Gado bovino português e o Auroque

belem

Cumulonimbus
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Será possível reconstituir o boi selvagem que vivia na Europa e que foi extinto no século XVII? O mítico e primitivo gigante do Hercínio, que fascinou gerações inteiras, desde muito antes de qualquer civilização, que até aparece representado em várias pinturas rupestres... Será que ainda se pode ressuscitar?
Qual a influência do auroque, no gado bovino doméstico português? Será o auroque uma « ring species», anatomicamente falando ( uma espécie que essencialmente ainda existe e que pode aparecer em alguns casos isolados ( ainda que de forma incompleta), dentro de raças mais primitivas)?
Isso pode estar a acontecer, mas de forma silenciosa e imperceptível...
Uma boa e rápida forma de saber, é apresentar documentação fotográfica.

Se alguém quiser compartilhar fotos do gado que vive na sua região ou de outros pontos de Portugal, seria interessante compartilhar neste tópico, que é para termos uma alguma ideia, da influência do auroque, nessa raça.

Raça Ramo Grande dos Açores (?):

Vaca+Ramo+grande.jpg


Uma vaca.
 
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Hazores

Nimbostratus
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este tópico, para mim, tem um intresse especial, pois para além de ser zootécnico, estão a falar de uma raça autoctone da ilha terceira, a raça ramo grande.

na primeira foto exitem dois promenores que poderão fazer a diferença, esta foto não é assim tão recente quanto isso, a vaca não possui marcas auriculares ( vulgarmente conhecidos por brincos), portanto a foto no máximo pode ser tirada no inicio dos anos 90.
o segundo promenor é a cor preta no cara da vaca e a cor do focinho, que é branco em redor das ventas (narinas), isto para não falar na posição dos cornos. pela foto diria que a vaca da primeira foto poderia "ter sangue" de uma outra raça/ecotipo da ilha terceira, "Catrina", para quem não conhece é a uma raça de vacas de pequeno porte, que eram criadas junto com os touros bravos.
Actualmente é muito raro aparecerem vacas destas, até mesmo cruzadas com outras raças. esta vacas eram semelhantes, Às também já extintas "vacas do corvo"
 

belem

Cumulonimbus
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este tópico, para mim, tem um intresse especial, pois para além de ser zootécnico, estão a falar de uma raça autoctone da ilha terceira, a raça ramo grande.

na primeira foto exitem dois promenores que poderão fazer a diferença, esta foto não é assim tão recente quanto isso, a vaca não possui marcas auriculares ( vulgarmente conhecidos por brincos), portanto a foto no máximo pode ser tirada no inicio dos anos 90.
o segundo promenor é a cor preta no cara da vaca e a cor do focinho, que é branco em redor das ventas (narinas), isto para não falar na posição dos cornos. pela foto diria que a vaca da primeira foto poderia "ter sangue" de uma outra raça/ecotipo da ilha terceira, "Catrina", para quem não conhece é a uma raça de vacas de pequeno porte, que eram criadas junto com os touros bravos.
Actualmente é muito raro aparecerem vacas destas, até mesmo cruzadas com outras raças. esta vacas eram semelhantes, Às também já extintas "vacas do corvo"


Obrigado, Hazores, pelas importantes referências que nos dás...
É interessante notar, que embora o resto do corpo não seja visível, esta vaca quase certamente, não deve ser um animal baixo; parecendo-me que reteve a estatura elevada da raça Ramo Grande ( digo isto pelas proporções do crâneo).

img.php


Ramo Grande ( parecem-me animais jovens). A fêmea está no lado esquerdo e o macho (mais corpulento) está no lado direito. O dimorfismo sexual é interessante.

Sobre a raça Catrina, penso que é um importante património a preservar...
Devem-se reunir os últimos exemplares e tentar a sua reprodução.
Os «touros bravos» dos Açores, são dos poucos que conheço que possuem uma farta cabeleira no crâneo ( pelo menos alguns exemplares)...


title.jpg


Fêmea de auroque.
 

Hazores

Nimbostratus
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É interessante notar, que embora o resto do corpo não seja visível, esta vaca quase certamente, não deve ser um animal baixo; parecendo-me que reteve a estatura elevada da raça Ramo Grande ( digo isto pelas proporções do crâneo).

sim, é provável que seja de grande porte pois, para além das proporções do crâneo, ela está embolada, isto é, na ponta dos cornos possui umas pontas metálicas, por norma em bronze, que servia principalmente quando as vacas trabalhavam na agricultura. Para os trabalhos do campo eram utlizadas as vacas maiores ( mais corpulentas)´, daí ser provável que a vaca fotografada seja de aptidão de trabalho.

quanto às vacas catrinas era intressante realizar esse trabalho de investigação, mas infelizmente não há dinheiro para estas coisas...o governo está mais intressado em atribuir bolsas de investigação a estrangeiros em aréas de microbiologia para estudar os bichinhos das grutas, ou das fontes hidrotermais.
 

belem

Cumulonimbus
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sim, é provável que seja de grande porte pois, para além das proporções do crâneo, ela está embolada, isto é, na ponta dos cornos possui umas pontas metálicas, por norma em bronze, que servia principalmente quando as vacas trabalhavam na agricultura. Para os trabalhos do campo eram utlizadas as vacas maiores ( mais corpulentas)´, daí ser provável que a vaca fotografada seja de aptidão de trabalho.

quanto às vacas catrinas era intressante realizar esse trabalho de investigação, mas infelizmente não há dinheiro para estas coisas...o governo está mais intressado em atribuir bolsas de investigação a estrangeiros em aréas de microbiologia para estudar os bichinhos das grutas, ou das fontes hidrotermais.


Concordo com tudo o que dizes.
Não só com o gado bovino mas também com os cavalos, mas as tendências produtivas têm delapidado o que ainda existia de nativo, interessante e primitivo nestes animais. Por exemplo, acredito que quase 100% dos Portugueses não saiba sequer o que é um garrano verdadeiro... Se calhar porque quase todos os garranos que vemos, já não têm nada a haver com o garrano de apenas há uns 100 anos atrás. Acredite quem quiser, mas o garrano verdadeiro, nem é bem só uma raça, mas também um ecotipo.
Poucos garranos de tipo primitivo e original (tal como descrito por Ruy D´Andrade) restam.
Eu sei que ainda é possível fazer alguma coisa com o garrano (especialmente com alguns garranos),


E aqui vai mais uma dose de esperança para o caso do auroque:

http://www.ucm.es/info/genetvet/matrilineages_lidia_breed.pdf

Testes genéticos em alguns touros de lide (touro bravo ou de raça brava), a surpreender pela positiva.
 
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