Isto há tanta coisa que se vai descobrindo que é difícil ter este tópico em dia (pois também não tenho tido tempo).
Posso colocar aqui algumas novidades:
Como alguns estudos (que já coloquei aqui) têm sugerido, as populações europeias que partilham menos antepassados em comum com outras populações são os Portugueses, os Espanhóis e os Italianos.
Coon aqui refere-se um pouco à questão que eu levantei, 3 posts acima:
« In the western and northern fringes (of Europe), away from the gates of entry, earlier peoples of Mesolithic and even Palaeolithic tradition remained. In Spain, Portugal, and Italy small Mediterranean types of pre-Neolithic or Early Neolithic dating may well have blended with the invaders in large numbers, but since the two elements would have been much the same it is impossible to determine the proportions of each. »
Existe alguma dificuldade, para o caso do Oeste Mediterrânico, em distinguir povos Mesolíticos e Neolíticos (em particular do Neolítico inicial).
Também esta questão tem sido apoiada por estudos mais recentes, sobre a morfologia craniana, como o de Mary Jackes, David Lubell, etc... Que identificam «continuidade» no período de transição entre o Mesolítico e o Neolítico, em Portugal.
Denise Ferembach nos anos setenta, fala-nos de alguma diversidade pré-histórica em Muge, e João Zilhão e vários outros autores, até se referiram a uma larga adopção de gentes Mesolíticas/Paleolíticas na população moderna Portuguesa (também usando o estudo de Denise Ferembach como base).
Coon diz que a população de Muge, tem continuidade até tempos modernos,na população Portuguesa
Howells (1995) parece confirmar tudo isto, sendo que em 10 crâneos de Muge, identificou o tipo Mediterrânico Europeu, em 9...
Alguns autores, também identificam o surgimento (no Neolítico) na P. Ibérica de um tipo humano mais alto, mas em tudo o resto praticamente idêntico aos caçadores pré-históricos ibéricos.
Têm sido encontradas linhagens paternais e maternais basais (de enorme antiguidade), em Portugal (até tipos distintos de Y-DNA A e mtDNA L3).
U6, que se pensava ter origem no Norte de África, e ter entrado na P. Ibérica, desde pelo menos o Paleolítico Superior, afinal foi encontrado (recentemente) na sua forma mais basal, num local bem longe (na Roménia, num esqueleto feminino pré-histórico, do período Gravetiano, que tinha traços morfológicos entre o Homo Sapiens e o Homem de Neanderthal).
Há quem diga que terá descido até ao Sudoeste Europeu, para se refugir das fases glaciárias (e eventualmente terá atravessado o estreito de Gibraltar), portanto pode ter tido, um movimento contrário ao que se pensava anteriormente.
O U6, na Europa moderna, aparece praticamente restringido ao Oeste Mediterrânico (sobretudo à P. Ibérica, onde apresenta uma enorme diversidade).
Numa passagem relativa ao tipo fóssil Predmost, que já coloquei aqui, foi referida a presença de algumas gentes com traços morfológicos semelhantes desde o Norte de África até à Rússia.
Em Portugal (moderno) encontrou-se uma linhagem basal de U6a1, mas o país está pouco estudado neste capítulo, podem haver mais linhagens basais, e muitas vezes, não se refere de onde se obtêm as amostras, e portanto ainda mais pode pode estar por descobrir:
«Our U6 tree built from mitogenomes shows that U6a1 is predominantly European because it contains a significant number of sequences of Mediterranean individuals mainly from the northwestern shore with a leading Iberian contribution (21 of the 29 European samples) and has an ancestral node in Portugal (accession number HQ651694).»
Mais aqui:
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0139784
Os autores dizem que não encontraram na amostra portuguesa o L3, mas sabemos através de estudos anteriores, que está presente em Portugal (e até mais no Centro do país do que no Sul).
Houve um movimento de retorno migratório de linhagens genéticas, de Sul para Norte (apesar de maioria ter sido em sentido inverso (de Norte para Sul), desde uma fase pré-neolítica até à Idade dos Metais... Depois por alguma razão, as relações entre os ambos os lados do estreito de Gibraltar, começaram a fechar-se e os movimentos migratórios também.
E como eram os povos nativos do Noroeste Africano no passado? Antes de receberem os movimentos de migração mais recentes provenientes da África tropical, o mais provável é que fossem semelhantes aos Europeus, em particular, aos que viviam/vivem na fachada Atlântica (variedades que hoje em dia na região persistem ainda em algumas populações mais remotas de Berberes).
Relativamente aos Mouros, a expulsão em Portugal, deve ter sido muito eficaz (foi realizada em diferentes ocasiões e levou à movimentação organizada em massa, de milhares de pessoas).
O padrão genético (do lado paterno, que é o melhor indicador para nos dar pistas sobre a influência de um povo invasor), indica-nos uma influência praticamente (ou mesmo) nula em Portugal (0,00%), e praticamente nula em Espanha (0,05%). Pode ser que algum estudo bem orientado, encontre alguma coisa, mas a ser encontrado, deve ser em percentagens muito baixas... Um estudo realizado mais recentemente em Mértola (onde se pensava que havia boas probabilidades de encontrar alguma herança genética dos mouros), apresentou no fim, resultados inconclusivos...
Tal desoberta parece portanto reforçada por este estudo:
«
High-resolution analysis of human Y-chromosome variation shows a sharp discontinuity and limited gene flow between northwestern Africa and the Iberian Peninsula»
Bosch E, Calafell F, Comas D, Oefner PJ, Underhill PA, Bertranpetit J.
E também por estudos de DNA nuclear, em que coloca os povos ibéricos modernos, longe dos povos norte-africanos modernos.
Mas mais se descobriu, por exemplo, o que há uns anos, se pensava ser tudo evidência de mistura africana recente (de origem Negroide), numa pequena minoria da população nativa portuguesa (e ibérica), afinal a maioria (pelo menos 66%) destas linhagens (e pessoas) é proveniente de movimentações bastante mais antigas, como o estudo postado acima indica, chegaram antes do Neolítico à P. Ibérica (foram encontrado até subclados europeus em certos haplogrupos (com o L1b).
O estudo de Cerezo et al (2012) foi quem identificou estes subclados europeus.
Estes estudos, também delimitaram claramente a diferença entre influência estrangeira africana recente (não nativa) de uma influência nativa muito antiga oriunda de África (como se tem dito, a Humanidade teve origem em África).
E como seriam estas gentes? Ainda é um mistério. Sabemos que haplogrupos L2 e L3, foram encontrados em caçadores pré-históricos, com morfologia Caucasóide.
Mas há uma grande diverisidade de tipos de Caucasoide (o primeiro grupo racial moderno a formar-se segundo os estudos baseados em fósseis).
Mas poderá ter havido convergência evolutiva a partir de um grupo distinto muito antigo...
Dá para ver, que existe provavelmente, influência de outros hominídeos arcaicos (de todas as formas serão sempre do género
Homo (logo humanos, como nós)), em alguns individuos da população moderna nativa Portuguesa (como o caso do individuo que Roland Dixon nos trouxe) mas aparentemente não é só o Neanderthal que está por detrás disto... Certos indivíduos podem ter influência visível de outro tipo de hominídeo.
Estas descobertas, têm apoiado a presença de um substrato pré-histórico (pelo menos, Graveto-Solutreano, senão até mais antigo), no lado Oeste da Peninsula Ibérica.
Portanto e em jeito de resumo, várias descobertas recentes parecem indicar que a contribuição dos povos pré-históricos na população Portuguesa, afinal é ainda maior do que se pensava e muito provavelmente, praticamente todos os calculadores genéticos atuais, não têm em conta, estas novas descobertas (não foram atualizados).