joralentejano
Super Célula
Tenho a certeza que com as inundações de ontem na região de Lisboa a maioria das pessoas também deve ter ficado com a perceção de que o outono está a ser chuvoso, até porque na semana passada também foi chovendo alguns dias, mesmo com acumulados pouco significativos.Este evento foi realmente potenciador dessa ideia, apenas com acumulados muito significativos numa estreita faixa costeira e efeitos urbanos. Era difícil ter sido mais pernicioso em todos os aspectos. O Algarve, e o Sul em geral não são apenas as cidades costeiras das notícias e, quando se sublinha o deficit pluviométrico, é do interior que se trata.
Já estamos a entrar em período de seca e quando houver publicações sobre isso vai sempre haver alguém a dizer "como é possível, se já houve inundações aqui e ali".
Acumulados de 50/100mm num dia causam inundações nos centros urbanos, dão origem a uns acumulados muito giros, mas se forem pontuais não contribuem grande coisa para os cursos de água, barragens, etc. Até podem cair 100/200mm no Litoral, se não chover no Interior as principais fontes de abastecimento para grande parte das cidades do litoral não recuperam.
A frente que atingiu hoje o Litoral Algarvio podia ter vindo ao Alentejo dar origem a umas enxurradas de manhã e a esta hora provavelmente já estava tudo seco. No entanto, outubro ficava como chuvoso e estava tudo bem.

Não passo por essas ilusões, sei como as coisas funcionam. O período de seca de 2017 a 2022 que levou as barragens às últimas em muitas circunstâncias foi marcado por eventos pontuais deste género, seguidos de longos períodos de estabilidade.
Neste momento está a acontecer um cenário muito semelhante ao que vi várias vezes nesses anos, com os modelos em delírio a médio/longo prazo, mas à medida que se aproximam os eventos cortam de forma radical restando 2/3 dias de instabilidade.
Espero que me engane. O que é certo é que na semana passada disse que certas previsões eram um exagero e o resultado está à vista.