
Trocas de electricidade com Espanha suspensas até final da semana
A REN decidiu manter suspensas as trocas comerciais de electricidade com a rede espanhola até ao final desta semana.

Eu tenho um projecto pessoal de ter paineis e um moinho eólico em autoconsumo mas as baterias são caríssimas! A ver se com a evolução tecnológica e massificação o valor baixa. De qualquer das formas estou a ver se implemento um sistema pequeno que aguente uma bomba para rega, um frigorífico, luzes, TV, ...pelo menos um ciclo diário. Para terrenos e moradias é mais fácil, para apartamentos a coisa complica-se...Outro assunto que tenho visto muito debatido nas redes sociais é a malta que tem painéis solares que ficaram sem luz na mesma. Como é óbvio, o autoconsumo está ligado à rede eléctrica aonde muitos têm contratos para venderem o excedente à rede, como é óbvio que esses ficaram privados de energia porque têm ligação à rede e isso afectou-os também, só um sistema off-grid com inversor off-grid e baterias é que estão isolados da rede e aí não sofrem nenhum efeito. Porque, a maioria pensa por ter painéis têm energia mesmo com falhas e isso não acontece, só os sistemas isolados ficam livres de cortes.
Foi a 1ª coisa q me lembrei também. Mas se tivesse sido um flare solar tinha sido bem pior porque ia fritar tudo o q fosse eletrónico.Depois fui pesquisar se houve alguma erupção solar de relevo, mas tudo me pareceu normal.
A resposta para o não haver mais é simples, é muito caro e nós somos um país poupadinho, como sabes. Mas fizeste a pergunta duma maneira mais pertinente, que foi envolver as barragens, que no que toca a black starts são as centrais mais fáceis e mais baratas de meter online visto que, desde que haja água, algum controlo manual, e reservas de energia suficientes para abrir as condutas e excitar os geradores, rapidamente atingem um estado de produção autossustentável, servindo depois para o black start de outras centrais. Quem pensa nestas soluções, (espero eu) considera sempre o pior cenário possível, e o pior cenário possível é quereres fazer um black start com uma central hidroelétrica e não haver água. Portanto, o problema, num país com pouca oportunidade de escolha sobre onde se pode ou não gastar dinheiro, penso, ter-se-à prendido mais pela incerteza do haver ou não água suficiente sempre e a qualqer momento. Água haverá sempre alguma, mas se houver pouca e depois não chegar para meter a próxima central a funcionar?Bem, se em Portugal surgiram criticas por só haver duas com essa função de black start, imagina então a dimensão de Espanha também só com duas.
Já agora, alguém sabe porque cá não pode haver mais visto que temos tantas barragens ? Implicará uma reserva mínima para esse efeito ou algo assim ?
E tens razão, como referi bastam umas reservas para abrir condutas e excitar o(s) gerador(es), daí eu ser da opinião de que mesmo havendo a possibilidade de não se conseguir repor a rede a partir duma dessas centrais 100% das vezes, o equipamento devia estar lá. Mas também facilmente se leva para lá esse equipamento se for mesmo preciso, como se fez em Castelo de Bode como referiste.Eu tenho uma vaga memória de há muitos anos (numa visita de estudo na juventude) que as barragens eram boas para blackstart porque não era significativa a energia necessária para pôr tudo em marcha.
Aqui não percebo bem se falas da capacidade do sistema de black start ou se só dessa parte da energia que a central precisa.Quando referes 5-10% da capacidade máxima, isso significa capacidade que depois não se pode usar na operação normal do dia a dia ?
Tipo, a ideia que tinha era que tinha que ser uma parte separada também da rede "normal" por razões já apontadas aqui, mas isso significa que se teria que sacrificar esses 5-10% sempre, só para essa função ?
De facto, à escala de um país, parecem não ser, e atenção que concordo contigo mas há que fazer o papel do advogado do Diabo, mas voltando ao exemplo dos carros a gasolina, estamos a comprar e manter um sistema, a contratar pessoas, e a gastar recursos numa coisa que muito raramente (felizmente) vai ser utilizada. São os tais 20 e poucos milhões por ano (para já) mais o outro tanto que se gasta na implementação, que ao fim de uns anos são centenas ou milhares de milhões numa coisa que nunca usaste. Aqui tem que se fazer uma análise das necessidades, quantas centrais precisamos com esta capacidade, quanto tempo queremos demorar a repor a rede depois duma falha total, etc.Sobre custos, não me parecem significativos em termos anuais. Ironicamente a REN já tinha estudos em marcha para novas blackstart mas a ideia era para substituir as atuais por outras mais modernas. Agora terá que se pensar melhor nisto tudo.
O hidrogénio (verde ou não) tem um problema. É preciso electricidade para o obter. Portanto se estarias a pensar para uma situação de black start, não seria o ideal, até porque o hidrogénio é famosamente complicado de armazenar.O hidrogénio verde, poderia ser uma solução? O hidrogénio é um combustível, poderão haver centrais que funcionem só com esses combustível? E se sim, isso poderá levar a uma maior independência energética e ajudar nesses apagões?
(...)
Para alguém que esteja mais curioso em relação ao facto de não ser possível fazer um black start em qualquer lado, para terem uma ideia, em média, uma central de produção elétrica precisa de entre 5 a 10% (varia um bocado com o tipo de central e a idade, daí a discrepância tão grande) da sua capacidade de produção máxima só para poder arrancar e começar a produzir energia. Quando falamos de centrais que produzem na ordem dos GW ou perto disso (a nossa maior como já referido aqui por outro membro produz 1.2GW - precisaria de entre 60 a 120MW e, números redondos, para por isto em perspectiva, 120MW chega para alimentar ~120.000 casas), muito rapidamente se percebe a absurdidade da ideia, quer pelos custos associados quer pela dimensão que o sistema de black start (que está lá montado mas o objectivo é nunca ser preciso) tem que ter. Há maneiras de diminuir esses requisitos, obviamente, especialmente em centrais segmentadas (que tenham vários geradores completamente independentes) e assim reduz-se o dimensionamento do equipamento de black start para ter capacidade de arrancar só com uma parte da central, que por sua vez arranca com o resto, e depois está pronta para começar a ligar centrais sem essa capacidade, como é o caso da Tapada do Outeiro, que tem 3 grupos de 330MW cada, presumo que o black start aí se faz só com um grupo, precisando "só" de cerca de 5 a 10MW.
Tu e eu, tenho é algum background "primo" disto portanto aquilo que sei com o que vou ouvindo/lendo dá para preencher algumas lacunas e saciar uma curiosidade ou outra a quem as possa ter.Estou longe de ter conhecimento profundo sobre a temática.
Presumi que assim fosse também, mas não fui verificar, serviu só como exemplo daquilo que seria um "máximo" e o porquê de não ser viável em qualquer lado, mas lá está, sendo grupos independentes só um é que precisa de arrancar em black por completo, os restantes não. Resta no entanto saber a maneira como a fábrica em si está repartida, isto porque se for necessário ligar a maioria dela, mesmo para iniciar só um gerador, a energia necessária para o arranque seja para um ou para três, acaba por ser semelhante, se for total e completamente modular é que já é preciso muito menos. Já trabalhei em locais com geradores já dignos desse nome (muito semelhantes aos usados para black starts até), para produção própria (com biogás neste caso) e num caso específico, antes de se conseguir ligar um gerador (eram três) era preciso ligar o sistema todo. Neste caso, sendo para ligar um ou os três, ia-se precisar da mesma energia mais coisa menos coisa, mas quero acreditar que, apesar do local a que me refiro aqui ser "do estado", numa central da qual um país (ou parte dele) depende, as coisas são feitas de maneira mais lógica.Mas, a maior central do País tem 1200MW, central de ciclo combinado do Ribatejo, está dividida em 3 grupos, portanto tal como a da Tapada do Outeiro o black start, a existir, estaria associado a apenas um grupo.
E não só. Acho que muita gente que tenha essa possibilidade, especialmente quem já tem painéis, vai pensar em gastar uns trocos e implementar um sistema off-grid, melhor que ter um país com uma rede elétrica fiável e dependente (que até ver, temos) só ter um país em que uma grande parte dos cidadãos não depende unicamente dessa rede.Bem, parece que este apagão serviu de alerta para a necessidade de haver mais centrais com este sistema de arranque autónomo. Felizmente já se fala em equipar pelo menos mais duas centrais hidroelétricas com esta capacidade.