Urso-pardo de volta a Portugal?

Pedro1993

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Exato. Mas penso que parte desta consciencialização deve partir de entidades competentes na matéria. Percebo que para grande parte da população estes animais são vistos como "concorrentes" por determinado produto, seja caça, gado, segurança, território, ou até por mitos e valores enraizados à décadas. Para a minha avó na aldeia, as raposas, os texugos, os sacarrabos, etc, são predadores de gado, ponto. Eu já os vejo de outra forma, pois esta consciencialização foi me incutida na escola, na universidade, etc. Mas para a minha avó e para os seus vizinhos ninguém lhe incuti-o estes valores...

Considero que o trabalho desempenhado pelo ICNF e por outras entidades à volta do tema Lince tem sido bem conseguido. As novas gerações estão sensibilizadas com o trabalho desenvolvido, é um tema amplamente divulgado e conhecido, os timings têm sido bons e tem tudo para ser um projeto concluído da melhor forma com a eficaz reintrodução noutros pontos do país nas próximas décadas. Haverá sempre problemas com acidentes, abates, doenças, mas no balanço geral é um trabalho muito positivo até agora.

Já outros animais têm visto a sua popularidade manter-se ou regredir nos últimos anos. E isso sim, é um problema grave nesta altura. Animais como o lobo, o javali e outros pequenos mamíferos (sacarrabos, texugos, pequenos roedores, etc etc), répteis e aves têm continuado a ser completamente ignorados e continua o sentimento de repulsa por estes seres vivos. Todos os dias se ouve falar na "praga" de javalis que assola Portugal, mas até hoje ainda ninguém me mostrou um bom estudo que mostre a grande variação de indivíduos no último século (ou outra escala temporal)... se calhar é porque na realidade ainda ninguém se dignou a fazer um estudo destes, seja por falta de interesse seja por falta se monitorização, que na minha opinião, é um dos problemas mais graves que a conservação da natureza tem em Portugal. Quem diz javali diz outros animais e plantas. Alguém sabe ao certo quantos lobos existem em Portugal? Quantas lontras? Quantas galinholas? ...

Excelente explicação, faço das tuas palavras as minhas, sei que as pessoas mais idosas são assim mesmo, e já não se consegue fazer muito melhor para mudar esses hábitos já tão enraizados, o futuro agora é ensinar as gerações mais novas nas escolas, e mostrar-lhes que existe muito mais vida para descobrir para além dos telemóveis, tablets e computadores.
Gostei de ver uma boa iniciativa de uma junta de uma junta de freguesia aqui próxima, em que explicaram ás crianças até aos 10 anos, numa escola, o que mudou agora com a entrada em vigor a 21 de Janeiro, acerca da queima de sobrantes, isto com o objectivo de essas mesmas crianças depois explicarem lá em casa aos pais ou avós, com devem de proceder cada vez que querem queimar algo.
Pois é o javali fala-se num praga em vários locais do nosso país, mas não se sabe ao certo o eventual aumentar exponencial desta espécie, bem como de outras, o que as pessoas dizem é que tem causado mais estragos, ou que se aproximam demasiado das casas e das pessoas.
Eu lembro-me quando andava na escola, e me ensinaram que se devia reciclar, e fui eu mesmo que ensinei toda a gente cá em casa, isto já lá vão uns 15 anos.
Sim de facto as entidades competentes tem feito uma bom trabalho, na preservação do lince, até já com colocação de sinais de transito, de modo a alertar os condutores, mas o atropelamento infelizmente tem sido uma das maiores causas de morte desta espécie.
 


MSantos

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Já ontem tinha visto esta foto das pegadas de urso partilhadas pelo professor Carlos Aguiar! A confirmar-se é uma boa notícia! :thumbsup:

Mas não vamos embandeirar em arco, quanto muito é um individuo dispersante, estamos muito longe de termos uma presença regular de ursos em Portugal.
 

clone

Cumulus
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4 Jan 2014
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-.-
Já ontem tinha visto esta foto das pegadas de urso partilhadas pelo professor Carlos Aguiar! A confirmar-se é uma boa notícia! :thumbsup:

Mas não vamos embandeirar em arco, quanto muito é um individuo dispersante, estamos muito longe de termos uma presença regular de ursos em Portugal.


Olha que ursos é o que não falta no parlamento :inocente:
 

belem

Cumulonimbus
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Essa alusão de ursos a pessoas, não acham que já é um bocado repetitiva e ultrapassada?

Caro AJB

Como soube que estão confirmadas como sendo de urso-pardo?

Obrigado desde já.
 

belem

Cumulonimbus
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Já ontem tinha visto esta foto das pegadas de urso partilhadas pelo professor Carlos Aguiar! A confirmar-se é uma boa notícia! :thumbsup:

Mas não vamos embandeirar em arco, quanto muito é um individuo dispersante, estamos muito longe de termos uma presença regular de ursos em Portugal.


A ser verdade, tanto quanto sei, trata-se simplesmente do primeiro urso-pardo confirmado em território nacional desde o século XIX... Claro que não é motivo para grandes euforias, mas é um acontecimento importante e pode (e deve) motivar locais e autoridades, a ter atenção a este tema e quiçá a enveredar por um atitude conservacionista diferente e mais realista.
E o regresso do urso-pardo, a meu ver, deve ser estimulado, pois é uma tremenda mais valia (veja-se o bom exemplo da Espanha neste capítulo e como tem sabido gerir os recursos e obter benefícios com a presença do urso-pardo).
Outra coisa, que pode emergir com este achado (se for verdadeiro), é o surgimento de uma investigação mais séria, nestas regiões raianas, no sentido de encontrar mais indícios de urso-pardo, pois até poderão haver mais ursos, em território nacional... Só quem não conhece bem estas regiões, é que acha que não têm potencial, para esconder animais (sobretudo tendo em conta o tipo de terreno, a vastidão de áreas despovoadas, a boa quantidade de habitats propícios à presença de ursos, etc...).
E espero que tudo isto, beneficie as populações locais, o magnífico património natural local e o nosso país, em geral.

PS: Gostei muito das participações do Sr. JPAG e do Sr. Pedro1993!
 
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AJB

Nimbostratus
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Baião
Essa alusão de ursos a pessoas, não acham que já é um bocado repetitiva e ultrapassada?

Caro AJB

Como soube que estão confirmadas como sendo de urso-pardo?

Obrigado desde já.
Nao poderei dizer mas é fidedigna
 
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belem

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Pois, é que está a haver uma discussão sobre este tema no Facebook, e a falta de idoneidade, relativamente a este assunto, já se está a tornar um bocado frustrante (para não dizer irritante).
Enquanto não for feito um «press-release», ou for publicado um pequeno artigo que seja (não precisa de ser numa revista científica), em que refiram quem fez a identificação e como, vou considerar este achado como «ainda por confirmar».
É realmente pena, colocarem uma foto tão pouco clara e apenas de forma vaga, dizerem que está identificada como sendo de urso, por especialistas (nos comentários, apenas adiantam que têm mais fotos e que os especialistas são espanhóis)...
Se têm mais fotos, porque é que não postam uma mais nítida (a não ser que não tenham uma melhor)...?
 
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belem

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Pois, muitas pessoas estão a deixar este assunto de lado (o numero de comentários no facebook e a qualidade das intervenções, baixou imenso). Agora aparece muita palha, e os vulgares «ursos são os de duas pernas», etc...
Infelizmente, dada a arrogância e falta de capacidade de comunicação, de quem supostamente veio a público mostrar as pegadas e alegou serem a confirmação da presença de urso-pardo, parece-me que não passa tudo de um engano.
Mas talvez, no meio disto tudo, seja realmente importante confirmar duas outras alegações: a da entrada (supostamente) recente de ursos-pardos tanto por Vinhais, como por Miranda do Douro. Também há quem fale na Peneda, mas quem o mencionou, não me parece confiável (a mesma pessoa que apareceu com esta história das pegadas).
Relativamente ao caso de Vinhais e Miranda do Douro, disseram-me que foi Espanha, quem avisou Portugal (neste caso o ICNF) sobre a entrada de ursos. Resta agora, confirmar isso junto do ICNF e do grupo espanhol que acompanhou os ursos.
 
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belem

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Enquanto o urso e o lince recuperam, eis uma espécie que está muito mal.
https://www.elmundo.es/ciencia-y-salud/ciencia/2019/01/25/5c4af2e4fc6c83de378b45f0.html

Menos de 300 exemplares na zona da Cordilheira Cantábrica, e poucas fêmeas reprodutoras. A espécie já existiu nas serranias a norte do Douro.

A população reliquia, que ainda há relativamente pouco tempo, encontraram em León, está dada como extinta.
Provavelmente quando a encontraram, já estava em grave declínio.

Pelo que estive a ler num forum Espanhol, a situação do tetraz, nos últimos enclaves que restam da espécie em Espanha, é realmente muito preocupante...
Há uns tempos, contatei o centro de reprodução em cativeiro da espécie (em Espanha) e eles têm um grave problema de consanguinidade e nem me foi possível ajudar o Parque Biológico de Gaia, a adquirir uns exemplares.

Penso que daqui a pouco tempo, saberemos, se deve ser mantida a suposta «pureza» ibérica dos últimos tetrazes selvagens que restam na Peninsula Ibérica, ou se terão que incluir tetrazes de outras partes da Europa para ajudar a variedade ibérica a recuperar.
Sinceramente, acho. que a inclusão de outros tetrazes, será praticamente inevitável, tanto até que nem existe grande diferença física , entre estas populações.
 
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belem

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Pois, muitas pessoas estão a deixar este assunto de lado (o numero de comentários no facebook e a qualidade das intervenções, baixou imenso). Agora aparece muita palha, e os vulgares «ursos são os de duas pernas», etc...
Infelizmente, dada a arrogância e falta de capacidade de comunicação, de quem supostamente veio a público mostrar as pegadas e alegou serem a confirmação da presença de urso-pardo, parece-me que não passa tudo de um engano.
Mas talvez, no meio disto tudo, seja realmente importante confirmar duas outras alegações: a da entrada (supostamente) recente de ursos-pardos tanto por Vinhais, como por Miranda do Douro. Também há quem fale na Peneda, mas quem o mencionou, não me parece confiável (a mesma pessoa que apareceu com esta história das pegadas).
Relativamente ao caso de Vinhais e Miranda do Douro, disseram-me que foi Espanha, quem avisou Portugal (neste caso o ICNF) sobre a entrada de ursos. Resta agora, confirmar isso junto do ICNF e do grupo espanhol que acompanhou os ursos.

Infelizmente e pelo que estive a analisar muito rapidamente, penso que serão novamente alegações sem fundamento...
O caso recente de Vinhais, não aconteceu em Vinhais, mas em Espanha, ainda que a poucos quilómetros da fronteira:

http://visao.sapo.pt/verde/2017-11-20-Sera-que-o-urso-vai-regressar-a-Portugal-

O caso de Miranda do Douro, penso que também foi em Espanha (Zamora), mas também relativamente perto de Portugal (será o caso registado em 1998?).

Agora claro que há também a hipótese de alguns terem entrado mesmo cá, só que ninguém se apercebeu. Nem todos os ursos são seguidos por Espanha.

No entanto, vou contatar na mesma o ICNF.


Posto isto, penso que existem 3 posições, relativamente à situação do urso-pardo em Portugal.

1-Existem uns que aparentemente rejeitam a hipótese de entrarem ursos em Portugal, e que salientam que o último registo (1843), já era de um animal dispersante.
Acreditam também que não existem condições no Norte de Portugal, para os ursos voltarem e que se o urso quisesse voltar, não teria nada para comer.
Para sustentar este ponto de vista, alegam ter havido demasiados transformações no que seria um bom habitat para o urso, nomeadamente a destruição do bosque caducifólio, o fogo e a expansão da cultura do milho, do pinhal, do eucaliptal, etc...


2-Existem uns que aparentemente acreditam que existem ursos dispersantes em Portugal (numa franja que vai da Peneda às zonas raianas do parque natural de Montesinho). Falam em avistamentos, pegadas e dizem que o ICNF, está a par de alguns destes acontecimentos..

3-Existem uns que acreditam que existe a possibilidade de ursos dispersantes entrarem ou de virem começar a entrar em Portugal (tal tanto pode já ter acontecido recentemente, como poderá acontecer nos próximos tempos), sobretudo na zona do Parque Natural de Montesinho e arredores.
Mencionam que tal ponto de vista, é sustentado pela expansão notória da população ocidental ibérica de urso-pardo (e também com o crescente numero de registos relativamente perto da fronteira Portuguesa) e reforçam este ponto de vista, com uma comparação entre os habitats usados em Espanha, pelo urso, com os presentes no extremo Nordeste Português, alegando existir alguma semelhança em vários aspetos chave e com um estudo que apresenta esta zona, como tendo habitat com potencial para albergar a espécie (ainda que em numeros baixos (sobretudo dispersantes, e com baixa taxa de ocupação permanente e com muito baixa taxa de reprodução)).
Por último apontam a crescente baixa densidade da população humana, e a relativamente numerosa população de lobos-ibéricos na região (tanto no lado Português, como no lado Espanhol) como um bioindicador favorável para os ursos.


Uma crítica construtiva a todos estes pontos de vista:

1)As transformações que alegam ter transformado o habitat do urso ao ponto de este não ter alimento, muito provavelmente, não podem ser aplicadas a toda a zona raiana do Norte de Portugal e o urso pode ser considerado como sendo um animal com uma dieta bastante generalista, tendo sido observado na Europa do Leste, a frequentar lixeiras, a viver bem perto de aldeias habitadas em Espanha e a seguir alcateias de lobo na América do Norte para ter acesso aos despojos das caçadas.
O urso-pardo também não vive exclusivamente em bosques caducifólios, como já foi demonstrado neste tópico, tanto na P. Ibérica, como em vários outros países, escolhendo antes diferentes tipos de habitat, consoante a época do ano, a região, etc...
Também me parece que têm negligenciado o crescente número de incursões de ursos-pardos até zonas próximas da fronteira (ou talvez não, quiçá uma próxima publicação mencione este aspecto).

2- Infelizmente a verdade é que não existem provas credíveis sobre a presença de ursos-pardos em território nacional (tanto quanto sei, pelo menos desde o caso de 1843) e não deviam nunca, enveredar por fotografias, testemunhos e informações duvidosas para dizer que a presença do urso está confirmada, pois isto em nada contribue para a melhoria da situação do urso-pardo no nosso país e afasta as pessoas com potencial para fazer algo de relevante.
Seguramente também não serve em nada para refletir sobre a possibilidade da entrada de ursos em Portugal ou sobre possíveis alterações da lei ou de gestão territorial do nosso país.
Por último, se por acaso, encontrarem mesmo algo que prove a presença de um urso, acho que devem dirigir-se a autoridades como o ICNF ou a investigadores sérios e imparciais, e evitem indicar as localizações precisas dos achados ao público.

3-Esta é a minha linha de pensamento, por isso, como é óbvio, não tenho muito a criticar, excepto talvez que tenha que ter em mente, que apesar de existirem corredores ecológicos entre o Nordeste Português e o sistema Sanabria-Culebra, tal colonização, a realizar-se, poderá ser algo lenta e se envolverá reprodução, dentro de território português, só o tempo dirá.
Penso que é necessário atualizar a informação sobre o que se passa neste território, e em Espanha e sugerir alguma atenção às autoridades competentes, sobre a possível entrada de animais dispersantes oriundos de Espanha (e de propôr um plano adaptado à realidade local, para também introduzir o tema junto das populações locais, escolas, (etc), tendo em vista a sensibilização da população (inclusive grupos ambientais regionais)).
Eventualmente este plano (que poderá estender-se até a outro lado da fronteira), também irá propôr o reforço das massas boscosas locais, com espécies e variedades locais, que não só favorecem o urso, mas toda uma série de seres vivos. As populações locais, poderão e deverão participar nestes plantios em ações de voluntariado e será incutido um ambiente alegre e festivo, aos eventos.
A criação da Reserva da Biosfera Transfronteiriça da Meseta Ibérica, há uns tempos atrás, também impulsionou-me a enveredar por esta linha de pensamento.
 
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