Crise sismo-vulcânica São Jorge (Açores) 2022

"Tudo preparado" para a retirada de pessoas de São Jorge."​


Hoje às 13:30.

O presidente do Governo dos Açores disse, esta quinta-feira, que "está tudo preparado" para a retirada de pessoas de São Jorge, incluindo um reforço de voos, porque já existem intenções de sair da ilha alvo de uma crise sismovulcânica.

"Temos tudo preparado. O Serviço Regional de Proteção Civil, o CIVISA [Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica]. Temos todas as forças preparadas", afirmou José Manuel Bolieiro aos jornalistas, no aeroporto de São Jorge, no início da visita oficial à ilha.

O social-democrata indicou que os voos para São Jorge vão ser reforçados para permitir a saída da população. "Estamos a reforçar os voos para quem queira e já há manifestações de intenções de saída da ilha de São Jorge. Estamos já a alocar os meios e está tudo preparado. Por isso uma palavra de tranquilização", apontou.

Questionado sobre se a saída de população é prematura, José Manuel Bolieiro disse compreender a "ansiedade" dos cidadãos e reiterou que "antes excessivo na prudência do que negligente na ação". "Esta ansiedade é natural e a saída é prudencial na medida em que os familiares [dos jorgenses] que não estão na ilha de São Jorge estão de braços abertos para receber e acolher. Por isso é até uma metodologia e um método muito bom", apontou.

Sobre as expectativas para o desenvolvimento da crise sismovulcânica, Bolieiro sinalizou que "tudo pode acontecer". "Não podemos ter informação que nos possa ser afirmativa e perentória quanto ao que vai acontecer. Tudo pode acontecer, nada pode acontecer", declarou.

O município das Velas divulgou os "pontos de referência" (para as pessoas que precisam de transporte), os "pontos de receção" (os destinos finais) e os "caminhos de referência" a utilizar em caso de ordem para evacuação das freguesias de Manadas, Urzelina, Santo Amaro, Velas, Norte Grande e Rosais.

O município acrescentou que o "alerta de evacuação será transmitido através da rádio local, das redes sociais das entidades competentes e também através dos sinos das igrejas".
A atividade sísmica na ilha de São Jorge "continua acima do normal" e nas últimas horas "foram sentidos 11 sismos", informou hoje o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).

Na quarta-feira, o CIVISA elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa "possibilidade real de erupção". Perante este cenário, o executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afetada na ilha de São Jorge que abandone as suas casas.

Também na quarta-feira, a Proteção Civil dos Açores ativou o Plano Regional de Emergência devido à elevada atividade sísmica que se regista em São Jorge desde sábado. Os planos de emergência municipais dos dois concelhos da ilha, Calheta e Velas, também já foram ativados.

 
Não me lembro de ter presenciado assim tanto aparato para a evacuação da população pelos organismos oficiais em 2005 aquando da situação sismo-vulcânica em São Miguel e que segundo consta, o nível de perigosidade foi até mais elevado atendendo às circunstâncias da crise na altura. Mas claro, estávamos em 2005 e hoje estamos em 2022.
A situação em São Jorge tem algumas semelhanças com a situação em São Miguel, mas acho que hoje caímos no total "excesso" de prevenção, quando de momento nada ainda confirma que o vulcão em São Jorge vai explodir. Segundo as últimas informações houve até um abrandamento da actividade sísmica, encontrando se o hipocentro de momento ainda abaixo dos 10 km.
Situações em parte semelhantes, mas ao mesmo tempo diferentes.
 
A crise de 2005 foi na zona Fogo-Congro e nesta zona já não ocorre uma erupção à 10.000 anos.
A diferença nesta crise, é que ocorre numa zona com várias erupções nos últimos 500 anos. Ou seja, é recorrente e isso juntando a proximidade das populações dos possíveis locais eruptivos faz diferença em aumentar os níveis de alerta..

Mas em termos sísmicos, em tudo assemelham-se, muitos sismos VT, mas nenhum vulcânico.
 
A crise de 2005 foi na zona Fogo-Congro e nesta zona já não ocorre uma erupção à 10.000 anos.
A diferença nesta crise, é que ocorre numa zona com várias erupções nos últimos 500 anos. Ou seja, é recorrente e isso juntando a proximidade das populações dos possíveis locais eruptivos faz diferença em aumentar os níveis de alerta..

Mas em termos sísmicos, em tudo assemelham-se, muitos sismos VT, mas nenhum vulcânico.

De qualquer forma a crise de 2005 teve um perigo real e não houve preocupação ou nenhum plano de evacuação por parte das autoridades competentes, tratando se de uma ilha muito mais densamente povoada que a segunda. Riscos eruptivos são sempre um perigo, e se algo tivesse acontecido nessa altura em São Miguel a mortandade teria sido enorme por não ter havido nenhum plano de emergência de evacuação.
 
De qualquer forma a crise de 2005 teve um perigo real e não houve preocupação ou nenhum plano de evacuação por parte das autoridades competentes, tratando se de uma ilha muito mais densamente povoada que a primeira. Riscos eruptivos são sempre um perigo, e se algo tivesse acontecido nessa altura em São Miguel a mortandade teria sido enorme por não ter havido nenhum plano de emergência de evacuação.

Era outra tutela… política


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Não me lembro de ter presenciado assim tanto aparato para a evacuação da população pelos organismos oficiais em 2005 aquando da situação sismo-vulcânica em São Miguel e que segundo consta, o nível de perigosidade foi até mais elevado atendendo às circunstâncias da crise na altura. Mas claro, estávamos em 2005 e hoje estamos em 2022.
A situação em São Jorge tem algumas semelhanças com a situação em São Miguel, mas acho que hoje caímos no total "excesso" de prevenção, quando de momento nada ainda confirma que o vulcão em São Jorge vai explodir. Segundo as últimas informações houve até um abrandamento da actividade sísmica, encontrando se o hipocentro de momento ainda abaixo dos 10 km.
Situações em parte semelhantes, mas ao mesmo tempo diferentes.

Mas com o efeito La Palma pelo meio que faz toda a diferença. Perante os mesmos dados, mas sem La Palma, certamente a postura seria diferente. Temos uma matriz probabilidade ocorrência (baixa) vs consequências ocorrência (muito graves) pelo que nunca é fácil tomar decisões. La Palma alterou também a forma como essa matriz é observada.
 
Eu no meu entender tenho sempre a perspetiva de que é melhor ser excessivamente zelosos mesmo que depois não aconteça nada do que negligentes na ação e assim podermos vir a ter de lamentar percas humanas.

Julgo que perante o cenário existente deve-se evacuar preventivamente as zonas próximas aos sítios onde está a haver atividade vulcânica.

E em São Miguel se isso não foi feito deveria ter sido igualmente feito ...

Confiamos demasiado na sorte pois nunca aconteceu nada na história recente mas se porventura algo acontecer mais vale ter tomado as medidas necessárias do que correr atrás do prejuízo.

Nota ainda para as especificidades da ilha de São Jorge.

Populações muitas em declives abaixo de montes, ilha sem hospital etc

No caso de catástrofe a evacuação pode se tornar extremamente complicada por possíveis cortes nos acessos ...

Tudo isso deve estar a ser tomado em conta pelas autoridades. E ainda bem que é assim.
 
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Não me lembro de ter presenciado assim tanto aparato para a evacuação da população pelos organismos oficiais em 2005 aquando da situação sismo-vulcânica em São Miguel e que segundo consta, o nível de perigosidade foi até mais elevado atendendo às circunstâncias da crise na altura. Mas claro, estávamos em 2005 e hoje estamos em 2022.
A situação em São Jorge tem algumas semelhanças com a situação em São Miguel, mas acho que hoje caímos no total "excesso" de prevenção, quando de momento nada ainda confirma que o vulcão em São Jorge vai explodir. Segundo as últimas informações houve até um abrandamento da actividade sísmica, encontrando se o hipocentro de momento ainda abaixo dos 10 km.
Situações em parte semelhantes, mas ao mesmo tempo diferentes.

Situações sempre de difícil decisão. Deixo a pergunta.. será que agora é excesso de prevenção... ou será que em 2005 foi défice de prevenção?
Com o evento de La Palma aqui tão perto, possivelmente as entidades responsáveis estarão a querer actuar ainda mais preventivamente.
Eu sempre fui apologista do "Preparar para o pior, esperar pelo melhor.". Se há alguma altura "ideal" para se começar a evacuar? Ninguém saberá. Os epicentros estão a 10/12km de profundidade... pode dar a entender que ainda demorará a chegar cá acima (se chegar)... mas de um momento para o outro poderemos passara ter sismos mais próximos da superfície... Há que actuar... ponderadamente e com base nos dados, mas actuar. E ter as populações já preparadas para sair se assim for necessário, é um passo correcto na minha opinião.
 
Mas com o efeito La Palma pelo meio que faz toda a diferença. Perante os mesmos dados, mas sem La Palma, certamente a postura seria diferente. Temos uma matriz probabilidade ocorrência (baixa) vs consequências ocorrência (muito graves) pelo que nunca é fácil tomar decisões. La Palma alterou também a forma como essa matriz é observada.

Talvez tenha sido por isso...
Para a maioria das pessoas e das autoridades regionais a crise de 2005 passou lhes ao lado..
E agora pergunto eu : e se a realidade tivesse sido outra? Como seria?
Iriam chorar as mortes ocorridas ou só as vidas de alguns importam?
As pessoas todos os dias esquecem se que vivem em cima de magma incandescente e que as erupções não acontecem só aos outros.
Em São Miguel as políticas de evacuação de uma população que vive permanentemente à beira de um vulcão potencialmente activo pecaram por serem tardias, ou insuficientes, e em São Jorge talvez pecam por excesso (talvez?)
Vamos ver como tudo isto vai acabar.

Uma próxima erupção em São Miguel será uma catástrofe! A ilha é super povoada e ainda por cima é a única que concentra o maior número de vulcões activos!
Sinceramente prefiro nem estar cá para ver isso acontecer..
 
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Eu no meu entender tenho sempre a perspetiva de que é melhor ser excessivamente zelosos mesmo que depois não aconteça nada do que negligentes na ação e assim podermos vir a ter de lamentar percas humanas.

Julgo que perante o cenário existente deve-se evacuar preventivamente as zonas próximas aos sítios onde está a haver atividade vulcânica.

E em São Miguel se isso não foi feito deveria ter sido igualmente feito ...

Confiamos demasiado na sorte pois nunca aconteceu nada na história recente mas se porventura algo acontecer mais vale ter tomado as medidas necessárias do que correr atrás do prejuízo.

Nota ainda para as especificidades da ilha de São Jorge.

Populações muitas em declives abaixo de montes, ilha sem hospital etc

No caso de catástrofe a evacuação pode se tornar extremamente complicada por possíveis cortes nos acessos ...

Tudo isso deve estar a ser tomado em conta pelas autoridades. E ainda bem que é assim.
Uma erupção vulcânica na maior ilha dos Açores seria um desastre! É a ilha com mais gente.
A ilha tem 2 hospitais mas numa situação dessas nem os hospitais conseguiriam dar conta do recado.
Em São Miguel também há ainda gente que vive em fajãs, logo o perigo seria o mesmo.
Mas pronto, estamos no século XXI...
 
Talvez tenha sido por isso...
Para a maioria das pessoas e das autoridades regionais a crise de 2005 passou lhes ao lado..
E agora pergunto eu : e se a realidade tivesse sido outra? Como seria?
Iriam chorar as mortes ocorridas ou só as vidas de alguns importam?
As pessoas todos os dias esquecem se que vivem em cima de magma incandescente e que as erupções não acontecem só aos outros.
Em São Miguel as políticas de evacuação de uma população que vive permanentemente à beira de um vulcão potencialmente activo pecaram por serem tardias, ou insuficientes, e em São Jorge talvez pecam por excesso (talvez?)
Vamos ver como tudo isto vai acabar.
Só espero que na próxima futura crise sísmico-vulcânica do vulcão das 7 cidades, ou do sistema fissural dos Picos (que são os vulcões activos mais jovens de São Miguel) e onde ocorreram o maior número de actividades eruptivas em mais recentes anos a política seja a mesma.
Uma próxima erupção em São Miguel será uma catástrofe! A ilha é super povoada e ainda por cima é a única que concentra o maior número de vulcões activos.
Sinceramente prefiro nem estar cá para ver isso acontecer..
Sim. Se acontecer uma crise sismo-vulcânica como esta também sou apologista em prevenir evacuando todas as populações das zonas adjacentes ao Vulcão Fogo- Congro ou qualquer outro vulcão micaelense.

E lamento que em 2005 não tenha sido assim ... ( não estava na terra na altura e não me recordo como foi a prevenção na situação em específico ).

Tal como quando há a possibilidade de furacões ... Prefiro sempre que se previna e depois tenha sido só uma chuvinha ... Do que não prevenir ... Achar que é tudo exagero e depois existir problemas evitáveis caso uma boa política preventiva tivesse sido posta em prática.

Populações e autoridades informadas e avisadas nestas situações é sempre melhor do que populações e autoridades negligentes.

Entretanto o Presidente do GRA já está em São Jorge e reafirmou aquilo que disse acima e no meu ponto de vista bem.

Mais vale ser excessivamente prudentes do que negligentes na ação.

 
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Por isso mesmo é que estamos em 2022... As políticas na altura em 2005 falharam por completo, e ainda bem que o vulcão não acordou!
Só para teres uma ideia, a ultima grande erupção do vulcão das Furnas em 1630 foi tão forte que as cinzas que lançou na atmosfera foram depositadas nas Flores. Bem podes imaginar o que aconteceu no resto da ilha e arredores... Há relatos históricos sobre essa grande erupção mais conhecida como "O Ano do Cinzeiro".
Mas na minha opinião deviam de evacuar o quanto antes os 3 mil habitantes das Furnas em caso de sismo antes que seja tarde demais. As Furnas não oferecem condições de habitabilidade! Pessoalmente não me sinto em segurança cada vez que lá vou. Pode explodir uma fumarola em qualquer momento e em qualquer lugar quando menos se espera.
As Furnas são como o Vesúvio!
Sim. Totalmente de acordo.

No fundo concordamos.

Em 2005 é que falhou as políticas de prevenção e não agora.

E sim ... As Furnas são um local que adoro lá ir desde míudo ... Tem um cozido absolutamente divinal ...

Mas temos de ter a consciência que é uma bomba relógio sempre pronta a acordar ...

Quem vive nessas localidades julgo que tem a perfeita consciência de que de um dia para o outro poderá ter de sair dali.
 
Segundo a ultima conferência de imprensa o dique magmático encontra de momento a 12 km da superfície terrestre. Em 2005 na igual crise do Vulcão do Fogo o mesmo chegou até aos 2km da superfície acabando por desistir por aí, o que leva a supôr que apesar do risco da possibilidade eruptiva em São Jorge, até ao momento ela não é assim tão eminente como foi em São Miguel no Vulcão do Fogo, mas claro estes fenómenos são sempre imprevisíveis e ainda ninguém sabe como tudo isto pode terminar.

No início da crise do Vulcão do Fogo, a que profundidade se encontrava o magma?
 
No início da crise do Vulcão do Fogo, a que profundidade se encontrava o magma?
A 2 km da superfície terrestre. Daí os gases terem sido mais elevados aparecendo até peixes mortos na Lagoa segundo relatos da altura.
Interditaram apenas as vias de acesso ao topo do vulcão e mais nada foi feito.
Vila Franca do Campo e Ribeira Grande estão situadas no sopé deste vulcão. A primeira na costa sul, e a segunda na costa norte da ilha.
Ribeira Grande com quase 30.000 e poucos habitantes e Vila Franca do Campo com 15.000.
Houve algum plano de evacuação? Nenhum!
Se o vulcão tivesse acordado como seria?
 
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Sim. Totalmente de acordo.

No fundo concordamos.

Em 2005 é que falhou as políticas de prevenção e não agora.

E sim ... As Furnas são um local que adoro lá ir desde míudo ... Tem um cozido absolutamente divinal ...

Mas temos de ter a consciência que é uma bomba relógio sempre pronta a acordar ...

Quem vive nessas localidades julgo que tem a perfeita consciência de que de um dia para o outro poderá ter de sair dali.

Não só o cozido mas também as queijadas de inhame, os bolos lêvedos e as fofas da Povoação. :lol::lol:

E sim. Toda aquela zona da Povoação é uma bomba relógio.
Há bocas vulcânicas a fumegar um pouco por todo o lado mesmo longe da boca principal... Nem sei como aquilo é habitado..Por momentos faz me lembrar o Yellowstone!
Há casas que vêem explodir dentro das suas residências fumarolas.. O mesmo acontece na Ribeira Grande, e no entanto é tudo normal...
 
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