Não conheço a zona, talvez, e mesmo com chuva desta intensidade, não seja um local propício a grandes "enxurradas" e a água escoe bem, não causando ( e ainda bem) mais do que pequenas inundações em habitações e nas ruas, mas isto já é especular...
(...)
No Sameiro os estragos avultados estão de acordo com um valor extremo de precipitação concentrada, já no Alvito... Quantas ocorrências houve relacionadas com o mau tempo? Com 85mm de precipitação teria que ter haver problemas e não vejo na comunicação social, nem em lado nenhum nada que possa sustentar um valor tão extremo de precipitação. (...)
Não será de descartar o facto de o Sameiro estar no fundo de um vale encaixado e profundo e o Alvito estar no meio da peneplanície alentejana. O escorrimento da água terá, certamente, de ter um comportamento significativamente diferente entre ambas as localidades.
É a minha singela contribuição para a discussão em curso...
No Sameiro os estragos avultados estão de acordo com um valor extremo de precipitação concentrada, já no Alvito... Quantas ocorrências houve relacionadas com o mau tempo? Com 85mm de precipitação teria que ter haver problemas e não vejo na comunicação social, nem em lado nenhum nada que possa sustentar um valor tão extremo de precipitação. Eu se fosse dono da estação seria o primeiro a desconfiar do valor, numa perspetiva de melhoria constante...
Vejamos: no Alvito foram cerca de 60 mm em uma hora, volto a frisar que não foram 85 mm, mas a Vila situa-se numa zona de divergência de águas e numa paisagem geral de declives fracos, logo sem a aceleração gravítica das escorrências em encostas de forte declive, nem concentração no fundo de um vale como sucedeu no Sameiro .
No Alvito, entre as 16h e as 17h15, aproximadamente, houve um primeiro aguaceiro com valores do vento idênticos aos da situação em análise (das 19h15 às 20h30).
Esse primeiro aguaceiro acumulou cerca de 20 mm e também está de acordo com o registo de radar mas que apresentava ecos menos intensos. Nada nos registos indica que tenha havido trepidação ou balancear do pluviómetro devido ao vento: o vento mesmo em rajada máxima não passou de fraco (< 15 Km/h) quando o rain rate já era superior a 20 mm/h e o máximo atingido só foi de 21 Km/h antes de começar a chover. Durante o período de maior intensidade da precipitação o vento enfraqueceu, com valores de quase calma (< 5 Km/h), o que é habitual nestes aguaceiros muito fortes, mas a acumulação manteve-se ao mesmo ritmo muito elevado.
A topografia de ambas as zonas explica certamente a diferença de efeitos na acumulação e na velocidade da escorrência entre Sameiro e Alvito.
Como últimos recursos de validação:
1- Verficação da estação in loco.
2- Registar os relatos das pessoas que moram no Alvito.
Eu sou um defensor da rede do meteoalentejo, (crítico mas defensor), até porque como já o referi aqui, dá muitas vezes cartas às EMA's oficiais, que como sabemos carecem muitas vezes de manutenção.
Eu preferia menos estações mas com dados de qualidade, do que um país cheio de estações com dados duvidosos.
No entanto, acho que valores desta amplitude não podem ser tidos como verdadeiros sem uma análise mais profunda.
No caso de Alvito, estamos a falar de 47mm em 30minutos. 30 minutos com uma intensidade média de 94mm/h. Isto é uma imensa carga de água num espaço de tempo grande. "No mínimo" deveria aparecer no radar um eco roxo estacionário, visto que foi um período bastante grande com uma enorme intensidade.
Mas Alvito não é caso único.
Ferreira do Alentejo tem também um avultado acumulado de precipitação com quase 20mm em 10 minutos. Ou seja, durante 10minutos a intensidade média da chuva foi de 120mm/h!
Nisa hoje vai com 76,5mm. Não sendo tão evidente como nas outras duas estações, o que me parece é que acima de uma determinada intensidade de precipitação as estações ou os softwares estão a sobrestimar a precipitação acumulada.
Vejamos: no Alvito foram cerca de 60 mm em uma hora, volto a frisar que não foram 85 mm, mas a Vila situa-se numa zona de divergência de águas e numa paisagem geral de declives fracos, logo sem a aceleração gravítica das escorrências em encostas de forte declive, nem concentração no fundo de um vale como sucedeu no Sameiro .
No Alvito, entre as 16h e as 17h15, aproximadamente, houve um primeiro aguaceiro com valores do vento idênticos aos da situação em análise (das 19h15 às 20h30).
Esse primeiro aguaceiro acumulou cerca de 20 mm e também está de acordo com o registo de radar mas que apresentava ecos menos intensos. Nada nos registos indica que tenha havido trepidação ou balancear do pluviómetro devido ao vento: o vento mesmo em rajada máxima não passou de fraco (< 15 Km/h) quando o rain rate já era superior a 20 mm/h e o máximo atingido só foi de 21 Km/h antes de começar a chover. Durante o período de maior intensidade da precipitação o vento enfraqueceu, com valores de quase calma (< 5 Km/h), o que é habitual nestes aguaceiros muito fortes, mas a acumulação manteve-se ao mesmo ritmo muito elevado.
A topografia de ambas as zonas explica certamente a diferença de efeitos na acumulação e na velocidade da escorrência entre Sameiro e Alvito.
Como últimos recursos de validação:
1- Verficação da estação in loco.
2- Registar os relatos das pessoas que moram no Alvito.
Eu sou um defensor da rede do meteoalentejo, (crítico mas defensor), até porque como já o referi aqui, dá muitas vezes cartas às EMA's oficiais, que como sabemos carecem muitas vezes de manutenção.
Eu preferia menos estações mas com dados de qualidade, do que um país cheio de estações com dados duvidosos.
No entanto, acho que valores desta amplitude não podem ser tidos como verdadeiros sem uma análise mais profunda.
No caso de Alvito, estamos a falar de 47mm em 30minutos. 30 minutos com uma intensidade média de 94mm/h. Isto é uma imensa carga de água num espaço de tempo grande. "No mínimo" deveria aparecer no radar um eco roxo estacionário, visto que foi um período bastante grande com uma enorme intensidade.
Mas Alvito não é caso único.
Ferreira do Alentejo tem também um avultado acumulado de precipitação com quase 20mm em 10 minutos. Ou seja, durante 10minutos a intensidade média da chuva foi de 120mm/h!
Nisa hoje vai com 76,5mm. Não sendo tão evidente como nas outras duas estações, o que me parece é que acima de uma determinada intensidade de precipitação as estações ou os softwares estão a sobrestimar a precipitação acumulada.
Relativamente a Nisa hoje com 76,5mm temos a estação meteorológica de Pé da Serra a 9km de distância com 52mm no entanto esta nao registou a chuva entre as 4 e as 9h da manhã portanto parece bater tudo certo.
Curiosamente, mesmo com os acumulados horários que têm sido registados na rede IPMA, os ecos roxos no "radar dinâmico" têm sido extremamente raros neste evento.
Por isso, ponho a dúvida: numa situação de massa de ar tropical e de células deste tipo em movimento muito rápido, até que ponto o eco de radar, que a distâncias maiores já não varre até à altitude do solo, pode ser uma medida fiel da intensidade da precipitação no nível mais baixo, não abrangido pelo feixe. Costumamos ver muitos ecos roxos nas situações convectivas de Verão, como aconteceu nos dois meses anteriores, porque as células têm formação da precipitação a altitudes elevadas, com o eco roxo muitas vezes associado a granizo. Nestas células do presente evento observo que os ecos vão tornando-se mais fortes à medida que a sua altitude decresce (ecos mais fortes junto à superfície) enquanto que nas células de convecção mais estática observadas tipicamente com as situações de calor elevado, os ecos à superfície não são tão intensos como em altitudes mais acima.
No evento do Sameiro desta madrugada, o eco não passou do amarelo sobre aquela zona, mesmo na altura dos 21 mm em 15 minutos.
Acrescento que no Alvito a passagem de eco amarelo/laranja durou muito tempo, não porque as células estavam estacionárias mas porque era uma linha relativamente longa em movimento longitudinal.
Boa noite, por Albufeira:
Noite e dia bastante húmidos.
Dia com céu parcialmente nublado.
Um aguaceiro durante a noite e mais umas duas vezes que caíram umas pingas.
Curiosamente, mesmo com os acumulados horários que têm sido registados na rede IPMA, os ecos roxos no "radar dinâmico" têm sido extremamente raros neste evento.
Por isso, ponho a dúvida: numa situação de massa de ar tropical e de células deste tipo em movimento muito rápido, até que ponto o eco de radar, que a distâncias maiores já não varre até à altitude do solo, pode ser uma medida fiel da intensidade da precipitação no nível mais baixo, não abrangido pelo feixe. Costumamos ver muitos ecos roxos nas situações convectivas de Verão, como aconteceu nos dois meses anteriores, porque as células têm formação da precipitação a altitudes elevadas, com o eco roxo muitas vezes associado a granizo. Nestas células do presente evento observo que os ecos vão tornando-se mais fortes à medida que a sua altitude decresce (ecos mais fortes junto à superfície) enquanto que nas células de convecção mais estática observadas tipicamente com as situações de calor elevado, os ecos à superfície não são tão intensos como em altitudes mais acima.
No evento do Sameiro desta madrugada, o eco não passou do amarelo sobre aquela zona, mesmo na altura dos 21 mm em 15 minutos.
Acrescento que no Alvito a passagem de eco amarelo/laranja durou muito tempo, não porque as células estavam estacionárias mas porque era uma linha relativamente longa em movimento longitudinal.
isto aconteceu na Serra da Estrela, o mapa de radar dinâmico é composto nesta zona pela mistura do radar de Arouca + Coruche.
Nenhum dos dois possivelmente tem angulo para transpor a zona de sombra que é causada ao radar pela zona de Serra antes do Sameiro.
E não é que o dia passou-se com muito Sol, vento e água bem mais quentinha.
O dia esteve um mimo, parecia que havia um corredor e tudo passava ao lado, apesar do mar picado, ainda fui lá 3 vezes, o melhor dia de temperatura da água até agora
isto aconteceu na Serra da Estrela, o mapa de radar dinâmico é composto nesta zona pela mistura do radar de Arouca + Coruche.
Nenhum dos dois possivelmente tem angulo para transpor a zona de sombra que é causada ao radar pela zona de Serra antes do Sameiro.
Alvito está a cerca de uma centena de quilómetros de Coruche; e um pouco mais do radar de Loulé.
A depressão do horizonte oculta menos de 1 Km nos níveis baixos.