abeberamento de gado dos sócios, abriu furos, construiu açudes em ribeiras para reter água e comprou 30 cisternas móveis para os agricultores transportarem água em tempos de seca.

"Temos combatido um pouco o problema com estas medidas" e recorrendo a bombeiros para transportar água, mas, atualmente, "a situação é grave", frisa José da Luz, indicando que alguns açudes, como o de Entradas, secaram, e as cisternas não chegam para as necessidades.

A AACB já fez um acordo com os Bombeiros de Castro Verde para abastecerem as explorações com "necessidade muito urgente de água" a preços "mais em conta, atendendo à situação tão grave", e vai falar com outras corporações do Campo Branco para que também "possam acudir aos agricultores em caso de urgência".

A situação já levou a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) a pedir ajuda ao ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, que se mostrou disponível para lançar uma medida de apoio a pequenos investimentos nas explorações agrícolas, como a abertura de furos de água.

"O que está em causa agora é poder abrir furos, arranjar alguma água onde quer que esteja", explica à Lusa o presidente da FAABA, Rui Garrido, salientando que se trata de "ajudas relativamente pequenas".

No entanto, observa, "parece que há dificuldade em colocar a medida no terreno", e, se não for possível aplicá-la, aponta-se para "ser decretado o estado de calamidade na zona e por aí haver uma ajuda".

Aos agricultores resta aguentarem-se como podem e esperarem pela tão desejada chuva e por alguma ajuda do Governo.

"Para repor o que falta de água, é preciso vir uma invernada daquelas que tudo tem de transbordar. Esperamos que ela venha, venha a água que vier, mas que venha rapidamente, porque só assim se pode ter alguma esperança", remata José da Luz.

// MLM
Fonte: http://24.sapo.pt/noticias/nacional...-agricultores-do-baixo-alentejo_21329565.html
Lusa/Fim
 


joralentejano

Super Célula
Registo
21 Set 2015
Mensagens
9,416
Local
Arronches / Lisboa
Alentejo - Nível da Barragem do Caia preocupa Associação de Beneficiários
dFvC11x.jpg

A ausência de chuva neste começo de outono, após um verão bastante quente e seco, com os níveis de água na Barragem do Caia a baixarem diariamente, a situação é preocupante, de acordo com a Associação de Beneficiários do Caia.
Segundo o presidente desta associação, Aristides Chinita, há motivos de preocupação, “nesta data existem na barragem os mínimos para garantir uma campanha de rega normal para o ano de 2017. Seria necessário chover com abundancia pararepor reservas hídricas, que este ano iriam ficar em limites mínimos, de momento devemos estar aptos a fornecer uma campanha de regas em condições normais à agricultura, às população e a alguma indústria se houver”.
“Depende do caso se prolonga ou não esta seca e se aumentam estes consumos no outono/invernono caso de não chover. Mas de momento estamos relativamente preocupados”, referiu.
Com previsão de alguma chuva para este fim-de-semana, os níveis de água da Barragem do Caiapodem vir a melhorar, embora a situação continue a preocupar a Associação de Beneficiários do Caia.

De referir que esta barragem proporcionando paisagens de grande beleza e paz de espírito, sendo a albufeira do caia a maior do distrito de Portalegre, abrangendo grande extensão no concelho de Arronches e ainda Elvas e Campo Maior.

A Barragem tem um volume de cerca de 126 milhões de metros cúbicos de água armazenada, sendo sobretudo utilizada para regadio e abastecimento de água às populações dos concelhos envolventes.
Fonte: http://arronchesemnoticias.blogspot.pt/


Parece que o problema já não é só a seca meteorológica...

 

vamm

Cumulonimbus
Registo
26 Set 2014
Mensagens
2,319
Local
Ourique
Eu acho tão estupido que as barragens que alimentam aldeias, que ajudam imensa gente a criar o gado e as suas plantaçoes, tenham canais a regar à carga maxima em pleno verão. Na Barragem do Monte da Rocha, em Ourique, enquanto não atingiram o limite máximo de 10% da capacidade da barragem não pararam o canal de rega. Agora as populações governam-se com águas ferrosas, negras e ainda por cima têm que fazer a sua higiene com água que não tem as minimas condições. Não chega a seca ainda se permite que os grandes paguem a águinha para as suas estufas, mas lá está, o dinheiro paga tudo.

Estive um mês sem ir à barragem do Monte da Rocha. Da primeira vez estive aos pés do poço de descarga, com a água já bem longe, desta vez estive provavelmente a mesma distância a dobrar muito abaixo de onde estive. É assustador ver aquilo assim.
 

joralentejano

Super Célula
Registo
21 Set 2015
Mensagens
9,416
Local
Arronches / Lisboa
Eu acho tão estupido que as barragens que alimentam aldeias, que ajudam imensa gente a criar o gado e as suas plantaçoes, tenham canais a regar à carga maxima em pleno verão. Na Barragem do Monte da Rocha, em Ourique, enquanto não atingiram o limite máximo de 10% da capacidade da barragem não pararam o canal de rega. Agora as populações governam-se com águas ferrosas, negras e ainda por cima têm que fazer a sua higiene com água que não tem as minimas condições. Não chega a seca ainda se permite que os grandes paguem a águinha para as suas estufas, mas lá está, o dinheiro paga tudo.

Estive um mês sem ir à barragem do Monte da Rocha. Da primeira vez estive aos pés do poço de descarga, com a água já bem longe, desta vez estive provavelmente a mesma distância a dobrar muito abaixo de onde estive. É assustador ver aquilo assim.
Está tudo na mesma, é assustador ver uma Barragem que abastece três concelhos e que também serve para a rega dos campos na zona de Campo Maior/Elvas a um nível daqueles. O inverno passado não serviu para nada, precisa de um inverno muito chuvoso, á quase 3 anos que todos os afluentes principais não enchem como deve de ser. Se não encher o suficiente este inverno nem quero pensar nas consequências que isto pode causar.
 
  • Gosto
Reactions: Thomar e vamm

vamm

Cumulonimbus
Registo
26 Set 2014
Mensagens
2,319
Local
Ourique
Está tudo na mesma, é assustador ver uma Barragem que abastece três concelhos e que também serve para a rega dos campos na zona de Campo Maior/Elvas a um nível daqueles. O inverno passado não serviu para nada, precisa de um inverno muito chuvoso, á quase 3 anos que todos os afluentes principais não enchem como deve de ser. Se não encher o suficiente este inverno nem quero pensar nas consequências que isto pode causar.

Sinceramente já não sei o que me choca mais, se é o estado das coisas ou se é o que o resto do país acha do Alentejo no que diz respeito à seca. Quando fui ao Porto este verão e vi tudo verdinho pela zona, cheguei a comentar com um senhor de lá e ele disse-me "mas lá choveu muito". Não sei se aquilo que choveu num dia em Albufeira vale por 3 meses numa regiao inteira ou se o senhor desconhece mesmo a realidade do país.
 

slbgdt

Nimbostratus
Registo
31 Jan 2015
Mensagens
662
Local
Barcelos
Sinceramente já não sei o que me choca mais, se é o estado das coisas ou se é o que o resto do país acha do Alentejo no que diz respeito à seca. Quando fui ao Porto este verão e vi tudo verdinho pela zona, cheguei a comentar com um senhor de lá e ele disse-me "mas lá choveu muito". Não sei se aquilo que choveu num dia em Albufeira vale por 3 meses numa regiao inteira ou se o senhor desconhece mesmo a realidade do país.

Alqueva não foi construído pelo estado para resolver esta situação?
 

vamm

Cumulonimbus
Registo
26 Set 2014
Mensagens
2,319
Local
Ourique
Alqueva não foi construído pelo estado para resolver esta situação?
O Alqueva foi, mas as obras para o canalizar para outros pontos do Alentejo parece que se perderam no caminho. Fizeram a ligação para a Barragem do Roxo, em Ervidel, e mais para baixo ainda não chegou.
 

trovoadas

Cumulonimbus
Registo
3 Out 2009
Mensagens
3,188
Local
loule-caldeirao
O Alqueva foi, mas as obras para o canalizar para outros pontos do Alentejo parece que se perderam no caminho. Fizeram a ligação para a Barragem do Roxo, em Ervidel, e mais para baixo ainda não chegou.

Mesmo assim a Barragem está a 15%... Não parece que estejam a canalizar água do Alqueva pois o nível tem estado sempre em baixa. Devem de estar à espera que chova ou então é para mostrar que não existe seca na bacia do Guadiana pois deixam lá a água retida. Serão precisos muitos Verões para evaporar!
 

vamm

Cumulonimbus
Registo
26 Set 2014
Mensagens
2,319
Local
Ourique
Mesmo assim a Barragem está a 15%... Não parece que estejam a canalizar água do Alqueva pois o nível tem estado sempre em baixa. Devem de estar à espera que chova ou então é para mostrar que não existe seca na bacia do Guadiana pois deixam lá a água retida. Serão precisos muitos Verões para evaporar!
Eu também acho estranho, até porque se criam uma barragem com aquela envergadura para depois não ajudar ninguém, a não ser eles mesmos, então não sei para que o fizeram. O Baixo Alentejo está completamente seco e os recursos são muito poucos.
 

algarvio1980

Furacão
Registo
21 Mai 2007
Mensagens
12,393
Local
Olhão (24 m)
No final de Outubro, as barragens do Algarve estavam com esta percentagem de armazenamento:

Arade: 17.16%
Beliche: 34.23%
Odeleite: 41.21%
Odelouca: 42.68%

Não fosse o mês de Maio e a barragem de Beliche andaria na casa dos 23% e a de Odeleite na casa dos 30%, nesta altura. :wacko:
 
  • Gosto
Reactions: guisilva5000

guisilva5000

Super Célula
Registo
16 Set 2014
Mensagens
7,114
Local
Belas
"No último dia do mês de Novembro de 2016 e comparativamente ao último dia do mês anterior verificou-se um aumento do volume armazenado em 5 bacias hidrográficas e uma descida em 7.
Das 60 albufeiras monitorizadas, 7 apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 19 têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total.
Os armazenamentos de Novembro de 2016 por bacia hidrográfica apresentam-se inferiores às médias de armazenamento de Novembro (1990/91 a 2015/16), excepto para as bacias do DOURO, TEJO e ARADE."

mapa_inicial_todo.php
 
  • Gosto
Reactions: joselamego e slbgdt

algarvio1980

Furacão
Registo
21 Mai 2007
Mensagens
12,393
Local
Olhão (24 m)
A barragem de Beliche aumentou a cota em 4,49 m desde do dia 1 de Dezembro.
 

Gil_Algarvio

Nimbostratus
Registo
23 Mar 2009
Mensagens
1,811
Local
Manta Rota - Algarve
Acabei de passar por Odeleite, não sei quantos metros subiu o nível da albufeira, mas já estão as águas a bater nas comportas dos descarregadores de superfície!! :D