Agricultura

Orion

Furacão
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5 Jul 2011
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Portugal está cada vez mais evoluído na agricultura, apesar de muito aprendemos com o que já se faz do melhor pelos campos deste mundo fora.
Nós temos um óptimo clima para muitas produções agrícolas, só falta depois vontade de trabalhar e claro algum capital para investimento.

Quanto muito somos bastante atrasados e apenas se está a tentar chegar ao patamar dos outros (e é grave não se reconhecer isso). Espanha cultiva pistachios há alguns anos enquanto que em PT é algo (quase?) desconhecido. O açafrão é cultivado em Espanha desde, pelo menos, 2006. Nesse campo é difícil competir com o Irão.

Só em 2014 só tentou plantar cannabis para medicamentos. Em muitos locais por esse mundo fora cultiva-se cânhamo (e os Açores têm um excelente clima) e em PT quem quiser fazer passa por traficante... muitos mais exemplos deve haver.
 
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Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Torres Novas(75m)
EXTRAORDINÁRIO... e aqui ao pé da porta.

97 variedades de figo.
22 variedades de nêspera.
44 variedades de alfarroba.
78 variedades de romã.
120 variedades de amêndoa.
280 variedades de uva.
227 variedades de laranja.

http://www.tsf.pt/sociedade/interior/maior-colecao-de-arvores-de-fruto-esta-no-algarve-5680998.html

Por acaso também tinha lido essa notícia, e é de louvar esta ideia, e seria óptimo que mais pessoas seguissem o mesmo caminho.
Isto sim é que se pode chamar que é um "pomar extremamente rico" em variedades.
 
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JCARL

Cumulus
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29 Nov 2010
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Vila Velha de Ródão
Quanto muito somos bastante atrasados e apenas se está a tentar chegar ao patamar dos outros (e é grave não se reconhecer isso). Espanha cultiva pistachios há alguns anos enquanto que em PT é algo (quase?) desconhecido. O açafrão é cultivado em Espanha desde, pelo menos, 2006. Nesse campo é difícil competir com o Irão.

Só em 2014 só tentou plantar cannabis para medicamentos. Em muitos locais por esse mundo fora cultiva-se cânhamo (e os Açores têm um excelente clima) e em PT quem quiser fazer passa por traficante... muitos mais exemplos deve haver.

Se calhar por em Portugal as variedades da Pistacia são conhecidas com outros nome, não são a variedade comestível, que é a Pistacia Vera (mas poderão possivelmente ser usadas como porta-enxertos). Falta a investigação das nossas escolas e institutos superiores dedicados à agricultura. Aqui vão uns links para aguçar a curiosidade:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pistacia_lentiscus

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pistacia

http://floresdoareal.blogspot.pt/2012/04/pistacia-lentiscus-l.html

Nota: a variedade d
 
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camrov8

Cumulonimbus
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14 Set 2008
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Nunca tal ouvi! :huh:

Em que te baseias para dizer isso? Ando a ler informações sobre a cultura e ainda não vi nada sobre o que referes. :unsure:
http://modernfarmer.com/2014/06/sardinias-red-god/
não querendo ser arrogante todo o agricultor sabe isso. das piores culturas são o asafrão o algodão o eucalipto e etc. por exemplo não se deve plantar mais de dois anos seguidos cebolas e alhos. nem devem ser plantados em conjunto. para tal devesse fazer a famosa rotação e poisio
 

Orion

Furacão
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5 Jul 2011
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Só em 2014 só tentou plantar cannabis para medicamentos. Em muitos locais por esse mundo fora cultiva-se cânhamo (e os Açores têm um excelente clima) e em PT quem quiser fazer passa por traficante... muitos mais exemplos deve haver.

Como Portugal se pode tornar o grande produtor europeu de canábis

O artigo não diferencia entre cânhamo e canábis (e a diferença é importante).

O consumo persistente de canábis pode provocar danos cerebrais irreversíveis. Mas o consumo de álcool e de tabaco também não é propriamente saudável. É uma droga leve perfeitamente legalizável com propriedades medicinais comprovadas. Sempre sai mais barato ao contribuinte legalizar (e taxar) do que mandar malta para a prisão por 'traficar' uma droga recreativa.

A grande preocupação reside na proliferação de variantes mais ou menos potentes da droga, algo que, realisticamente, ocorrerá independentemente do seu estatuto legal.

Em 2015, 46% dos crimes contra a sociedade (e 6% da criminalidade registada em 2015) dizem respeito a crimes por condução com uma taxa de álcool no sangue superior a 1,2 g/l. “No âmbito da criminalidade registada diretamente relacionada com o consumo de álcool, em 2015 registaram-se 22.873 crimes por condução com TAS maior ou igual a 1,2g/l”, lê-se no relatório de 2015 do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), apresentado esta quarta-feira na Assembleia da República.

Expresso

Nos EUA:

Marijuana Arrests Outnumber Those for Violent Crimes, Study Finds
 
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Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Está a começar a revolução do pão em Portugal

1119443


Há quem semeie trigos antigos como o barbela, há quem aposte na recuperação de moinhos tradicionais, há cada vez mais gente a aprender o ofício de padeiro e interessada nas formas artesanais de fazer pão, com leveduras naturais e fermentações longas. Alguma coisa está a mudar no pão em Portugal.

João Vieira chega a casa de Adolfo Henriques, na Maçussa, perto do Cartaxo, trazendo na mão duas espigas de trigo. “Repare”, diz, exibindo uma delas, “este é um trigo moderno, modificado, veja a espiga, a diferença que é o resultado da manipulação”. É uma espiga compacta, de bagos cerrados. De seguida, João Vieira exibe outra de bagos mais abertos. “Este é um trigo antigo, o trigo barbela, que tem menos bagos numa mesma espiga, mas traz mais nutrientes e é muito rico em óleos naturais.”

“Há 15 anos que trabalho nisto de forma solitária”, desabafa o agricultor do Cadaval. Mas agora começa a ver sinais daquilo que espera ser uma revolução na forma de os portugueses olharem para os cereais que usam para fazer pão. Estamos na Maçussa precisamente porque Adolfo Henriques, produtor de vinho e queijo de cabra, entre outras coisas, ouviu falar do trigo barbela e decidiu começar a fazer pão com ele.

1119448


https://www.publico.pt/2017/03/26/s...omecar-a-revolucao-do-pao-em-portugal-1766237

Excelente artigo, recomendo a todos os interessados, eu por acaso ainda me lembro da minha avó guardar um pouco de massa do pão(massa-mãe), para depois adicionar á massa do pão da próxima cozedura, e caso não tivesse bastava pedir á vizinha mais próxima, que logo lhe dispensava uma pequena bola de massa, e são estas coisas todas que são perdendo com o passar dos tempos, agora já se vende em qualquer supermercado os levedantes para o pão.
Agora, hoje em dia é quase uma raridade encontrar algum particular que coza pão, para seu próprio autoconsumo, e da sua família, enquanto que aqui á uns anos atrás praticamente não existia casa nenhuma que não tivesse um forno a lenha.
 

Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Mil medronheiros em vez de eucaliptos

Medronheiros-1300x485.jpg


A Câmara de Proença-a-Nova vai plantar mil medronheiros num terreno recentemente adquirido pela autarquia junto ao aeródromo municipal nas Moitas.

“Comprámos este terreno por estar dentro do cone de aproximação ou descolagem das aeronaves e por incrementar a segurança da operação do aeródromo”, refere em comunicado o presidente do município, João Lobo.

Explica ainda que o eucaliptal existente naquele terreno foi cortado: “Agora vamos plantar medronheiros, uma planta autóctone que deve ser uma das apostas a fazer pelo nosso território, tendo em conta que contribui para a gestão florestal e pode ser um importante complemento de riqueza aos seus proprietários”.

O autarca sublinha que o país, no seu conjunto, não teve, até hoje, políticas públicas articuladas entre os diversos setores e ministérios que deem resposta aos desafios do ordenamento florestal.

“Dessa forma, é o país que não tem tirado a riqueza que a floresta fornece, desde o coberto do solo até à copa”, frisou.

João Lobo disse ainda que, com os vários diplomas sobre a reforma da floresta e a discussão que está a propiciar em todos os setores, terá que ser uma oportunidade para, de forma corajosa, se concretizar um processo que todos desejam ver implementado.

http://www.jornaldofundao.pt/regiao/mil-medronheiros-vez-eucaliptos/

Aqui está um óptima ideia, que devia de ser seguida por mais proprietário florestais e autarquia, apostar em árvores autóctones é investir no futuro.
 

MSantos

Moderação
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3 Out 2007
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Aveiras de Cima
Mil medronheiros em vez de eucaliptos

Medronheiros-1300x485.jpg


A Câmara de Proença-a-Nova vai plantar mil medronheiros num terreno recentemente adquirido pela autarquia junto ao aeródromo municipal nas Moitas.

“Comprámos este terreno por estar dentro do cone de aproximação ou descolagem das aeronaves e por incrementar a segurança da operação do aeródromo”, refere em comunicado o presidente do município, João Lobo.

Explica ainda que o eucaliptal existente naquele terreno foi cortado: “Agora vamos plantar medronheiros, uma planta autóctone que deve ser uma das apostas a fazer pelo nosso território, tendo em conta que contribui para a gestão florestal e pode ser um importante complemento de riqueza aos seus proprietários”.

O autarca sublinha que o país, no seu conjunto, não teve, até hoje, políticas públicas articuladas entre os diversos setores e ministérios que deem resposta aos desafios do ordenamento florestal.

“Dessa forma, é o país que não tem tirado a riqueza que a floresta fornece, desde o coberto do solo até à copa”, frisou.

João Lobo disse ainda que, com os vários diplomas sobre a reforma da floresta e a discussão que está a propiciar em todos os setores, terá que ser uma oportunidade para, de forma corajosa, se concretizar um processo que todos desejam ver implementado.

http://www.jornaldofundao.pt/regiao/mil-medronheiros-vez-eucaliptos/

Aqui está um óptima ideia, que devia de ser seguida por mais proprietário florestais e autarquia, apostar em árvores autóctones é investir no futuro.

Já tinha visto esta noticia, é uma medida simbólica! Mas pode servir como exemplo! :thumbsup:
 
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Thomar

Cumulonimbus
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19 Dez 2007
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http://24.sapo.pt/noticias/nacional...-risco-em-portugal-investigacao_22206792.html

Medronheiro em risco em Portugal - investigação
Os medronheiros estão em risco em Portugal, conclui um estudo coordenado por uma investigadora do Instituto Superior de Agronomia, que recomenda uma estratégia de conservação baseada na diversidade genética e uma cuidadosa transferência de sementes.

Os autores do estudo, coordenado por uma investigadora do Centro de Estudos Florestais (CEF) do Instituto Superior de Agronomia (ISA), recomendam uma estratégia de conservação da espécie baseada na diversidade genética dos medronhais e uma "cuidadosa transferência de sementes dentro das regiões geneticamente homogéneas".

No alerta deixado no artigo publicado na revista científica PLUS ONE, os autores dizem que foram detetadas em Portugal três zonas de medronheiro homogéneas do ponto de vista genético e distintas umas das outras [norte, centro e sul] e que foi encontrado um medronhal perto da Serra de São Mamede "muito diferente dos outros estudados".

Além de reconhecerem que os recursos genéticos do medronheiro estão em risco em Portugal, os autores deixam alguns alertas, nomeadamente aconselhando a que, para se constituírem novos povoamentos de medronheiro, a semente seja recolhida dentro das regiões homogéneas.

"Não devem ser trazidas, por exemplo, sementes do sul para o centro do país. Foi o que aconteceu com o pinheiro bravo em Portugal", refere uma nota do CEF, lembrando que um estudo feito pela mesma investigadora demonstrou que" a florestação feita em larga escala com penisco de origem desconhecida apagou completamente a pegada genética nesta espécie".

"Não deve, por isso, ser usada semente de origem desconhecida", reforça.

Os investigadores recomendam ainda que o uso de clones seja feito dentro das regiões homogéneas e que na população de melhoramento dos medronhais sejam introduzidos os exemplares com maior diversidade genética.

Já as populações que mais se diferenciam e as mais diversas, do ponto de vista genético, devem ser consideradas para conservação, "devido ao impacto do futuro aquecimento global, ao aumento previsto de fogos florestais, à fragmentação do coberto vegetal do território e ao processo de domesticação em curso", sublinha o ISA.

O artigo publicado na PLUS ONE refere ainda que o medronheiro tem vindo a ter muita procura pelos produtores florestais devido à produção de fruto e às suas múltiplas aplicações, para além da produção de aguardente.

"No entanto, as florestas mediterrâneas são ecossistemas frágeis e vulneráveis ao recente aquecimento global, com consequências a médio e a longo-prazo de aumento da aridez e das áreas ardidas pelos fogos florestais", acrescenta.

SO // JPF
Lusa/Fim
 

jonas_87

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11 Mar 2012
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.
Boas,

Recentemente desloquei-me à zona oeste, onde tenho um terreno com muitas arvores de fruto e eucaliptos.
Este ano as nespereras apareceram mais cedo por lá, o calor deste mês acelerou e bem.
Salvo erro, isto é a chamada nespera espanhola, é com cada uma e doce felizmente.

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No ultimo outono descobri uma grande mancha de castanheiros na serra de Sintra, por graça plantei algumas castanhas ja greladas vindas da serra.
Neste momento são 10 castanheiros, ver se distribuímos no terreno.
@AnDré até estão com bom aspecto.

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Lá ao lado do terreno, existe um limoal de excelência, sempre carregado, o senhor tira toneladas e toneladas de limão.
Foto de uma parte do limoal.

image hosting websitescertificity.com

Como é natural, a conversa que tive com o agricultor / dono do terreno foi parar ao estado do tempo, é indissociável , queixou-se da falta da chuva, mais que isso queixou-se das temperaturas altas e vento. Contou-me que alguns limoais(é proprietário de 10) na zona, o limão já está a cair por falta de água.
Neste limoal, inteligentemente criou uma reserva de água aproveitando uma nascente e aguas da chuva.
Estado actual:

image upload with previewcertificity.com

O senhor tem 72 anos, apanha limão sozinho num sobe e desce constante, o limão segue para uma das cooperativas do concelho de Mafra onde é vendido por uma dinharia, e depois vai para grandes superfícies comercias, eles sim fazem lucro.
Vida dificil a de agricultor.
 
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Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Torres Novas(75m)
Boas,

Recentemente desloquei-me à zona oeste, onde tenho um terreno com muitas arvores de fruto e eucaliptos.
Este ano as nespereras apareceram mais cedo por lá, o calor deste mês acelerou e bem.
Salvo erro, isto é a chamada nespera espanhola, é com cada uma e doce felizmente.

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No ultimo outono descobri uma grande mancha de castanheiros na serra de Sintra, por graça plantei algumas castanhas ja greladas vindas da serra.
Neste momento são 10 castanheiros, ver se distribuímos no terreno.
@AnDré até estão com bom aspecto.

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Lá ao lado do terreno, existe um limoal de excelência, sempre carregado, o senhor tira toneladas e toneladas de limão.
Foto de uma parte do limoal.

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Como é natural, a conversa que tive com o agricultor / dono do terreno foi parar ao estado do tempo, é indissociável , queixou-se da falta da chuva, mais que isso queixou-se das temperaturas altas e vento. Contou-me que alguns limoais(é proprietário de 10) na zona, o limão já está a cair por falta de água.
Neste limoal, inteligentemente criou uma reserva de água aproveitando uma nascente e aguas da chuva.
Estado actual:

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O senhor tem 72 anos, apanha limão sozinho num sobe e desce constante, o limão segue para uma das cooperativas do concelho de Mafra onde é vendido por uma dinharia, e depois vai para grandes superfícies comercias, eles sim fazem lucro.
Vida dificil a de agricultor.

Por aqui as nespereira que estão em pontos mais elevados, também já se nota que o seu fruto já está a começar a amadurecer.

A vida de agricultor não é nada fácil, os "potentes" das grandes cadeias de supermercados, esmagam ao máximo o preço pago ao pequeno agricultor, isto tudo para benefício deles, eles sim, é que tem o lucro todo, sem trabalho nenhum.
 
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jonas_87

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11 Mar 2012
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Porque é que a cooperativa não organiza o seu próprio circuito comercial com lojas e venda direta?

Exacto talvez fosse uma hipotese, mas por aquilo que percebi este ciclo talvez seja " a melhor" forma para escoar o produto.
Provavelmente no continente aí de Faro tens limões destes.
 
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joralentejano

Super Célula
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21 Set 2015
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Arronches / Lisboa
Ameaça de seca extrema põe em risco milhões na agricultura
“Está o ambiente perfeito para uma seca aguda", diz um agricultor de Castro Verde. Especialistas em ciências agrárias admitem que “tudo pode correr mal” se não chover abundantemente nas próximas semanas.

O mundo agrícola aguardava com expectativa que as previsões de chuva feitas em Abril trouxessem alguma precipitação para atenuar os efeitos do tempo seco e dos ventos fortes que se mantêm há várias semanas por todo o país. Mas o clima persiste em manter-se adverso e ameaça assim continuar durante Maio, aumentando a probabilidade de uma estação seca “sem precedentes, com seis meses de calor, baixa humidade relativa e precipitação zero”, admitiu ao PÚBLICO Carlos Aguiar, docente na Escola Superior Agrária de Bragança. A análise que faz diz-lhe que em grande parte do país “há um risco real de se perder tudo”, sobretudo nas regiões de solos muito delgados, onde os cereais plantados dificilmente serão recuperados.

No Sul, após “três anos consecutivos de seca”, a maioria das albufeiras da região registam “valores críticos de armazenamento” reconhece a Federação Nacional de Rega (Fenareg).

Num comunicado divulgado nesta sexta-feira, a federação alerta para as dificuldades que as associações de regantes estão a viver, precisamente “num momento-chave para a campanha de rega” das culturas Primavera/Verão. “Os volumes armazenados nas albufeiras não poderão dar resposta às necessidades” em quase todo o país. Mas é no Alentejo, a suportar o “terceiro ano consecutivo de fraca precipitação” e quando as previsões meteorológicas não são positivas, que a “preocupação é máxima” pelo que possa vir a acontecer nos próximos meses.

Os regantes já questionaram a Agência Portuguesa do Ambiente sobre a activação da Comissão de Gestão de Albufeiras e da Comissão de Acompanhamento da Seca. E vão solicitar ao Ministério da Agricultura a aplicação de “medidas excepcionais” para viabilizar o reforço de água nas albufeiras que têm ligação a Alqueva para “minimizar os efeitos da seca” nesses perímetros de rega.

É na região do Campo Branco, território que se estende pelos concelhos de Castro Verde, Mértola, Almodôvar e Aljustrel, que os efeitos do tempo seco e escassez de chuva mais se fazem sentir. “Estamos a ser confrontados com altas temperaturas do ar e vento seco e forte”, salientou ao PÚBLICO José da Luz, presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), situando a maior debilidade nas culturas de forragens e pastagens que “serão afectadas se entretanto não houver precipitação”. O agricultor que já suportou as contrariedades de sucessivas secas ao longo das últimas três décadas, admite que “está o ambiente perfeito para uma seca aguda”.

Falta de água
As consequências são imediatas. “Receamos estar confrontados com falta de água a do final deste mês, precisamente numa altura em que os animais consomem muito mais líquidos”, disse, sublinhando que até o abastecimento de água às populações de Castro Verde, Ourique e Almodôvar está posto em causa. “É muito grave o panorama a curto prazo”, assegura, referindo-se “à má qualidade e pouca quantidade da água” na albufeira do Monte da Rocha, que “já deveria ter sido contemplado como uma extensão a partir do Alqueva ou da barragem de Santa Clara”, advoga.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já veio confirmar que no período de 17 de Abril a 14 de Maio estão previstos, para todo o território nacional, valores de precipitação “abaixo do normal”. E as temperaturas também têm andado muito acima do normal.

A primeira quinzena de Abril também se caracterizou por “valores altos de temperatura máxima, muito superiores aos valores normais para este mês”. Nos dias 10 e 11 de Abril os valores de temperatura máxima superiores a 25ºC (dias de verão) observaram-se em cerca de “85% do território nacional”, acentua o IPMA. Os maiores valores diários da temperatura máxima do ar foram registados no dia 11 de Abril em Mora como 32,5 ºC e Rio Maior 32,3ºC.

E até “as gotinhas de chuva que caíram há uns dias não significaram nada”, observa Carlos Aguiar. O vento que entretanto se fez sentir depressa anulou o grau de humidade que a fraca precipitação possa ter gerado. Para que as reservas de água de superfície fossem minimamente recuperadas, teria de chover abundantemente durante, pelo menos, uma semana.

Referindo-se ao estado do tempo actual e ao dos próximos meses, o docente acredita que se está “num momento-chave em que tudo pode ocorrer francamente mal”. E mesmo que haja precipitação em Maio “não vem resolver o problema dos cereais por estes já se encontrarem em stress hídrico”. Carlos Aguiar adverte que “até nos solos de maior profundidade, se não chover, abundantemente, nos próximos 10 dias, as culturas que ali ocorram serão inevitavelmente afectadas”.

Perda de rendimento
E o que é que pode acontecer se a escassez ou ausência de precipitação se mantiver? Segundo Francisco Mondragão Rodrigues, professor na Escola Superior Agrária de Elvas, “dá-se o encolhimento da espiga, os grãos não enchem e temos trigos de má qualidade que irão para lotes destinados à produção forrageira, que são mais mal pagos”.

Os lotes de cereais de melhor qualidade são destinados à panificação e vendidos a 220 euros a tonelada, enquanto o cereal forrageiro não passa dos 120 euros a tonelada. Por outro lado, como o grão de trigo de menor qualidade tem menos volume, pesa menos e esta condição acaba por se reflectir no resultado final. O que leva a que os agricultores tenham pela frente um ano de penúria. As consequências da falta de água “são extensivas ao milho, e a outras culturas hortícolas como o melão, o pimento, o tomate, etc”, assinala Mondragão Rodrigues, referindo-se àquelas que dependem de barragens com volumes de armazenamento abaixo do normal, o que poderá obrigar ao rateio de água.

Muitas das albufeiras que servem de suporte aos perímetros de rega também abastecem as populações mas quando se verificam situações de escassez, a prioridade é o abastecimento público, elucida o docente de Elvas, corroborando o que diz o seu colega de Bragança: “O cenário não é nada tranquilizador. Se não chover em Maio, as culturas de cereais, as oleaginosas, o olival e o amendoal de sequeiro, serão afectadas, mesmo aquelas que são abastecidas a partir de furos ou poços”.

“E custa-me a crer que chova nesta altura do ano o que deveria ter chovido antes. Duvido que tal aconteça”, vaticina Mondragão Rodrigues, deixando um alerta: A escassez de humidade no solo tem ainda reflexo na criação de condições ideais para a ocorrência de incêndios. A vegetação está seca e não há humidade no ar “e ainda por cima há vento forte que retira do solo e da vegetação a pouca humidade que ainda possa ter”.

Carlos Aguiar descreve o momento crítico: “Nos solos mais delgados, o centeio já está a secar sem espigar e o trevo subterrâneo sem produzir sementes. No ano passado, as árvores dos bosques, os castanheiros e as amendoeiras de sequeiro terminaram o ciclo vegetativo em stress (a queda da folha foi antecipada) porque esgotaram a água das camadas mais profundas do solo que as sustenta na estação seca. Esta água não foi reposta. Para rega, será pouca e racionada, insuficiente para abeberar milhões de turistas, vacas e alfaces. Estão em risco milhões de árvores, milhões de euros em plantações, milhões de euros de exportações. Há planos de contingência? Esperemos que chova...”

Governo vai criar comissão
O ministro da Agricultura Capoulas Santos já reagiu às preocupações dos agricultores. Na quinta-feira, na cerimónia inaugural da Ovibeja, reconheceu que o país atravessa “um contexto algo paradoxal”: por um lado realça-se a vitalidade do sector agrícola que atravessa “um bom momento” mas, em simultâneo, subsiste “grande apreensão face aos sinais que se avolumam de uma seca”.

Capoulas recordou os “terríveis” anos de seca que são cíclicos no Alentejo, cujos consequências a memória dos mais velhos recorda, mas “faltava o Alqueva para resolver o problema”. Agora, “o Alqueva, felizmente, existe e os problemas estão muito atenuados face àquilo que era a realidade anterior”, salientou.

Mesmo assim, anunciou que o Governo está atento e vai criar a “muito curto prazo” uma equipa interministerial para acompanhar a evolução da situação de seca em Portugal e equacionar medidas que se revelarem necessárias tomar.

As preocupações evidenciadas pelo ministro da Agricultura também estiveram patentes na intervenção de Rui Garrido, presidente da Associação de Criadores de Ovinos do Sul, que organiza a Ovibeja. “Começam a ficar comprometidas as pastagens e as culturas arvenses de sequeiro”, alertou o dirigente, chamando a atenção para os baixos níveis de armazenamento de águas “nas barragens públicas e privadas fora do perímetro do Alqueva”. Rui Garrido disse que os agricultores, sobretudo aqueles que se dedicam à pecuária, estão apreensivos sobre o que vai acontecer relativamente “às reservas hídricas para abeberamento dos efectivos pecuários”.

Quando a água é pouca, rateia-se

Apesar da capacidade de armazenamento da barragem do Alqueva garantir o fornecimento de água para rega durante quatro anos de seca sucessiva, as associações de regantes que não foram abrangidas pela concessão da rede secundária de rega que o Governo atribuiu à EDIA em 2013 evitaram sempre requisitá-la alegando que o seu custo era incomportável.
A precipitação sempre ia deixando o volume de água adequado às necessidades dos agricultores até que o tempo seco e a fraca pluviosidade foram esvaziando as albufeiras que dão suporte ao regadio nos blocos de rega do Roxo, Odivelas, Campilhas e Alto Sado, Veiros, Fonte Serne, Monte da Rocha, Vigia, Pego do Altar e Vale do Gaio. A única alternativa está, agora, nos caudais a partir do Alqueva.
Mesmo assim, há quem resista em requisitar água à EDIA, como é o caso da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO) sedeada em Ferreira do Alentejo. Nem a publicação do novo tarifário que oficializa uma baixa nos preços da água entre os 20 e os 33 cêntimos tornou o acesso aos débitos do Alqueva mais atractivos.
Na última assembleia geral da ABORO, os agricultores da associação decidiram ratear a água disponível para não recorrer a fornecimentos vindos do Alqueva. “Temos um volume de 4 milhões de água disponível na albufeira de Odivelas e 25 milhões na albufeira do Alvito”, adiantou ao PÚBLICO Manuel Canilhas Reis, presidente da associação. Ficam a faltar cerca de 11 milhões de metros cúbicos para perfazer os 40 milhões necessários para suprir as necessidades de rega.
Esta situação decorre da aplicação do novo tarifário de água para rega que implica um aumento “muito significativo” da que é vendida pela EDIA às associações de regantes. Ao preço definido no novo tarifário tem de se adicionar o preço que as associações têm de cobrar aos associados pelos encargos na gestão do sistema de rega. No caso da ABORO, os agricultores ficariam a pagar 5,14 cêntimos por metro cúbico de água, muito superior ao praticado pela EDIA que é de 3,2 cêntimos.
Uma situação confirmada também por António Parreira, presidente da Associação de Beneficiários de Rega do Roxo (ABROXO). Neste caso, a água é vendida a 2,8 cêntimos o metro cúbico. “Se acrescermos os 3 cêntimos que temos de pagar pela água do Alqueva, então a água chega ao agricultor a 5,8 cêntimos o metro cúbico”.
O problema é que 7 milhões de metros cúbicos actualmente disponíveis no Roxo não dá para o ano agrícola, que consome uma média de 30 milhões. “Há aqui uma desigualdade entre agricultores”, refere António Parreira, defendendo um preço de água “compatível” com as culturas.
Considerando que, quer os aproveitamentos hidroagrícolas geridos pelas associações de regantes quer os que estão concessionados à EDIA, são propriedade do Estado e estão no mesmo território, “não se vislumbra igualdade nas condições oferecidas a uns e a outros agricultores”. Um problema se tem vindo a intensificar “em consequência dos sucessivos anos de seca”, concluiu o presidente da Aboro.

Bacia do Sado continua a apresentar níveis críticos
Nas 61 barragens que integram a rede nacional dos recursos hídricos, do Instituto da Água (INAG), apenas 6 apresentavam no início de Abril, cota máxima (100%). Contudo as suas albufeiras têm baixos volumes de armazenamento, que, no seu conjunto não chegam aos 50 mil metros cúbicos.

A norte do rio Tejo, 17 albufeiras tinham um volume de água superior aos 80%, 9 armazenam entre 50% e 80% da sua capacidade máxima e apenas 4 tinham uma reserva inferior a 50%.
A sul do Tejo, 11 albufeiras apresentavam um nível de armazenamento superior a 80%, em 9 encontrava-se entre os 50 e os 80% e 11 tinham uma reserva de água abaixo dos 50%.

Cinco barragens - todas na bacia do Sado – estão com níveis críticos de armazenamento: Pego do Altar 34,2%, Odivelas 32%, Divor 28,4%, Monte da Rocha 20% e Roxo 16,6%. A barragem do Alqueva está com cerca de 80% da sua capacidade máxima de enchimento (3.322 hectómetros cúbicos).

No final de Março as 61 barragens sob gestão do INAG, tinham 7.995 mil hectómetros cúbicos armazenados, quando a sua capacidade máxima é de 10.937 mil hectómetros cúbicos.
Fonte: Público
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Não está fácil.
 
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