Afgdr
Cumulonimbus
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, em ciclones tropicais não há muita trovoada. Ontem de manhã disse isso a uma pessoa em Santa Maria que esperava ver trovoada, e depois no final confirmou-me que não se apercebeu de um único trovão. Isso tem a ver com o núcleo quente dum ciclone tropical e da elevada quantidade de humidade que existe em todo o sistema, das camadas baixas às altas. Apesar de num ciclone tropical termos enormes torres convectivas, as descargas eléctricas dependem do choque entre partículas de gelo, e para além do núcleo quente, o gelo mantém-se mais tempo atravessando partes mais secas da atmosfera, e no ambiente como dum ciclone tropical o gelo não sobrevive muito tempo. O Gelo forma-se sem dúvida, até muito, no topo destes Cb's tropicais (esteve mesmo na origem do acidente da Air France, voo 447) mas depois não sobrevive muito tempo a ponto de criar carga. Já tivemos vários casos por cá, desde depressões híbridas ou mesmo o complexo que gerou a tragédia na Madeira, em que havia convecção profunda mas não havia descargas eléctricas. Tem a ver com este tipo de massas de ar, muito húmidas e quentes.
Esta temporada está a ser curiosa, o Gordon foi até agora o ciclone tropical mais intenso no Atlântico numa região onde em Agosto não era suposto, e já em Junho tivemos o Chris que também foi um ciclone muito atípico, foi bastante invulgar, tornou-se furacao a uma latitude alta e com água a apenas 22ºC. Pelo que quem sabe, este pode ser um daqueles anos atípicos em que podemos ver coisas um pouco mais raras pelas nossas águas.
Muito obrigado pelos esclarecimentos Vince!

Este ano ainda vai supreender-nos...
