Biodiversidade

Thomar

Cumulonimbus
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19 Dez 2007
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Já conhecem as vacas-louras? :D


"Viu alguma vaca-loura?
Se sim, há cientistas que querem saber onde elas estão."


Não dá leite nem come erva. E também não é uma vaca. Trata-se, sim, do maior escaravelho da Europa e em Portugal é uma espécie cada vez mais ameaçada. Os cientistas da Universidade de Aveiro (UA) querem sabem onde andam estes insetos.


Onde vivem estes insetos tão importantes para a saúde das florestas? Quantos são? Podem ser salvos da extinção? Para estas questões a UA quer respostas e por essa razão juntou-se à Sociedade Portuguesa de Entomologia e ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para criar uma rede nacional de Monitorização da Vaca-loura.

O objetivo é conhecer melhor a população nacional desta espécie e implementar medidas de conservação. “A monitorização das vacas-louras [também conhecidas como cabras-louras] é uma vontade antiga das várias entidades envolvidas, bem como uma necessidade urgente para que se possa conhecer melhor as populações e para se poderem desenhar as medidas de conservação com base em informações atuais e credíveis”, aponta Milene Matos, bióloga da UA, que, através do projeto BIO Somos Todos, é uma das coordenadoras da Rede.

Mas para que isso aconteça, as entidades envolvidas precisam de ajuda. Por isso, se vir alguma não deixe de fotografá-la e avisar os cientistas envolvidos no projeto. “Se conhece alguma área onde seja habitual observar uma vaca-loura no verão, adote um percurso de 500 metros e percorra-o semanalmente entre junho e julho. Registe as vacas-louras observadas através do site da Rede, onde os observadores se podem inscrever e obter toda a informação necessária, e já está”, apelam.
(...)

notícia completa aqui: http://24.sapo.pt/article/sapo24-bl...a-cientistas-que-querem-saber-onde-elas-estao
 


MSantos

Moderação
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3 Out 2007
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Aveiras de Cima
Já conhecem as vacas-louras? :D


"Viu alguma vaca-loura?
Se sim, há cientistas que querem saber onde elas estão."


Não dá leite nem come erva. E também não é uma vaca. Trata-se, sim, do maior escaravelho da Europa e em Portugal é uma espécie cada vez mais ameaçada. Os cientistas da Universidade de Aveiro (UA) querem sabem onde andam estes insetos.


Onde vivem estes insetos tão importantes para a saúde das florestas? Quantos são? Podem ser salvos da extinção? Para estas questões a UA quer respostas e por essa razão juntou-se à Sociedade Portuguesa de Entomologia e ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para criar uma rede nacional de Monitorização da Vaca-loura.

O objetivo é conhecer melhor a população nacional desta espécie e implementar medidas de conservação. “A monitorização das vacas-louras [também conhecidas como cabras-louras] é uma vontade antiga das várias entidades envolvidas, bem como uma necessidade urgente para que se possa conhecer melhor as populações e para se poderem desenhar as medidas de conservação com base em informações atuais e credíveis”, aponta Milene Matos, bióloga da UA, que, através do projeto BIO Somos Todos, é uma das coordenadoras da Rede.

Mas para que isso aconteça, as entidades envolvidas precisam de ajuda. Por isso, se vir alguma não deixe de fotografá-la e avisar os cientistas envolvidos no projeto. “Se conhece alguma área onde seja habitual observar uma vaca-loura no verão, adote um percurso de 500 metros e percorra-o semanalmente entre junho e julho. Registe as vacas-louras observadas através do site da Rede, onde os observadores se podem inscrever e obter toda a informação necessária, e já está”, apelam.
(...)

notícia completa aqui: http://24.sapo.pt/article/sapo24-bl...a-cientistas-que-querem-saber-onde-elas-estao

Um inseto que infelizmente nunca tive a oportunidade de ver, mas vou estar atento! :)
 
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james

Cumulonimbus
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16 Set 2011
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Viana Castelo(35 m)/Guimarães (150 m)
Já conhecem as vacas-louras? :D


"Viu alguma vaca-loura?
Se sim, há cientistas que querem saber onde elas estão."


Não dá leite nem come erva. E também não é uma vaca. Trata-se, sim, do maior escaravelho da Europa e em Portugal é uma espécie cada vez mais ameaçada. Os cientistas da Universidade de Aveiro (UA) querem sabem onde andam estes insetos.


Onde vivem estes insetos tão importantes para a saúde das florestas? Quantos são? Podem ser salvos da extinção? Para estas questões a UA quer respostas e por essa razão juntou-se à Sociedade Portuguesa de Entomologia e ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para criar uma rede nacional de Monitorização da Vaca-loura.

O objetivo é conhecer melhor a população nacional desta espécie e implementar medidas de conservação. “A monitorização das vacas-louras [também conhecidas como cabras-louras] é uma vontade antiga das várias entidades envolvidas, bem como uma necessidade urgente para que se possa conhecer melhor as populações e para se poderem desenhar as medidas de conservação com base em informações atuais e credíveis”, aponta Milene Matos, bióloga da UA, que, através do projeto BIO Somos Todos, é uma das coordenadoras da Rede.

Mas para que isso aconteça, as entidades envolvidas precisam de ajuda. Por isso, se vir alguma não deixe de fotografá-la e avisar os cientistas envolvidos no projeto. “Se conhece alguma área onde seja habitual observar uma vaca-loura no verão, adote um percurso de 500 metros e percorra-o semanalmente entre junho e julho. Registe as vacas-louras observadas através do site da Rede, onde os observadores se podem inscrever e obter toda a informação necessária, e já está”, apelam.
(...)

notícia completa aqui: http://24.sapo.pt/article/sapo24-bl...a-cientistas-que-querem-saber-onde-elas-estao


Quando era pequeno, via muitas. Gigantescas, a voar, eram enormes, assustadoras mesmo. Os miúdos, e eu não fugia à regra, tinham um medo enorme desses bicharocos.
 
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Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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“Querem cortar esta árvore”. Este homem queria salvá-la

A Câmara de Lisboa promete as Avenidas Novas repletas de árvores, assim que as obras neste local terminarem. Mas Emanuel e outros não percebem porque é que esta teve de ser abatida.

img_1443_770x433_acf_cropped.jpg


Sozinho no meio de uma imensidão de carros que se acumulam pela Avenida Fontes Pereira de Melo acima, apoiado numa baia branca que delimita a zona de obras, um homem segura um grande cartaz com uma mensagem simples: “Querem cortar esta árvore”. Atrás dele, em frente ao Palácio Sottomayor, ergue-se um choupo de tronco largo e copa frondosa. Era esta a árvore que queriam cortar, e cortaram. Foi por ela, e por outras iguais que existem naquela avenida, que este homem esteve aqui quatro dias consecutivos.

Foi uma combinação de revolta, paciência e tempo livre que levou Emanuel Sousa, de 25 anos, a fazer este protesto. Veio para a Fontes Pereira de Melo no domingo à tarde e ali tem voltado todos os dias, movido pela vontade de perceber porque é que a Câmara Municipal de Lisboa decidiu abater os choupos da avenida durante a requalificação que está em curso. “Eu não vacilo”, diz ao Observador. Já aqui esteve quatro dias, estava disposto a estar cá os que fossem precisos.


Mas o choupo foi mesmo abatido, na noite de quinta para sexta-feira.


http://observador.pt/2016/06/17/querem-cortar-esta-arvore-este-homem-queria-salva-la/

Aqui fica mais uma triste notícia que tem gerado muita revolta nas redes sociais durante esta semana, enfim são coisas que nós nunca vamos entender os que se passa na cabeça dos políticos.
 

frederico

Furacão
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9 Jan 2009
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Em Portugal não é fácil encontrar grandes árvores em abundância que sejam folhosas. Já reparei que em Inglaterra não cortam as árvores nas bermas da estrada, nas ruas, nos jardins das casas, nas divisórias dos terrenos. Estou a falar de árvores com muitas décadas, às vezes séculos. Não só não cortam como não podam, e são árvores que também são nativas de Portugal, ou cultivadas na nossa latitude em toda a Europa: nogueiras, castanheiros, carvalhos, tílias, freixos, choupos, salgueiros, macieiras, pinheiros.

Há dias num livro do século XIX sobre o Algarve encontrei algo muito interessante. O autor refere que em Cachopo havia muitos castanheiros e muitas nogueiras perto da ribeira de Odeleite. Conheço a zona e já tinha notado que é muita rica em biodiversidade, tem catapereiros, medronheiros, azinheiras, sobreiros, carvalhos, mas nunca vi castanheiros nem nogueiras. No final do século XIX aquela zona sofreu grandes queimadas e arroteamentos, durante as campanhas do trigo, e antes disso houve um surto de doença nos castanheiros que dizimou a espécie em todo o país. Depois disso nunca mais houve reflorestações na serra, as mais recentes foram feitas com monoculturas de pinheiro-manso, coisa que já critiquei severamente neste fórum. Portanto aquela paisagem árida de pedra e esteval que se encontra em parte da serra do Caldeirão é uma criação humana recente, incêndios combinados com erros agrícolas. A serra até tem precipitações altas, acima dos 700/800 mm em muitas áreas.

Nesse livro encontrei também referência à presença do pilriteiro no Algarve. Conheço a espécie de Inglaterra, é muito comum nas bermas das estradas, a primeira vez que a vi em Portugal foi no Gerês. Contudo o ICN diz que também é nativa do Algarve, curiosamente nunca vi nenhum pilriteiro na região. Ter-se-á extinto regionalmente? Não seria a primeira vez que tal sucede, o Quercus canariensis, por exemplo, está muito provavelmente extinto, mas na década de 50 ainda existia na serra de Monchique. Existe um planta que existia na região que também se extinguiu décadas atrás e agora apenas ocorre em Marrocos.

O livro também refere a cultura das amoreiras. Na minha vila havia uma amoreira monumental no quintal de uma casa tradicional com influências art deco. Ia lá apanhar folhas quando era miúdo, fazia criação de bichos-da-seda. Deitaram-na abaixo para fazer um mamarracho. Outras amoreiras na região tiveram sorte idêntica, agora apenas conheço uma. A amoreira cresce bem nos solos profundos do litoral e do barrocal, especialmente perto de noras ou poços. atinge grandes dimensões. O Marquês de Pombal mandou plantar várias perto de VRSA, mas no século XIX já estavam a desaparecer, provavelmente para venderem a lenha. O autor refere que era comum na região arrancarem as árvores para aproveitar a lenha, mas não havia cultura, portanto o recursos esgotava-se rapidamente!

Décadas atrás as limpezas era muito agressivas, eram feitas com queimadas e químicos, e de forma muito extensa, não perdoavam sebes ou galerias ripícolas, e tudo que era «bravo», tudo o que era espontâneo era considerado «mato bravio» sem utilidade e prejudicial para o bicho Homem! A questão da prevenção dos incêndios não justifica tudo, existe mesmo uma panca cultural com as limpezas e as lavouras. Há uma enorme iliteracia ambiental e estes assuntos não se discutem na praça pública.
 

belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Em Portugal não é fácil encontrar grandes árvores em abundância que sejam folhosas. Já reparei que em Inglaterra não cortam as árvores nas bermas da estrada, nas ruas, nos jardins das casas, nas divisórias dos terrenos. Estou a falar de árvores com muitas décadas, às vezes séculos. Não só não cortam como não podam, e são árvores que também são nativas de Portugal, ou cultivadas na nossa latitude em toda a Europa: nogueiras, castanheiros, carvalhos, tílias, freixos, choupos, salgueiros, macieiras, pinheiros.

Há dias num livro do século XIX sobre o Algarve encontrei algo muito interessante. O autor refere que em Cachopo havia muitos castanheiros e muitas nogueiras perto da ribeira de Odeleite. Conheço a zona e já tinha notado que é muita rica em biodiversidade, tem catapereiros, medronheiros, azinheiras, sobreiros, carvalhos, mas nunca vi castanheiros nem nogueiras. No final do século XIX aquela zona sofreu grandes queimadas e arroteamentos, durante as campanhas do trigo, e antes disso houve um surto de doença nos castanheiros que dizimou a espécie em todo o país. Depois disso nunca mais houve reflorestações na serra, as mais recentes foram feitas com monoculturas de pinheiro-manso, coisa que já critiquei severamente neste fórum. Portanto aquela paisagem árida de pedra e esteval que se encontra em parte da serra do Caldeirão é uma criação humana recente, incêndios combinados com erros agrícolas. A serra até tem precipitações altas, acima dos 700/800 mm em muitas áreas.

Nesse livro encontrei também referência à presença do pilriteiro no Algarve. Conheço a espécie de Inglaterra, é muito comum nas bermas das estradas, a primeira vez que a vi em Portugal foi no Gerês. Contudo o ICN diz que também é nativa do Algarve, curiosamente nunca vi nenhum pilriteiro na região. Ter-se-á extinto regionalmente? Não seria a primeira vez que tal sucede, o Quercus canariensis, por exemplo, está muito provavelmente extinto, mas na década de 50 ainda existia na serra de Monchique. Existe um planta que existia na região que também se extinguiu décadas atrás e agora apenas ocorre em Marrocos.

O livro também refere a cultura das amoreiras. Na minha vila havia uma amoreira monumental no quintal de uma casa tradicional com influências art deco. Ia lá apanhar folhas quando era miúdo, fazia criação de bichos-da-seda. Deitaram-na abaixo para fazer um mamarracho. Outras amoreiras na região tiveram sorte idêntica, agora apenas conheço uma. A amoreira cresce bem nos solos profundos do litoral e do barrocal, especialmente perto de noras ou poços. atinge grandes dimensões. O Marquês de Pombal mandou plantar várias perto de VRSA, mas no século XIX já estavam a desaparecer, provavelmente para venderem a lenha. O autor refere que era comum na região arrancarem as árvores para aproveitar a lenha, mas não havia cultura, portanto o recursos esgotava-se rapidamente!

Décadas atrás as limpezas era muito agressivas, eram feitas com queimadas e químicos, e de forma muito extensa, não perdoavam sebes ou galerias ripícolas, e tudo que era «bravo», tudo o que era espontâneo era considerado «mato bravio» sem utilidade e prejudicial para o bicho Homem! A questão da prevenção dos incêndios não justifica tudo, existe mesmo uma panca cultural com as limpezas e as lavouras. Há uma enorme iliteracia ambiental e estes assuntos não se discutem na praça pública.


Pilriteiros vejo muito por aqui e em várias partes de Portugal (inclusive Alentejo). Mas não sei como está a situação no Algarve.

Aqui se pode ver os ramos de um no lado esquerdo, numa fotografia que tirei a uma floresta da Arrábida:

Familia%2B1016.jpg


Relativamente ao Quercus canariensis, existe confirmação da sua extinção do nosso país? Eu sempre tive a ideia de que ainda existiam alguns exemplares.
Mas penso que as autoridades competentes (e inclusivamente investigadores e mesmo alunos de algumas universidades), podiam-se dedicar a recuperar esta árvore no nosso país. Até estou admirado, por ainda não se ter iniciado nada nesse sentido, nem um pequeno projecto, pelo menos que eu saiba (o mesmo em relação a alguma fauna, como o tetraz, a camurça, e até à recuperação das populações de perdiz-cinzenta, etc...).
Tem sido feito alguma monitorização dos nossos teixiais e azevinhais?
 
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belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Já conhecem as vacas-louras? :D


"Viu alguma vaca-loura?
Se sim, há cientistas que querem saber onde elas estão."


Não dá leite nem come erva. E também não é uma vaca. Trata-se, sim, do maior escaravelho da Europa e em Portugal é uma espécie cada vez mais ameaçada. Os cientistas da Universidade de Aveiro (UA) querem sabem onde andam estes insetos.


Onde vivem estes insetos tão importantes para a saúde das florestas? Quantos são? Podem ser salvos da extinção? Para estas questões a UA quer respostas e por essa razão juntou-se à Sociedade Portuguesa de Entomologia e ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para criar uma rede nacional de Monitorização da Vaca-loura.

O objetivo é conhecer melhor a população nacional desta espécie e implementar medidas de conservação. “A monitorização das vacas-louras [também conhecidas como cabras-louras] é uma vontade antiga das várias entidades envolvidas, bem como uma necessidade urgente para que se possa conhecer melhor as populações e para se poderem desenhar as medidas de conservação com base em informações atuais e credíveis”, aponta Milene Matos, bióloga da UA, que, através do projeto BIO Somos Todos, é uma das coordenadoras da Rede.

Mas para que isso aconteça, as entidades envolvidas precisam de ajuda. Por isso, se vir alguma não deixe de fotografá-la e avisar os cientistas envolvidos no projeto. “Se conhece alguma área onde seja habitual observar uma vaca-loura no verão, adote um percurso de 500 metros e percorra-o semanalmente entre junho e julho. Registe as vacas-louras observadas através do site da Rede, onde os observadores se podem inscrever e obter toda a informação necessária, e já está”, apelam.
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notícia completa aqui: http://24.sapo.pt/article/sapo24-bl...a-cientistas-que-querem-saber-onde-elas-estao

Em Sintra ainda existem Lucanus cervus e Lucanus barbarossa (e ambos têm aqui a distribuição mais meridional que se conhece no país) mas são raros. Também tenho encontrado Dorcus parallelipipedus nesta Serra.
 
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belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Sobreiro usado para estudo do genoma desta árvore, é de Montargil:

«Era necessário encontrar um exemplar saudável, com uma esperança de vida de 20 ou 30 anos e com cortiça de qualidade. A árvore tinha de estar suficientemente isolada de espécies como a azinheira, para não haver um perigo de ser um híbrido – algo que acontece frequentemente entre estas espécies de Quercus. Além disso, é uma árvore suficientemente pura a nível genético para facilitar o trabalho de sequenciação.»

http://www.registo.com.pt/pais-2/genosuber-a-partir-de-montargil/
 
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frederico

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9 Jan 2009
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O que ainda existe no Algarve e Baixo Alentejo é o Quercus marianica, um híbrido entre Quercus canariensis e Quercus faginea. Conheço muitos locais fora da serra de Monchique com Quercus marianica, alguns mesmo no sotavento algarvio e no concelho de Odemira, o que me leva a crer que a espécie terá sido o Quercus dominante na floresta. Contudo houve séculos de selecção positiva do Quercus suber, os carvalhos eram cortados mas os sobreiros não, além disso há a questão das queimadas e dos incêndios, que já é milenar! Sabe-se hoje que os berberes colonizaram as serras algarvias e desenvolveram muito a cultura do trigo, e durante séculos o negócio da madeira foi muito explorado. Sabe-se também que não eram feitas reflorestações. Na primeira metade do século XX houve a razia final, com as campanhas do trigo, o que levou até à extinção do lobo. Nos anos 50 ainda havia Quercus canariensis em Monchique, neste momento só na Andaluzia, no entanto é fácil reintroduzir a espécie, se alguém quiser desde que tenha tempo disponibilizo-me para trazer bolotas no próximo Outono. O Quercus canariensis é usado em parques e jardins no Reino Unido e na Austrália, é estúpido que em Portugal não exista um único exemplar em locais públicos. A extinção está confirmada numa tese de doutoramento feita há uns anos na Universidade de Évora.

Outra extinção pouco falada é a do toirão-andaluz, existem apenas alguns exemplares em Marrocos e estão em alto risco. O desaparecimento também coincide com as campanhas do trigo.
 

belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Obrigado Frederico pela tua opinião.

Aqui está um dado interessante:

«We propose two taxa previously unrecognized in the Portuguese Flora, providing taxonomic clarification for the identification of Q. alpestris.»

Nesta publicação: «Taxonomic peculiarities of marcescent oaks (Quercus, Fagaceae) in southern Portugal»

E também referem a incerteza quanto à situação do Quercus canariensis em Portugal.
Neste estudo apenas encontraram a Quercus marianica (também não sei o quanto procuraram).

Portanto, será que o Quercus canariensis está extinto em Portugal? Ou será que chegou mesmo a existir no nosso país (existem provas palinológicas, genéticas e dendrológicas que atestem a sua presença no passado, no nosso país)?

Algumas pessoas alegam ter Q. canariensis:

http://bologta.blogspot.pt/2011/05/quercus-canariensis-um-carvalho.html

Poderá haver alguma confusão. A ver se pesquiso mais sobre o tema.
 
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james

Cumulonimbus
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16 Set 2011
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O que ainda existe no Algarve e Baixo Alentejo é o Quercus marianica, um híbrido entre Quercus canariensis e Quercus faginea. Conheço muitos locais fora da serra de Monchique com Quercus marianica, alguns mesmo no sotavento algarvio e no concelho de Odemira, o que me leva a crer que a espécie terá sido o Quercus dominante na floresta. Contudo houve séculos de selecção positiva do Quercus suber, os carvalhos eram cortados mas os sobreiros não, além disso há a questão das queimadas e dos incêndios, que já é milenar! Sabe-se hoje que os berberes colonizaram as serras algarvias e desenvolveram muito a cultura do trigo, e durante séculos o negócio da madeira foi muito explorado. Sabe-se também que não eram feitas reflorestações. Na primeira metade do século XX houve a razia final, com as campanhas do trigo, o que levou até à extinção do lobo. Nos anos 50 ainda havia Quercus canariensis em Monchique, neste momento só na Andaluzia, no entanto é fácil reintroduzir a espécie, se alguém quiser desde que tenha tempo disponibilizo-me para trazer bolotas no próximo Outono. O Quercus canariensis é usado em parques e jardins no Reino Unido e na Austrália, é estúpido que em Portugal não exista um único exemplar em locais públicos. A extinção está confirmada numa tese de doutoramento feita há uns anos na Universidade de Évora.

Outra extinção pouco falada é a do toirão-andaluz, existem apenas alguns exemplares em Marrocos e estão em alto risco. O desaparecimento também coincide com as campanhas do trigo.


A campanha do trigo levou também à quase extinção do lince e de muitas espécies dependentes do nosso sistema natural autóctone.

Umas das maiores catástrofes ecológicas de sempre em Portugal, provocada por acao humana. :mad:
 

frederico

Furacão
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9 Jan 2009
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As pessoas confundem o Quercus canariensis com o Quercus marianica. O Quercus marianica era na realidade a espécie dominante das serras do Baixo Alentejo, Algarve e Andaluzia Ocidental. O Quercus canariensis já domina na Andaluzia oriental e no Magrebe. No entanto o Q. canariensis foi efectivamente identificado em Monchique nos anos 50. Nos últimos 10 mil anos houve muitos ciclos climáticos. A azinheira já dominou no Norte da Península Ibérica, há provas disso. O carvalho por sua vez já chegou até Marrocos. Entre estes ciclos ficam bosquetes relíquia em alguns locais, caso dos restos de Quercus robur no Algarve, Alentejo, Andaluzia e Estremadura espanhola, e no Atlas marroquino, da azinheira na região cantábrica, do pinheiro-silvestre no Gerês ou do sobreiro também no Gerês.

No ano passado percorri muitas zonas do sul de Odemira, Monchique, Aljezur, a pé, vê-se claramente para quem pesca disto que a espécie dominante ali seria o Quercus marianica.

Na minha freguesia no sotavento algarvio no final do século XIX a madeira já estava esgotada por isso plantaram uma mata com acácias que é hoje a mata nacional da Conceição de Tavira. Havia fornos de cal, pão, carvão e tijolo que consumiam muita lenha. Mas conheço zonas isoladas na serra com árvores gigantes e antigas, ou mesmo fora da serra, que dão uma ideia da grandiosidade da floresta nativa. São sobreiros, azinheiras, pinheiros, freixos, sabugueiros ou choupos. Há uns meses a deambular pela zona encontrei um barranco com palmeiras-das-vassouras muito antigas, com mais de 2 metros, ainda bem que aquilo não tem acesso por estrada asfaltada, toda aquela zona em redor ardeu nas últimas décadas mas felizmente aquela pequena área escapou, isto dá uma ideia do que seria a paisagem se houvesse parques florestais de floresta nativa como há nos EUA, Reino Unido ou Alemanha. Seria uma floresta com enormes sobreiros, azinheiras, pinheiros, e palmeiras, freixos e choupos perto dos cursos de água, e arbustos como a murta, a aroeira ou o medronheiro. Isto nas zonas mais secas de solos de xisto.
 
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belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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No entanto o Q. canariensis foi efectivamente identificado em Monchique nos anos 50.
.


Foi identicado por quem? E sabes alguma coisa sobre a respectiva publicação?


Nos últimos 10 mil anos houve muitos ciclos climáticos. A azinheira já dominou no Norte da Península Ibérica, há provas disso.
.

Sabes de alguma publicação sobre o assunto?

O carvalho por sua vez já chegou até Marrocos. Entre estes ciclos ficam bosquetes relíquia em alguns locais, caso dos restos de Quercus robur no Algarve, Alentejo, Andaluzia e Estremadura espanhola, e no Atlas marroquino, da azinheira na região cantábrica, do pinheiro-silvestre no Gerês ou do sobreiro também no Gerês.

Pois, por isso importa identificar esse tipo de bosques.

Na minha freguesia no sotavento algarvio no final do século XIX a madeira já estava esgotada por isso plantaram uma mata com acácias que é hoje a mata nacional da Conceição de Tavira. Havia fornos de cal, pão, carvão e tijolo que consumiam muita lenha. Mas conheço zonas isoladas na serra com árvores gigantes e antigas, ou mesmo fora da serra, que dão uma ideia da grandiosidade da floresta nativa. São sobreiros, azinheiras, pinheiros, freixos, sabugueiros ou choupos. Há uns meses a deambular pela zona encontrei um barranco com palmeiras-das-vassouras muito antigas, com mais de 2 metros, ainda bem que aquilo não tem acesso por estrada asfaltada, toda aquela zona em redor ardeu nas últimas décadas mas felizmente aquela pequena área escapou, isto dá uma ideia do que seria a paisagem se houvesse parques florestais de floresta nativa como há nos EUA, Reino Unido ou Alemanha. Seria uma floresta com enormes sobreiros, azinheiras, pinheiros, e palmeiras, freixos e choupos perto dos cursos de água, e arbustos como a murta, a aroeira ou o medronheiro. Isto nas zonas mais secas de solos de xisto.

Interessante, obrigado pelo relato.