Re: O futuro do Algarve, deserto em breve?
Olhando para as médias de precipitação, há zona muito mais secas que o Algarve, e com verões mais quentes. Vale do Guadiana, Tejo Internacional, Douro Interior, Vale do Coa, Vale do Sabor, Vale do Agueda... O litoral algarvio e o nordeste estão na maioria das estações acima dos 500 mm, longe de valores como os registados em Almeria, Murcia ou Salamanca.
Este tópico é-me familiar, mas com alguns espaços pelos vistos ainda por preencher!
A realidade do Algarve como provável deserto do ponto de vista climático não fica muito longe da que existe por exemplo na região de Almería em Espanha; paralelos como o consumo excessivo de água no litoral devido ao constante crescimento urbano sobretudo por complexos hoteleiros e sua elevada quantidade de m3 gasta no abastecimento de piscinas, não esquecendo os seus famosos campos de golfe na maioria dos casos com ineficientes sistemas de rega dos seus tapetes verdes, entre outros…
Como se sabe, para haver água doce no litoral a mesma terá de vir do interior esgotando a maioria das reservas ali existentes, isto tratando-se já de si uma região considerada semi-árida (exs: Regiões de Guadix e Deserto de Tabernas) porque apesar da existência de montanhas, tendo como referência a vizinha Sierra Nevada, serve apenas como barreira de condensação à distância cujos efeitos apenas se reflectem no caudal de alguns cursos de água que chegariam ao litoral, não fossem muitos deles na longa época estival secarem completamente!
Mesmo assim o precioso líquido continua a ser bastante utilizado também no vasto mar de plástico da região como mega horta em estufas que abastece vários Países Europeus (incluindo o nosso, claro) que até visto de satélite se destaca como algo não muito comum!
Os produtores que exploram estas áreas têm demonstrado a sua preocupação sobretudo nas estufas mais próximas do mar visto que a água doce oriunda das montanhas que antes captavam em suficiente quantidade, é cada vez mais escassa o que permite o livre acesso à água salgada do Mediterrâneo (com maior percentagem de salinidade que o Atlântico) e que esta penetre nos lençóis freáticos e desta forma tornar estes solos estéreis.
No Algarve não existe um mar de plástico nem de perto com tais dimensões mas também não existe uma barreira de condensação como na Sierra Nevada.
Ainda que mais exposto á influência marítima, os seus baixos relevos, exceptuando um pouco a Serra de Monchique, orientados a sul e protegidos das massas de ar húmidas de NW passando pelo já de si bastante seco Baixo Alentejo, não reúne as necessárias condições que permitam a auto-suficiência cada vez mais exigente de um Portugal orientado para a cultura do sol mas com os pés na água!
