Não nos podemos esquecer do contexto em que surgiram os transvases em Espanha: o turismo estava em crescimento no Levante e levar água para as zonas entre Almería e Valência era uma necessidade.
Basta vermos que há 50 anos atrás, muitos filmes de Hollywood eram filmados no Levante e hoje em dia muitos desses lugares onde eram feitas as filmagens são estufas, campos agrícolas ou empreendimentos turísticos. Os únicos sítios em que se preservaram os desertos foram: em Tabernas e no Cabo de Gata (ambas são áreas protegidas).
Contudo, ao contrário do que se pensa, nem toda a Espanha está coberta pelos canais. Por exemplo: se a Barragem do Chança secasse totalmente, a economia onubense ficaria arruinada. Se as barragens do Guadalquivir Médio secassem, provavelmente teríamos uma enorme subida nos preços do azeite, já que grande parte da produção de azeite na Europa provém da Bacia do Guadalquivir.
Num projeto de transvases e ligações para o transporte de água, isto era o que deveria ser feito:
- Construir a Barragem do Pisão, no Crato;
- Ligar todas as barragens do Alentejo e do Ribatejo entre si;
- Construir um canal entre Beja e o Algarve;
- Ligar as várias barragens do Algarve entre si (Odeleite, Beliche, Odelouca, Funcho, Arade e Odiáxere)
- Construir um canal entre a Barragem da Aguieira, do Alva e a do Castelo do Bode, até Montargil.
Transvases a partir do Norte não sei se valeria a pena, já que a disponibilidade hídrica no Norte é muito mais baixa do que a do Centro e Sul.
Infelizmente, o facto de aquele cantinho no Noroeste da Península pertencer a Espanha é um problema, porque assim perdemos uma das bacias hidrográficas com maior disponibilidade hídrica: a do Minho-Sil.