Seguimento Rios e Albufeiras - 2016

  • Thread starter Thread starter AnDré
  • Data de início Data de início
Junto ao rio Leça há habitações que chegam a ter as fundações na margem do rio. Um dia com uma valente cheia depois de anos de desgaste as casas irão com a força das águas. Sempre que há cheias em algumas zonas ficam garagens inundadas. O rio Leça é um caso flagrante do nosso lado de Terceiro Mundo em matéria de ordenamento.
 
Esta não é a minha área de formação mas sou sócio da Quercus desde os 13 anos, e desde essa altura que leio nos jornais da associação que com um aumento da eficiência energética e com poupanças no sector público poderíamos baixar o consumo em 10%. Estas barragens vão aumentar a produção, cada uma, em 1 a 3%. Portanto entre a poupança e a eficiência parece-me que a opção política foi a de favorecer as construtoras e os interesses da EDP. E isto acontece porque a sociedade civil é fraca e mal informada, e as corporações são imorais.

Não conheço nenhum país na Europa com tanto desperdício de dinheiro em iluminação pública, qual é o sentido de iluminar estradas rurais como se fossem avenidas? Ou colocar tanta iluminação em pontes ou cruzamentos de IPs ou ICs? Serão necessários tantos candeeiros? Acho que não! O Estado se quiser poupa muitos, muitos milhões na factura de electricidade.


Olha, somos colegas, também sou sócio da " Quercus ".

As barragens tornaram - se, infelizmente, um grande negócio para alguns.
Já não tem como objectivo primordial produzir energia, mas produzir negócios ( e agora metem ao assunto o aquecimento global e tudo, para lhe dar um tom mais credível) .
 
  • Gosto
Reactions: frederico
E quem está agora na casa dos 20 ou dos 30 irá conhecer um fenómeno que é o assoreamento das barragens mais antigas. É que estas obras têm um período de vida limitado a algumas décadas. O que se fará no futuro a estas barragens?
 
  • Gosto
Reactions: efcm
Exceptuando algumas situações de estrangulamento de alguns trocos de rios, que terão que ser mesmo desassoreados, já foi feito algum estudo credível e científico, que certifique que os prejuízos provocados pelas cheias nos últimos anos são muito superiores a estes 20 milhões de euros ( prejuízos para o erário público, não para particulares) ?

Ou não foi feito e é mais um caso em que o dinheiro dos contribuintes vai ser deitado ao rio em prol de interesses de meia dúzia e de empresas e autarquias amigas?.
Não se tratam de "interesses", é uma necessidade real e está à vista de toda a gente. Há locais onde a areia já está ao nível das margens, e no meio do rio a água dá pelos joelhos.

56a2c7ff6a1b9.png


Há vários anos que esta situação se tem agravado e várias entidades tem alertado para a necessidade de desassoreamento do rio:

Notícia de 2005: Ó da Barca alerta para assoreamento no rio Mondego
2006: Cordão humano alerta para assoreamento do rio
2007: Assoreamento do Mondego ameaça inundar cidade
2013: Desassoreamento do Mondego dependente de alguém que compre areia do rio
2014: Assoreamento do rio limita o Basófias

X8IaeOU.jpg


Cu9bcB8.jpg
 
O assoreamento do Mondego é um problema antiquíssimo. Na Idade Média houve uma intensa desflorestação nas serras das Beiras. O rio na altura dos Descobrimentos já estava assoreado e penso que já não era navegável até Coimbra. Houve até um padre que depois motivou a plantação do Choupal para ajudar a estabilizar as margens e combater as cheias. Sabe-se também que no passado as margens do Mondego estavam estabilizadas por enormes árvores que foram removidas para o aproveitamento da madeira. Estamos perante um problema complexo que tem séculos.
 
  • Gosto
Reactions: efcm e guisilva5000
Este problema do assoreamento que vem da Idade Média prejudicou muito a economia portuguesa. Se Portugal tivesse canais e rios navegáveis teria sido possível a várias regiões escoar os seus produtos mais facilmente para exportação. A Europa Central ou o Norte de Itália tiveram ou têm canais e rios navegáveis o que muito contribuiu para o comércio e o desenvolvimento económico. Na União Ibérica chegou a pensar-se tornar o Tejo navegável até à região de Toledo. A ausência de boas vias de comunicação sempre foi um problema para o nosso desenvolvimento. No século XIX, o Algarve, por exemplo, não tinha nenhuma via de ligação decente a Lisboa. Mas no tempo dos romanos o litoral algarvio teve uma bela estrada de ligação a Olisipo...
 
O assoreamento do Mondego é um problema antiquíssimo. Na Idade Média houve uma intensa desflorestação nas serras das Beiras. O rio na altura dos Descobrimentos já estava assoreado e penso que já não era navegável até Coimbra. Houve até um padre que depois motivou a plantação do Choupal para ajudar a estabilizar as margens e combater as cheias. Sabe-se também que no passado as margens do Mondego estavam estabilizadas por enormes árvores que foram removidas para o aproveitamento da madeira. Estamos perante um problema complexo que tem séculos.
Até ao final do século XIX, as barcas serranas ainda faziam o transporte de mercadorias entre a Figueira da Foz e o Porto da Raiva, em Penacova.
 
  • Gosto
Reactions: dahon
Os problemas dos rios nunca se hão - de resolver sem que se tenha uma perspectiva ecológica do rio e de toda a sua envolvencia desde a nascente até à Foz. E na costa é a mesma coisa.
Podem - se gastar milhões mas se não se for à raiz do problema, passados não muitos anos, há um novo retrocesso e há mais milhões para gastar.

Em relacao ao coberto vegetal que outrora cobria as serras onde nasciam os rios e ao longo das suas margens ( que foi criminosamente desvastado, e ainda é , ao longo dos séculos) , esse manto vegetal servia como um forte entrave aos sedimentos que escorriam para o rio e mesmo no controlo de cheias. Aliás, é simples de comparar. Se compararmos , numa época de fortes chuvadas, uma zona muita florestada e outra sem floresta, é fácil de verificar que na zona com floresta a maior parte da água é retida e absorvida pelo solo ; em contrapartida, na zona sem floresta, a água escorre violentamente em forma de enxurrada.
 
  • Gosto
Reactions: frederico
No ano passado visitei o rio olo e a sua mini barragem e aquilo apesar de estar abandonada á muitos anos é possivel ver que tem uma profundidade misera de 10 cms , imagino o que acontece nos principais rios nas suas albufeiras e da capacidade de armazenamento ...
 
Antigamente, muitos rios eram navegáveis, pelo menos a embarcações de pequena e média dimensão. Dou alguns exemplos: o Minho, o Lima, o Cávado, o Ave, eram navegáveis pelo menos até 20/ 25 km da Foz.

Isso não é verdade. O Minho sempre foi navegável até Valença e ainda é.
O Lima na altura dos romanos tb era navegável até Ponte de Lima.
O Cávado nunca foi, até houve um plano de o encanar da Foz do Homem até Esposende e tornar o rio navegável.
Mas a pessoa que teve a ideia foi morta por recuar perante as tropas de Napoleão aquando da sua entrada pelo Norte.
 
Isso não é verdade. O Minho sempre foi navegável até Valença e ainda é.
O Lima na altura dos romanos tb era navegável até Ponte de Lima.
O Cávado nunca foi, até houve um plano de o encanar da Foz do Homem até Esposende e tornar o rio navegável.
Mas a pessoa que teve a ideia foi morta por recuar perante as tropas de Napoleão aquando da sua entrada pelo Norte.


Então estás a dar - me razão em relação ao facto do Lima já ter sido navegável.