Cheias em Moçambique - Janeiro 2008

Gerofil

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21 Mar 2007
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Oikos distribui alimentos a 10 000 pessoas isoladas

A organização não governamental (ONG) portuguesa Oikos - Cooperação e Desenvolvimento está a fornecer alimentos a 10 000 pessoas isoladas pelas cheias em Morrumbala, centro de Moçambique, disse hoje à Agência Lusa fonte da organização. Em resposta ao apelo urgente do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de Moçambique, a Oikos está a distribuir alimentos a 1 600 famílias isoladas pelas cheias, por meio aéreo e com o apoio do Programa Mundial de Alimentação (PAM) das Nações Unidas, afirmou à Lusa Marisa de Freitas David do Departamento de Comunicação da Oikos. «Em Morrumbala, as cheias atingem o limite da calamidade. As povoações estão totalmente isoladas pela água, dificultando o resgate de muitas famílias bem como o acesso a água e a alimentos», adiantou.
Além de alimentos, as 1 600 famílias isoladas pelas cheias, num total de 10 000 pessoas, carecem também de água potável, tendas e bens de primeira necessidade.
A trabalhar em Morrumbala, distrito de Chire, desde 2007, a Oikos veio para esta zona do centro de Moçambique com o objectivo de apoiar os centros para desalojados e as vítimas das cheias do ano passado, contando com 17 técnicos especializados, referiu à Lusa Maria de Freitas David. "Os técnicos especializados da Oikos estão no terreno a tentar reconstruir toda a zona no que diz respeito ao saneamento básico e à construção de poços. Dão também formação sobre novas técnicas agrícolas e distribuem alfaias agrícolas para que a população, após a calamidade, reactive a produção familiar", explicou. Segundo o departamento de Comunicação da Organização da Oikos, esta ONG portuguesa já ajudou 8 752 mil famílias desde que chegou a Morrumbala.
Em comunicado, a Oikos lançou hoje um apelo de recolha de fundos para as vítimas das cheias em Moçambique disponibilizando para o efeito uma conta na Caixa Geral de Depósitos com o NIB- 0035 035500029 529630 85. Segundo disse ainda à Lusa Marisa de Freitas David "os recursos médios necessários para a redução da vulnerabilidade de uma Família Oikos, durante um ano, são de 93 euros".
O distrito de Murrumbala, em Moçambique, ocupa uma área de 12.972 km2 e tem uma população total de 282.755 habitantes. O número de deslocados devido às cheias no centro de Moçambique aumentou, fixando-se agora em 94.225, numa altura em que os caudais dos rios voltaram a subir, indica o último balanço oficial hoje divulgado em Maputo.
O porta-voz do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), Belarmino Chivambo, afirmou que cerca de duas mil famílias chegaram nas últimas 48 horas, pelos seus próprios meios ou resgatadas pelas equipas de salvamento, aos 41 centros de "reassentamento" no Vale do Zambeze.

© 2008 LUSA
 


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8 Jan 2008
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Com mais duas tempestades tropicais (Fame e Gula ) a rondarem Madagascar
e com grande actividade convectiva no Norte e Centro de Moçambique como mostra a imagem de satélite de hoje das 18 UTC, talvez a situação de cheias que estava a melhorar significativamente volte a agravar-se.
De momento não se prevê que estas duas tempestades tropicais atinjam território moçambicano.Mas sempre que há estes centros de baixa pressão rondando Madagáscar há sempre forte actividade convectiva no território Continental mais próximo (Moçambique).
 

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21 Mar 2007
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Cheias originam isolamento de cidade do norte de Moçambique

As cheias do rio Zambezi, que atingiram uma altura de 7,44 metros superior ao nível de alerta de 4,75 metros, cortaram do resto do país a cidade de Marromeu, na província central de Sofala, informou terça-feira o diário de Maputo "Notícias". "Estamos numa situação crítica. Famílias saem dum local para outro com as suas bagagens na cabeça para se pôr em segurança", declarou ao jornal o administrador do distrito de Marromeu, João Chavica, acrescentando que as estradas estão cortadas e que a cidade apenas pode contactar as outras partes do distrito por telefone.
Há actualmente uma penúria grave de combustível para as operações de busca e salvamento no vale do Zambezi. As tentativas da agência de socorros do Governo, o Instituto Nacional de Gestão das Catástrofes (INGC), de obter combustível de Beira ou Quelimane fracassaram porque segunda-feira foi feriado. Apesar destes problemas, o director do INGC, Paulo Zucula, disse que as operações de socorros no vale do Zambezi devem terminar a 11 de Fevereiro.
O INGC prepara-se para fazer face ao impacto duma eventual inundação na barragem de Kariba na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabwe. A Autoridade Fluvial Zimbabweana (ZRA), que explora a barragem, anunciou que iria abrir uma das válvulas, o que vai fortemente aumentar a quantidade de água que o Kariba vai despejar no Zambezi.

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21 Mar 2007
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PR apela para população abandonar zonas de risco e evitar "nomadismo perigoso"

O presidente moçambicano, Armando Guebuza, exortou hoje as vítimas das cheias no país a instalarem-se definitivamente em zonas seguras para evitar o "nomadismo perigoso", mas reconheceu insuficiências no processo de realojamento da população afectada pelas inundações. "Reconheço que estamos aquém daquilo que seria o desejável" para realojar as mais de 95 mil pessoas afectadas pelas cheias no vale do Zambeze, centro de Moçambique, disse o chefe de Estado moçambicano.
Guebuza falava aos jornalistas após visitar alguns centros de realojamento ao longo dos rios Zambeze e Búzi (centro) para manifestar a sua solidariedade e inteirar-se dos trabalhos das autoridades locais para melhorar as condições dos afectados pelas cheias, que já provocaram nove mortos. "Poderíamos ter mais casas [para os afectados]", mas também "devíamos ter mais pessoas a compreender a necessidade de não voltar enquanto houver cheias nas zonas anteriores [as consideradas de risco] e poderíamos ter maior preocupação com os que vivem nas zonas seguras", acrescentou.
Anualmente, milhares de pessoas são atingidas pelas cheias devido ao êxodo para as regiões ribeirinhas onde fazem as suas hortas e desenvolvem a prática da pesca, acabando por se instalar nestas zonas. "Muitos não estão preocupados com isso e o problema não é da população. O problema tem a ver com a forma como o processo (de realojamento) está a ser conduzido", comentou o presidente moçambicano.
Em Janeiro, as autoridades moçambicanas decidiram criar 41 centros de realojamento, incluindo os de Jenga, no distrito de Nova Mambone (Inhambane, sul), e Beiapeia, no distrito de Machanga (Sofala, centro), ambos localizados ao longo do Vale do Save, um dos pontos mais atingidos pelas cheias. De acordo com o director do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, Paulo Zucula, as inundações causaram nove mortos e cerca 21 mil pessoas foram transferidas para locais seguros em quatros províncias. Devido às cheias, resultantes da queda das chuvas no Malaui, Zâmbia e Zimbabué e a descargas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, 102.530 pessoas necessitam de alimentos devido à destruição de mais de 117 mil hectares de cultura diversa, indicou Zucula. As inundações destruíram 21.306 habitações, incluindo escolas, atingindo, deste modo, mais de 72 mil alunos, que não estão a estudar.
Na sua deslocação pela região central do país, Guebuza visitou hoje os campos onde estão realojadas várias famílias nos distritos de Mutarara, na confluência dos rios Zambeze e Chire, e Chinde, junto à foz do rio Zambeze. Na quinta-feira, o chefe de Estado moçambicano esteve em Guara-Guara, uma região ribeirinha ao longo do rio Búzi, e no centro de Medenginhane, no distrito de Dombe, província de Manica, onde se pode constatar as piores condições de vida das vítimas das cheias. O centro de Medenginhane foi criado há três semanas e as pessoas continuam a viver debaixo de lonas, aguardando ainda pela chegada de tendas.
Em Dombe, não havia nenhuma previsão de cheias, mas, em meados de Janeiro, o caudal do rio Búzi subiu fazendo com que a água acabasse por retroceder, tendo fluído na direcção oposta e, consequentemente, fazendo transbordar o rio Lucite, um dos maiores afluentes do rio Búzi.
Nos quatro centros de realojamento, Guebuza disse às vítimas das cheias que pretendia manifestar a solidariedade do Governo e de todo o povo moçambicano. "É tradição deste Governo de se aproximar às pessoas e servir o seu próprio povo", disse. "Estamos aqui para dizer que estamos convosco (...) nós sabemos que não foi fácil o facto de vocês terem sido forçados a abandonar as vossas próprias casas, principalmente quando isso é feito às correrias", sublinhou.
O chefe de Estado moçambicano assegurou que o seu Governo fará tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar as vítimas das cheias, mas lembrou que as famílias afectadas terão de construir as suas próprias casas de tijolos, que deverão ser fabricados localmente. A construção de casas decentes "é uma das formas de contribuir na luta contra a pobreza", afirmou.
As autoridades moçambicanas prevêem terminar as operações de resgate da população em Março próximo, trabalho que deverá coincidir com a abertura das comportas da barragem de Kariba, na Zâmbia, em consequência das intensas chuvas que estão a cair naquele país vizinho de Moçambique.
A barragem de Kariba, prevê abrir uma comporta a partir de 11 de Fevereiro, caso se mantenha a situação de queda de chuvas intensas e persistentes naquela zona, indicou, em comunicado, a Direcção Nacional de Águas de Moçambique. No documento, a instituição responsável pela monitorização da situação assegura estar a delinear medidas para atenuar o impacto das descargas de Kariba no território nacional, em coordenação com as autoridades da Zâmbia, Zimbabué e Malaui e o Secretariado da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

© 2008 LUSA