Como eram e quem eram os Portugueses nativos?

belem

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Falando de imigrantes estrangeiros de origem não europeia (na Europa), aqui está um mapa que encontrei num site, que nos mostra a percentagem da população que é europeia:

24bnucz.png


Não me parece que esteja longe da realidade, mas depois vou ver se encontro mais alguma coisa.
 
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o que de algum modo deu origem à ideia de muitos povos da portuguesa de buço, muito possivelmente porque andava mais preocupada em gerir a casa e cuidar dos filhos pois o marido ou tinha ido para a guerra ou imigrado para a França ou Suiça e não a ver-se ao espelho e a cuidar de si
 

belem

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Uma das razões que poderá ter levado a uma grande taxa sobrevivência de populações pré-históricas em Portugal (e também em Espanha) na fase de transição de caça-recoleção para a agricultura, além dos (muito) prováveis grandes níveis fertilidade durante o Mesolítico e do tipo de colonização neolítica feita sobretudo por barco que ao avançar lentamente, deu tempo às populações pré-históricas locais para om um avanço lento poderá ter sido também a domesticação local de animais selvagens, que deu uma enorme vantagem aos povos ibéricos primitivos.

Para já conhecem-se 2 grandes hotspots de domesticação do cavalo europeu no mundo:

http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0018194

Pelo menos, 2 das 3 raças de cavalos autótones de Portugal, possuem linhagens oriundas de diferentes cavalos selvagens paleolíticos. A domesticação dos nossos cavalos selvagens deverá ter ocorrido há cerca de 6250 anos atrás.

Mais difícil, provavelmente numa fase posterior (pelo menos na Ibéria) e bastante mais rara, foi a domesticação do auroque. Alguns investigadores consideram que era quase impossível domesticar vacas selvagens. A maior parte de todas as raças bovinas taurinas do mundo, descende de cerca de 80-100 animais, que foram domesticados algures no Iraque, Irão e Turquia. Contudo, existem algumas raças bovinas Portuguesas com (muito provável) influência genética do auroque europeu (na Europa, para já, tal só foi detetado também em Espanha, Itália e Ilhas Britânicas):

Paternalmente: para o caso dos machos, penso que é fácil de imaginar os touros selvagens atrás das vacas domésticas, pois o gado doméstico, na P. Ibérica, era mantido extensivamente ao lado de populações selvagens de auroque. E tal foi detetado geneticamente, em algumas raças portuguesas, espanholas e da Europa Ocidental. Tal prática era corrente, em boa parte da Europa Atlântica, em toda a sua zona temperada (sobretudo exatamente também onde esta influência paternal tem sido encontrada). O auroque em Portugal, terá desaparecido por volta do final do Calcolítico. Portanto houve um período assinalável de coabitação. Existem relatos que falam de populações reliquia de auroque, que poderão ter sobrevivido até bem mais tarde na Ibéria. Grandes touros negros são descritos, em vários locais ermos. Existem descrições sobre caçadas ao touro selvagem a cavalo, com poucos séculos. Mas também poderão referir-se a animais assilvestrados, portanto a confirmação estende-se até ao final do Calcolítico. De todas as formas, o auroque deixou uma marca evidente em uma parte assinalável do nosso gado.

Maternalmente: Certamente, seria mais complicado obter vacas selvagens do que touros selvagens. A presença destas linhagens na Europa, apenas são conhecidas (além do nosso país), na Itália. E possivelmente poderão estar presentes em Espanha, também. O comportamento e a bravura dos animais, poderá ser uma das razões, pois as vacas evitariam o contato com o gado doméstico e se touros domésticos cobrissem vacas selvagens, estas normalmente não iriam ter as crias em locais facilmente acessíveis aos humanos, mas sim bem longe e no seio da manada.

Se alguém quiser saber de mais detalhes sobre a nossas raças domésticas e suas relações com o auroque,, poderei colocar aqui os estudos.

Também há quem mencione o porco preto. Eu acho que esta raça antiga poderá ter recebido introgressão do javali ibérico, pois parece ter origem na combinação de porcos domésticos oriundos do Levante, com o javali ibérico. Evoluiu durante milhares de anos, em ambiente natural.

Um cão foi encontrado entre os caçadores pré-históricos de Muge, mas não se sabe ainda se evoluiu a partir dos lobos ibéricos locais.
Penso que o tema ainda está a ser investigado:

http://www.vet.cornell.edu/news/research/iberianwolf.cfm
 
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Existem várias descrições da antiguidade sobre as qualidades dos cavalos ibéricos, e foram comercializados aos milhares, para diferentes povos antigos do Mediterrâneo, inclusivamente Romanos e Gregos, por exemplo.
 
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Também há quem mencione o porco preto. Eu acho que esta raça antiga poderá ter recebido introgressão do javali ibérico, pois parece ter origem na combinação de porcos domésticos oriundos do Levante, com o javali ibérico. Evoluiu durante milhares de anos, em ambiente natural.
quanto ao porco há que ter cuidado, pois têm uma característica muita chata para a investigação, um animal domestico que foge antes de mais e ao contrario de muitos animais de quinta passa quase imediatamente ao modo selvagem. No porco não é só o comportamento mas também a fisionomia que fica mais semelhante ao javali, em poucas gerações ficam iguais aos javalis
 
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quanto ao porco há que ter cuidado, pois têm uma característica muita chata para a investigação, um animal domestico que foge antes de mais e ao contrario de muitos animais de quinta passa quase imediatamente ao modo selvagem. No porco não é só o comportamento mas também a fisionomia que fica mais semelhante ao javali, em poucas gerações ficam iguais aos javalis

Sei disso (e é muito interessante), mas a minha opinião para o caso do porco preto, foi baseada em estudos genéticos, e não em estudos anatómicos.
 
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Um crâneo de Combe Capelle:

combcapelleskullsm.jpg


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Kiszeli (1979), considerou este homem do País de Gales, como tendo uma conexão próxima com o homem de Combe Capelle (através de medições e cálculos).

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Um homem Português que encontrei ao acaso na net (sem procurar propositadamente). Como vimos mais acima, o subtipo de Combe Capelle também foi descrito como presente na população moderna Portuguesa.
Existia alguma variação e depois pretendo colocar mais exemplos.

O subtipo de Combe Capelle foi altamente bem sucedido no passado, estendendo-se desde a Europa Atlântica, ao Médio Oriente, passando pelo Norte de África. Tem origem no Paleolítico Superior, tendo-se encontrado crâneos desde tipo em Brno (antiga Checoslováquia), por exemplo.

Está possivelmente relacionado com o elemento protomediterrânico, encontrado em Muge. Mais tarde, permanece no registo fóssil do Neolítico da P. Ibérica, Sardenha, etc... Sobrevivendo assim (em zonas refúgio), à chegada da agricultura.
 
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Comparação interessante, e indicia alguma semelhança (maior do que entre indios iroqueses modernos e pré-históricos), mas há quem ache que deveriam ser usados outros exemplos como comparação, para se avaliar a influência das populações mesolíticas, na formação dos primeiros grupos agrícolas em Portugal.


Alguns (muito poucos, mas era o que havia disponível) ossos de esqueletos foram também comparados (desde o período do Mesolítico (representado pela população de Muge) até ao Calcolítico (representado por 2 regiões: Alentejo e Estremadura).

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Interessante a coincidência encontrada entre o Mesolítico e amostras recentes.
No Alentejo, pelo menos nesta amostragem, surge como evidente uma maior integração de caçadores-recoletores na população local, após a chegada da agricultura.
Caçadores e agricultores, poderão então ter vivido quase lado a lado (Estremadura/Alentejo), por muito tempo, tolerando-se mutuamente. Eventualmente até poderiam ocasionalmente fazer trocas de produtos, mas aqui já sou eu a especular um pouco.



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Interessante, se as diferenças que estão presentes em alguns dos esqueletos, são atribuídas a uma adoção de estilo de vida diferente e não a uma substituição nuclear da população local por outra. Existem aspetos que são herdados geneticamente, como a forma do fémur esquerdo. A forte participação de caçadores-recoletores na formação de certos grupos agrícolas pioneiros, parece ter sido uma realidade em Portugal, pelo menos no Alentejo (detetada mesmo usando uma amostragem bastante reduzida).
Claro que muitos modelos apontavam para o Norte da P. Ibérica como um dos refúgios principais e onde algumas populações mesolíticas locais poderão ter assimilado a agricultura (no Norte de Portugal, onde começam maiores blocos montanhosos/planaltos, por exemplo) e não o «contrário», mas ainda faltam estudos para estas e outras regiões.

Para enriquecer a documentação acessível sobre esta continuidade (entre os caçadores e os primeiros agricultores de Portugal), aqui está mais um artigo:

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http://www.ualberta.ca/~dlubell/CA_Iberia.pdf

Agora usando também craniometria.
As conclusões, corroboram portanto, as teorias sugeridas pelo estudos comparativos de dentição e femures esquerdos (em adultos). Já coloquei algumas comparações genéticas gerais, que também suportam esta noção, mas talvez algo se arranje a nível local.
Portanto, este estudo, suporta a ideia de continuidade, entre Mesolítico e Neolítico, na área estudada (Centro de Portugal).


Mais outro estudo, que dá robustez à ideia de continuidade, entre o Mesolítico e o Neolítico português:

http://arheologija.ff.uni-lj.si/documenta/pdf31/31jackes.pdf
 
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Encontrei este exemplo, por acaso, (ainda tenho que arranjar tempo, para ver se posto mais individuos de tipo Predmost, que poderão ser um dos fenótipos mais basais e primitivos, encontrados no nosso país). Este rapaz andava a tomar conta de ovelhas, perto de rochedos com pinturas rupestres que nunca tinha visto antes.


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No meu mundo imaginário, este poderia ser um menino do Lapedo.
 

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Ibero-Insular

Como eram e quem eram os Portugueses nativos?




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Mulher Basca.

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Este individuo da Beira, foi classificado como Ibero-Insular (mas tem dimensões cranianas bastante grandes. quiçá um exemplo de transição gradual entre Berid e Ibero-Insular (tal como o exemplo colocado logo acima). Mas a sua estrutura básica é Ibero-Insular.

PS: Estes exemplos são de França: http://i64.tinypic.com/2w2pgns.jpg, http://i63.tinypic.com/huj239.jpg


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Os Iberos-Insulares estão restritos sobretudo à Peninsula Ibérica, a algumas partes de França, e de Itália (Sardenha, etc...).

«Dark, dolichocephalic, short race, called Ibero-Insular, because it is chiefly found in the Iberian peninsula and the islands of the western Mediterranean. It is found, however somewhat softened, in France ( Angoumois, Limousin, and the Perigord) and in Italy (to the south of Rome-Asoli line).»

-Deniker
 
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Segundo os dados apresentados no wikipedia (os que têm fontes credíveis) Portugal aparentemente é o segundo país do mundo com mais centenários (proporcionalmente relativamente ao total da sua população), estando apenas atrás do Japão: https://en.wikipedia.org/wiki/Centenarian
Não sei se algum país relevante faltará na lista, mas alguns sites falam em quinto lugar atual e que em 2050, Portugal passará para terceiro, ficando apenas atrás do Japão e de Espanha.
Mas provavelmente, não devem ter feito as contas, é que em 2015, o numero de centenários em Portugal, já ultrapassa os 4000 (4066). Sendo assim, estamos já em segundo neste momento (pelo menos tanto quanto sei).
De salientar o aumento bastante rápido do numero de pessoas a atingir os 100 anos, no nosso país (nos últimos anos).
Isto demonstra claramente que os Portugueses têm alguma propensão para atingir idades avançadas e que têm pacote genético para ter vidas longas.
Li há uns tempos que aparentemente também existe a dieta atlântica: http://www.tuasaude.com/dieta-atlantica/, http://www.healthylivingart.com/diets-weight-loss/the-southern-european-atlantic-diet.html
 
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«Spain and Portugal showing very few common ancestors with other populations over the last 2,500 years.»

http://www.plosbiology.org/article/info:doi/10.1371/journal.pbio.1001555

Nas populações usadas no estudo, apenas a Itália teve resultados semelhantes.
«On Italy:
There is relatively little common ancestry shared between the Italian peninsula and other locations, and what there is seems to derive mostly from longer ago than 2,500 ya [i.e. ~5500 y.a.: Megalithic era onwards]. An exception is that Italy and the neighboring Balkan populations share small but significant numbers of common ancestors in the last 1,500 years [i.e. after 3750 years: since the Mycenaean period] ...

On Iberia:
Patterns for the Iberian peninsula are similar, with both Spain and Portugal showing very few common ancestors with other populations over the last 2,500 years [i.e. 5500 years: Megalithic era onwards]. However, the rate of IBD sharing within the peninsula is much higher than within Italy...»


...« In fact the Italian and Iberian peninsula show very low levels of "recent" relatedness with other populations, which is a bit perplexing, considering their non-negligible roles in Medieval and Modern European history. I guess that this may be partly caused by geographic barriers (mountains) and also by these areas having large populations since Antiquity or before. »


http://forwhattheywereweare.blogspot.pt/2013/06/the-less-homogeneous-european.html

As populações ibéricas estão mais relacionadas entre si, do que as populações italianas. Existe também uma maior heterogeneidade na população italiana.
 
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Topê

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Ontem estava a ver um documentário francês nos tvcines, sobre o grande pode tecnocrático da UE e como os tecnocratas controlam os destinos de 500 milhões de europeus.
E além do documentário ser super interessante, houve um pormenor que me despertou muita curiosidade foi ouvir o anterior comissário para Assuntos Económicos e Monetários, o finlandês Olli Rehn a falar francês, epah ou foi impressão minha, mas o tipo parecia que estava a falar português ou galego a sério aquilo até deu vontade de rir, o sotaque dele a falar uma língua românica iria bater na nossa entoação bastante seca dos "t" "v" "b".
Não percebo nada destes temas e estou a falar de cor, agora se o galaico-português tem como origem o latim vulgar, pergunto que língua se falaria no Norte de Portugal e Galiza antes do latim vulgar? é porque achei a entoação super idêntica, não estou aqui a dizer que uma coisa esteja relacionada, mas considerando que os nórdicos preservaram os idiomas tribais indo-europeus, poderá haver ai uma relação, achei um pormenor super interessante se conseguir sacar o Oli Rehn a falar francês no Youtube a ver se coloco aqui o video no forum.
 
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belem

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Atenção que o Latim é considerado um idioma antigo de origens indo-europeias também.
A lingua que se falava em boa parte de Portugal antes do Latim, devia ser a dos Lusitanos. Eu acredito que algo perdurou, seja no sotaque, seja em alguns provérbios, topónimos, seja em algumas palavras e expressões, deste idioma antigo.
Pena é que quase nenhuma investigação tenha sido feita para tentar saber mais sobre o idioma dos Lusitanos.
Penso que se sabe bastante mais sobre a aparência, a história, os costumes, e a genética dos Lusitanos (pelo menos neste tópico do forum, porque não vejo o tema ser apresentado/abordado (pelo menos de forma abrangente) nas escolas nem nas universidades), do que o seu idioma.
 
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